A terça-feira, 26, começa energizada por duas notícias impactantes, na política e na economia: redes sociais derrubam Bolsonaro, no Facebook e YouTube. E mercado prevê juros altos, inflação crescente e até recessão em 2022. A suspensão temporária de Bolsonaro das redes tem repercussão internacional, com despachos das agências e matérias em jornais estrangeiros — leia em Brasil na Gringa. No noticiário internacional, a onda de vazamentos de documentos internos do Facebook continua abastecendo os principais jornais do mundo, que destacam as falhas da gigante das redes sociais em conter a propagação de mentiras e campanhas de ódio, mesmo alertada por funcionários — leia mais em Facebook Papers. Nas manchetes desta terça-feira, Folha informa que Redes derrubam Bolsonaro por mentir sobre imunizante e O Globo vai na mesma linha: YouTube retira live e suspende conta de Bolsonaro por fake news. Estadão relata que o nível de CO2 bate recorde e parte da Amazônia é emissora, enquanto a edição brasileira do El País: Como os Estados cuidam da Amazônia, em proteção, orçamento e desmatamento. Somente o Valor trata das expectativas sombrias para 2022: Mercado prevê mais juros, mais inflação e PIB menor. Estadão revela que TCU quer inspecionar Palácio do Planalto sobre orçamento secreto. “Com o objetivo de aprofundar as investigações sobre o orçamento secreto, auditores do tribunal pediram autorização para fazer uma inspeção na Presidência da República”, noticia. “A área técnica do tribunal afirmou ter encontrado indícios de irregularidades envolvendo a transparência e os critérios para a distribuição de recursos por meio de emendas do relator-geral (RP-9) pelo governo Jair Bolsonaro, e defendeu novas diligências para obter mais informações”. Outros temas borbulham no noticiário, esquentando o dia. A PEC dos Precatórios enfrenta forte resistência no Senado, com parlamentares e técnicos vendo mudança de cenário para a proposta tramitar na Câmara Alta. A PEC foi aprovada pela Câmara na semana passada, mas a reação negativa do mercado também contaminou os humores dos senadores. E a possibilidade de uma greve de caminhoneiros turbina a tempestade que se avizinha sobre o Planalto. “Crise é pior que a de 2018 e não vamos recuar”, diz líder de caminhoneiros após anúncio da Petrobrás. Chorão afirma que governo tem até 31 de outubro para apresentar resposta concreta sobre mudança na política de preços de combustíveis. A paralisação está marcada para segunda-feira, dia 1º de novembro. Ontem, a Petrobras anunciou novos reajustes nos preços da gasolina e do diesel em suas refinarias. A gasolina subirá 7% e o diesel, 9,1%. Preço da gasolina na refinaria acumula alta de 74% em 2021. O presidente Jair Bolsonaro anunciou que vai mandar projeto de privatização da Petrobras, mas confessa que medida teria ‘complicação enorme’. Ele disse que não é preciso ter 'bola de cristal' para prever novos reajustes nos combustíveis. Mercado reagiu: Bolsa subiu com privatização no radar e ações da Petrobrás subiram quase 7%. Painel da Folha informa que Paulo Guedes só fica no governo por falta de plano B, na avaliação de líderes do Centrão. “Aliados do presidente Jair Bolsonaro avaliam que mandatário não avalia tirar auxiliar porque não há opção para o lugar do ministro”, resume a colunista Camila Mattoso. Jornais registram que o próprio Guedes se considerava fora do governo: “Estou morrendo afogado, e Bolsonaro aparece e renova confiança”. Valor destaca a reação do ministro da Economia às previsões do mercado e especialistas: revisões são “conversinhas”. Ele insiste que dados de arrecadação e emprego demonstram retomada. O jornal relata que a confiança do comércio tem queda, aponta CNC. Vendas relacionadas ao Dia das Crianças, em outubro, não foram suficientes para retomar o otimismo. Ainda na economia, outra má notícia surge no Estadão: governo corre risco de perder R$ 83,7 bilhões em projetos privados para ferrovias. “Maior plano de infraestrutura em andamento no país, que prevê a construção de 21 novos trechos de ferrovias, se apoia em uma medida provisória editada em agosto pelo governo, mas que não tem o apoio de vários parlamentares”, informa. LULA Folha dá página inteira para as articulações de Lula com outros partidos. Segundo o jornal, o atrito entre Ciro Gomes (PDT) e o ex-presidente ameaça aliança de PT com irmãos Gomes no Ceará. “Desde 2006, quando Cid foi eleito governador, os irmãos estão lado a lado com os petistas no estado”, relata. Mas as trocas de farpas entre Ciro e Lula levaram setores petistas no Ceará a consideraram o rompimento da aliança, que existe desde 2006. O jornal ainda noticia