segunda-feira, 1 de março de 2021

Análise de Mídia - 01/03/2021

DOS JORNAIS DE HOJE: As capas de Folha, O Globo e Valor Econômico tratam do Brasil caótico. Já a capa do Estadão afirma haver uma possibilidade de luz no fim do túnel para a economia. A Folha chama a atenção para o gasto reduzido do governo com a pandemia. O Globo diz que o Brasil está à beira do colapso. O Valor Econômico informa que empresários estão se mobilizando para ajudar a saúde e evitar uma nova recessão. O Estadão, por sua vez, anuncia que o preço das commodities subiu 40% e que esta pode ser uma oportunidade para o Brasil.
A palavra “colapso” só não aparece no Estadão. Sobre a pandemia, o jornal informou apenas que o STF obrigou o governo federal a pagar por leitos de covid em três estados. Os outros jornais fazem anúncios graves e indicam que o Brasil pode ver a situação piorar ainda mais.
Para além da pandemia, a Folha indica que o Centrão está em guerra com o Poder Judiciário e vai tentar conter os avanços do STF sobre o Congresso e o sistema político. Além disso, o jornal trata de uma série de obras do MEC que estão paradas, a maioria iniciadas em governos do PT, mas ninguém do Partido dos Trabalhadores é ouvido sobre a situação. A reportagem indica que o levantamento foi feito pela CGU e a Corregedoria-Geral aponta que o atual governo nada faz para tentar retomar as obras.
O jornal O Globo disserta em seu editorial sobre o programa Minha Casa, Minha Vida. O jornal informa ainda que a inflação está corroendo o poder de compra dos beneficiários do Bolsa Família.
O Estadão informa que a decisão do STJ que beneficiou o senador Flávio Bolsonaro pode servir para ajudar outros integrantes do ‘clã Bolsonaro’. O jornal trata também de uma usina termoelétrica construída pela Petrobrás no Estado da Bahia que está sendo tratado como um ‘elefante branco’.

 

CAPA – Manchete principal: *”Governo não usa R$ 80 bi, e gasto no pico da crise é lento”*

EDITORIAL DA FOLHA - *”Plano mínimo”*: Jair Bolsonaro desperdiçou, até aqui, as oportunidades que ganhou com a vitória nas eleições para o comando do Congresso e com o início da vacinação, que poderia atenuar o desastre de seu governo na gestão da pandemia. As perspectivas de uma gestão racional do que resta de seu mandato permanecem pouco promissoras. O mandatário se mostra infenso ao planejamento e ao mero interesse pragmático na sobrevivência de sua administração, que, passado um mês do reinício do ano político, vive renovado desarranjo. O morticínio da Covid-19 agora supera os piores números de 2020. Há risco de que se multipliquem variantes mais contagiosas ou letais do vírus. Sem controle, a doença pode abater também a expectativa de crescimento de 2021, que ora segue trajetória de queda e ronda muito modestos 3,3%. Bolsonaro tumultuou o ambiente com seus novos decretos sobre armas e ameaças de “meter o dedo” em estatais, que levou a cabo na Petrobras, espalhando desconfiança geral de intervencionismo e degradando o crédito das empresas nacionais e do governo. Em vez de ter preparado um plano de novo auxílio emergencial, em discussão desde setembro do ano passado, o governo improvisou e agregou à medida um tardio e politicamente mal articulado ajuste orçamentário. Como era de esperar, o plano corre o risco de ser abandonado pelos parlamentares.
Trata-se, cumpre ressaltar, de medidas mínimas para manter a viabilidade do teto para os gastos inscrito na Constituição e evitar o grave risco de apagão da máquina federal. No momento, nem mesmo há Orçamento aprovado para o ano. Tal cenário torna irrealista uma agenda mais ambiciosa —que deveria incluir, além de ampla reforma do Estado, a reversão do desmonte em áreas fundamentais como educação, meio ambiente e relações exteriores. Resta, de imediato, defender medidas de redução de danos e alguns avanços pontuais. O mais urgente e óbvio é a vacinação em massa, com a maior celeridade possível, da qual o país depende para interromper a escalada macabra da Covid-19 e retomar alguma perspectiva de normalidade. Enquanto isso, é imperativo amparar famílias carentes e trabalhadores informais que perdem renda na pandemia. O auxílio emergencial deve ser reformulado com foco mais preciso e a contrapartida de um programa mínimo de reequilíbrio orçamentário. Aperfeiçoamentos regulatórios em setores como energia e saneamento, bem como concessões e, quem sabe, vendas de estatais, compõem o plano de sobrevivência até 2022. É pouco diante das necessidades do país, mas não diante das capacidades de Bolsonaro.

PAINEL - *”Em meio a colapso nacional, Bolsonaro omite erros na pandemia e tenta culpar governadores”*: Ignorando a sucessão de erros e omissões do governo federal na condução da crise do coronavírus, Jair Bolsonaro e ministros tentam jogar para os estados a culpa pelo Brasil atravessar o pior momento da pandemia até agora. O presidente postou em suas redes uma tabela com valores que cada estado teria recebido em 2020. Nas entrelinhas, quis dizer que há dinheiro sobrando e que os recursos não foram bem utilizados. A postura do governo federal é criticada desde os primeiros dias do surgimento da Covid-19, em fevereiro do ano passado. Bolsonaro minimiza o vírus desde o início, tendo em uma das suas primeiras manifestações chamado a doença de gripezinha. Ele também sempre foi contrário a medidas restritivas, causou aglomerações diversas vezes e nos últimos dias também questionou a eficácia do uso das máscaras. Como mostrou o Painel neste domingo (28), governadores admitem nos bastidores que deveriam tomar medidas mais duras agora para conter o avanço da Covid-19, mas não conseguem por pressão social. Eles culpam Bolsonaro pelo seu discurso negacionista. Vários deles afirmam que o país está à beira de um colapso nacional. Segundo Wellington Dias (PT-PI), mais de 21 estados estão com mais 70% de leitos ocupados. Além de ter negado a gravidade do vírus, Bolsonaro também apostou durante a maior parte do tempo na utilização de cloroquina, remédio que não tem a eficácia comprovada para o tratamento de coronavírus.
Fábio Faria (Comunicações) fez diversas publicações em defesa do presidente e atacando estados. Cutucou João Doria (PSDB-SP) implicitamente e outros governadores por terem desmontado hospitais de campanha. “Desmontam os hospitais de campanha, vão pra Miami ‘sem máscara’ comprar na Gucci, fazem coletiva todos os dias que ngm suporta mais e quebram a economia sem o menor pudor. Tiveram tempo e dinheiro sobrando do governo federal!”, escreveu. Doria viajou a Miami no final do ano para um período curto de férias. Após repercussão negativa, ele adiantou o retorno e depois pediu desculpas. O tucano foi o principal entusiasta da vacina. Governadores de outros estados reconhecem que, sem as iniciativas dele, o imunizante até hoje não teria chegado ao Brasil.

PAINEL - *”Governos pedem a Pazuello medida restritiva única, mas ministério descarta porque Bolsonaro não deixa”*: Governadores e secretários de Saúde têm pedido a Eduardo Pazuello uma medida única para o país para frear o avanço da Covid-19. O resposta, porém, foi negativa. Representantes do Ministério da Saúde admitiram, em conversas privadas, que até veriam necessidade. Auxiliares do ministro, porém, já disseram que será impossível. Jair Bolsonaro não deixa. Governadores citam uma combinação bombástica no cenário atual: 21 estados com mais de 70% de leitos ocupados, pacientes passando mais tempo internado do que antes, transmissibilidade maior, medicamentos sendo demandados ao mesmo tempo e mão de obra exausta. Há preocupação com desabastecimento de remédios.

PAINEL - *”Governador do Piauí fala em risco de desabastecimento de remédios e pede atenção a Pazuello”*: O governador Wellington Dias (PT-PI) enviou um ofício ao ministro Eduardo Pazuello (Saúde) pedindo para que o estoque de medicamentos seja examinado para providências. Ele afirma que laboratórios estão relatando demanda acima da capacidade por causa da ocupação generalizada de leitos pelo país. A preocupação é a de que não falte remédios no pior momento da pandemia até agora. No documento, Dias pede reforço na "aquisição de itens essenciais e com elevado risco de desabastecimento neste segundo pico de casos da doença".

PAINEL - *”Ala do governo Bolsonaro vê desgate na imagem de militares”*: A perda bilionária e o vexame causado pela intervenção de Jair Bolsonaro no comando da Petrobras aumentou o debate entre auxiliares do presidente sobre a imagem dos militares. Para uma ala do governo, o episódio indica desgaste reputacional após diversas derrapadas, em especial, de Eduardo Pazuello (Saúde). Em outros tempos, argumentam, o anúncio de um renomado general como Joaquim Silva e Luna poderia ter efeito positivo. No atual cenário, virou motivo de desconfiança. A tese do abalo de imagem divide dois dos generais que deixaram o governo. O ex-ministro Santos Cruz, demitido em seis meses, afirma que o objetivo de Bolsonaro com a nomeação de muitos militares era transferir o prestígio que possuem para seu governo, mas com os seguidos erros o efeito foi contrário e as Forças Armadas pagam o preço. “Elas (Forças Armadas) se desgastam, porque têm essa percepção de que estão associadas ao governo”, diz. Exonerado do cargo de secretário de Esporte por não aceitar a nomeação de um padrinho de Flávio Bolsonaro, o general Décio Brasil, por sua vez, rejeita a tese. Ele diz que não há prejuízo na imagem e que o presidente está fazendo um belíssimo trabalho embora “muitos poderosos estejam contra e alimentando coisas ruins”. “Não vejo um comprometimento da imagem pela utilização de militares que por um acaso não tenham atendido às expectativas de uma parte da sociedade que ainda continuam em campanha política”, declara.
As perdas no valor de mercado e todo o barulho causado pela nomeação de Silva e Luna para o comando da Petrobras, diz Santos Cruz, é o exemplo do desgaste causado pelo excesso de militares em cargos do governo. Para ele, em tempos normais, a nomeação seria tratada como normal. "O problema também é o show, o espetáculo da troca. Todas as trocas tem que ser show, com milícia digital atuando”, explica. Já o general Décio Santos defende até as posturas mais radicais de Bolsonaro, como o embate com o STF (Supremo Tribunal Federal). Questionado se a permanência de Pazuello no Ministério da Saúde não acarretaria em mais golpes a imagem das Forças Armadas, o militar apontou para o STF como responsável pelos problemas no enfrentamento da pandemia e defendeu que Bolsonaro tinha que ter “fincado o pé” quando a corte “tirou poderes do Executivo” na condução das ações sanitárias. “O presidente deveria ter ‘fincado o pé’ (sic) como foi na nomeação do diretor da PF (Alexandre Ramagem). Ah, vai criar problemas com as instituições? Se dane, está previsto na Constituição que cabe ao presidente nomear o diretor da PF. É o mesmo problema da pandemia, o STF se meteu e ficou um vácuo e aconteceu o que aconteceu”, argumentou.

PAINEL - *”MBL dará curso sobre processo de criação de fake news”*: A Academia MBL, plataforma lançada pelo movimento para formar novas lideranças, terá um curso chamado “Fundamentos da Memística e Redes Sociais”, ministrado por Pedro D’Eyrot, ex-vocalista do grupo Bonde do Rolê e um dos fundadores do MBL. Uma das aulas tratará do processo de criação de fake news. “Quanto mais a gente entender como é feita uma fake news, mais nos tornamos capazes de reconhece-las e a nos protegermos delas”, diz D’Eyrot no curso.

