A imprensa brasileira, pela primeira vez em uma semana, tirou a guerra na Europa das manchetes principais. Os jornais paulistas optaram por noticiar na capa o fim da exigência do uso de máscaras em São Paulo. Folha: SP deixa de exigir máscara ao ar livre; medida inclui escolas. Estadão: SP dispensa máscara ao ar livre e avalia liberação total em 15 dias. Já os dois jornais da
editora Globo se debruçam sobre o conflito na Ucrânia e um dos aspectos
de seu impacto na economia brasileira. O Globo: Rússia mantém ataques, mas faz aceno diplomático. Valor: Fertilizan Nos onlines, atenção à decisão da Petrobrás de reajustar o preço de gasolina, diesel e gás, após disparada do petróleo: a alta chega a inacreditáveis 24,9%. Outro alerta para o impacto da guerra no Brasil é que, com a disparada do petróleo, a Ipiranga já controla venda de diesel. Na Bahia, combustível já está 35% mais caro. Enquanto isso, a Petrobrás separa R$ 13,1 milhões para pagar bônus a executivos em 2022. A guerra também é o assunto principal da mídia estrangeira, com jornais do ocidente condenando o ataque ao hospital infantil em Mariupol pelas forças russas, enquanto a mídia asiática e russa trata dos laboratórios de armas biológicas que os EUA mantém na Ucrânia — leia mais em Internacional. Os jornais dão destaque tímido a uma decisão que terá pode vir a se transformar no próximo grande desastre ambiental sob Jair Bolsonaro. A Câmara aprovou ontem a urgência para projeto de mineração em terra indígena, mas deixa a votação para abril. Valor alerta que o projeto esconde uma fake news. A intenção do PL 191 é viabilizar garimpo de ouro em terra indígena, denuncia a deputada Joenia Wapichana (Rede-RR). No Globo, Míriam Leitão condena: Câmara deu tapa na cara do país. “Proposta interessa a meia dúzia de mineradoras e aos garimpeiros e eles não estão atrás de potássio, e sim de ouro e outros metais nobres. O risco para o país é gigante”, observa. O Ministério Público Federal vê falácia em liberação de garimpo em terra indígena e diz que vai contestar projeto. A votação ocorreu enquanto do lado de fora do Congresso era realizado o Ato pela Terra contra o que chamam de pacote da destruição, uma série de projetos criticados por ambientalistas. O ato foi liderado pelo cantor Caetano Veloso. A foto dele estampa a capa do Globo e o ato ganha repercussão internacional, com despacho distribuído pela Associated Press — leia mais em Brasil na Gringa. Estadão revela que garimpeiros avisaram Bolsonaro que farão bloqueio total da BR-163 na madrugada desta sexta. “Grupo enviou ofício ao presidente para informar sobre o protesto no Estado do Pará. Ações de investigação resultaram na destruição de maquinário usado na exploração ilegal”, reporta o jornal. LULA Na política, jornais destacam que o PSB encerra negociação de federação com o PT, que deve fechar acordo com PCdoB e PV. Os três partidos de esquerda decidem formar federação, e PSB fica fora. Após reunião, legendas anunciaram que estarão aliados pela candidatura do ex-presidente Lula. Painel da Folha abre a coluna com a notícia de que o principal conselheiro de Lula para assuntos internacionais, o embaixador Celso Amorim endureceu o tom contra Vladimir Putin e chama guerra de erro. “As declarações representam uma mudança quanto à reação inicial do PT à guerra, em que fez apenas apelos pela paz, sem repudiar de forma direta a invasão”, diz a coluna. Em outra nota, o Painel reporta que Lula anunciou que o MTST será protagonista em seu governo. O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) decidiu apoiar Lula nas eleições presidenciais. A decisão foi tomada após reuniões da direção do movimento nos últimos dias. E a Folha ainda noticia que o vice-governador indica reviravolta na Bahia e ameaça romper com PT e se aliar a ACM Neto. João Leão, do PP, fez críticas ao senador Jaques Wagner, aliado do governador Rui Costa, ambos do