encontro de Lula e o prefeito do Recife, João Campos, reforçando a tendência de aliança entre PT e PSB para 2022. “Reunião do ex-presidente com o prefeito do Recife causa reação negativa no PDT de Ciro Gomes”, informa. A reunião foi divulgada por João Campos (PSB) em rede social na noite de domingo, cerca de três semanas após a conversa frente a frente com Lula. PT Na Folha, Guilherme Mello, Eduardo Fagnani e Aloizio Mercadante rebatem em artigo colunista da Folha.: Economistas neoliberais insistem em ignorar legado de governos do PT. Rodrigo Zeidan distorce dados para enquadrar história em suas preferências ideológicas. “O autor omite que a dívida pública líquida, mais importante indicador fiscal de um país, seguiu em queda durante todo o segundo governo Lula e o primeiro governo Dilma, partindo de 62%, em 2002, para 34% do PIB em 2014”, escrevem. CPI Ainda na política, jornais noticiam a votação hoje do relatório final da CPI da Covid, que deve ser aprovado e responsabiliza diretamente Bolsonaro por diversos crimes. A Folha informa que a comissão vai pedir ainda o banimento de Bolsonaro de redes sociais e mais 10 novos indiciamentos. O grupo majoritário de senadores decidiu não responsabilizar autoridades do AM e, por isso, pode sofrer defecções na votação do relatório. O senador Eduardo Braga (MDB-AM) anunciou que vai votar contra o relatório final. A CPI tem 11 integrantes e, sem Braga, o voto teria apenas 6 votos favoráveis. TSE A Folha noticia que o TSE vai julgar nesta terça-feira de noite as ações contra a chapa Bolsonaro-Mourão, mas que provas foram descartadas de julgamento que permitiria em última instância a cassação. Segundo os advogados do PT, que moveram uma das ações contra a chapa, a Justiça Eleitoral acolheu só parte do material de inquéritos no Supremo, incluindo a quebra do sigilo de Luciano Hang. Empresários teriam encomendado pacotes de disparos de mensagens em massa contra o Fernando Haddad em benefício de Bolsonaro em 2018. A corte compartilhou em 16 de setembro com o TSE provas dos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos. Elas também apontaram como uma rede de empresas recorreu ao uso fraudulento de nome e CPF de idosos para registrar chips de celular e permitir o disparo de lotes de mensagens em benefício de políticos. O vice-presidente Hamilton Mourão disse que "não vai acontecer nada". INSIDE INFORMATION Folha repercute a escandalosa confissão do banqueiro André Estevez, dono do BTG e da Editora Abril, que publica Veja, sobre como exerce influência política e compara o impeachment de Dilma Rousseff ao Golpe de 1964. Em áudio vazado pelo Brasil 247, Esteves defende centrão como moderador de ‘maluquices de direita ou esquerda’. Sobre Lula, observa: “É meio macunaíma. Meio vilão meio herói. (...) O problema é o que vem junto, aquela turma do PT que já é mais complicado”. Cristina Serra trata das declarações de Estevez, flagrado pelo 247 se jactando de enorme influência sobre o Banco Central e políticos como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). “A fala de André Esteves desnuda o país refém de meia dúzia de espertalhões”, observa. Leia a íntegra ao final deste briefing. Vale ainda a leitura de artigo de Maria Cristina Fernandes, no Valor, comentando as declarações do dono do banco BTG: André Esteves é pedagogo que custa a aprender. “Em palestra para clientes que foi vazada sócio-sênior do BTG exibe acesso ao poder”, observa. Ela lembra que o banqueiro já foi preso em 2015 e ficou quatro afastado do banco, justamente por se aproximar demais de autoridades públicas. “Passados dois anos de seu retorno ao banco, Esteves não apenas voltou a falar com todo mundo, como também a contar que falou”, pondera. “O fato de ter sido flagrado num encontro com clientes do banco reportando conversas com autoridades sugere que o banqueiro ignora os riscos porque seu negócio também passa por impressionar seus clientes com o acesso que tem”. A integra está ao final deste briefing. BRASIL NA GRINGA Washington Post replica despacho da Associated Press informando que o Facebook arrancou do ar vídeo do Bolsonaro afirmando que vacinas causam AIDS. “O Facebook e o Instagram retiraram de suas plataformas uma transmissão ao vivo que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fez na qual ele disse que as pessoas no Reino Unido que receberam duas doses da vacina contra o coronavírus estão desenvolvendo AIDS mais rápido do que o esperado”, noticia. Os franceses Le Monde e Libération também repercutem a decisão da gigante dos videos: YouTube suspende canal do presidente Jair Bolsonaro por uma semana — aponta o primeiro. YouTube