PAINEL - *”Empresas de publicidade contratadas pelo governo são alvo da PF em inquérito de atos antidemocráticos”*
*”Tiroteio de março: veja quem são os autores dos disparos políticos e os alvos criticados do mês”*

*”Prisão de deputado expõe ativismo do Judiciário e levanta debate sobre riscos de precedentes perigosos”* - A prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) expôs a "jurisprudência da crise" criada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para enfrentar a ofensiva bolsonarista contra as instituições. A medida se soma a várias outras que são objeto de estudo por constitucionalistas e que provavelmente não seriam tomadas em um ambiente de normalidade. Especialistas que acompanham a rotina do Supremo elogiam a atuação da corte na proteção dos ataques à democracia, mas alertam que o ativismo do Judiciário para conter o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus aliados também pode ter o efeito contrário. Na visão de especialistas, a detenção de Silveira sob o argumento de que a publicação de um vídeo nas redes sociais com ataques ao Supremo caracteriza a flagrância do crime é um dos pontos recentes que pode criar precedente perigoso.
De acordo com a Constituição Federal, um parlamentar pode ser preso em caso de flagrante de crime inafiançável. Moraes justifica esse flagrante pelo fato de a conduta ter sido gravada e disponibilizada na internet pelo deputado federal. As falas de Silveira foram consideradas pelo STF crimes contra a segurança nacional, por isso inafiançáveis, por conferirem ataques ao Estado democrático de direito, como a defesa do AI-5 editado pela ditadura militar. O enquadramento feito pelo ministro do Supremo, porém, provoca uma série de questionamentos. Outro precedente recente e perigoso do Judiciário foi a abertura de um inquérito pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), também de ofício e com respaldo em decisão do STF sobre o inquérito das fake news. O inquérito das fake news foi aberto em 2019 como uma resposta do Supremo às crescentes críticas e ataques sofridos nas redes sociais. Desde o início, porém, a apuração foi contestada por juristas e políticos por ter sido instaurada de ofício por Dias Toffoli, então presidente do Supremo, ou seja, sem provocação da PGR (Procuradoria-Geral da República). Somente em 2020, por 10 votos a 1, o STF decidiu pela legalidade do inquérito. São alvos dessa investigação deputados, empresários e blogueiros ligados ao presidente Bolsonaro, que sofreram medidas de busca e apreensão e quebras de sigilo.
​Em relação à abertura desse recente inquérito no STJ, o temor se deve ao fato de tribunais estaduais terem começado a cogitar nos bastidores lançar mão da mesma estratégia do Supremo. Assim, a decisão do STF de abrir em 2019 uma investigação sem provocação da PGR, o que é incomum, pode acabar se tornando um instrumento de intimidação por parte do Judiciário. Essa também é a avaliação do procurador-geral da República, Augusto Aras. Na última sessão do Conselho Superior do Ministério Público Federal, o chefe da PGR classificou a decisão do STJ como "extremamente grave e preocupante" e disse que não descarta acionar até a Corte Interamericana de Direitos Humanos para impedir a investigação. Segundo o procurador-geral, o precedente aberto pelo STJ é perigoso e tribunais regionais podem adotar a mesma medida para apurar a conduta de promotores e procuradores. Aras fez essa referência porque o STJ abriu a investigação justamente para apurar a conduta de procuradores da Lava Jato. Os integrantes da operação tiveram seus celulares hackeados e, mais tarde, os invasores foram presos pela Polícia Federal. Em um dos diálogos apreendidos que estão sob a guarda da corporação, os investigadores revelam a intenção de investigar a "evolução patrimonial" de ministros do STJ sem autorização da Justiça e de maneira ilegal. Há outras decisões citadas como exemplos de uma jurisprudência excepcional que o STF vem criando para conter Bolsonaro. São mencionados como exemplo o veto à posse do delegado Alexandre Ramagem no comando da Polícia Federal, a liminar do ministro Luiz Fux delimitando as atribuições das Forças Armadas e a suspensão do decreto que zerava a alíquota sobre a importação de armas.
O professor e doutor em Direito Constitucional Ademar Borges, que estuda o comportamento do STF, afirma ter a impressão de que "a maior parte do STF concorda com a tese de que a democracia brasileira está em crise" e que é devido a isso que o Supremo vem tomando decisões pouco vistas antes. "Esse diagnóstico impactou o comportamento decisório do STF no último ano? Sim, não há dúvida de que o Supremo tem adotado uma postura mais proativa no controle de atos do Executivo e do Legislativo com o claro objetivo de proteger a democracia", diz. Segundo ele, no meio acadêmico essa jurisprudência da crise do Supremo tem apoio na noção de "democracia militante", termo que surgiu na Alemanha no período que antecedeu a ascensão do nazismo. "O que se procura enfatizar por meio dessa noção é que a democracia e suas instituições devem estar devidamente preparadas para acionar certos mecanismos de defesa contra ameaças autoritárias." Ele pondera, no entanto, que o Supremo precisa adotar cautela nessa atuação mais proativa "para impedir que essas decisões sejam usadas em outros contextos com propósitos contrários à pretendida tutela da democracia".
O professor de direito constitucional Daniel Sarmento, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), ressalta que sua preocupação em relação ao STF na contenção do bolsonarismo diz respeito principalmente à atuação da corte no campo penal. A prisão em flagrante por causa de vídeo publicado nas redes sociais, segundo ele, pode servir de precedente para policiais Brasil afora prenderem pessoas pobres que criticarem a corporação. "Não estou me referindo ao caso do deputado, mas à tese de que algo que está na internet é flagrante permanente. A prisão em flagrante não precisa de ordem judicial, pode ser decretada pela polícia", afirma. "Por exemplo, se alguma ONG de direitos humanos ou um sujeito da favela colocar nas redes sociais que a polícia foi lá na região e violou a lei, matou pessoas e tal, meses depois o delegado poderia ir lá e prendê-lo." O professor Sarmento também critica o "uso muito aberto de dispositivos da Lei de Segurança Nacional. O ministro Moraes (STF) costuma recorrer a essa legislação tanto no inquérito das fake news quanto no dos atos antidemocráticos. Ao mandar prender Silveira, ele citou dez dispositivos da lei aprovada em 1983, período do regime militar. "Não acho bom, acho uma coisa perigosa", diz o professor da Uerj.
Sarmento avalia, porém, que o Supremo "mais acertou do que errou" desde o início do governo Bolsonaro e que teve uma atuação importante, por exemplo, na pandemia da Covid-19. "A gente está em um momento de crise democrática e acho natural que nesse contexto o Supremo tente proteger não só a si mesmo mas a própria sociedade. Esse grau de ativismo em questões sanitárias, por exemplo, acho absolutamente correto." "Se não fossem algumas decisões da corte, não seriam 250 mil mortos, mas poderia bater em 500 mil", afirma. O professor da UFF (Universidade Federal Fluminense) e doutor em direito Claudio Pereira de Souza Neto, por sua vez, defende a tese de que o Supremo tem uma atuação "constitucional anticíclica". "É um conceito geralmente usado sobre o ciclo econômico. No caso do tribunal, ele deve atuar mais ou menos da mesma maneira. Quando está diante de um governo comprometido com a democracia, cabe ao STF se autoconter. Quando está diante de um governo autoritário, ele deve ser mais incisivo no controle. E essa tem sido a orientação do Supremo", diz. Na visão dele, as críticas à atuação da corte muitas vezes também ocorrem em razão da falta de ação do Ministério Público. "O Ministério Público tem de se incumbir com mais eficiência do combate a atos antidemocráticos e o órgão não tem realizado essa tarefa. Há uma situação de letargia do Ministério Público no que se refere à preservação da democracia."

FOLHA EXPLICA - *”Entenda a militarização do governo Bolsonaro e as ameaças que isso representa”*
*”Joias de Sérgio Cabral perderam metade do valor para leilão, dizem delatores”*

*”Agora no poder, centrão planeja afrouxar regra político-eleitoral e mira TSE”* - A exemplo do que ocorre em todo ano que antecede as eleições, a Câmara dos Deputados deu início a uma discussão para reformar o sistema político-eleitoral do país. Dessa vez, o bloco de partidos de centro e direita do chamado centrão irá conduzir o processo e já há anúncio da intenção de limitar a ação da Justiça Eleitoral, rever regras para beneficiar os partidos nanicos e voltar a discutir a mudança do sistema eleitoral para o chamado "distritão". Um grupo de trabalho foi instalado na última quarta-feira (24), por ordem do presidente da Câmara e líder do centrão, Arthur Lira (PP-AL), e tem o objetivo de votar ainda neste semestre um amplo projeto de alterações das regras eleitorais e políticas. Paralelamente, uma comissão especial irá debater as alterações que necessitem de mudança na Constituição. Nos bastidores, deputados afirmam que, a exemplo de anos anteriores, o centrão repetirá a tática de "colocar o bode na sala". Ou seja, pôr em discussão um amplo leque de temas, alguns extremamente polêmicos, para, ao final, retirar boa parte deles em troca da manutenção de pontos de afrouxamento de regras de fiscalização, transparência e punição contra candidatos e partidos. Um dos objetivos abertos do grupo de trabalho é, de acordo com o roteiro estabelecido pela relatora, Margarete Coelho (PP-PI), "conter o ímpeto ativista do Poder Judiciário em regulamentar matérias que devem ser previstas em lei em sentido estrito e não em resoluções do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)". A medida ecoa um dos principais desejos de caciques partidários, o de barrar resoluções eleitorais do tribunal que mudam as regras do jogo baseadas em interpretações da lei vigente.
(...)
A criação do grupo de trabalho gerou crítica de entidades da sociedade civil que militam pela transparência e o aperfeiçoamento da legislação eleitoral. Elas enviaram carta a Lira e aos outros 512 deputados manifestando preocupação com o exíguo tempo de debate e com a decisão de montar um grupo de trabalho em vez de uma comissão especial, que tem regras mais claras e participação proporcional dos partidos políticos. "O efetivo compromisso com a transparência do processo legislativo e a real abertura à participação social demandariam a urgente conversão do referido grupo de trabalho em comissão especial", diz a carta, assinada, entre outras, pela Transparência Partidária, Transparência Brasil, Transparência Internacional, Instituto Não Aceito Corrupção, Associação Contas Abertas e Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social De acordo com o diretor-executivo do Transparência Partidária, Marcelo Issa, Lira não deu resposta, assim como a grande maioria dos deputados. "Se tomarmos como parâmetro o que aconteceu em 2019 [quando a Câmara tentou emplacar um projeto relâmpago com alterações na lei eleitoral], a experiência é muito ruim. Um projeto com uma série de retrocessos cujo texto apareceu e foi votado e apreciado no mesmo dia, sem tempo hábil para nenhuma organização da sociedade civil avaliá-lo. O receio é que essa sistemática se repita. O histórico não é favorável", afirmou Issa. Ele defende a necessidade de reforço da transparência, gestão, fiscalização e democratização interna dos partidos, temas que tradicionalmente passam ao largo das reformas eleitorais e políticas discutidas no Congresso.
O plano de trabalho apresentado pela deputada, que é uma das principais conselheiras jurídicas de Lira, aborda a discussão de um grande volume de pontos da legislação. Pesquisas e alistamento eleitoral, competência do TSE e do Ministério Público, "limites do poder de polícia da Justiça Eleitoral", regras de escolha dos candidatos, do julgamento de seus pedidos de registro, prestação de contas eleitoral, propaganda eleitoral e financiamento das campanhas, entre vários outros. Já na comissão especial que deve discutir alterações na Constituição, dois temas têm sido ventilados: a mudança do sistema eleitoral de escolha para o Legislativo e o afrouxamento de regras adotadas nos últimos anos para tentar reduzir o número de partidos políticos. O sistema eleitoral desejado por alguns partidos é o distritão, que tem uma lógica simples: na eleição para deputados federais, estaduais e vereadores, são eleitos os mais votados. No atual sistema, chamado proporcional, as cadeiras na Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais são distribuídas de acordo com a votação total obtida pelo partido (voto na legenda) e por todos os seus candidatos. A lógica é fortalecer as legendas. Elegem-se aqueles mais votados dentro da sigla, respeitadas as vagas de cada uma. O distritão, além de enfraquecer os partidos políticos, gera um enorme contingente de votos "desperdiçados", que são aqueles dados aos não eleitos.
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CELSO ROCHA DE BARROS - *”Brasília foge, e Faria Lima vende, enquanto brasileiros morrem”*
*”Procuradores que recebem até R$ 100 mil falam em esmola e protestam contra celular funcional de R$ 3.600”*
*”Veja as principais mudanças no sistema político e eleitoral desde 1988”*

