segunda-feira, 31 de maio de 2021

Lula pode liderar uma geringonça à brasileira

 Lula pode liderar uma geringonça à brasileira

Nos estados do Paraná e do Rio de Janeiro, o centro e a esquerda aproximam-se baseados no modelo português. No plano nacional, declaração de voto de Fernando Henrique Cardoso no seu velho rival contra Bolsonaro alimenta a tese

João Almeida Moreira, São Paulo | Diário de Notícias

30 Maio 2021 

Roberto Requião pertence ao MDB, o partido de Michel Temer. Michele Caputo, é do PSDB, o partido de Fernando Henrique Cardoso. Arilson Chiorato, do PT, o partido de Lula da Silva. Goura Nataraj milita no PDT, o mesmo de Ciro Gomes. E Mabel Canto, no PSC, o partido conservador que chegou a abrigar Jair Bolsonaro. Eles e outros políticos do Paraná, um estado com mais de duas vezes a área de Portugal, reúnem-se desde março numa "frente ampla contra o governo e o fascismo e em defesa da vida e da democracia" a que deram o apelativo nome de "geringonça paranaense", aludindo ao acordo de governo em Portugal.

O seu idealizador, Roberto Requião, disse que "é preciso derrotar o projeto de poder de Jair Bolsonaro, que respira morte, pobreza e o fim da soberania nacional", em torno de "uma frente ampla criada a partir da sociedade civil", pelo que seria necessário que os presidenciáveis de centro-esquerda e de esquerda "deixassem o ego de lado".

As declarações surgiram durante uma entrevista a Tarso Genro, ex-governador do Rio Grande do Sul e histórico quadro do PT, que desde janeiro vem promovendo uma série de entrevistas tendo a "geringonça portuguesa" como norte: falou com Ciro Gomes (candidato presidencial em 2018 pelo PDT), Fernando Haddad (substituto de Lula na mesma eleição), Guilherme Boulos (candidato a prefeito de São Paulo em 2020 pelo esquerdista PSOL), Flávio Dino (governador do Maranhão e presidenciável em 2022 pelo comunista PC do B), José Dirceu (histórico do PT) e Marina Silva (ex-candidata pelo Rede), entre outras figuras do centro e da esquerda.

"O objetivo é gerar um consenso entre as forças políticas, assim como ocorreu em Portugal, quando partidos se comprometeram a deixar de lado pontos sobre os quais não concordavam e resistiram ao projeto neoliberal que estava implantado", disse Tarso Genro no início do projeto. "Isso inspirou-nos a criar uma resistência unitária ao fascismo que avança no Brasil".

O sociólogo Luiz Werneck Vianna defende o termo "geringonça" desde 2020, animado pelo repúdio geral a uma declaração do então secretário da Cultura de Bolsonaro, Roberto Alvim, a evocar o nazi Joseph Goebbels. "Procura-se uma geringonça brasileira - ou seja, uma versão do heterodoxo agrupamento de partidos, no caso de esquerda, que jamais haviam caminhado juntos, de repente se uniram e governam Portugal há cinco anos. Esse arranjo parecia improvável. Por que não podemos ter também um ajuntamento de forças similares, que não está posto no horizonte neste momento? Não sei se teremos capacidade para construir essa geringonça brasileira agora, de imediato, mas é sempre uma perspetiva interessante".

 

Pacto no Rio

Entretanto, no Rio de Janeiro, encontros entre líderes políticos ao longo de maio indicam a possibilidade, na prática, de alianças, à partida improváveis, para 2022 - ou seja, a possibilidade, na prática, de uma geringonça na segunda maior cidade e no terceiro estado mais populoso do Brasil. O PT cogita apoiar o prefeito Eduardo Paes, que deve transferir-se do DEM para o PSD, e patrocinar a candidatura ao governo do estado de Marcelo Freixo, em vias de trocar o PSOL pelo PSB. Com isso, Lula teria o apoio na corrida presidencial de PSD, de centro, e de PSB, de centro-esquerda, duas forças eleitoralmente poderosas com as quais o PT não contou em 2018.

