quinta-feira, 9 de abril de 2020

Bolsonaro lava as mãos e culpa governadores por isolamento


Após uma segunda na qual quase demitiu seu ministro da Saúde e uma terça-feira em silêncio irritado, o presidente Jair Bolsonaro voltou ontem à cadeia nacional de rádio e TV para reafirmar sua repulsa à quarentena. “Respeito a autonomia dos governadores e prefeitos”, ele disse. “Muitas medidas, de forma restritiva ou não, são de responsabilidade exclusiva dos mesmos. O governo federal não foi consultado sobre sua amplitude ou duração.” Apesar de jogar nas costas dos governadores as consequências do período de isolamento social, pela primeira vez Bolsonaro reconheceu que há impacto em vidas causado pela doença. “Sempre afirmei que tínhamos dois problemas a resolver, o vírus e o desemprego, que deveriam ser tratados simultaneamente. As consequências do tratamento não podem ser mais danosas que a própria doença.” O presidente também voltou a defender a aplicação de hidroxicloroquina como cura para a doença. “Há pouco, conversei com o doutor Roberto Kalil”, contou, “cumprimentei-o pela honestidade ao assumir que não só usou a hidroxicloroquina, bem como a ministrou para dezenas de pacientes. Todos estão salvos.” Kalil é diretor clínico do Instituto do Coração e esteve doente. Assista. (Poder 360)

De Carlos Carvalho, médico que tratou do diretor do InCor: “Não há como dizer que foi a cloroquina que ajudou o Kalil. Ele tomou outros remédios além dela. Eu mesmo tive coronavírus, tomei Novalgina e outros remédios e estou curado. Vou dizer que a Novalgina cura coronavírus?” (Folha)

Pouco antes de o presidente entrar na TV, o ministro Alexandre de Moraes definiu que Bolsonaro não pode derrubar decisões dos estados e municípios a respeito do isolamento social, restrições a escolas, comércio ou circulação de pessoas. Segundo o ministro do Supremo, as recomendações são endossadas pela Organização Mundial da Saúde, além de inúmeros estudos científicos. (G1)

Pois é... Enquanto batia nos governadores, Bolsonaro acenava com um acordo de paz para o Congresso. De acordo com o Painel, quem está próximo do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, vê o pedido de trégua com ceticismo. (Folha)

Em sua tradicional coletiva de final do dia, o ministro Luiz Henrique Mandetta adotou um tom de respeito em relação ao presidente. Bolsonaro foi perguntado sobre o assunto. “Até em casa, a gente tem problema muitas vezes com a esposa, com o esposo, né?”, ele comentou. “É comum acontecer no momento em que todo mundo está estressado de tanto trabalho, eu estou, ele está. Mas foi tudo acertado, sem problema nenhum, segue a vida.” (Globo)

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