*”Trump reaparece em público em conferência conservadora e insinua que tentará retornar à Casa Branca”*
*”Mianmar tem dia mais sangrento de protestos contra golpe; 18 morrem”*
*”Polícia detém 14 em protestos contra prisão de rapper em Barcelona”*
MATHIAS ALENCASTRO - *”O circo das vacinas”*

*”Estudantes lidam com incertezas e vantagens ao buscar intercâmbio em meio à pandemia”*

TODA MÍDIA - *”Economist e NYT começam a dar as costas para Moro”*: No New York Times, Gaspard Estrada, da Sciences Po, de Paris, escreveu há três semanas sobre aquela que "foi vendida como a maior operação anticorrupção do mundo, mas se tornou o maior escândalo judicial da história". Neste final de semana, voltou à carga com uma nova versão, contra "a corrupção do sistema judicial" no Brasil, publicando que "Sergio Moro e procuradores perverteram" instituições para agir acima da lei. "Moro usou métodos em flagrante violação do estado de direito. Como recompensa, recebeu o cargo de ministro da Justiça." Em suma, "nas últimas semanas, o lado sombrio da Lava Jato foi exposto, desnudado, e se espalhou um profundo desencanto com a chamada justiça de Curitiba". Na Economist desta semana, "o impulso anticorrupção se desfez pela politização da Justiça, de duas maneiras". Primeiro, "Moro acabou não sendo imparcial. Ele condenou Lula por receber um apartamento na praia. Só que Lula não era o dono nem o usava". Segundo, "com Lula fora da corrida presidencial em 2018, Moro se tornou ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro, o vencedor de extrema direita". Aí "vazaram mensagens mostrando que Moro treinou Deltan Dallagnol, o promotor principal em Curitiba".
BOLSONARO SEM TRUMP
O South China Morning Post publicou artigo de Karin Costa Vazquez, especialista em Brics das universidades de Jindal, na Índia, e Fudan, na China, destacando que "a derrota de Trump deixa Bolsonaro reequilibrando as relações com EUA e China". Ele não deve "mudar substancialmente com Pequim enquanto negocia" com o novo governo em Washington, mas "a longo prazo pode adotar abordagem mais matizada" com a China.

ORA POIS - *”Brasileira começou a fazer coxinhas como renda extra e agora exporta os salgadinhos em Portugal”*
BOM PRA CACHORRO - *”Conheça Skipper, a cadela que nasceu com seis patas”*

ENTREVISTA DA 2ª - *”Barreiras para mulheres na ciência são concretas, não apenas falta de motivação, diz física”*
MENSAGEIRO SIDERAL - *”Da Índia, Brasil lança seu 1º satélite de observação da Terra, Amazônia-1”*

*”R$ 80 bi de verba da Covid em 2020 ficam parados, e parte segue represada”* - Para conter o avanço da Covid-19 e os efeitos do vírus na economia, o governo liberou R$ 604,7 bilhões no Orçamento em 2020, segundo o Tesouro Nacional. Parte do dinheiro, porém, ficou parada –ou seja, não foi usada. No ano passado, o montante represado chegou a R$ 80 bilhões. Os gastos de algumas medidas lançadas em 2020 puderam ser estendidos para este ano, mas em valor mais baixo. Cerca de R$ 37,5 bilhões dessa sobra ainda podem ser desembolsados em 2021. Mas, até agora, passados os primeiros dois meses do ano, mais de 90% desses recursos permanecem estacionados. As áreas com maior empoçamento de recursos, no ano passado e no início de 2021, foram o pagamento de auxílio emergencial, a verba para a saúde (inclusive para aquisição de imunizantes) e o programa de corte de jornada e de salários dos trabalhadores da iniciativa privada. Do total programado para 2021 (R$37,5 bilhões), quase R$ 25,5 bilhões são para ações do Ministério da Saúde, mas apenas R$ 1,3 bilhão foi usado até fevereiro. Portanto, a área de saúde ainda tem mais de R$ 24 bilhões, especialmente para a compra das vacinas contra a Covid-19.​
A pandemia atinge novos recordes em fevereiro —um ano após o primeiro caso de coronavírus confirmado no país. O Ministério da Economia tenta conter a pressão para que mais dinheiro extraordinário seja liberado em 2021, mas com a lentidão do setor público, nem mesmo a verba disponível desde 2020 está sendo totalmente aproveitada. No auxílio emergencial, por exemplo, sobraram quase R$ 29 bilhões no ano passado. Há autorização somente para R$ 2 bilhões no começo deste ano. O restante expirou com o término do período de calamidade. O montante atual —R$ 2 bilhões— é destinado ao pagamento de parcelas a quem conseguiu direito ao benefício no fim de 2020 (e pode receber cotas residuais no início de 2021). Também está reservado à espera de checagens, por exemplo, recursos de pedidos de auxílio que foram negados no ano passado. Segundo o Ministério da Cidadania, o valor é destinado a contestações e reavaliações que podem incluir mais pessoas no programa. "As liberações estão sendo efetivadas de acordo com a conclusão desses processos", afirma a pasta.
Sobre a verba do auxílio não usada no ano passado, a pasta diz que houve cruzamentos de dados e medidas antifraude reduziram os custos do programa. Isso fez o dinheiro ser direcionado a quem mais precisava. "Dessa forma, a previsão orçamentária inicial sofreu uma variação que está se refletindo na execução", afirmou a pasta. O governo promete uma nova rodada do auxílio emergencial, diante do repique da pandemia em 2021, mas essa medida, em formato reformulado, depende de nova autorização do Congresso. Houve represamento também de recursos destinados a cobrir o Benefício Emergencial do Emprego e da Renda (o BEm), pago a trabalhadores que tiveram redução de jornada e salário ou suspensão de contrato. Para o pagamento desse benefício foram reservados R$ 51,5 bilhões em 2020. Ao final do ano, porém, R$ 18 bilhões (32% do total) não tinham sido executados. Com o fim do decreto de calamidade, o programa não pode ser estendido a 2021, mesmo contando com sobra de recursos. Apenas uma parte, R$ 8 bilhões, tem autorização para ser gasta nos primeiros meses de 2021. O objetivo é cobrir o corte na renda de trabalhadores que tiveram a jornada reduzida no fim do ano passado.
Desses R$ 8 bilhões, menos de R$ 400 milhões foram usados até o fim de fevereiro. O motivo é a demora para analisar os pedidos de trabalhadores pelo pagamento do governo -inclusive na Justiça. Houve também descompassos nas projeções sobre o alcance do programa. O Ministério da Economia desenhou a medida considerando uma adesão de 73% de todos os trabalhadores formais do país, baseado na tese de que os outros 27% eram de segmentos considerados essenciais e não seriam afetados pela crise. De acordo com a pasta, foi projetado esse quantitativo para seguir o mote de que ninguém seria deixado para trás. Depois disso, na visão do ministério, a retomada das atividades e a reação da economia fizeram a demanda ser menor do que a imaginada. "O total de acordos realizados foi, portanto, abaixo do necessário, o que ocasionou a não utilização total do orçamento inicialmente previsto. E isso é algo extremamente positivo, pois mostra a rápida recuperação e evita um maior endividamento do país", afirmou o Ministério da Economia, em nota. Segundo Paulo Solmucci, presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) e um dos principais articuladores do programa de empregos em 2020, houve um declínio natural da medida conforme ela foi sendo usada pelas empresas. No entanto, ele contestou a tese de declínio da demanda. Para Solmucci, uma nova medida do tipo é urgente. "O BEm não só foi importante como continua sendo vital para salvar as empresas que sobreviveram até agora."
Especialistas dizem que o superdimensionamento de programas na área econômica em 2020 garantiu, por um lado, recursos mais que suficientes para atender os beneficiários segundo as regras adotadas. Isso ocorreu, lembram, em um cenário em que havia pouca clareza sobre a correta demanda por medidas. Por outro lado, há críticas sobre os recursos terem chegado a 2021 sem poderem ser usados, travados principalmente por diferentes regras orçamentárias. Bráulio Borges, economista da FGV (Fundação Getulio Vargas), afirmou que isso poderia ter sido resolvido com um diálogo técnico ao longo do ano passado com órgãos de controle como o TCU (Tribunal de Contas da União). Para ele, uma resolução dos impasses burocráticos poderia ter dado fôlego ao pagamento do auxílio emergencial no início de 2021. "Certamente tinha espaço para prorrogá-las neste ano, mesmo sem o decreto de calamidade. Acho que teve um erro de cálculo enorme, ou um wishful thinking [pensamento positivo, nesse caso sobre a melhora da pandemia]", afirmou. Na avaliação de Borges, declarações da equipe econômica sobre a baixa probabilidade de uma nova onda da Covid indicam que o governo, na verdade, chegou ao fim do ano apostando no arrefecimento da pandemia.
Para 2021, os analistas afirmam que, neste segundo ano de pandemia, há menor margem de tolerância para medidas incorretamente desenhadas ou dimensionadas e erros de procedimento, principalmente considerando o cenário do endividamento público. De acordo com Borges, houve grande desperdício principalmente no auxílio emergencial, com estimativas indicando que R$ 50 bilhões foram pagos a quem não tinha direito. Felipe Salto, diretor-executivo da IFI (Instituição Fiscal Independente, órgão do Senado que monitora as contas públicas), disse que a tolerância para erros em 2021 é menor pois a crise não é mais algo imprevisível e as necessidades da sociedade já são em grande parte conhecidas. "No ano passado, ok, teve o problema do superdimensionamento porque os programas tiveram de ser desenhados com rapidez. Mas neste ano não pode se repetir o erro", afirmou. Outra crítica feita por Salto é a necessidade de elevar o rigor no controle e no monitoramento sobre as medidas para que elas sejam aprimoradas. "Faltou um maior acompanhamento do governo para verificar onde teve uma superestimativa e onde precisava mexer, para avaliar e adaptar as necessidades", disse. Ele dá como exemplo o repasse a estados e municípios, visto por parte dos economistas como exagerado. "Agora, o governo já tem o aprendizado do ano passado. Ou espera-se que tenha", disse Salto.