O antigo presidente do Brasil, depois de recuperados os direitos políticos, pode, portanto, ser a figura que melhor venha a traduzir na eleição para presidente a "geringonça à brasileira". Os sinais de aproximação, à medida que o candidato aumenta o avanço sobre Bolsonaro nas sondagens (55 a 32 numa eventual segunda volta, segundo o Instituto Datafolha, ou 55 a 28, de acordo com o centro de pesquisas Vox Populi) vêm de todos os lados.

Jean Wyllys, deputado do PSOL que foi obrigado a sair do país após ameaças na sequência da eleição do atual presidente, anunciou filiação ao PT. "Na esperança de reconstruir a democracia" e assente "numa estratégia contra o fascismo". "Só quero saber do que pode dar certo, não tenho tempo a perder, é hora de formar uma frente democrática, não de fragmentá-la", concluiu.

Aloysio Nunes, barão do PSDB, ministro das Relações Exteriores de Michel Temer e candidato a vice-presidente de Aécio Neves contra Dilma Rousseff (e Temer...) em 2014, disse que "Lula tem de ser candidato" porque "é um líder importante e recuperou os direitos políticos".

Democracia no cardápio

Mas o sinal mais impactante para a opinião pública chegou de Fernando Henrique Cardoso, antecessor de Lula e líder espiritual do PSDB, a nemésis do PT na vida política brasileira por longos 20 anos. Depois de revelar ter votado "nulo" na eleição de 2018, afirmou escolher o candidato do PT num eventual, e previsível, duelo eleitoral com Bolsonaro, em 2022.

Dias depois, os dois mais longevos presidentes desde a redemocratização do país, em 1985, reencontraram-se (o último encontro fora aquando do falecimento de Marisa Letícia, mulher de Lula, em 2017) num almoço na casa de Nelson Jobim, ex-juiz do Supremo Tribunal Federal. "Com muita democracia no cardápio, os antigos presidentes tiveram uma longa conversa sobre o Brasil, sobre a nossa democracia e o descaso do governo Bolsonaro no enfrentamento da pandemia", resumiu a assessoria de imprensa de Lula nas redes sociais.

O encontro foi aplaudido pelo ator José de Abreu, um dos mais ativos apoiantes do PT. "Somos adversários políticos há décadas do PSDB, mas a "geringonça" pode funcionar, como em Portugal", afirmou.

Causou, porém, desconforto no PSDB, nomeadamente em João Doria, governador de São Paulo e presidenciável pelo partido, e noutros pré-candidatos da chamada "terceira via", como o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM), entre outros. Por isso, horas depois da divulgação do almoço, Cardoso sentiu necessidade de reafirmar pelo Twitter que defendia o lançamento de um nome do PSDB para as eleições do próximo ano, mas que, caso esse candidato não chegasse à segunda volta, apoiaria qualquer um contra Bolsonaro, incluindo Lula.

Dias depois, Fernando Haddad, ex-prefeito da cidade de São Paulo e segundo classificado em 2018, atrás de Bolsonaro, e Geraldo Alckmin, outro pilar do PSDB, governador do estado de São Paulo por 12 anos e duas vezes candidato presidencial, encontraram-se em clima amistoso numa live. "Não acho que a disputa PT e PSDB fosse ruim para o Brasil. Eram dois partidos muito bem organizados, cada um com a sua proposta, explicitadas a cada disputa, e não colocavam em risco a democracia", afirmou Haddad, que pediu, ao contrário do que sucedeu em 2018, um compromisso "de segunda volta".

"O compromisso de primeira volta é apresentarmo-nos de forma civilizada, o da segunda é com a democracia, as instituições, a dignidade humana, o respeito", rematou.

