sexta-feira, 5 de março de 2021

Vacinas podem, sim, proteger contra variantes

 


"Frescura e mimimi". Foi assim que Jair Bolsonaro classificou nesta quinta-feira a preocupação dos brasileiros com a pandemia de coronavírus, que bate seguidos recordes no país. O presidente dobrou a aposta na chacota sobre as vítimas da covid-19 e nos discursos contra lockdown em pleno auge da pandemia. A tática, mostra Afonso Benites, é relativamente segura para o ultradireitista, escudado por uma fisiológica base de apoio no Congresso Nacional —que dificilmente respaldará um dos 60 pedidos de impeachment contra ele— e por um Ministério Público que não enxerga irregularidades em seus atos. A fórmula que mantém o apoio de sua base radical, porém, pode não ser suficiente para alavancá-lo em 2022, principalmente porque a economia depende em grande parte de uma campanha de vacinação eficiente para voltar a crescer e nisso o Governo patina. “A preço de hoje o presidente tem problemas importantes. E perdeu a grande dianteira que tinha no combate à corrupção, por causa de suas alianças atuais, pelo fim da Lava Jato e por causa dos casos mal explicados de seus filhos”, diz o analista Antonio Lavareda.

Enquanto o presidente investe no diversionismo, os sinais sobre o futuro imediato são preocupantes sem imunização em massa. Pesquisadores revelaram que a nova variante do coronavírus detectada em novembro no Reino Unido e já encontrada em quase uma centena de nações apresenta mutações peculiares e pode ser 58% mais letal e até 90% mais contagiosa. Outras duas variantes mais inquietantes do vírus, descobertas na África do Sul (B.1.351) e no próprio Brasil (P.1), apresentam a mesma mutação da variante britânica, que escapa parcialmente às defesas humanas. As vacinas atuais, porém, parecem evitar praticamente 100% dos casos graves de covid-19, independentemente da variante.

Diogo Magri escreve sobre como o  futebol ignora a iminência de colapso na saúde e dá sequência a campeonatos mesmo sob protestos de médicos e treinadores: “Manter o esporte passa uma imagem de que o vírus não é sério. As pessoas não têm a dimensão do risco”, opina Rosana Richtmann, médica infectologista do Hospital Emílio Ribas, na capital paulista. Nesta semana, as federações estaduais do Paraná e de Santa Catarina anunciaram a suspensão temporária dos seus campeonatos estaduais pelos próximos 15 dias. Nenhuma outra federação ou a própria CBF, até agora, paralisaram seus torneios. A final da Copa do Brasil segue marcada para domingo, em São Paulo, e deve provocar aglomerações de torcedores nas ruas.

Na Universidade de Stanford, pesquisadores se debruçam sobre o impacto psicológico da acelerada mudança de hábitos que levou milhões de trabalhadores para dentro de salas de reuniões virtuais por causa da pandemia. Segundo o estudo, as dificuldades para captar a linguagem não verbal, a excessiva exposição de nossa imagem e a nossa própria autoavaliação na tela causam um estresse adicional, a chamada “fadiga do Zoom”. O autor da pesquisa, Jeremy Bailenson, alerta que a autocrítica constante pode ser extenuante. “Os usuários do Zoom veem reflexos de si mesmos com uma frequência e duração sem precedentes”, explica. A reportagem de Álvaro Sanchez lista alguns conselhos para reduzir a  fadiga provocada pelas reuniões virtuais.


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