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*”MEC tem 8,9 mil obras abandonadas pelo país e pode perder R$ 1,1 bilhão”* - A despeito dos desafios educacionais de infraestrutura, inclusão e orçamento, o Ministério da Educação pode perder R$ 1,1 bilhão de recursos destinados a obras canceladas. A CGU (Controladoria-Geral da União) identificou que o montante foi pago desde 2007 para 5.673 obras atualmente canceladas. A CGU vê risco de o dinheiro não voltar para União e ser perdido. Essas obras representam 64% das obras contratadas sem execução (o restante está paralisada ou inacabada, mas pode ser retomada). A pasta é o órgão federal com maior volume de construções abandonadas. Hoje, enquanto milhões de crianças e jovens estão fora da sala de aula ou em unidades precárias, há 8.904 obras federais abandonadas, entre creches, escolas, quadras e reformas.
O quadro é resultado de entraves acumulados nos governos Lula, Dilma (PT) e Temer (MDB), e a controladoria aponta deficiência do governo Jair Bolsonaro (sem partido) nos esforços para reaver o dinheiro e retomar obras. Auditoria do órgão, do fim do ano passado, fala em ausência do MEC, liderado pelo ministro Milton Ribeiro. "Não se verificam ações de supervisão do Ministério da Educação no que se refere aos problemas das obras inacabadas, canceladas e paralisadas da pasta, não obstante o conhecimento da precariedade das medidas adotadas pelo FNDE [Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação] e o alto risco de prejuízo à União pela ausência de ressarcimento de recursos", diz relatório da CGU. A Folha procurou por mais de duas semanas o MEC e o FNDE, órgão ligado à pasta responsável pelos repasses. Não obteve nenhuma resposta até a conclusão desta reportagem.
Os motivos para o cenário envolvem cancelamentos de despesas federais, falhas na execução de contratos e baixa capacidade de coordenação nacional. Um dos casos de abandono é o do Colégio Estadual Mansões Odisseia, em Águas Lindas (GO), que deveria atender alunos do ensino médio. O local começou a ser erguido em 2014, no fim do primeiro governo Dilma, e hoje, com 64% da estrutura acabada, é ponto de uso de drogas. Outra construção, que seria a escola de ensino fundamental Jardim América, no mesmo município, tem salas com crateras e o pátio, tomado por capim, virou pasto para cavalos. As obras são vinculadas ao governo de Goiás. Em nota, a secretaria de Educação informou que assumiu os contratos e prevê nova licitação no 2º semestre para retomar as obras com recursos próprios. A pasta afirma que, dos R$ 5,6 milhões recebido a obras canceladas, restituiu quase R$ 3 milhões. Técnicos do FNDE disseram à Folha que é precário o controle do panorama de obras, de recursos e acerca de possíveis usos do dinheiro de obras canceladas para outros fins por parte de gestores locais. Segundo eles, a suspensão de despesas não executadas nos respectivos exercícios, os chamados restos a pagar, é o maior motivo para os cancelamentos. Isso ocorreu a partir de 2018. Mesmo que o governo federal consiga o ressarcimento, o dinheiro não retorna para a Educação, e vai para o Tesouro. O Ministério da Economia não respondeu aos questionamentos.
A cidade de Fortaleza teve 109 obras canceladas. "A política local que mais sofreu impacto com essa ação foi a expansão da rede de educação infantil", disse em nota a secretaria de Educação da capital cearense. A prefeitura informou que, dos R$ 27 milhões recebidos para obras canceladas, 87% foram devolvidos à União. A ideia do MEC era cancelar apenas obras não iniciadas, mas há 121 construções com esse status mesmo com alguma execução, segundo painel online do ministério. Das 8.904 obras abandonadas, 744 estão​ paralisadas e 1.944, inacabadas. Houve redução no volume de obras paralisadas desde 2017, mas a quantidade de construções inacabadas saltou 80% no período. "Como causa é apontada a baixa efetividade da ação de retomada das obras inacabadas", diz a CGU. As obras inacabadas são aquelas interrompidas e com termo de compromisso vencido. Já as paralisadas têm termo vigente. Do total de abandonadas, 70% estão vinculadas a municípios. O diretor da área de estudos técnicos da CNM (Confederação Nacional dos Municípios), Eduardo Stranz, diz que a burocracia com convênios e contratações, mudanças de mandatos municipais e também dificuldades para manter a oferta de educação infantil colaboram para o cenário.
"Muitas obras foram aprovadas sem cuidado e muito do dinheiro não foi repassado", diz. "O dinheiro só pode ser usado naquela obra, mas é muito comum que os gestores usem para outras coisas, e as consequências podem ser graves", completa ele, sobre os recursos de obras canceladas, o que ocorre sobretudo em cidades pequenas. O Brasil tem 6 milhões de crianças de até três anos fora das creches. A taxa de atendimento é de 37%, enquanto a meta do PNE (Plano Nacional de Educação) é chegar a 50% em 2024. A CGU afirma que a ineficiência do MEC impacta no atingimento das metas do PNE. Seis em cada dez obras de educação atualmente paralisadas foram conveniadas até 2014, durante gestões do PT. Das em execução, 15% são daquele período. O sistema do MEC soma 15.656 obras concluídas, de convênios desde 2017. Sob Bolsonaro, 2020 registrou recuo nas matrículas de creches públicas inédito em duas décadas. Os investimentos do MEC nos dois primeiros anos do governo foram os menores desde 2010. Os gastos com construção de creches nestes dois anos somam R$ 403,7 milhões. Não chegam a metade do gasto em 2015 e 2016, início da gestão passada, mesmo em valores nominais.
O painel de obras indica 346 obras com convênios datados a partir de 2019. Quatro estão paralisadas. Em Floraí (PR), creche iniciada em 2019 já está interrompida por falta de pagamento à construtora, segundo o sistema. A prefeitura paranaense e a construtora não responderam a reportagem. Na cidade de São Paulo, a prefeitura teve de investir R$ 109 milhões de recursos próprios para terminar 22 das 78 obras conveniadas com a União. O descontrole nos repasses fez com que recursos federais chegassem após o término de construções. Assim, o município tem R$ 21 milhões em caixa e, diz a secretaria de Educação, tentará usá-lo em outros projetos. Outros R$ 2,4 milhões estão na conta por conta das 52 obras canceladas na cidade. Em nota, o ex-ministro Mendonça Filho, do governo Temer, afirmou que herdou grande número de obras atrasadas do governo Dilma mas conseguiu repactuar convênios, regularizar repasses e retomar construções. A gestão, segundo a nota, alterou regra que autorizava transferência de até 70% do valor da obra antes mesmo da licitação. A reportagem procurou representantes do MEC das gestões Dilma mas não obteve retorno.

*”Jovens não adotados têm desemprego como desafio ao completarem 18 anos”*

MÔNICA BERGAMO - *”'Vamos ser um dos países que mais vacinam', afirma vice-presidente de produção da Fiocruz”*
MÔNICA BERGAMO - *”Depoimento de deputado que apalpou colega na Alesp reforça tendência de pena mais dura”*
MÔNICA BERGAMO - *”Defensoria Pública cobra governo de SP sobre distribuição de absorventes para detentas”*
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MÔNICA BERGAMO - *”Ecad registra aumento em músicas cadastradas em 2019 e 2020”*
MÔNICA BERGAMO - *”Pesquisa aponta que 72% dos brasileiros acham democracia a melhor forma de governo”*

CAPA – Manchete principal: *”Com país à beira do colapso, STF manda governo abrir leitos”*

EDITORIAL DO GLOBO - *”O efeito positivo do Minha Casa, Minha Vida”*: O programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), que financia habitações populares (e que o governo Jair Bolsonaro pretende modificar), completa 12 anos no próximo dia 25 envolto em polêmica. Das quase 6,3 milhões de unidades habitacionais contratadas, 5,3 milhões haviam sido entregues até 2020, 1,5 milhão à população mais pobre. Mas o déficit habitacional nas cidades brasileiras continua perto de 6 milhões de casas. É um número que se mantém no mesmo patamar ao longo dos últimos anos e é frequentemente usado pelos críticos para mostrar que o MCMV não cumpriu seu principal objetivo: dar moradia a quem não tem. Outra crítica frequente é que, ao transferir a população para zonas periféricas, o programa encarece o custo de vida e reduz a renda dos mais pobres, com gastos em transporte e energia antes inexistentes. Mais que isso, morar em regiões mais distantes também diminui, segundo os críticos, as chances de achar emprego. Tudo isso pode piorar a condição social e financeira. Num país em que a discussão das políticas públicas é contaminada por achismo e ideologia, sem a vacina dos fatos, o MCMV oferece uma chance única de pôr opiniões à prova. Todos os beneficiários estão cadastrados e, como o financiamento costuma ser concedido por um sorteio, é possível comparar com precisão, isolando a interferência de outros fatores, o que acontece na vida dos agraciados. Foi o que fez a economista Laísa Rachter de Sousa Dias em doutorado defendido na Fundação Getulio Vargas em dezembro. Ela comparou a situação de cerca de 3 mil vencedores do sorteio no Rio de Janeiro à dos perdedores. A primeira conclusão é que não houve efeito perceptível nem no nível de renda, nem na empregabilidade de quem foi morar mais longe. Gastos com prestação, transporte e luz acabam compensados pela economia em aluguel e outras despesas. Mesmo morando em bairros com menos infraestrutura, o custo de habitação cai para os beneficiários.
A maior contribuição dela foi ter descoberto efeitos secundários nem sempre levados em conta pelos críticos. O mero fato de morar em casas com acesso a água, luz e esgoto tem impacto perceptível na saúde. O trabalho detectou queda de 18 pontos percentuais na proporção de famílias vivendo em condições precárias, aumento no peso dos bebês recém-nascidos e redução na mortalidade infantil. “É importante avaliar a multidimensionalidade de impactos”, afirma Dias. “A lição é que morar numa casa melhor importa.” É legítimo questionar se, uma vez que a melhora na saúde resulta das condições de saneamento, não valeria mais a pena investir em água e esgoto nas comunidades originais, em vez de erguer casas distantes. “Não sei dizer se seria melhor. Não dá para dizer que o MCMV seja necessariamente a política ótima, é preciso estudar mais.” O indiscutível é que esse impacto secundário positivo diminuirá, já que, desde 2019, o programa não contrata mais nenhuma casa para a faixa mais pobre. O foco do governo Bolsonaro em conceder crédito a reformas domésticas e àqueles que têm maior condição de honrar o empréstimo pode fazer sentido para o setor da construção civil, além de ter impacto (mínimo, é verdade) nas contas públicas. Mas, se não vier acompanhado do investimento necessário em saneamento e benfeitorias, o mais provável é um recuo na qualidade de vida dos mais pobres.