Em 2018, o então candidato Haddad ficou magoado com a posição de neutralidade de Fernando Henrique Cardoso às vésperas do duelo entre si e Bolsonaro. E, mais ainda, com a recusa de Ciro Gomes, o terceiro mais votado, em fazer campanha alegando ir de "viagem para Paris". Ciro, novamente candidato, ainda não falou sobre a geringonça em 2022.

https://www.dn.pt/internacional/lula-pode-liderar-uma-geringonca-a-brasileira-13772094.html

Deu na Imprensa - 31/05/2021

 

A semana começa quente, com o governo sob pressão depois do estrondoso sucesso das manifestações de sábado, quando milhares de pessoas tomaram as ruas contra o governo Jair Bolsonaro. Folha destaca em manchete que após atos, governo mira Lula, que joga por desgasteEstadão informa que projeções econômicas animam novas ofertas de ações na BolsaO Globo noticia que Orçamento para pesquisa do CNPq é o menor em 20 anos. E Valor alerta em manchete de capa: Risco de blecaute cresce com piora da crise hídrica.

Na política, aliados de Bolsonaro reagiram às manifestações de sábado contra o presidente de forma alinhada: inflaram o discurso de polarização e miraram ataques a Lula. O ex-presidente, segundo a última Datafolha, aparece com vantagem para a disputa pelo Palácio do Planalto em 2022. Lula não foi aos protestos de sábado e manteve silêncio, mas em diversas cidades houve declarações de apoio ao petista.

Estadão relata que o esquema do orçamento secreto pode configurar crime de responsabilidade. Ao ouvir advogados, ex-ministros e ministros especialistas da área fiscal sobre modelo de compra de apoio no Congresso, parte deles fala em indícios de desrespeito às leis. A configuração pode levar ao impeachment do presidente Jair Bolsonaro por infração às leis orçamentárias e à Constituição, que exige transparência, equidade e impessoalidade no manejo das verbas. 

A manchete do Valor é grave e mostra que o país está à beira de enfrentar novo apagão como há 20 anos. O agravamento da crise hídrica, a pior dos últimos 91 anos, poderá fazer com que o Brasil tenha problemas de abastecimento de energia a partir do segundo semestre. Com a permanência de condições hidrológicas desfavoráveis, mesmo analistas que assumiam antes uma postura mais cautelosa em relação ao tema já começam a enxergar dificuldades no suprimento de energia nos horários de pico, o que poderia resultar em blecautes. A avaliação é que, dependendo da situação futura dos reservatórios, pode não haver geração suficiente para atender os momentos de forte demanda do sistema elétrico.

De volta à política, depois do fiasco de domingo, quando O Globo e Estadão esconderam os atos de protestos movidos pela esquerda – só a Folha deu em manchete – o assunto continua repercutindo – principalmente na imprensa estrangeira, que deu ampla cobertura à primeira onda de protestos contra Bolsonaro, com destaque em jornais influentes como The GuardianLe MondeLibération e El País, além da cobertura de agências de notícias como Reuters. Leia mais em Brasil na Gringa.

No TijolaçoFernando Brito escreve que o silêncio de parte da mídia sobre os protestos de sábado é o grito em agonia da terceira via"As manifestações de rua (...) tiveram um papel importantíssimo: o de que a oposição pudesse, para além das pesquisas e das suas percepções, onde se sentir-se viva e forte. Os jornais, entretanto, na imensa maioria, fizeram coberturas e chamadas criminosamente minguadas, exceção à Folha. Estadão e Globo apelaram vergonhosamente para o que a gente, no jargão profissional, chamava de 'matéria de gaveta' (aquela que pode ficar algum tempo guardada, para os dias de 'vacas magras' do noticiário) para fazer as manchetes de domingo".

Folha reporta que dois homens perderam a visão de um olho após serem atingidos por tiros de bala de borracha disparados durante as manifestações contra Bolsonaro no Recife. O protesto na capital pernambucana foi encerrado com bombas de gás lacrimogênio, tiros de balas de borracha e correria nas ruas do centro. O governador Paulo Câmara (PSB) afastou os policiais envolvidos na operação e abriu uma investigação para apurar o caso.