PT. Além da migração para a base de ACM Neto, o PP confirmou que cogita lançar a candidatura própria de João Leão ao governo estadual, o que contraria os interesses do PT. BOLSONARO Estadão traz reportagem com um perfil de Bruno Scheid, apresentado pelo jornal como arrecadador de campanha de Bolsonaro, que conquistou Michelle e Carlos. Pecuarista, ele também já figurou nas páginas policiais de Rondônia como autor e vítima em situações crimes ligados ao conflito de terras. “Scheid tem livre acesso ao gabinete presidencial do 3º andar do Palácio do Planalto”, informa. Na última segunda-feira, quando Bolsonaro recebeu um grupo de pecuaristas fora da agenda – o encontro só apareceu registrado no dia seguinte –, o pecuarista estava sentado ao lado esquerdo do presidente – na semiótica da política, uma demonstração de poder e prestígio. BRASIL NA GRINGA Associated Press distribuiu despacho global com o seguinte título: No Brasil, artistas e ativistas protestam contra lei da mineração. A reportagem diz que milhares de brasileiros se reuniram em frente ao Congresso para protestar contra projetos de lei que ameaçam a floresta amazônica ao incentivar o desmatamento e a atividade industrial em terras indígenas protegidas. O inglês The Guardian noticia que milhares protestam contra o 'combo da morte' do Brasil de projetos de lei anti-ambiente. “Manifestação contra o que ativistas chamam de assalto histórico enche a capital após apelo do músico Caetano Veloso”, reforça o jornal. INTERNACIONAL O hospital infantil atingido em Mariupol, na Ucrânia, é destaque em toda a mídia ocidental, com os jornais condenando gravemente a Rússia pela ofensiva mortal sobre civis inocentes. Nos onlines, a notícia do dia é o fracasso das negociações na Turquia: “Nenhum progresso no cessar-fogo”, segundo o ministro ucraniano. O diário alemão Sueddeutsche Zeitung destaca que Lavrov levanta acusações sérias contra Kiev e Washington. “A ameaça não vem da Rússia, mas da Ucrânia e dos EUA, afirmou o ministro das Relações Exteriores russo após se encontrar com seu colega ucraniano Kuleba”. Ele enfatiza que a Ucrânia não está pronta para a “rendição”, mas para uma solução diplomática. O Sputnik News informa que Lavrov anunciou que a Rússia está pronta para contatos para acabar com a crise ucraniana, mas criticou duramente os experimentos com patógenos dos EUA na Ucrânia. O site destaca que os laboratório biológicos financiados pelos EUA na Ucrânia realizaram pesquisas sobre o coronavírus, acusou o Ministério da Defesa russo. E o Pravda destaca na manchete principal a lista de mercadorias que estão temporariamente proibidas de serem exportadas da Rússia. Inclui equipamentos tecnológicos, de telecomunicações, médicos, veículos, máquinas agrícolas, equipamentos elétricos – mais de 200 itens no total, entre vagões e locomotivas, contêineres, turbinas, máquinas de processamento de metal e pedra, monitores, projetores, consoles e painéis. A medida é tida como necessária para garantir a estabilidade no mercado russo. Ainda no Pravda, outra reportagem mostra porque a Rússia insiste que precisa derrotar o nazismo mesmo com a ajuda de Zelensky. O especialista Yuri Knutov explica a posição do Kremlin. Diretor do Museu das Forças de Defesa Aérea, ele afirma que não faz sentido confiar na liderança da Ucrânia, mas do ponto de vista do direito internacional, “somos obrigados a reconhecer o governo de Volodymyr Zelensky, somos obrigados a reconhecer aquelas estruturas que uma vez foram escolhidas pelo povo ucraniano e, portanto, estamos negociando com eles”. Embora a Rússia queira continuar o diálogo, veículos como El País destacam que Putin se recusa a abordar um cessar-fogo enquanto intensifica ataques. O português Diário de Notícias informou que Lavrov declarou que o hospital bombardeado em Mariupol era base de extremistas ucranianos. “O chefe da diplomacia russa, que falava aos jornalistas