deixou o Bolsonaro de lado por causa de novas notícias falsas — diz o Libé. A plataforma apagou um vídeo do presidente brasileiro no qual ele mencionava informações falsas ligando a vacina Covid-19 à Aids. Seu canal pessoal foi suspenso por uma semana. O banimento temporário do presidente do Brasil também ganhou espaço na imprensa argentina. Clarín reporta que o YouTube suspendeu o canal de Jair Bolsonaro porque ele associou vacinas de coronavírus ao HIV. “A plataforma de vídeos impedirá o presidente do Brasil de fazer novas postagens por uma semana”, sublinha. O português Público também deu destaque à decisão da empresa: Bolsonaro relacionou as vacinas da covid-19 com a Aids e foi suspenso do YouTube. O presidente se referiu a um “relatório oficial” britânico que conclui que as pessoas que tomaram a vacina contra a covid-19 desenvolveram Aids “muito mais rápido que o previsto”. Mas é fake news. WP ainda publica resenha elogiosa do novo disco de Caetano Veloso apontando que o artista baiano promove requintada música de protesto. "Caetano Veloso sempre rejeitou a ideia do desespero". De acordo com Chris Richards, “o primeiro álbum de novas canções do ícone brasileiro na era Bolsonaro parece lúdico e ousado”. FACEBOOK PAPERS A segunda chamada principal em destaque no NYTimes é sobre o vazamento de documentos internos do Facebook, mostrando que a Big Tech está mergulhada em crise. O Facebook luta com os recursos que usou para definir a rede social. “Curtidas e compartilhamentos tornaram o site de mídia social o que ele é. Agora, como mostram os documentos da empresa, ela está lutando para lidar com seus efeitos”, informa. O assunto é a manchete principal do Washington Post: Insiders: Zuckerberg escolheu o crescimento em vez da segurança. O jornal diz que o governo foi instado a investigar se o estilo de gestão com mão de ferro, descrito em documentos recém-divulgados e por pessoas de dentro, levou a resultados desastrosos. A ampla reportagem do Post mostra que, no final do ano passado, Mark Zuckerberg enfrentou uma escolha: cumprir as exigências do Partido Comunista do Vietnã para censurar dissidentes antigovernamentais ou correr o risco de ficar offline em um dos mercados asiáticos mais lucrativos do Facebook. “Na América, o CEO de tecnologia é um campeão da liberdade de expressão, relutante em remover até mesmo conteúdo malicioso e enganoso da plataforma. Mas no Vietnã, defender os direitos de liberdade de expressão das pessoas que questionam os líderes do governo poderia ter um custo significativo em um país onde a rede social ganha mais de US$ 1 bilhão em receita anual, de acordo com uma estimativa de 2018 da Anistia Internacional”, reporta. Wall Street Journal coloca no centro da capa da edição desta terça-feira, 26, que o Facebook publica crescimento de vendas mais lento com a política de privacidade da Apple. “A principal fonte de receita do gigante da mídia social teve um crescimento mais lento no primeiro trimestre completo, uma vez que a Apple exigiu que os aplicativos perguntassem aos usuários se eles desejam ser rastreados”, informa. Facebook registra lucros trimestrais de mais de US$ 9 bilhões. O WSJ ainda noticia que o Facebook enfrenta desafio na tentativa de contratar um lobista democrata proeminente. “A empresa de mídia social está tentando contratar um democrata renomado para supervisionar suas operações de lobby nos Estados Unidos”, relata. “Mas as relações tensas da empresa com a Casa Branca e o Congresso deixaram alguns democratas temerosos de assinar o contrato”. O Financial Times destaca na capa — mas não na manchete — que funcionários imploraram ao Facebook para parar de permitir que os políticos violem as regras. “Documentos obtidos por denunciantes sugerem que executivos intervieram para permitir que postagens contenciosas permanecessem no ar”, alardeia o jornal britânico. “Os executivos seniores do Facebook interferiram para permitir que políticos e celebridades dos EUA postassem o que quisessem em sua rede social, apesar dos apelos dos funcionários para que parassem, sugerem documentos internos que vazaram”. Segundo o FT, funcionários afirmam nos documentos que, embora o Facebook tenha insistido por muito tempo que é politicamente neutro, permitiu que figuras de direita quebrassem as regras destinadas a conter a desinformação e o conteúdo prejudicial, depois de ser criticado por acusações de preconceito dos conservadores. Ainda na mídia britânica, The Guardian e The Times colocam nas primeiras páginas a foto e citações da denunciante do Facebook, Frances Haugen, que prestou depoimento sobre o gigante da tecnologia aos parlamentares