*”Incerteza jurídica – Ministros do STF divergem sobre hipótese de Lira assumir Presidência”*
*”Retórica bolsonarista perde força após prisão”*
*”Bolsonaro testa popularidade no interior em visitas-surpresa”*
*”À beira do colapso – Ocupação de UTIs supera 80% em mais da metade dos estados”*

*”Só com 0,04% dos alunos, escola em casa é prioridade”*

*”Ajuda defasada – Inflação corrói poder de compra de beneficiários do Bolsa Família”* - A prorrogação do auxílio emergencial resolverá apenas por pouco tempo os problemas da assistência aos vulneráveis no Brasil. Quando o benefício acabar novamente, o governo terá o desafio de encontrar uma solução para reformular o Bolsa Família, cujo valor e abrangência estão defasados. Considerando o repasse médio de R$ 190 pago aos integrantes do programa no período pré-pandemia, a ajuda federal deveria estar entre R$ 198,50 e R$ 200 para acompanhar a alta de preços, de acordo com cálculos do analista em contas públicas da Tendências Fabio Klein. Ao mesmo tempo, a demora na discussão do Orçamento adia uma solução para incluir cerca de 1 milhão de domicílios à espera do benefício. Hoje, o valor do Bolsa Família não precisa seguir a alta dos preços. O programa não é reajustado desde o governo Michel Temer, e a defasagem reduz o poder de compra do benefício. Só no ano passado, os alimentos, principal gasto das famílias mais pobres, tiveram alta de 15,53%, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação em domicílios com renda de até cinco salários mínimos.
— Não existe essa obrigatoriedade de corrigir por inflação, mas, dada a natureza do programa, seria correta, e aceitável, a reposição inflacionária — avalia Klein.
Os benefícios que compõem o Bolsa Família são fixados por lei e decreto presidencial. Para aumentar esses valores, é preciso alterar a legislação. Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro disse que em julho proporia uma reformulação do programa, mas não deu detalhes. Já o número de famílias atendidas depende da fatia do Orçamento destinada ao programa. A proposta orçamentária de 2021 separou R$ 34,8 bilhões para a medida — alta de 18% em relação ao ano passado. A projeção estimava o pagamento do benefício a 15,2 milhões de famílias por mês. O texto, no entanto, ainda não foi aprovado pelo Congresso, e o aumento de beneficiários não se concretizou. O Ministério da Economia informou que os gastos com o programa não estão limitados à regra de 1/12 do previsto por mês, que vale para despesas não obrigatórias.
Alimentos proibitivos
A indefinição sobre o futuro do Bolsa Família ocorre pouco depois de boa parte dos atendidos pelo programa terem recebido um valor maior. No ano passado, o pagamento do auxílio emergencial — cinco parcelas de R$ 600, sendo que mulheres chefes de família recebiam o dobro, e mais quatro de R$ 300 — impulsionou a renda dessas famílias. Já em 2019, houve um 13º para os beneficiários do Bolsa Família.
— Pela regra do auxílio, principalmente no caso das famílias chefiadas por mulheres, quem estava no Bolsa Família chegou a receber mais de seis vezes o valor do benefício em um único mês, mas depois voltou para um valor muito menor. Fora isso, tem a questão da fila. Não é só um problema de valor, mas também de quantidade de pessoas que precisam receber — ressalta Marcelo Neri, diretor do FGV Social.
A perda do poder de compra do benefício é percebida pela dona de casa Raquel Assunção, de 24 anos, que mora sozinha com as filhas, de 1, 3 e 5 anos, em uma comunidade em Del Castilho, na Zona Norte do Rio. Ela trabalhava como diarista e conseguia renda pouco superior a R$ 800 por mês. Mas, na pandemia, foi dispensada pela maioria das casas e hoje só faz faxina em uma delas, de 15 em 15 dias. O pagamento dessas duas diárias, R$ 360, e o crédito do Bolsa Família, R$ 170, são as únicas fontes de renda da família.
— Carne vermelha não dá para comprar de jeito nenhum. Estou comendo coxa de frango, calabresa, ovo... Até peito de frango está caro! A gente vai no mercado com R$ 100 e traz só uma bolsinha — conta Raquel.
Lucilene da Silva, de 39 anos, moradora de Parnaíba, no interior do Piauí, também diz que há muito tempo não tem carne no cardápio. Mãe de um menino de 3 meses e de uma menina de 7 anos, não tem ido trabalhar como diarista por causa do aumento dos casos de Covid. Para manter a casa, ela conta com R$ 130 do Bolsa Família, além de ajuda da mãe, que recebe um salário mínimo (R$ 1.100).
— É praticamente uma esmola. Não dá para nada! Uma lata de óleo aqui está custando R$ 10. O arroz de um quilo está R$ 6. A única coisa que eu como com frequência é galinha, porque o quilo sai a R$ 8 — diz Lucilene.
Segundo estimativas do pesquisador Daniel Duque, da Fundação Getulio Vargas, 22 milhões de brasileiros que, em 2019, antes da pandemia, não eram pobres entraram na pobreza neste início de ano, como reflexo do fim do auxílio e do aumento do desemprego. A ONG Ação da Cidadania estima que 10,3 milhões de brasileiros sofrem de insegurança alimentar, com um número crescente tendo a fome como rotina.
Rever regras de acesso
Além da revisão do valor, o Bolsa Família precisa rever regras de acesso e de saída, alertam especialistas. O professor de economia do Insper Sérgio Firpo ressalta que o programa é bem-sucedido na redução da extrema pobreza, mas pode ser aprimorado:
— Com programa de renda condicionada, você consegue romper a armadilha da pobreza transmitida de geração a geração, mas não cria condições para que os adultos beneficiados consigam gerar renda a partir da sua inserção no mercado de trabalho.
O especialista acrescenta que a experiência da pandemia também aponta caminhos que exigem revisão, como a agilidade para incorporar novos beneficiários.
— O ideal seria que o Bolsa Família fosse turbinado tanto na questão de valores quanto de cobertura, e ágil o suficiente para colocar para dentro os novos pobres: aquele que ficou pobre durante a pandemia ou quem tem uma variação cíclica de renda e não consegue poupar, porque a renda é pequena demais para isso — explica Firpo.
No fim de 2020, a fila de espera para ingresso no Bolsa Família se aproximava de 1 milhão de famílias, segundo dados obtidos pelo GLOBO via Lei de Acesso à Informação. Procurado, o Ministério da Cidadania não revelou o atual tamanho da fila. Mas informou que, de janeiro para fevereiro, foram incluídas 200 mil famílias, enquanto outras 249.002 tiveram o benefício bloqueado, suspenso ou cancelado. Os casos de bloqueio ou suspensão não implicam saída imediata do programa. de cancelamentos, foram 168 mil. A pasta explicou, em nota, que “os fluxos de saídas e novas entradas do programa estão relacionados principalmente aos processos de averiguação e revisão cadastral, que foram suspensos inicialmente de março a dezembro de 2020, em razão da pandemia.”

 

CAPA – Manchete principal: *”Preço de matérias-primas sobe 40% e favorece o Brasil”*

FELIPE SALTO - *”Sem auxílio e sem ajuste”*: Odebate sobre a Proposta de Emenda à Constituição n.º 186, a PEC Emergencial, ressurgiu em meio à urgência de um novo programa de auxílio social. A vinculação do programa a reformas fiscais constitucionais não é uma boa estratégia, mas é possível endereçar as duas questões tempestivamente. Responsabilidade fiscal e sensibilidade social andam de mãos dadas. É preocupante que pareça ser necessário bater na responsabilidade fiscal para obter legitimidade na defesa de um gasto social urgente. Ou você banca o durão e defende a ideia de que só será possível pagar R$ 250 a famílias que estão à míngua se houver compensações ou abraça a lassidão fiscal. É preferível o caminho da ponderação.
As simulações consideradas pela Instituição Fiscal Independente (IFI) mostram que o auxílio emergencial poderia custar R$ 34,2 bilhões se destinado a 45 milhões de pessoas, com quatro cotas mensais de R$ 250. Essa conta já é líquida dos pagamentos aos beneficiários do Programa Bolsa Família, que receberiam apenas a diferença entre o valor do novo auxílio e a transferência atual. Esse gasto não é pequeno, mas a PEC Emergencial não é condição para pagar essa despesa. Ao lado da aceleração do programa de vacinação, o auxílio se impõe. Agora, não se afirme ser impossível compensar o gasto sem antes olhar o Orçamento de 2021. Em meu último artigo neste espaço, mostrei uma lista de cortes e medidas possíveis. Os reajustes salariais dos militares correspondem a R$ 7,1 bilhões; os concursos públicos programados, a R$ 2,4 bilhões; e os subsídios sujeitos ao teto de gastos, a R$ 14 bilhões – que poderiam ser reduzidos em R$ 4 bilhões. Além disso, a revisão das renúncias tributárias poderia colaborar com R$ 20 bilhões, totalizando R$ 33,5 bilhões. Se a primeira medida se mostrar impossível, em razão da lei que garante os reajustes, a economia ainda seria de R$ 26,4 bilhões. Portanto, as medidas de ajuste fiscal previstas na PEC não seriam condições necessárias para pagar o auxílio. Bastaria cortar o Orçamento. Mas isso não significa que ela não contenha tópicos importantes. São assuntos complexos, que demandam debate técnico e político adequado, com tempo suficiente para não se promover uma virada de mesa na Constituição. Separe-se o joio do trigo.
A PEC Emergencial fixa a sustentabilidade da dívida como uma dimensão inescapável na fixação de limites e metas fiscais, obriga a administração pública a avaliar políticas públicas, propõe a extinção de fundos públicos, manda reduzir gastos tributários, estabelece as regras para a despesa com o novo auxílio social, cria novos instrumentos de ajuste para os Estados e municípios e estabelece uma nova forma de acionar os gatilhos – medidas automáticas de ajuste – no âmbito da regra do teto de gastos. Mas ela também acaba com os pisos constitucionais da saúde e da educação. Melhor seria consolidar os dois valores, dando maior liberdade aos gestores, sobretudo municipais e estaduais, na alocação dos recursos públicos para essas duas áreas essenciais. A inclusão do auxílio no texto da PEC, por sua vez, tem que ver com o receio do Ministério da Economia de editar um crédito extraordinário para pagar a nova transferência social sem conseguir justificar a imprevisibilidade, exigência da Constituição. Vale dizer, os dispositivos que tratam do auxílio são independentes do resto da proposta, um convite ao Congresso para fatiá-la. É curioso notar que a intenção do ministro Paulo Guedes é o simétrico oposto: incentivar a aprovação das medidas de ajuste como condição para o auxílio.
Quanto ao teto de gastos, sabe-se que a Emenda Constitucional n.º 95 impossibilita o acionamento dos gatilhos (medidas de ajuste), ao menos sob a interpretação jurídica majoritária. A propósito, essa foi a motivação original da PEC, em 2019: tornar viável o acionamento das medidas automáticas de ajuste no caso de rompimento do teto. Então, à guisa de solucionar esse problema, a PEC determina que, quando as despesas obrigatórias sujeitas ao teto atingirem 95% das despesas primárias totais (também limitadas ao teto), a lista de gatilhos será ativada. Incluemse, aí, a proibição dos reajustes salariais e das chamadas progressões automáticas no serviço público. O efeito fiscal poderia chegar a 1% do produto interno bruto (PIB) até o quinto ano. Vincular o debate sobre regras fiscais à concessão do auxílio, mesmo abandonados os outros tópicos da PEC, prejudica as duas coisas: nem o dinheiro é liberado nem a proposta de ajuste fiscal alcança o consenso político suficiente. Segue indefinida a estratégia para recobrar a sustentabilidade das contas públicas. O caminho é resolver a emergência do auxílio e avançar a sério no debate fiscal. Não no tapetão. As prioridades orçamentárias têm de ser expostas, o lado da receita tem de entrar no jogo e os privilégios dos estamentos estatais têm de ser combatidos. Que tal começar pelo Orçamento de 2021? Ou isso ou seguiremos postergando o auxílio e o ajuste fiscal.
*FELIPE SALTO – DIRETOR EXECUTIVO DA IFI.