Sobre a CPI da Covid, o senador Otto Alencar surge no Globo apontando que a CPI já tem provas contra Bolsonaro, que 'apostou na imunidade de rebanho'. Médico, o integrante da CPI classifica de 'irresponsabilidade criminosa' a atitude do governo e diz acreditar que CPI terá consequências concretas. "Tudo indica que Bolsonaro jogou com essa possibilidade da imunidade de rebanho, que é uma coisa criminosa. Por isso, ele descartou a vacina no ano passado, ironizou a CoronaVac, criou dificuldades diplomáticas com a China e apostou em medicações que não foram comprovadas, que não tinham nenhum efeito", diz Otto.

Celso Rocha de Barros escreve na Folha que o número de brasileiros que comprovadamente morreram por culpa de Bolsonaro durante a pandemia já se aproxima de 100 mil"Esses 90 mil são só o começo da história. Bolsonaro combateu desde o início a Coronavac, que só existe no Brasil por iniciativa do Governo de São Paulo e é responsável pela esmagadora maioria das vacinas aplicadas no país até agora. Além disso, vacinação é só um dos pilares do combate à pandemia. Bolsonaro não investiu em nenhum dos outros: nem isolamento social nem testagem e rastreamento", observa.

No Globo, reportagem indica que o PP resiste a dar abrigo a Bolsonaro. Ao contrário do que planejara, o presidente chega ao último dia de maio sem definir em qual partido ingressará para as eleições do ano que vem. Embora tenha dito no último dia 20, em visita ao Piauí, que estava de "namoro" com o PP, repete-se no partido a mesma resistência que a família presidencial vem encontrando em outras siglas com as quais conversou nos últimos meses. 

BRASIL NA GRINGA

No português Diário de Notícias, o correspondente João Almeida Moreira escreve que Lula pode liderar uma geringonça à brasileira, como é chamada a aliança portuguesa que levou a esquerda ao poder. "Nos estados do Paraná e do Rio de Janeiro, o centro e a esquerda aproximam-se baseados no modelo português. No plano nacional, declaração de voto de Fernando Henrique Cardoso no seu velho rival contra Bolsonaro alimenta a tese", escreve.  Leia a íntegra ao final deste briefing. 

Despacho da Reuters sobre os protestos promovidos no sábado em cidades brasileiras ganhou ampla repercussão global, com mais de 40 mil sites e jornais em todo o mundo replicando a notícia. Brasileiros realizam protestos em todo o país contra a resposta do presidente Bolsonaro à Covid – diz o título. "Os brasileiros fizeram protestos contra a forma como o Presidente Jair Bolsonaro lidou com a pandemia Covid-19 em pelo menos 16 cidades do país no sábado, carregando cartazes como 'Fora Bolsonaro' e 'Impeachment Já'", reporta a agência.

O espanhol El País destaca que a esquerda do Brasil sai às ruas contra o Bolsonaro pela primeira vez na pandemia"Os protestos, impulsionados pela gestão desastrosa da pandemia e a volta de Lula, reúnem milhares de pessoas convocadas por movimentos sociais em mais de cem cidades", relata o diário. O diário El Mundo disse na manchete que Brasil sai às ruas contra a política "genocida" de Jair Bolsonaro"A esquerda supera a relutância em se aglomerar e vai às ruas pela primeira vez de forma massiva durante a pandemia", aponta o correspondente Joan Royo Gual.

O português Público também dá amplo destaque às manifestações. Oposição a Bolsonaro mostra a sua força nas ruas brasileiras"Cidades em todo o país foram palco de enormes protestos que exigem o afastamento do Presidente, responsabilizando-o pela crise sanitária. Lula ficou em casa e em silêncio", escreve o correspondente João Ruela Ribeiro.

O argentino Clarín informa que milhares de pessoas voltaram às ruas do Brasil rejeitando Jair Bolsonaro"Há passeatas em várias cidades, principalmente contra o manejo da pandemia do coronavírus", reporta. "Movimentos sociais, centrais sindicais e partidos políticos de esquerda também pediram a recuperação de uma ajuda emergencial de 600 reais (94 euros) e uma campanha massiva de vacinação".

