Numa mudança histórica de posição, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou ontem o apoio à suspensão das patentes de vacinas contra a Covid-19 para acelerar a produção de imunizantes em países em desenvolvimento. Índia e África do Sul apresentaram à Organização Mundial do Comércio (OMC) a proposta de suspensão temporária das patentes enquanto durar a pandemia, mas liderados até agora pelos EUA, os países ricos (e o Brasil) vinham barrando a iniciativa. (Folha)
A nova posição dos EUA pode influenciar a União Europeia, que também era contra. A presidente da Comissão da UE, Ursula von der Leyen, admitiu rever o assunto sob a nova ótica. (New York Times)
Essa e outras mudanças que Biden vem impondo fizeram o líder da minoria republicana no Senado, Mitch McConnell, prometer “dedicar-se 100% a parar” o governo democrata. Biden ironizou, dizendo já ter ouvido antes ameaças do senador por Kentucky e tê-las superado. (ABC e CNN)
O tema de patentes também está em alta no Brasil. O Supremo Tribunal Federal começou a julgar ontem a revogação de uma norma que, na prática, faz com que patentes durem mais do que 20 anos, o prazo padrão no mundo validade de patentes. O julgamento foi interrompido quando o placar estava 3 a 0 pela derrubada da norma, que afeta diretamente as indústrias química e farmacêutica, e vai ser retomado hoje. (Estadão)
Segundo ex-ministro da Saúde a depor na CPI da Pandemia, Nelson Teich falou durante seis horas, mas ofereceu pouco aos senadores. O médico disse ter pedido demissão após somente 29 dias no cargo por perceber que não teria autonomia e por divergir de Jair Bolsonaro quanto o uso de cloroquina no tratamento da Covid-19. Entretanto, evitou fazer críticas diretas ao presidente ou ao então secretário-executivo do ministério, o general Eduardo Pazuello, que viria sucedê-lo. A reticência de Teich irritou o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM). “‘Eu não me lembro, eu não me…’. Eu vou fazer umas perguntas daqui a pouco, e, talvez, se ele não se lembrar, não adianta!”, reclamou. (Poder360)
Igor Gielow: “Teich avisou desde o começo de seu depoimento: seria superficial. E a superficialidade anunciada desnudou os limites técnicos da CPI, de lado a lado. A exasperação de Randolfe Rodrigues (Rede-AP) em tentar arrancar alguma afirmação mais dura de Teich e a de Eduardo Girão (Podemos-CE) em fazê-lo validar tratamentos ineficazes mostra que a comissão tem um longo caminho para qualificar seus questionamentos.” (Folha)
Além da oitiva com Teich, a CPI aprovou ontem a convocação para deporem já na terça-feira o ex-chefe da Secretaria de Comunicação do governo federal, Fabio Wajngarten, a presidente da Pfizer, Marta Díez, e seu antecessor, Carlos Murillo. Em entrevista, Wajngarten atribuiu à “incompetência” do Ministério da Saúde sob Pazuello os problemas do controle da pandemia. O ex-chanceler Ernesto Araújo, criticado por Henrique Mandetta, também vai depor na próxima semana. (Estadão)
Hoje é a vez de o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ser ouvido. Ele pretende chegar à CPI já com um novo acordo assinado com a Pfizer para fornecimento de mais 100 milhões de doses de vacina e, assim, reduzir a pressão na comissão. (Globo)
Conhecida como “Capitã Cloroquina” e possível alvo na CPI, a secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, admitiu ao MPF que, por ordem de Pazuello, organizou a ida de uma comitiva a Manaus difundir tratamentos ineficazes às vésperas de a cidade entrar em colapso. (Globo)
Falando em crise no Amazonas, diz o Painel que o vice-governador Carlos Almeida Filho acusa o governador Wilson Lima de ter implantado, com apoio de Bolsonaro, uma política de “imunidade de rebanho” que causou o caos nos hospitais e a falta de oxigênio na capital. (Folha)
Com ex-auxiliares depondo diariamente numa CPI em que o governo é minoria, o presidente Jair Bolsonaro dedicou a quarta-feira a fabricar polêmicas — seu método habitual de distração. Em evento do Ministério das Comunicações, disse que pode editar um decreto contra medidas de distanciamento social para garantir “as liberdades da população” e mandou um recado ao Supremo Tribunal Federal (STF): “Não ouse contestar (o decreto), quem quer que seja. Sei que o Legislativo não contestará”. Mais tarde, o presidente insinuou que a China, nosso maior fornecedor de vacinas e insumos, teria fabricado o Sars-Cov-2 para “guerra química, bacteriológica e radiológica”. A hipótese de o vírus ter sido criado em laboratório já foi descartada pela OMS. (Folha)
Para o decano do STF, ministro Marco Aurélio, Bolsonaro teve um “arroubo de retórica” e que é necessário não acirrar os ânimos. Falando a um interlocutor, o presidente da Corte, Luiz Fux, classificou a fala como uma “cortina de fumaça”. (Globo)
Coluna do Estadão: “O Butantan acompanhou estarrecido a insinuação de Bolsonaro de que a China fez ‘guerra química’ com o coronavírus. Produtor da Coronavac, o instituto tem a expectativa de receber dos chineses até o dia 15 insumos para mais doses. Em privado, dirigentes do instituto dizem que declarações desastradas respingam na difícil negociação pelos insumos.” (Estadão)
E... O deputado federal Fausto Pinato, presidente da Frente Parlamentar Brasil-China que organiza as relações entre os parlamentos dos dois países, foi além. “A meu ver, não se trata de uma pessoa irresponsável, desequilibrada e sem noção de mundo. Na verdade, pode tratar-se de uma grave doença mental que faz o nosso presidente confundir realidade com ficção.” Pinato é do Progressistas de São Paulo, partido de Arthur Lira e em tese na base do governo. (Metrópoles)
Por apenas um voto, 33 a 32, os integrantes da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara impuseram uma derrota ao governo e à presidente do colegiado, Bia Kicis (PSL-DF), rejeitando mudanças na lei do impeachment que facilitariam a destituição de ministros do STF. (Globo)
Meio em vídeo. Qual será o candidato do centro na eleição de 2022? Uma aliança será firmada? Nomes não faltam para a vaga: Ciro Gomes, João Doria, Luciano Huck, Tasso Jereissati são apenas alguns deles. No Conversas com o Meio desta semana, o cientista político da Universidade de Harvard Hussein Kalout comenta os pontos fortes, os fracos, e as chances de cada candidato aspirante ao centro na disputa contra Lula e Jair Bolsonaro. Confira no YouTube.
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