EDITORIAL DO ESTADÃO - *”A decepção com Bolsonaro”*: Odesapontamento com o governo Bolsonaro não é um fato novo. Há quem tenha se desencantado com Jair Bolsonaro em razão, por exemplo, da saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça em abril de 2020. Na ocasião, o ex-juiz da Lava Jato relatou tentativas de interferência por parte do presidente na condução da Polícia Federal. O episódio levou a que muita gente revisse sua ideia sobre a suposta carta branca que Jair Bolsonaro teria dado a Sérgio Moro para o combate à corrupção. Na semana passada, a interferência de Jair Bolsonaro na presidência da Petrobrás produziu uma nova onda de decepção. Além dos efeitos devastadores sobre a empresa, com prejuízos muito concretos para as centenas de milhares de acionistas minoritários, a ordem para mudar a chefia da empresa consolidou a percepção de que Jair Bolsonaro não tem nenhum compromisso com a agenda liberal proposta na campanha de 2018. Não há mais nem mesmo o cuidado de manter as aparências. Sempre houve bons motivos para desconfiar da adesão de Jair Bolsonaro a uma pauta de reformas. Basta pensar, por exemplo, que, por mais de duas décadas, a atuação do ex-capitão na Câmara dos Deputados foi oposta a todo o conjunto de reformas anunciado por Paulo Guedes na campanha eleitoral do então candidato do PSL à Presidência da República.
O fato, no entanto, é que muita gente confiou em Jair Bolsonaro: em sua disposição e capacidade de promover uma profunda mudança liberal no Estado brasileiro. A ideia era a de que, sob a batuta de Paulo Guedes, haveria um choque de gestão. O déficit fiscal acabaria, muitas privatizações seriam feitas, o poder público seria mais eficiente e o ambiente de negócios sofreria uma revolução. “Quando candidato, Bolsonaro falava em privatização, e o ministro Guedes, que é liberal, defendia a tese da redução do tamanho do Estado. Me senti motivado a deixar meus negócios para contribuir com isso”, disse o empresário Salim Mattar ao Estado. De janeiro de 2019 até agosto de 2020, Salim Mattar foi o secretário especial de Desestatização e Privatização do Ministério da Economia. Hoje, ao falar daquele sonho liberal, Salim Mattar não esconde sua decepção. “O ministro Guedes é resiliente, obstinado e determinado, mas não percebeu que foi vencido. Por exemplo, há quanto tempo a história da Eletrobrás está no Congresso e não consegue autorização?” Como se sabe, a resistência à venda da Eletrobrás não vem apenas do Legislativo. Até a edição da MP 1.031/21, Jair Bolsonaro tinha colocado mais condições do que defendido sua privatização. Ao avaliar o panorama atual do País, citando, entre outros pontos, o episódio do deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ) e a mudança no comando da Petrobrás, Salim Mattar não é otimista. “Nós perdemos o foco como país, não vai dar certo, não tem jeito de dar certo. O País precisa de foco para aquilo que é importante para o cidadão”, disse.
Paulo Uebel também não esconde sua decepção com os rumos do governo federal. Segundo o ex-secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, mais do que simplesmente não promover as reformas, o presidente Jair Bolsonaro segue o caminho das administrações petistas. “Isso (a interferência na política de preços da Petrobrás) é uma mudança que vai contra o que foi aprovado nas urnas e aproxima Bolsonaro de práticas que o PT fazia. E isso é o oposto do que o eleitor de Bolsonaro gostaria de ver”, disse Paulo Uebel ao Estado. Em sua avaliação, o resultado da interferência pode ser a “destruição de valor muito grande da empresa, como vimos durante a gestão do PT”. O abandono de qualquer imagem de governo reformista se dá num momento em que a aprovação de Jair Bolsonaro caiu para 44%, uma queda de oito pontos em quatro meses, de acordo com a pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) em parceria com o Instituto MDA. No período, também diminuiu a avaliação positiva do governo (ótimo e bom) de 41% para 33%. Por diferentes motivos – a irresponsável atuação do governo federal na pandemia é apenas um deles –, mesmo os crédulos que confiaram nas promessas liberais e modernizantes de Bolsonaro começam a suspeitar, ora vejam, que foram enganados.

*”Decisão do STJ pode atingir outros do ‘clã Bolsonaro’”* - O Superior Tribunal de Justiça (STJ) pode beneficiar direta e indiretamente pelo menos quatro membros da família e círculo próximo do presidente Jair Bolsonaro se decretar nesta semana a nulidade total das investigação na qual o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-rj) foi denunciado à Justiça por liderar um esquema de “rachadinhas” e assessores fantasmas na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) – um desvio calculado na acusação formal de pelo menos R$ 4 milhões dos cofres públicos. Além do filho mais velho, a nora Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro (mãe de duas netas do presidente) e a ex-mulher Ana Cristina Siqueira Valle (mãe do filho Renan Bolsonaro) são investigadas. A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, teve o nome envolvido nas investigações. A atual mulher não foi alvo do inquérito do Ministério Público do Rio, mas a quebra de sigilo bancário dos investigados revelou depósitos em sua conta – no valor total de R$ 89 mil – vinculados a Fabrício Queiroz, o ex-assessor de Flávio na Alerj e acusado pelos promotores de ser o principal operador dos desvios e da lavagem do dinheiro.
A Quinta Turma do STJ deve julgar amanhã mais dois recursos da defesa de Flávio Bolsonaro, que buscam a nulidade total do processo investigatório. Os advogados do senador pedem que o relatório do Coaf que deu origem ao procedimento de investigação do MP deixe de ter validade e a anulação de todos os atos do juiz da primeira instância, Flávio Itabaiana, no caso. Se os pedidos forem aceitos pelo colegiado, não só a primeira denúncia do caso, apresentada em novembro à Justiça, como as provas levantadas pelo MP em dois anos de apuração deixarão, na prática, de valer legalmente. Livrando o filho mais velho do presidente, sua nora, o amigo Queiroz, suas filhas e os primeiros denunciados. Em decisão da maioria – com destaque para o voto do ministro João Otávio de Noronha –, a Quinta Turma acatou na semana passada um primeiro recurso da defesa de Flávio, anulando a base de prova principal da primeira denúncia do caso: a quebra dos sigilos fiscal e bancários dos acusados. A partir do voto de Noronha, outros três ministros do colegiado derrubaram o entendimento do relator, ministro Félix Fischer, que se declarou contra o pedido da defesa do senador – mesmo entendimento já dado pelo Tribunal de Justiça do Rio e pelo representante da Procuradoria-geral da República (PGR) em seu parecer.
Fatiamento. A anulação da denúncia e dos atos do juiz da primeira instância pode, direta ou indiretamente, gerar um efeito dominó, derrubando outras investigações ainda sigilosas do caso, que envolvem o clã Bolsonaro e pessoas ligadas a eles. É que o MP decidiu fatiar as apurações e apresentar acusações separadas contra núcleos e crimes específicos. Foram abertos ainda, nesses quase três anos de apuração, outros procedimentos e recolhidos dados ainda sob análise, que levarão a novas frentes de descobertas. A denúncia inicial de 400 páginas contra Flávio Bolsonaro registra em mais de um trecho a estratégia do MP. Nela, os promotores avisam: a acusação era feita “sem esgotar o objeto” do procedimento originário das apurações. “(A apuração) prosseguirá em autos desmembrados para apurar a prática de outros fatos delituosos e responsabilizar os demais coautores ou partícipes da organização criminosa.”
Efeito. A reportagem do Estadão ouviu investigadores e pessoas relacionadas ao inquérito, que avaliam que a nulidade da denúncia contra Flávio Bolsonaro e provas essenciais como a quebra de sigilo bancário e fiscal dos alvos levará, em cadeia, uma série de outras investigações para a estaca zero. Um dos casos ainda a ser alvo de acusação ou não é o dos crimes atribuídos ao núcleo da família Siqueira Valle – termo usado nos autos pelo MP –, que inclui a ex-mulher de Bolsonaro. Mãe de Renan Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle foi a segunda mulher do presidente. Com residência e atuação política na região de Resende (RJ), endereços da família foram alvo de busca.
O MP diz que o núcleo foi o que mais concentrou casos de saques em quase a totalidade dos valores recebidos da Alerj, no período investigado. O exsogro do presidente, por exemplo, José Cândido Procópio da Silva Valle, empregado no gabinete de Flávio, apesar de morar em Resende, sacou 99,7% da sua remuneração – entre 2003 e 2004. Além dele, outros cinco parentes chegaram a sacar mais de 90% de seus rendimentos. Outra frente de investigação em risco é a que apura suspeitas de lavagem de dinheiro na compra e na operação da loja Bolsotini Chocolates e Café, que o senador, sua mulher e o sócio Alexandre Dias Santini adquiriram, em um shopping da Barra da Tijuca. O negócio teve as contas quebradas, bem como o sócio, e há indícios de enriquecimento e uso do negócio para lavagem de dinheiro desviado da Alerj. A compra da loja da franquia da Kopenhagen, no fim de 2014, e a movimentação financeira com as vendas de chocolates, desde 2015, podem ter servido para lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito do senador, suspeitam investigadores. A quebra de sigilo mostrou que ao menos R$ 2,1 milhões podem ter sido “legalizados” no negócio.