O inglês The Guardian também dá amplo destaque aos protestos ocorridos no sábado, informando que dezenas de milhares de brasileiros marcham para exigir o impeachment de Bolsonaro. "Protestos em mais de 200 cidades e vilas no Brasil provocados pelo tratamento do presidente da pandemia de Covid", relata.

O francês Le Monde também destacou os atos em vários cidades brasileiras, reportando que as novas manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro é porque ele "é mais perigoso que o vírus""Dezenas de milhares de pessoas marcharam novamente, no sábado, 29 de maio, em várias cidades do país para protestar contra o chefe de Estado da extrema direita e sua contestada gestão da pandemia, que deixou quase 460.000 mortos", informa.

Libération também destaca os atos no sábado e aponta que foram uma demonstração de força de uma esquerda em busca de estratégia"Dezenas de milhares de brasileiros manifestaram-se no sábado contra o presidente Jair Bolsonaro, que continua muito popular um ano e meio antes da eleição presidencial, apesar das investigações por suas falhas na luta contra a Covid-19", ressalta. 

A correspondente Chantal Rayes escreve: "Intoxicada por essa demonstração de força, como pelo inesperado retorno ao jogo político de Lula (cujas condenações foram derrubadas no início de março), a esquerda surfa no enfraquecimento do Bolsonaro, enquanto uma comissão parlamentar de inquérito examina as falhas de seu governo diante da epidemia: boicote a medidas de restrição de viagens, defesa de tratamentos medicamentosos com eficácia não comprovada, relutância em adquirir a vacina".

O alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung destacou que dezenas de milhares protestam contra o Bolsonaro. "A multidão se manifestou contra o chefe de estado extremista de direita Jair Bolsonaro em várias cidades do Brasil. Os protestos estavam relacionados principalmente à forma como Bolsonaro lidou com a pandemia corona", destaca. 

Em artigo no argentino Página 12, o jornalista Emir Sader exalta as manifestações de sábado nas cidades brasileiras.  Viva o povo brasileiro! "Dizem que nem existe, que é inútil, que não deve falar nem se manifestar. Mas de repente, ele não aguenta mais, não aguenta mais, ele sai na rua, para protestar, para gritar, para dizer a sua palavra. De repente, ele mostra que está ali, combativo, acreditando que o Brasil tem dó, tem futuro. De repente, mostra todos os seus rostos, de jovens, de mulheres, de negros, de velhos. Sai com suas vozes, com suas cores, com seus gritos. É o povo brasileiro, que tem uma história, um passado, um presente e quer reconquistar o  direito de ter um futuro".

O britânico Financial Times traz entrevista com a empresária Luiza Trajano. Manter a justiça no centro das grandes empresas"Luiza Trajano construiu um dos maiores grupos varejistas do Brasil e defendeu os direitos das mulheres e a igualdade racial", diz o enunciado. "O Brasil teve 400 anos de escravidão", explica Trajano. "A escravidão não deixou apenas um legado financeiro, mas também emocional. As pessoas não achavam que o país era delas... Foi um legado muito sério da escravidão e da péssima forma como aconteceu a abolição... as pessoas eram jogadas na rua sem comida, sem trabalho, sem casa, sem escola e sem dinheiro". 

INTERNACIONAL

Um dos temas centrais na mídia estrangeira é a nova aliança no parlamento de Israel, que se move em direção a um acordo de coalizão que pode prejudicar o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu"Naftali Bennett, um ultranacionalista, e Yair Lapid, um centrista, chegaram mais perto de formar um governo de coalizão frágil que derrubaria o primeiro-ministro de longa data, Benjamin Netanyahu", destaca o New York Times em manchete de capa. O americano Washington Post é mais direto: Inimigos devem expulsar o primeiro-ministro israelense.

O outro tema importante é a espionagem contra Angela Merkel. Manchetes de domingo do Le Monde ao alemão Süddeutsche Zeitung apontam como "líderes da União Europeia como Angela Merkel foram espionados a partir da Dinamarca pela NSA". 

