terça-feira, 28 de abril de 2020

Investigado, Bolsonaro escolhe substituto de Moro

Brasil

Jair Bolsonaro será investigado por suposta interferência política na Polícia Federal. Foi o que decidiu, passadas as 22h desta segunda-feira, o decano do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello. O ministro recebeu na última sexta-feira o pedido da Procuradoria-Geral da República, baseado nas declarações de Sergio Moro ao pedir demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública. A autorização do Supremo joga os holofotes da crise para o procurador-geral, Augusto Aras, indicado por Bolsonaro em setembro passado e questionado até pelos pares pelo alinhamento com o presidente. No documento em que solicitava a abertura da investigação, Aras sinalizou que tanto Bolsonaro quanto Moro poderiam estar cometendo crimes, a depender da apuração.
Já nesta madrugada foram definidos os nomes para ocupar cargos-chave para conduzir essa crise. Bolsonaro escolheu André Luiz Mendonça, que era advogado-geral da União, para chefiar o Ministério da Justiça no lugar de Moro. Já o novo diretor-geral da Polícia Federal, em substituição a Maurício Valeixo, que era indicação de Moro, será o delegado Alexandre Ramagem, que comandava a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ramagem é amigo dos filhos do presidente.
Enquanto os olhares se voltam para as denúncias e disputas no cerne do poder em Brasília, o país ainda não sabe qual é a sua capacidade total de leitos de terapia intensiva disponíveis para tratar os pacientes mais graves com a covid-19. A reportagem de Beatriz Jucá explica que, sem transparência sobre fila de UTIs  —no Rio já são 326 pacientes graves aguardando tratamento intensivo— famílias entram com ações judiciais para obter leitos.
A reportagem especial da jornalista e escritora Eliane Brum mostra o aumento avassalador de suicídios de adolescentes em Altamira, a cidade mais violenta da Amazônia. Nos quatro primeiros meses do ano, o número de pessoas que tiraram a própria vida na cidade que avizinha a unsina de Belo Monte já é quase o triplo da média anual do Brasil. Brum explica que a principal hipótese apontada pelos profissionais de saúde e pelos representantes de grupos que se mobilizaram para enfrentar a tragédia é a desestruturação causada pela construção da hidrelétrica de Belo Monte.

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