na segunda-feira. Times cita Haugen dizendo que o bullying no Instagram "segue as crianças em seus quartos" e que o Facebook - que é dono do Instagram - sabe disso. Guardian revela ainda memorando do Facebook admitindo que o site parece ter sido programado para desinformação. “Documentos revelam dificuldades para lidar com o discurso de ódio e relutância em censurar organizações de notícias de direita nos Estados Unidos”, destaca. Um memorando interno avisou que a “mecânica do produto central” do Facebook, ou os princípios básicos de como o produto funciona, havia permitido que o discurso de ódio e a desinformação crescessem na plataforma. O memorando acrescenta que as funções básicas do Facebook “não são neutras”. O francês Le Monde também entra na onda do vazamento sobre a gigante das redes sociais: Como o algoritmo do Facebook está saindo do controle de seus criadores. “Em documentos internos da empresa, seus engenheiros admitem sua incompreensão diante de um código de computador com efeitos imprevistos, o que torna a rede social uma máquina complexa, de difícil controle”, revela. INTERNACIONAL Na manchete principal do New York Times, a briga pelo Orçamento de 2022 nos Estados Unidos. Biden e democratas pressionam por acordo de orçamento esta semana, já que as divergências permanecem. “Os negociadores estavam fechando um acordo que poderia gastar cerca de US$ 1,75 trilhão, mas os legisladores ainda estavam discutindo sobre divergências críticas sobre o amplo projeto de política social”, resume. |
AS MANCHETES DO DIA |
Folha: Redes derrubam Bolsonaro por mentir sobre imunizante Estadão: Nível de CO2 bate recorde e parte da Amazônia é emissora O Globo: YouTube retira live e suspende conta de Bolsonaro por fake news Valor: Mercado prevê mais juros, mais inflação e PIB menor El País (Brasil): Como os Estados cuidam da Amazônia, em proteção, orçamento e desmatamento BBC Brasil: Fim do ministro liberal? Economistas veem guinada 'eleitoral' de Paulo Guedes UOL: Senadores da CPI da Covid desistem de sugerir indiciamento de Guedes G1: CPI vota hoje relatório e vai pedir indiciamento de Bolsonaro por ao menos 9 crimes R7: Pedidos de seguro-desemprego sobem pelo 3º mês Luís Nassif: André Esteves, o imperador do Brasil Tijolaço: Bolsonaro diz que inflação é culpa da CPI Brasil 247: Áudio de André Esteves desnuda um Brasil refém de meia dúzia de espertalhões, diz Cristina Serra DCM: Guedes só fica no governo por falta de plano B Rede Brasil Atual: Apesar de Bolsonaro, vacinação avança e a covid retrocede no Brasil Brasil de Fato: iFood mente sobre consenso e oferece R$5 a mais por corrida contra "breques" de entregadores Ópera Mundi: Chile: A um mês da eleição, extrema direita lidera pesquisa; esquerda aparece em 2º Fórum: YouTube suspende conta de Bolsonaro por 7 dias após fake news sobre vacina Poder 360: Mortalidade de pacientes sem covid em UTIs também piorou durante pandemia New York Times: Democratas empurram negociação de orçamento, enquanto divergências brechas Washington Post: Insiders: Zuckerberg escolheu o crescimento em vez da segurança WSJ: Facebook publica crescimento de vendas mais lento com a política de privacidade da Apple Financial Times: Amazon fecha acordo com agências de espionagem do Reino Unido para hospedar material ultrassecreto The Guardian: Sunak vai descartar congelamento de salários do setor público em meio a crise do custo de vida The Times: Prepare-se para um inverno de custos crescentes, disseram os motoristas Le Monde: Energia: a França na hora das escolhas estratégicas Libération: Sudão. Um povo enfrentando seu exército El País: PSOE e Podemos fecham sem acordo a reunião sobre a reforma trabalhista El Mundo: Díaz decidida a levar ao limite Sánchez pela reforma trabalhista Clarín: Congelamento: dura crítica das filiais de empresas dos EUA Página 12: A terra a quem trabalha Granma: Para debate, quatro projetos de lei que levam a uma profunda reforma judicial em Cuba Diário de Notícias: Crise política e orçamento do Estado. O que está em jogo Público: Governo tenta conquistar PCP para salvar Orçamento e evitar eleições antecipadas Frankfurter Allgemeine Zeitung: O perigo está se aproximando Süddeutsche Zeitung: Fora de controle Moskovskij Komsomolets: Svetlichnaya foi encontrada no estúdio de cinema Gorky The Moscow Times: Tribunal holandês afirma que tesouro de ouro da Criméia deve retornar à Ucrânia Global Times: Xi reitera o papel da China na defesa do mandato da ONU Diário do Povo: Xi reafirma o compromisso da China com a paz e a cooperação, exorta a defender a autoridade da ONU |
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