quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Começa a era Biden

 


Os Estados Unidos disseram adeus à conflagrada era Donald Trump e iniciaram o Governo Joe Biden em uma cerimônia de posse atípica pela pandemia e cheia de simbolismos, tendo Kamala Harris como a primeira mulher a ocupar o posto de vice-presidenta do país. Sem citar Trump, e tendo como norte as ideias de verdade, empatia e respeito, Biden prometeu unir um país profundamente golpeado pela crise do coronavírus e onde boa parte dos eleitores republicanos ainda desconfia de sua vitória. De Washington, a correspondente Amanda Mars analisa o discurso em que o presidente empossado chamou a democracia de "frágil", em referência ao ataque ao Capitólio há duas semanas, mas celebrou: ela "prevaleceu". Uma das estrelas da jornada foi a poeta Amanda Gorman, de 22 anos: “Não voltaremos ao que foi, mas vamos nos transportar ao que será um país ferido, íntegro, benevolente, mas ousado, feroz e livre”, recitou. Horas antes, Trump abandonava a capital norte-americana antes de se tornar ex-presidente. “Não será um longo adeus”, disse.

Biden aproveitou as primeiras horas como presidente para começar a reverter algumas políticas do antecessor. Devolveu os EUA ao Acordo de Paris, por exemplo. No Brasil, um Planalto órfão da antiga Casa Branca reagiu. Após ser um dos últimos líderes mundiais a reconhecer a vitória do democrata, Jair Bolsonaro hasteou uma bandeira branca. Em carta enviada a Biden, o brasileiro mudou o tom com relação à pauta ambiental e disse esperar um “excelente futuro para a parceria Brasil-EUA”. O momento não é bom para o ultradireitista. Além de reveses na chamada "diplomacia da vacina" com a Índia e a China, no plano interno o mandatário é acusado por um grupo de 352 juristas, infectologistas e intelectuais de violar o Código Penal em atitudes reiteradas que agravaram a pandemia no país. Joana Oliveira conta que a representação destinada a Augusto Aras levou o procurador-geral a emitir uma nota se desvencilhando da questão e aventando até a decretação de um "Estado de defesa". Seis subprocuradores da República rebateram, expondo a insatisfação com a falta de independência do órgão.

Também nesta edição, o porquê de pintar os lábios de vermelho ter se tornado um viral na luta contra o machismo de ultradireita. A hashtag #VermelhoEmBelém no Instagram já tem quase 15.000 publicações de apoio à candidata portuguesa Marisa Matias, comparada a uma boneca por André Ventura, seu oponente de extrema direita nas eleições presidenciais de Portugal. Na França é a hashtag #MeTooInceste que tem mobilizado as redes sociais e rompido o silêncio sobre o abuso sexual no contexto familiar. A correspondente do EL PAÍS em Paris, Silvia Ayuso, conta que o lançamento do livro La familia grande, em que Camille Kouchner, filha do ex-ministro Bernard Kouchner, revela os abusos que seu irmão gêmeo sofreu quando adolescente por parte de seu padrasto, o reconhecido cientista político Olivier Duahmel, abriu no país um dique que será difícil de fechar. “Haverá um antes e um depois disto”, afirma Madeline Da Silva, uma das criadoras da hashtag.



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