sábado, 27 de novembro de 2021

Países se blindam contra a ômicron, a nova variante de preocupação do coronavírus

 

EL PAÍS


A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou nesta sexta-feira uma nova cepa do coronavírus como variante de preocupação. Identificada em 22 de novembro na África do Sul, a ômicron, como acabou nomeada, apresenta mais de 30 mutações associadas a uma maior capacidade de contágio e de contornar as defesas humanas, ainda que não haja indícios de que as atuais vacinas não sejam válidas contra ela. “É muito preocupante, ela parece se espalhar muito rapidamente e em menos de duas semanas dominará todas as infecções”, avisou o diretor do centro de resposta a epidemias da África do Sul. A notícia derrubou Bolsas de Valores pelo mundo e provocou anúncios de fechamento de fronteiras para viajantes vindos do sul do continente africano, relatam Manuel V. Gómez e Daniela Mercier. Os 27 países da União Europeia concordaram com a suspensão da entrada de voos do sul da África, assim como Reino Unido, Israel e os Estados Unidos.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu uma nota já nesta sexta-feira recomendando que o Governo suspendesse imediatamente os voos procedentes de seis países da região e “a restrição de entrada de viajantes com essas procedências por qualquer meio de transporte”. Em um primeiro momento, o presidente Jair Bolsonaro indicou que ignoraria as recomendações dos especialistas. À noite, porém, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, anunciou em seu Twitter que o Brasil restringirá passageiros vindos da África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue, onde há registros da nova cepa. De acordo com ele, a portaria será publicada neste sábado e deverá vigorar a partir de segunda-feira, escreve Beatriz Jucá. A medida vai na contramão do que Bolsonaro havia dito horas antes: “Que loucura é essa? Fechou o aeroporto, o vírus não entra? Já está aqui dentro”, afirmou o mandatário a apoiadores no Alvorada mais cedo, acrescentando que uma nova onda de covid-19 está “lamentavelmente” a caminho. “Tem que aprender a conviver com o vírus.”

A Europa já vem assistindo a um crescimento da quarta onda da pandemia e tem adotado restrições rígidas para tentar contê-la. Na Alemanha, a nova fase da crise sanitária já exige a ajuda do Exército, relata a correspondente Elena G. Sevillano. Com a sobrecarga de hospitais em algumas áreas do país, especialmente no sul e no leste, será necessário pedir ajuda ao órgão para realizar uma transferência maciça de pacientes das unidades médicas. “A situação é dramática; é muito mais sério do que em qualquer outro momento da pandemia“, afirmou o Ministro da Saúde em exercício, Jens Spahn, nesta sexta-feira. As autoridades de saúde alemãs endureceram o discurso nos últimos dias, alarmadas com os recordes diários no número de infecções. “Quantas pessoas mais precisarão morrer para que possamos mudar nosso comportamento?”, perguntou Lothar Wieler, chefe do Instituto Robert Koch (RKI) para controle de doenças, durante uma entrevista coletiva esta manhã em Berlim. “Quantas mortes nos convenceriam de que a covid-19 não é uma doença menor?”, insistiu, dirigindo-se aos milhões de alemães que não foram vacinados: 68,3% da população foi imunizada.

“As pessoas precisam rir para aliviar o peso deixado pela pandemia”, afirma o cineasta inglês Ridley Scott em entrevista a Gregorio Belinchón. A uma semana de completar 84 anos, ele está num estúdio de Los Angeles para promover Casa Gucci, que estreou nesta quinta-feira nos cinemas do Brasil. No filme, o cineasta narra o assassinato do herdeiro do império da moda, orquestrado por sua ex-esposa em 1995. “Durante grande parte da história, o público vai se surpreender com o que é narrado, com a carga trágica, e mesmo assim a comédia não deixa de fluir de forma subjacente. Nos personagens de Jared Leto, por exemplo, ou Al Pacino... esses Gucci pai e filho. Eles entenderam muito bem o tom”, conta.


Governo decide barrar viajantes de seis países africanos para evitar entrada de nova variante
Governo decide barrar viajantes de seis países africanos para evitar entrada de nova variante
Bolsonaro chegou a se posicionar contra a recomendação da própria Anvisa de fechar as fronteiras aéreas, afirmando que medida era "loucura". À noite, ministro da Casa Civil confirmou que o país seguirá a sugestão da agência

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