Foram seis meses de trabalho e mais um dia de intensas negociações, mas a CPI da Pandemia aprovou ontem, pelos previsíveis 7 votos a 4, o relatório do senador Renan Calheiros (MDB-AL) pedindo o indiciamento de Jair Bolsonaro por nove crimes e de outras 77 pessoas e duas empresas. A lista inclui três filhos do presidente, ministros, ex-ministros, deputados, funcionários públicos, empresários e o governador do Amazonas, Wilson Lima (confira a relação completa). Ao descrever o comportamento de Bolsonaro durante a pandemia, Renan usou termos como “mentiroso”, “caviloso” e “desonesto”, além de classificar o presidente como um “serial killer” (assassino em série). “Este relator está sobejamente convencido de que há um homicida homiziado no Palácio do Planalto”, afirmou. Restou aos governistas, minoritários na comissão, protestar e discursar em defesa do presidente. Ao final da sessão, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), atendeu a um pedido da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) e convocou um minuto de silêncio pelas mais de 606 mil vítimas da pandemia no país. (g1)
Veja como votou cada senador. (UOL)
Apesar de terem votado em bloco pela aprovação do relatório, os senadores do chamado G7 não começaram o dia exatamente satisfeitos, como conta Igor Gadelha. Omar Aziz reclamou que Renan os “jogou aos leões” ao propor indiciamentos polêmicos, fazendo com que os demais integrantes do grupo assumissem o papel de “aliviadores” diante da opinião pública. (Metrópoles)
Um dos momentos mais turbulentos do dia aconteceu quando, a pedido do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Renan incluiu na lista de indiciados o colega de CPI Luis Carlos Heinze (PP-RS), que apresentou um voto em separado defendendo tratamentos ineficazes contra a covid-19. A decisão pegou mal e foi criticada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), fazendo com que Vieira voltasse atrás. Enquanto isso, Heinze jogava paciência no celular. (Poder360)
E agora? Os parlamentares pretendem levar na manhã de hoje o relatório aprovado ao procurador-geral da República, Augusto Aras. Ontem, ele disse que vai encaminhar o material para “análise prévia” de órgão da PGR antes de decidir sobre processos. Senadores avaliam apresentar ao STF notícias crime contra Bolsonaro caso Aras não se manifeste. (Globo)
E para dar ao dia um tom surrealista, o ex-presidente americano Donald Trump enviou ontem uma mensagem de apoio a Bolsonaro. “Ele é um grande presidente e nunca vai decepcionar as pessoas do seu país!”, escreveu Trump num e-mail, já que está banido de todas as redes sociais. (CNN Brasil)
O Telegram, porto seguro do presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores, corre o risco de ser bloqueado no Brasil. A previsão está no projeto de lei contra a fake news que tramita na Câmara. O texto que está com os deputados altera o projeto aprovado no Senado e prevê que plataformas de troca de mensagens tenham representantes legais no Brasil, o que não é o caso do aplicativo russo. O projeto também prevê limitar ainda mais os disparos em massa tanto no Whatsapp quanto no Telegram. (UOL)
A ministra do STF Cármen Lúcia deu ontem prazo de 15 dias para que Procuradoria-Geral da República detalhe as medidas tomadas na investigação das notícias-crime contra o presidente Jair Bolsonaro nos atos antidemocráticos de 7 de setembro. Sob Augusto Aras, a PGR vem arquivando as notícias-crime com a alegação de ter aberto “investigação preliminar”, cujos detalhes não chegam ao Supremo. Cármen Lúcia parece querer dar fim a essa estratégia. (Poder360)
Falando em atos antidemocráticos, o militante bolsonarista Marcos Antonio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão, se entregou ontem à Polícia Federal em Santa Catarina. Acusado de organizar atos contra as instituições democráticas, ele teve a prisão preventiva decretada pelo STF e passou quase dois meses foragido. (UOL)
Embora só deva se desfiliar do DEM hoje, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), participou no fim de semana de um evento do PSD no Rio. Embora o homenageado fosse o prefeito Eduardo Paes, que comanda o partido no estado, Pacheco foi tratado como estrela e virtual candidato ao Planalto. Porém, como conta o Radar, havia um infiltrado, o deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP), vice-líder do governo na Câmara e bolsonarista raiz. (Veja)
Outro que passou rápida e discretamente pelo evento foi o deputado Rodrigo Maia (sem partido-RJ), que deixou o DEM e também deve embarcar no PSD. Segundo Lauro Jardim, Maia evitou alarde para não desagradar o governador paulista João Doria (PSDB), outro presidenciável, de quem é secretário de Projetos e Ações Estratégicas. (Globo)
Meio em vídeo. Fundador e CEO da Dharma, uma empresa de consultoria de análise de risco político, Creomar de Souza participa do Conversas falando sobre o cenário político brasileiro e a chance dos candidatos no próximo ano. De acordo com o analista, um nome deve se destacar e ganhar força no jogo político atual. Quem será? Dê play e descubra. (YouTube)
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