Relatórios de investigações obtidos pela TV estatal dinamarquesa DR mostram que um acordo com o serviço de espionagem do país manteve o acesso da agência americana aos cabos que passam pela Dinamarcacom telefonemas e mensagens, mesmo depois das denúncias de Edward Snowden em 2013.

A manchete é explosiva: O Serviço de Inteligência de Defesa permitiu que os EUA espionassem Angela Merkel, os principais políticos franceses, noruegueses e suecos por meio de cabos de internet dinamarqueses"Uma investigação secreta em FE com o codinome 'Operação Dunhammer' revelou uma extensa escuta telefônica contra os países vizinhos da Dinamarca", informa a tevê dinamarquesa.

 

AS MANCHETES DO DIA

Folha: Após atos, governo mira Lula, que joga por desgaste  

Estadão: Projeções econômicas animam novas ofertas de ações na Bolsa 

O Globo: Orçamento para pesquisa do CNPq é o menor em 20 anos

Valor: Risco de blecaute cresce com piora da crise hídrica

El País (Brasil): Conrado Hubner : "Bolsonaro transformou agentes públicos em vassalos com disputa pelo STF"

BBC Brasil: 5 possíveis consequências dos protestos contra Bolsonaro, segundo analistas

UOL: Sargento levou cocaína 7 vezes em aviões da FAB antes de ser preso

G1: Brasil registra queda de 11% nos assassinatos no 1º trimestre do ano

R7: Receita paga hoje a restituição do 1º lote do IR 2021

Luis Nassif: Trabalho acadêmico acusa MPF de ter alimentado as redes virtuais da ultra-direita

Tijolaço: Silêncio da mídia é o grito agônico da '3a. via'

Brasil 247: Otto Alencar diz que CPI já tem provas dos crimes de Bolsonaro e garante que ele será responsabilizado

DCM: "Hoje, Bolsonaro não seria reeleito", diz líder do Centrão

Rede Brasil Atual: Sob liderança de Lira, Câmara encaminha pauta neoliberal de Bolsonaro

Brasil de Fato: "Em alto e bom som": imprensa internacional destaca protestos no Brasil

Ópera Mundi: Na ONU, Bachelet pede investigação 'independente' sobre mortes por violência na Colômbia

Fórum: CPI tem provas de que Bolsonaro se reunia diariamente com "gabinete paralelo", diz Renan

Poder 360: 62% da população tiveram emprego ou renda prejudicados na pandemia

Vi o Mundo: Nas omissões sobre o #29M, família Marinho foi a pior, pois destacou Bolsonaro e seus motoqueiros em edição anterior

New York Times: Aliança improvável pode dar a Israel nova liderança

Washington Post: Inimigos devem expulsar o primeiro-ministro israelense

WSJ: Comprimido para câncer de pulmão da Amgen ganha aprovação

Financial Times: Preocupações com criptomoedas pressionam os vigilantes dos EUA a assumir um papel mais ativo

The Guardian: Isolamento combustível foi colocado em 70 escolas desde Grenfell

The Times: Corrida da segunda dose para maiores de 50 anos para salvar o 21 de junho

Le Monde: Como Bercy resolveu "custe o que custar"

Libération: Alerta alto dos Alpes da Provence

El País: Sánchez planeja reformar já a sedição para reforçar o indulto

El Mundo: O PNV usa a debilidade de Sánchez para exigir outro "modelo territorial"

Clarín: Só um de cada quatro acredita que as medidas mais duras baixarão os contágios

Página 12: Grupo puro

Granma: O sufocante cerco em torno de Cuba é uma forma de intervenção

Diário de Notícias: "Os políticos portugueses temem um renascimento do interesse por Salazar"

Público: Regresso de estrangeiros impulsiona venda de casas e recurso ao crédito

The Moscow Times: Bielorrússia julgará cidadão russo detido em vôo desviado

Frankfurter Allgemeine Zeitung: Disputa sobre as causas do sucesso dos partidos de direita no Leste

Süddeutsche Zeitung: Campanha eleitoral. Sem sucesso sem a Alemanha Oriental

Global Times: China relaxa a política de planejamento familiar para permitir que os casais tenham três filhos

Diário do Povo: Xi preside reunião de liderança para lidar com o envelhecimento da população

Presidente turbina nova crise militar e põe ministro Braga Netto à prova

 

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Neófito no cargo, ministro da Defesa lida com pressão interna para punir o general Pazuello, que decidiu desafiar regras ao ir a evento com presidente

Um mês de protestos e 50 mortos. Por que o mal-estar na Colômbia?

