sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Centenas de balsas de garimpo escancaram o descaso com a Amazônia

 

Invasão de centenas de garimpeiros expõe tolerância com crime ambiental na Amazônia
Greenpeace atribui a audácia dos garimpeiros, que exploram o rio Madeira à luz do dia, à licença “política e moral” dada por Bolsonaro. MPF expediu “recomendação” a órgãos federais e estaduais para desarticular a atividade
Invasão de centenas de garimpeiros expõe tolerância com crime ambiental na Amazônia

EL PAÍS






Apenas duas semanas se passaram desde que o Brasil se comprometeu com medidas de proteção ambiental durante a COP26. O cenário que se vê no país, no entanto, é bem diferente da imagem de preocupação com o meio ambiente que o Governo federal tentou vender para as grandes potências. Nesta quinta-feira, imagens de centenas de balsas garimpando livremente o leito de um dos mais importantes rios da Amazônia tomaram as redes sociais. “É um crime ocorrendo à luz do dia, sem o menor constrangimento”, afirma Danicley Aguiar, porta-voz da campanha Amazônia do Greenpeace, que sobrevoou a região para averiguar a denúncia de crime ambiental, em nota divulgada à imprensa. As imagens feitas pela ONG mostram diversas fileiras de dragas e empurradores, equipamentos que cavam o fundo do rio em busca do minério, posicionados no rio Madeira a 110 quilômetros de Manaus. Eles teriam sido atraídos há duas semanas por boatos da descoberta de ouro na região, conta Regiane Oliveira.

Em Brotas, cidade paulista a 247 quilômetros da capital do Estado, outra imagem do descaso ambiental ganhou os holofotes nesta semana. Mais de 600 búfalos foram abandonados à morte por um fazendeiro, que decidiu arrendar as terras onde os animais antes pastavam para o cultivo de soja, narra do local o repórter Leandro Barbosa. A búfala Condessa é uma das que lutam para sobreviver, após passar dias a fio sem água e comida —até não suportar o peso do próprio corpo e tombar. Caída no chão, ela acabou pisoteada por parte do rebanho que estava ao redor, com alguns animais na mesma condição que ela ou pior: extremamente magros, desidratados e com bicheiras no corpo, definhando a céu aberto. O proprietário do local, Luiz Augusto Pinheiro de Souza, acabou preso pela Polícia Civil em 11 de novembro, mas foi solto após pagar fiança. Uma organização não governamental agora luta para salvar os bichos.

Diversos países da Europa decidiram voltar nos últimos dias a adotar medidas de restrição contra a covid-19. Portugal, apesar de ser o país da União Europeia com a maior população completamente vacinada (87%), entrará novamente em “estado de calamidade” a partir de 1º de dezembro, limitando o acesso a locais fechados. O primeiro-ministro António Costa também decretou um novo confinamento na primeira semana de janeiro de 2022, que visa evitar “que a situação se aproxime do trágico janeiro 2021″, relata a correspondente Tereixa Constenla. Já a França quer que todos os adultos tomem uma dose de reforço da vacina contra o coronavírus e o façam o mais rapidamente possível: a data está sendo antecipada para cinco meses após completar o ciclo vacinal, em vez de seis meses, como tem sido até agora. Além disso, todos os franceses maiores de 18 anos terão que tomar a terceira dose se quiserem manter válido seu passaporte da covid-19, conta a correspondente Silvia Ayuso. Mesmo com esse certificado, os franceses serão obrigados a partir desta sexta-feira a usar máscaras em locais fechados.

Estreou nesta quinta-feira na plataforma Disney+ a série documental The Beatles: Get back, uma imersão de quase oito horas nas sessões de gravação de Let it be em janeiro de 1969, a partir das filmagens de 22 dias de trabalho dos Fab Four. O diretor Peter Jackson, aclamado pela trilogia O senhor dos anéis, diz que planejava fazer um só filme de duas horas e meia, mas a pandemia lhe deu tempo de sobra para estudar, restaurar, editar e montar um material tão esmagador que desembocou em três capítulos de longa duração. Get back é um acontecimento para a história da música popular, analisa Ricardo de Querol, porque traz à luz uma quantidade enorme de material inédito dos Beatles, o mais relevante pelo menos desde Anthology, a trilogia lançada em 1995.



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