*”Para Tasso, CPI é teste de autonomia de Pacheco”*

*”Comissão mista de Orçamento define presidente e relator”* - Depois de meses de disputas e indefinição, a responsabilidade pelo Orçamento Geral da União de 2021 caiu nas mãos de uma dupla de políticos muito diferentes entre si: a deputada Flávia Arruda (PL-DF) e o senador Márcio Bittar (MDB-AC). Flávia é a presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), e Márcio Bittar será o relator da peça orçamentária de 2021. Enquanto a deputada é rosto novo nos corredores do Congresso – está no primeiro mandato –, o parlamentar conquistou o primeiro cargo em Brasília em 1999. Outra “diferença” é que ela chegou à CMO por escolha dos partidos do Centrão, ao passo que ele vem da centro direita e é próximo ao ministro da Economia, Paulo Guedes. Os dois se reuniram com o ministro no mesmo dia em que a comissão foi instalada, na quartafeira da semana passada.
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*”Crise e desilusão afastam jovem da política”*

*”Líder de advogados conservadores diz que OAB tenta ‘intimidar’”* - Presidente da Ordem dos Advogados Conservadores do Brasil (OACB), Geraldo Barral criticou o pedido de investigação sobre “possível infração disciplinar” da entidade encaminhado na semana passada à Corregedoria do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Para Barral, a iniciativa do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, é uma “tentativa de intimidar” o grupo. A OACB publicou uma mensagem nas redes sociais em que anuncia uma espécie de “disque-denúncia” para que internautas reportem à entidade ofensas ao presidente Jair Bolsonaro, a familiares do chefe do Executivo ou a integrantes do governo federal, “seja por parte de políticos, artistas, professores ou qualquer um do povo”. “Vamos processar todos”, diz a postagem do grupo.
“Nós não estamos cometendo nenhum tipo de crime, nem violando as nossas prerrogativas, nem sendo antiéticos. Pelo contrário, estamos tentando ajudar”, afirmou Barral ao Estadão na sexta-feira passada. Segundo ele, a entidade é composta por “pessoas idealistas e comprometidas com os princípios” ligados à família, à pátria e aos ideais cristãos. “Crime contra a honra é uma coisa. Criticar, é outra. A gente vai analisar todos os casos, alguns que já encaminharam para a gente nem cabe mais a notícia-crime. Nós vamos trabalhar com casos recentes, de agora em diante. Nós vamos agir dentro da lei”, disse o dirigente. Segundo Barral, o anúncio do “disque-denúncia”, feito após a prisão do deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ), em 16 de fevereiro, atraiu novos apoiadores interessados em se associar à OACB – há cerca de 500 novos integrantes em processo de associação, afirmou. Para Santa Cruz, os advogados conservadores agem contra a livre manifestação de opiniões. A corregedoria vai investigar “possível cometimento de infração disciplinar e tentativa de uso indevido do nome da Ordem”, disse o presidente da OAB por meio de nota. “A Constituição Federal garante a livre manifestação de opiniões e esse é um dos pilares de qualquer democracia. Parece, portanto, que tal ‘entidade’ desconhece ou despreza a Constituição”, afirmou Santa Cruz.
Estrutura. Após a repercussão do caso, a OACB recebeu, via redes sociais, uma oferta de ajuda financeira, mas ela foi recusada. “Nós não temos o interesse de ter um fim lucrativo. É um trabalho pro bono, que o advogado tem direito de fazer”, afirmou o presidente da entidade. No início de fevereiro, o grupo instituiu a cobrança de mensalidade. A taxa paga por associado é de R$ 22 e será usada no desenvolvimento de um site. O grupo não planeja a criação de uma sede física. “Jamais vamos aceitar qualquer tipo de doação ou ajuda que venha contrariar os nossos ideais e nossa independência”, disse Barral. “Eu, particularmente, não tenho a intenção de me envolver politicamente. Mas tem colegas com interesse na política. Se ele preza os nossos princípios, quem sabe nós podemos até apoiar.” No Twitter, entre quinta e sexta-feira da semana passada, o perfil da OACB ganhou mais de mil seguidores, chegando a quase 7 mil pessoas. No início da semana, a comunidade virtual era composta por cerca de 300 pessoas.

*”Em debate no País, nepotismo afeta eficiência da gestão”*

*”Trump sugere candidatura em 2024, diz que não criará partido e critica Biden”*
*”Israel vacinará palestinos com licença de trabalho”*

*”Tratamentos contra covid-19 avançam em ritmo mais lento do que vacinas”*
*”Governo tem de bancar leitos, diz STF”*

*”Preço de matérias-primas sobe 40% e traz oportunidades para o Brasil”* - Apesar de a covid-19 estar ainda muito longe de ser debelada no mundo, as economias dos países, em geral, vêm se recuperando de forma razoavelmente rápida da forte queda provocada pela pandemia. A China, uma espécie de motor do mundo, é o maior exemplo disso. Um dos principais efeitos desse cenário é o aumento da demanda – e, consequentemente, dos preços – das matérias-primas. De abril do ano passado (o fundo do poço na pandemia) até agora, as cotações em dólar das 19 principais commodities agrícolas, metálicas e de energia haviam subido, em média, 40%, de acordo com o índice Commodity Research Bureau (CRB), indicador que é referência no comportamento das matérias-primas. É um avanço que interessa diretamente ao Brasil, um dos maiores fornecedores mundiais de produtos importantes nessa equação – como soja, milho, carnes e minério de ferro. Ainda não está claro, entre os analistas, se o mundo caminha para um novo “superciclo” das commodities, nos moldes daquele que se iniciou na primeira década dos anos 2000 – os preços atuais ainda estão 16,1% abaixo do pico registrado pelo CRB, em 2011. O que está evidente é que essa alta de preços abre boas perspectivas para o País.
Efeitos. No ano passado, as exportações de soja subiram 9,6% e as de minério de ferro, 20,3%, em relação a 2019, segundo o Ministério da Economia. A alta do minério de ferro (que ultrapassa os 70% em relação ao início do ano passado) trouxe efeito, por exemplo, para as ações da Vale, que mais que dobraram de valor em relação ao início da pandemia. E fez com que a CSN conseguisse levantar R$ 5,2 bilhões com a abertura de capital de sua unidade de mineração, movimento que vinha sendo ensaiado há muitos anos. Reportagem recente do Estadão já havia apontado que, enquanto indústria, varejo e serviços sentiram o baque provocado pelos efeitos da covid-19, o campo comemorava uma alta de quase 40% na renda obtida com a venda de grãos, fruto de uma safra recorde no País de mais de 250 milhões toneladas. Já a recuperação dos preços do petróleo, que haviam desabado no início da pandemia, teve consequências – nesse caso, positivas e negativas – para a Petrobrás. A empresa fechou o quarto trimestre com um lucro de R$ 59,9 bilhões, revertendo perdas registradas nos três primeiros trimestres de 2020. Mas também foi justamente a alta das cotações que acabou provocando a saída do presidente da empresa, Roberto Castello Branco, após o presidente da República, Jair Bolsonaro, se dizer incomodado com o aumento dos preços dos combustíveis, uma vez que a política da Petrobrás atrela esses produtos à cotação internacional do petróleo.
Desafios. O superciclo das commodities anterior trouxe um período de bonança para o Brasil. Foram anos de fortes crescimentos do PIB – entre 2004 e 2008, o País cresceu, respectivamente, 5,8%, 3,2%, 4%, 6,1% e 5,1%. Essa boa fase, porém, acabou camuflando os problemas estruturais, apontam economistas, e as grandes reformas econômicas foram deixadas de lado. Quando o tempo de fartura se foi, o Brasil acabou mergulhando em uma forte recessão, da qual até hoje não conseguiu se recuperar. Para os analistas, seja este um superciclo ou não, é importante não perder de vista que os problemas estruturais do País precisam ser atacados com urgência. “Isso (um eventual superciclo) não seria capaz de resolver a questão fiscal, nem acelerar o potencial de crescimento do País de forma significativa. Este segue travado pelo ambiente de negócios muito ruim, que não vai ser resolvido por um novo boom de commodities”, afirma o coordenador de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV), Armando Castelar. “O sentido de urgência poderia amainar um pouco, mas o problema não estaria resolvido e o potencial de crescimento sustentado não aumentaria de forma significativa.” Roberto Attuch, CEO da Ohmresearch, plataforma de análises independentes, também não vê nesse cenário de alta de preços das commodities um argumento para adiar reformas. “Hoje estamos numa situação bem diferente da que estávamos no governo Lula”, diz. Em 2005, a relação entre a dívida e o Produto Interno Bruto (PIB) era bem menor do que é hoje e a situação fiscal não era tão delicada como a atual. Ou seja, desta vez, será muito mais desastroso jogar as reformas para baixo do tapete.

*”Economistas ainda divergem sobre novo boom de commodities”* - A forte escalada nos últimos meses dos preços das matérias-primas (como soja, milho, minério de ferro e cobre) levantou a discussão de que um novo ciclo de alta de cotações das commodities pode estar a caminho. Mas não há consenso entre os economistas sobre um novo boom. “Há uma grande chance de que esteja acontecendo um novo super ciclo de commodities”, afirma Roberto Attuch, CEO da Ohmresearch, plataforma de análises independentes. Essa também é a avaliação do economista André Braz, coordenador de índices de preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE/FGV). O estrategista de Comércio Exterior do Banco Ourinvest e ex-secretário nacional de Comércio Exterior, Welber Barral, também diz que o mundo já vive um novo ciclo. “Desde a recuperação da crise de 2008, esse movimento tem se mantido. As altas do petróleo dão mais sinais.” Mais cauteloso, o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, avalia o que ocorre hoje como “um mini ciclo positivo de commodities”. Já para o economista Fabio Silveira, sócio da Macrosector, o que existe é um momento de alta de preços. “É uma recuperação do tombo sofrido em 2020.”
Motivos. Apesar das diferentes avaliações sobre a duração da alta, isto é, se, de fato, tratase de um novo ciclo ou não, há razões objetivas que impulsionam para cima os preços das commodities. Depois do baque na atividade provocado pela pandemia, existe uma recuperação global sincronizada das economias, diz Attuch. Além disso, ele lembra que a preocupação crescente com uma matriz energética mais limpa pode ampliar a procura de commodities minerais ligadas a essa mudança. Gilberto Cardoso, analista da Ohmresearch, acrescenta que o Fórum Econômico Mundial estima que 1,5 bilhão de pessoas vai migrar para classe média na Ásia nos próximos nove anos, com destaque para a Índia, que deve crescer entre 6,5% e 7% no período. Isso indica, na sua opinião, um grande potencial de aumento da demanda por commodities agrícolas, especialmente de proteína animal, para alimentar essa população. “O cenário é extremamente positivo para o Brasil que produz essas commodities”, diz o analista. Também a injeção US$ 1,9 trilhão de recursos sinalizada pelo governo de Joe Biden na economia dos Estados Unidos deve impulsionar a demanda e os preços de commodities metálicas para investimentos em infraestrutura no país, concordam os economistas. Vale, da MB, ressalta que o crescimento da China, que fechou 2020 com avanço de 2% no Produto Interno Bruto (PIB) em meio à pandemia, e que deve se manter forte neste ano, somado à depreciação esperada do dólar no mercado externo por conta de políticas de estímulo dos governos podem ter impacto positivo nos preços das commodities. “Há uma saída dos fundos de posições na moeda americana para fundos de commodities, porque justamente existe um fundamento sólido no crescimento chinês”, diz o economista. Já para Silveira, da Macrosector, o crescimento asiático tem “um pingo de razão”. Na sua avaliação, o que sustenta a alta de preços das commodities neste momento – alimentos, petróleo e minério de ferro – é a “imensa liquidez de recursos no mercado internacional”. Na falta de melhores opções de investimento, esse dinheiro acaba sendo aplicado em mercados futuros de commodities.