 

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As manifestações começaram quando o presidente anunciou um aumento generalizado dos impostos, mas as raízes são mais profundas

Protestos anti-Bolsonaro se impõem e reavivam pauta do impeachment

 


O presidente Jair Bolsonaro sofreu a mais contundente manifestação contra o seu Governo desde o início da pandemia, no último sábado, 29 de maio. Milhares de pessoas foram às ruas nas capitais e em outras dezenas de cidades pelo país para cobrar agilidade na vacinação da população contra a covid-19, o aumento do auxílio emergencial (cujo valor hoje é a metade do pago no ano passado) e reivindicar o impeachment do mandatário, apontado pelos manifestantes como o responsável pelo Brasil acumular mais de 461.000 mortes causadas pelo coronavírus. Reportagem que abre esta edição —assinada por Felipe Betim, Marina Rossi e Naiara Galarraga Gortázar—  mostra que a maioria dos manifestantes, em contraste com os atos bolsonaristas, usava máscaras de proteção e demonstrava preocupação com as medidas de segurança para conter o contágio. “Estou na rua porque não temos mais condições de seguir nesse estado, sem nenhum tipo de governo administrando efetivamente”, justificou a agente de saúde Talita Gomes dos Reis, de 36 anos. Entretanto, não foi possível evitar a aglomeração em alguns pontos, como em frente ao MASP, na avenida paulista. Houve registro de violência e repressão policial no Recife, onde ao menos dois homens foram alvejados com balas de borracha nos olhos. Das vozes mais ausentes, ainda que lembradas nas ruas, a principal foi a do ex-presidente Lula, que evitou se alinhar aos protestos. Silêncio também em parte da imprensa brasileira, cuja cobertura gerou críticas. "De que lado da história a imprensa estará? Não existem dois lados quando um lado é a barbárie", analisa a jornalista Cecília Olliveira. A expectativa agora é que o calor das ruas embale a pressão sobre o Governo feita pela CPI da Pandemia no Senado.

Enquanto a oposição se articula para não deixar arrefecer a movimentação das ruas, o Planalto viverá outra semana decisiva e desconfortável, com a expectativa pela punição do general três estrelas e ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Reportagem de Aiuri Rebello e Flávia Marreiro conta como Bolsonaro pressiona seu ministro da Defesa, o general da reserva Walter Braga Netto, para que Pazuello não seja punido pelo Exército por ter participado de um ato político com ele, o que é proibido pelo regimento das Forças Armadas. O Exército já vinha fazendo vista grossa a respeito de seu próprio arcabouço legal, já que aceitou que um general da ativa seguisse com esse status enquanto ocupava um cargo público. Mas o imbróglio agora faz parte de outra ordem. A avaliação é que o novo ministro da Defesa e o novo comandante do Exército, Paulo Sergio Nogueira, estão sendo testados pelo Planalto.

E ainda nesta edição, a escritora canadense Margaret Atwood, autora de O conto de Aia e da trilogia MaddAddam, falou ao EL PAÍS sobre a atualidade distópica que a pandemia impôs à sociedade, em uma conversa descontraída por vídeochamada, de sua casa em Toronto. Questionada se sente-se uma visionária, respondeu com humor: “Oh, não, não acredito que esta pandemia tenha sido intencional. Mas nunca se sabe, a vida sempre nos dá surpresas.” E, para ler com calma, recomendamos uma reportagem do EL PAÍS SEMANAL sobre como a cidade de Nova York —a quintessência do contraste, quando não da contradição— se reinventou com a crise sanitária e, agora, com o avanço da vacinação da população. “As pessoas estão mais solidárias, o sofrimento nos tornou mais empáticos.”


