segunda-feira, 1 de novembro de 2021

No G20 ou na COP, Brasil se isola do mundo

 Quase 30 anos depois de sediar a Rio-92, reunião de cúpula da ONU sobre meio-ambiente, o Brasil chegou ontem à Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP26) na condição de pária ambiental. O presidente Jair Bolsonaro gravou uma mensagem em vídeo e decidiu não comparecer nem enviar o vice Hamilton Mourão. O representante mais graduado do país é ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, que segue aplicando a política ambiental que já levou o país a ser denunciado na ONU. Enquanto o mundo conseguiu reduzir a emissão de gases do efeito estufa numa média de 7% no ano passado, no Brasil elas aumentaram 9,5%. Lançado às vésperas da conferência, o Programa Nacional de Crescimento Verde é visto como vago e não deve livrar o país das críticas internacionais. Dez governadores do Consórcio Brasil Verde participam da conferência para oferecer um contraponto às políticas federais. (UOL)

Mas o Brasil não é a única preocupação da COP26. Reunidos em Roma no fim de semana, os líderes das 20 maiores economias do mundo concordaram em limitar em 1,5ºC o aumento da temperatura do planeta até o fim do século, mas não se comprometeram com uma data para zerar as emissões de carbono — especialmente por pressões de China, Rússia e Índia. Como se uma coisa fosse independente da outra. De concreto ficou a promessa de não investir mais em usinas termelétricas a carvão. É importante, mas é pouco. (g1)

Pois é... Jair Bolsonaro foi o único líder presente no encontro do G20 não vacinado — e, ainda assim, exaltou em seu discurso a campanha de vacinação no país. Elogiou um imposto mínimo global que, na avaliação de alguns economistas, favorece os países ricos. E, numa conversa informal com presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, outro líder de pendor autoritário, mentiu sobre a própria popularidade e a recuperação da economia brasileira, além de botar a culpa de ser criticado na imprensa. (UOL)

Bolsonaro não participou da simpática foto dos líderes jogando moedas na Fontana di Trevi, mas até aí tudo bem. Joe Biden, dos EUA, também não estava. O que chamou a atenção, porém, foi a falta de encontros bilaterais de peso. (g1)

O presidente passou o domingo na Itália com direito a dois incidentes. No primeiro, jornalistas brasileiros foram agredidos por seguranças de Bolsonaro, que hostilizou os profissionais durante uma caminhada. No segundo, em entrevista a uma TV italiana e sem apresentar nada vagamente parecido com prova, associou o ex-presidente Lula ao tráfico internacional de drogas, através de supostas ligações com as FARC. (Metrópoles)




Na sexta-feira uma bomba caiu sobre a cabeça do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Ouvidas pelo repórter Hugo Marques, seis mulheres pobres da periferia do Distrito Federal disseram terem sido usadas num esquema de “rachadinhas” no gabinete do senador, com direito a reproduções de documentos sustentando as acusações. Segundo a diarista Marina Ramos Brito, o próprio Alcolumbre lhe disse: “Eu te ajudo e você me ajuda”. Ela se tornou funcionária do gabinete dele, com salário de R$ 14 mil, mas recebia apenas R$ 1.350. Desempregada, aceitou. Até o 13º era retido, diz outra denunciante. O esquema, que teria funcionado entre janeiro de 2016 e março deste ano, pode ter desviado até R$ 2 milhões, dos cofres públicos. Procurado, Alcolumbre disse que não cuidava das questões administrativas do gabinete e negou ter contato com as ex-funcionárias. O Senado se fechou em copas sobre o caso, à exceção de Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que apresentou notícia-crime contra o colega ao STF. (Veja)

As denúncias contra Alcolumbre reacenderam as esperanças do ex-advogado-geral da União André Mendonça de chegar ao STF. Desde julho o indicado “terrivelmente evangélico” de Bolsonaro vê sua sabatina na CCJ barrada pelo senador do Amapá. (Folha)




E por falar em STF... O ministro Alexandre Moraes determinou no sábado que a CPI da Pandemia apresente em 48 horas mais informações sobre o pedido de banimento de Jair Bolsonaro das redes sociais. A AGU entrou com uma ação no Supremo em nome do presidente contra a proposta. (Metrópoles)

Aliás... Já chega a 33 o número de vídeos de Bolsonaro banidos pelo YouTube por disseminação de mentiras sobre a covid-19. (Metrópoles)




Embora tenha rejeitado na semana passada por unanimidade a cassação da chapa de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estaria preparando um cerco ao presidente no pleito do ano que vem. Existe na Corte um inquérito administrativo sobre os ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas. A ideia é turbiná-lo com provas de que o presidente está fazendo campanha antecipada, o que é ilegal. Com esse material, partidos, procuradores e o próprio TSE poderiam pedir que seja negado registro a sua candidatura no ano que vem, à revelia do procurador-geral Augusto Aras. (Veja)




Parentes de políticos, lobistas e até pastores se tornaram passageiros frequentes em voos da FAB, segundo informações do próprio governo. Mesmo sem cargo público, o filho Zero Quatro, Jair Renan Bolsonaro, fez pelo menos quatro viagens de carona com ministros — na última ainda levou um amigo. Já o ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, levou um colega de púlpito, o pastor Arilton Moura para uma viagem ao Maranhão, sem que a pasta explicasse se ele tinha relação com a agenda. Já o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, levou a família toda em pelo menos 20 viagens oficiais. (Folha)




Casa de ferreiro, espeto de pau. O Podemos, partido ao qual o ex-ministro Sérgio Moro deve se filiar no próximo dia 10 e possivelmente concorrer ao Planalto, tem em seus quadros investigados pela Polícia Federal, pela Justiça Eleitoral e pela própria Lava-Jato. A presidente da sigla, deputada Renata Abreu (SP), é acusada de usar candidatas como laranjas em eleições, e o secretário-geral, Luiz Claudio Souza França, foi filmado recebendo R$ 38 mil em dinheiro de um delator. (Estadão)

Mas a verdade é que a Lava-Jato já não conta com o mesmo apelo. A Polícia Federal e o Ministério Público continuam realizando operações no bojo da investigação, mas agora não usam mais o nome Lava Jato, outrora visto como sinônimo de combate à corrupção. (Folha)

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