*”Na contramão, Petrobrás perde valor de mercado”*
*”Com pandemia, Varejo elimina 75,2 mil lojas”*
*”Revendas de itens de vestuários foram as mais castigadas”*

*”Usina da Petrobrás vira ‘elefante branco’”* - A usina termoelétrica de Camaçari, um dos principais investimentos da Petrobrás na Bahia, e que seria um marco na história da estatal em projetos de energia para o setor industrial, tornou-se um elefante branco, com operações paralisadas, custos milionários e um destino completamente incerto. Só para a construção e compra total da usina, a estatal desembolsou mais de R$ 500 milhões, em valores corrigidos. O Estadão apurou que a Petrobrás já pediu o encerramento formal das operações da usina, simplesmente porque não consegue vender a energia ao preço necessário para cobrir os custos de manutenção e a tecnologia usada na montagem da planta. À reportagem, a Petrobrás admitiu que ainda não sabe o que vai fazer com o maquinário da térmica. Esse é mais um dos desafios do general Joaquim Silva e Luna, que deve assumir a petroleira em março.
Erguida em 2001 ao custo de US$ 60 milhões, cerca de R$ 330 milhões na cotação atual, a usina, que tem capacidade de gerar 120 megawatts (MW) de energia, era resultado de uma parceria que a Petrobrás assinou com a portuguesa EDP. Três anos depois, a estatal brasileira decidiu, porém, que teria o controle total da usina, e desembolsou mais R$ 240 milhões, em valores corrigidos pela inflação, para ficar com 100% do negócio. Seguiram-se alguns anos de suprimento de energia. Já em 2017, porém, a usina movida a geração por gás estava completamente inviabilizada. Depois de entregar a energia que assumiu em leilão, em janeiro de 2015 e dezembro de 2017, a térmica não conseguiu mais parar de pé. Ao pedir a revogação de concessão da usina, a Petrobrás justificou para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que a “Termocamaçari já não se mostra economicamente viável no mercado de energia”, por causa da “ausência de condições operativas”. A Petrobrás alegou ainda que o restabelecimento das máquinas demandaria revisão geral dos equipamentos para troca dos componentes internos e outros serviços de reparo, “o que exigiria vultosos investimentos, sem garantia de remuneração”. Hoje, a planta que seria a principal geradora de energia para o Polo Petroquímico de Camaçari está inviabilizada, gerando prejuízos mensais. A reportagem questionou a Petrobrás sobre os demais investimentos feitos na planta, seus gastos com manutenção e serviço, mas a empresa não se manifestou sobre esses questionamentos.
Revogação. Em documento de caráter confidencial enviado à Aneel no dia 4 de fevereiro, a Petrobrás confirmou à agência que a planta já não tem nenhum contrato de fornecimento de energia em andamento e que a Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), responsável pela ligação da usina com a rede de transmissão, já foi informada sobre o pedido de revogação. Na semana passada, a área técnica deu sinal verde para que o fim da contratação da usina seja concluído. A decisão ainda precisa ser oficializada pela diretoria da agência. Desde 2019, a usina está com as três turbinas desligadas. Segundo laudos técnicos da Aneel, foram encontrados problemas no projeto da turbina, e há dificuldades de manutenção, já que o modelo usado na planta conta com menos de dez unidades em funcionamento em todo o mundo. Em nota, a Petrobrás informou que, desde 2017, “a unidade está sem contrato de comercialização de energia, apesar dos esforços na busca de novos contratos que viabilizassem a continuidade”. Questionada sobre a planta e os equipamentos, a petroleira declarou que “serão conservados de modo a manterem a integridade operacional, enquanto se concluem os estudos que definirão a destinação da UTE (usina termoelétrica)”.

 

CAPA – Manchete principal: *”Empresários se mobilizam diante do risco de recessão”*

*”Maioria de Estados e prefeituras cortou gasto com Educação em 2020”* - Sete em cada dez municípios brasileiros reduziram os gastos com educação em 2020. Dados de 3.408 cidades - o país tem 5.570 - mostram que os gastos totais com educação, incluindo custeio, pessoal e investimentos, somaram no ano passado R$ 127,1 bilhões, 1,9% a menos em termos nominais que as despesas de 2019 no mesmo grupo de municípios. A queda real foi de 6,3%. Com gastos totais em educação de R$ 113,2 bilhões em 2020, o agregado dos 26 Estados e o Distrito Federal também reduziu em 5% nominais - 9,3% reais - as despesas na área. A queda nos governos estaduais também não foi exceção. O recuo aconteceu em 20 deles. Em geral os Estados cuidam mais do ensino médio, enquanto as prefeituras se concentram no infantil e fundamental. A queda do valor aplicado se deve à pandemia, que praticamente eliminou aulas presenciais em 2020 e cortou gastos com manutenção, segurança, água e luz e contratos emergenciais de professores. Para especialistas, a redução generalizada da despesa total com educação ainda indica que a implementação do ensino remoto e a reforma de escolas para evitar contato social ficaram em ritmo aquém do desejado. A preocupação é que a situação se prolongue em 2021 e as perdas de aprendizagem se tornem mais difíceis de reverter.
“A maior parte das escolas não foi preparada e isso dialoga com relatos de secretários municipais de Educação. Em meio ao suposto debate sobre a volta das aulas presenciais, a maior parte das cidades não fez nada”, diz João Marcelo Borges, pesquisador do centro de desenvolvimento da gestão pública e políticas educacionais da Fundação Getulio Vargas. Para ele, a queda indica dois entraves. “Não houve aumento de gastos para ofertar educação remota abrangente a todos e parece não ter havido esforço efetivo para preparar o retorno das escolas, em parte porque não havia intenção de voltar.” O Valor levantou os gastos com educação nos relatórios fiscais entregues à Secretaria do Tesouro Nacional. Consideraram-se as despesas executadas de Estado e prefeituras que informaram o gasto com educação em 2019 e 2020. O levantamento mostra que Estados e municípios priorizaram gastos na saúde. Nos total dos 26 Estados e Distrito Federal a alta de despesa total na saúde foi de 16% e nos 3.408 municípios, de 18%. O cenário ganha incerteza, prossegue Borges, à medida que fica claro que a pandemia não sairá de cena tão cedo. “Vale lembrar que, até hoje, nenhuma das vacinas está aprovada para menores de 16 anos, o que é quase todo o público das escolas.” Gilberto Perre, secretário executivo da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), lembra que levantamentos parciais ao longo de 2020 já apontavam queda nos gastos com educação. Documento divulgado pela FNP mostrou que no primeiro semestre os municípios gastaram 3,8% reais a menos ante igual período de 2019.
A pandemia, diz Perre, trouxe situação excepcional e despesas deixaram de ser realizadas na educação, principalmente no custeio. Ele exemplifica com gastos de manutenção das escolas, segurança, combustível e energia. A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) aponta outro levantamento. Com base no Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação (Siope) e em pesquisas com prefeituras, estima que a fatia de municípios que não cumpriram o gasto mínimo com educação subiu de 1,1% em 2019 para 30% em 2020. A Constituição estabelece que Estados e municípios destinem à educação ao menos 25% da receita com arrecadação própria e transferências constitucionais. Eduardo Stranz, consultor da CNM, diz que em 2020, com a demora na definição do socorro da União, o aumento dos gastos com saúde e a repercussão do isolamento social sobre as receitas dos primeiros meses da pandemia, os prefeitos - em último ano de mandato, suspenderem os contratos emergenciais de professores, reduzindo gastos na educação, em que as despesas de pessoal são as mais relevantes. Com isso, parte das prefeituras não cumpriu o piso constitucional. A CNM, diz, debate no Congresso solução para que os relatórios fiscais de 2020 dos municípios sejam aprovados nos tribunais de contas.
A expectativa, diz ele, é que o que deixou de ser gasto em educação em 2020 seja executado neste ano. Mas o cenário de 2021 será difícil, reconhece. Com a segunda onda da covid-19, os gastos com saúde continuam pressionando. Ao mesmo tempo ainda não estão definidos recursos extras da União. Na educação, a maior parte do país se prepara para a volta das aulas presenciais ou adota sistema híbrido. A evolução da segunda onda e recentes medidas restringindo a circulação de pessoas em vias públicas, porém, gera incerteza. Há também resistências para a retomada, como a coordenada pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). A entidade tem divulgado boletins com número de contaminações por covid-19 de professores, alunos e familiares, situação que classifica como “quadro grave”. Um caminhão de som da Apeoesp tem circulado por São Paulo e informa que a categoria se encontra em estado de greve contra a volta às aulas presenciais. O secretário-adjunto de Educação de Mogi das Cruzes, Caio Callegari, diz ter notado que a maior parte dos municípios adotou cautela. “O ano passado foi de muita incerteza sobre a arrecadação, então todos os municípios contingenciaram gastos e muitos liberaram recursos só nos últimos meses de 2020.”
Segundo Callegari, a nova gestão identificou que, nas creches conveniadas (parceria com o setor o privado) de Mogi das Cruzes, os valores repassados foram 10% a menos do que a previsão orçamentária para 2020. Também caiu o dinheiro enviado diretamente às escolas para benfeitorias dentro do Programa de Transferência de Recursos Financeiros (PTRF). No lugar de quatro parcelas anuais, só uma foi liberada. A cidade ainda enfrenta carência de professores neste início do ano. Ao longo da pandemia, muitos pediram afastamento por problemas de saúde, o que exigiu a realização de processo de seleção simplificada. Sem as reformas necessárias e com falta de pessoal, ainda não há data certa para o retorno. Para Josué Modesto, secretário de Educação de Sergipe, a queda de arrecadação explica em boa parte a execução menor do orçamento com educação. Além disso, ele cita as regras dos repasses emergenciais da União em 2020 aos entes. “Como não havia vinculação de gasto no socorro, a redução de gasto com educação estava contratada”, diz ele.

*”Problemas de saúde mental devem marcar o pós-covid”* - Efeito será semelhante a “réplicas de terremoto”, defende terapeuta familiar na Live do Valor

*”Quando a Amazônia é maior que o Brasil”* - Amazônia é ao mesmo tempo vítima e algoz dos humores do clima, e é por isso que o tema vai e volta na agenda do Conselho de Segurança da ONU

*”Incerteza turva cenário e “retarda” retomada”* - Interferência na Petrobras e 2ª onda de covid farão atividade piorar antes de melhorar, dizem economistas

*”Queda de 2020 deve ter sido de 4,2%”* - Projeções indicam expansão de 2,8% no último trimestre do ano passado

*”Governo estuda estender regime de ‘drawback’ para serviços importados”* - Ideia é concluir o desenho da desoneração até o final do atual governo

*”Empresários atuam para evitar caos na Saúde”* - Grupos se mobilizam para ajudar prefeituras e apoiar projeto para compra de vacinas no Congresso

*”Possibilidade de acelerar ritmo de vacinação divide os especialistas”* - Dificuldade de negociação pelo governo e compra de imunizante sem aval da Anvisa são alguns dos entraves

*”Ocupação de UTIs é crítica em 17 capitais, 12 Estados e no DF”*
*”Internação dispara, e hospitais privados abrem mais leitos”*
*”Sem conter vírus, colapso generalizado é provável no país, afirmam especialistas”*
*”Mortes por covid devem tirar 2,2 anos da expectativa de vida dos brasileiros”*

*”Magistrados mobilizam-se para barrar mudanças contidas na PEC emergencial”* - Para presidente da AMB, ofensiva deve-se à derrota da ação que liberava a recondução dos presidentes das Mesas

*”Municípios seriam os mais prejudicados”* - Relator da PEC tem sido criticado dentro do governo, apesar do apoio que tem dado à equipe econômica

*”Governar é inaugurar estradas”* - Ajuste fiscal da PEC emergencial foi esvaziado

*”Com prestígio em alta, Onyx planeja futuro político”* - Deputado do DEM reaproxima-se de Bolsonaro e espera disputar governo do RS em 2022

*”Polarização abala Campanha da Fraternidade”* - Arcebispos e grupos ultraconservadores boicotam edição por discutir supostos temas “revolucionários”

*”Governo atrasa plano, e mortes de indígenas dobram”* - Com três propostas rejeitadas pelo STF, União ainda padece para proteger indígenas da covid-19

*”’País vive pior momento e caos de Manaus pode se repetir’”* - Ex-diretor de imunização do Ministério da Saúde diz que medidas individuais não têm sido suficientes para conter propagação do vírus e defende “lockdown” de pelo menos duas semanas

 

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