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Não existem dois lados quando um lado é a barbárie, a negação da ciência e a falência na defesa da vida dos brasileiros. Por Cecília Olliveira
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Líder do PSOL foi um dos articuladores dos protestos contra Bolsonaro e falou com o EL PAÍS horas antes da jornada de manifestações

Neste domingo, a média móvel em sete dias de mortes por Covid-19 foi de 1.844, a terceira alta consecutiva

 Santa Catarina está monitorando desde sábado um paciente de Covid-19 em Joinville com suspeita de mucormicose, o chamado “fungo preto”, que está agravando a crise da pandemia na Índia. A doença, que pode estar associada ao uso de corticóides contra a Covid, mata 50% dos infectados. O apelido vem de um dos sintomas, o escurecimento da pele, especialmente no nariz. (G1)

E a cidade fluminense de Campos do Goytacazes está em alerta máximo por conta de 15 moradores que chegaram da Índia recentemente. O primeiro caso confirmado da variante indiana fora do Maranhão foi de um morador de Campos. (UOL)

Neste domingo, a média móvel em sete dias de mortes por Covid-19 foi de 1.844, a terceira alta consecutiva. Foram registrados 950 óbitos, totalizando 462.092 desde o início da pandemia. (Estadão)

A experiência de vacinação em larga escala feita pelo Instituto Butantan na cidade paulista de Serrana concluiu que a Covid-19 pode ser considerada controlada com a vacinação de 75% da população. A cidade tinha um alto índice de contágio e, após a experiência, viu o número de mortes cair 95%. (Fantástico)

O problema é que até o momento somente 10,42% dos brasileiros, 22.063.266 pessoas, receberam duas doses de vacinas. (G1)

Para evitar fraudes na fila de vacinação preferencial, a prefeitura de São Paulo está retendo os comprovantes de comorbidades, tanto atestados médicos quanto receitas de remédios de uso contínuo. Os dados vão ser checados posteriormente. (UOL)

E o Rio de Janeiro começa a vacinar hoje a população em geral de 18 a 59 anos. A cidade concluiu no sábado a aplicação da primeira dose em todos os grupos prioritários. (BOL)




O agravamento da crise da Covid-19 na Argentina fez com que a Conmebol suspendesse a Copa América, marcada para começar no próximo dia 13 naquele país. A entidade se reúne hoje para decidir uma nova sede, e não está descartado o cancelamento da competição. (Globo Esporte)




O brasileiro Helio Castroneves entrou ontem para a lista de maiores vencedores da Indy-500 ao vencer o duelo com Álex Palou e chegar em primeiro pela quarta vez, igualando os recordes de AJ Foyt, Al Unser Sr. e Rick Mears. A Indy-500 2021 foi o primeiro grande evento esportivo com público nos EUA desde o início da pandemia. (Grande Prêmio)




A desaceleração no crescimento populacional e a necessidade de mão de obra jovem fizeram a China afrouxar ainda mais suas leis de controle da natalidade. Segundo a agência estatal Xinhua, casais agora podem ter até três filhos. Em 1979, diante da superpopulação e da pobreza, o governo comunista impôs a Lei do Filho Único, revista em 2004 para permitir dois filhos. (CNN)




O médico e influenciador digital brasileiro Victor Sorrentino foi preso no Egito após postar em redes sociais um vídeo em que fazia piadas misóginas em português com a balconista de uma loja de papiros. “Vocês gostam mesmo é do bem duro, né?”, perguntava ele, entre risinhos. O vídeo caiu nas mãos de quem falava português, e ele foi denunciado às autoridades. Nas redes sociais, Sorrentino é famoso por defender tratamentos ineficazes contra Covid-19 e as políticas do governo federal. (Marie Claire)




Morreu no sábado, devido a complicações da Covid-19, o jornalista Milton Coelho da Graça. Ele tinha 90 anos e exerceu praticamente todas as funções em redações de jornais, revistas e TVs, além de formar gerações de profissionais como professor de Comunicação. (Globo)