após um encontro com o seu homólogo ucraniano na cidade turca de Antália, acusou ‘os meios de comunicação ocidentais’ de apresentarem apenas ‘o ponto de vista ucraniano’”, registra. E o chinês Global Times mantém o tom duro contra a Casa Branca: EUA sequestram aliados europeus na proibição de energia russa. “A tática egoísta de Washington corrói a autonomia da União Europeia”, diz o jornal. “O movimento dos EUA de instar os aliados europeus em sanções energéticas contra a Rússia tem um motivo muito ‘egoísta’, pois não apenas os EUA procuram enfraquecer a estratégia de auto-independência da Europa vinculando os laços econômicos do Velho Mundo com os EUA, mas também o país está usando sanções direcionadas à Rússia como desculpa para estender impiedosamente sua repressão a países terceiros, incluindo a China”. Em outra reportagem, o GT aponta que os europeus devem se acalmar e não seguir os EUA em seu banho de sangue com a Rússia. “Os EUA serão os únicos a se beneficiar no conflito entre Rússia e Europa”, diz. O Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista da China, vai na mesma linha: EUA sequestram aliados europeus na proibição de energia russa. O DP ainda dá amplo destaque a reportagem mostrando que o conflito militar entre a Rússia e a Ucrânia “faz com que as rolhas de champanhe estourem silenciosamente no Pentágono, na Rua K, na indústria de defesa e em todos os corredores do Congresso”. O jornal reproduz artigo de Franklin C. Spinney, um ex-analista militar do Pentágono, em um comentário recente. “Os contribuintes vão pagar por seu partido por um longo tempo”, escreveu Spinney no artigo intitulado “Como o narcótico dos gastos com defesa minam uma grande estratégia sensata”, publicado na quarta-feira em seu blog. “Não é por acaso que os Estados Unidos estão à beira da Segunda Guerra Fria”, acrescentou. No Asia Times, reportagem mostra que gigantes da defesa estão ganhando bilhões na guerra da Ucrânia. “Lockheed Martin, Raytheon e BAE viram suas ações subirem enquanto os mercados caíram amplamente devido à invasão da Rússia”, escreve Peter Bloom. “O conflito já viu um crescimento maciço nos gastos com defesa. A UE anunciou que compraria e entregaria 450 milhões de euros em armas para a Ucrânia, enquanto os EUA prometeram US$ 350 milhões em ajuda militar, além das mais de 90 toneladas de suprimentos militares e US$ 650 milhões somente no ano passado”. New York Times destaca em manchete que hospital é atingido à medida que aumentam os ataques a civis. A Rússia bombardeia cidades da Ucrânia e acusa EUA de ‘guerra econômica’. “A miséria se aprofundou na Ucrânia, onde milhões de pessoas foram apanhadas em cidades sitiadas, e na Rússia, onde as sanções econômicas do Ocidente foram duras”, informa. Em outra reportagem, o NYT diz que, após uma semana de cerco, Mariupol ensanguentada planeja sepulturas em massa. “Sob uma incansável barragem russa, não há calor ou eletricidade, e as pessoas estão fervendo neve por água. Uma criança de 6 anos morreu de desidratação, disseram as autoridades”. Washington Post também destaca na manchete o ataque russo à maternidade, assim como o Wall Street Journal: Russia bombardeia maternidade. Segundo o Post, 17 ficaram feridos à medida que se aprofundam as preocupações sobre a escalada de baixas civis. E o WSJ diz que um ataque aéreo russo atingiu uma maternidade na cidade sitiada de Mariupol e enterrou pessoas, incluindo crianças, sob escombros, disseram autoridades ucranianas, enquanto as forças do presidente Vladimir Putin pressionam suas ofensivas em toda a Ucrânia. Em outra reportagem, o WP aponta que Zelensky reuniu líderes mundiais, agora implora que se juntem à luta. “À medida que o ataque da Rússia à Ucrânia entra em sua segunda semana, o presidente ucraniano deixou de reunir líderes mundiais – que impuseram sanções econômicas e financeiras históricas contra a Rússia – para envergonhá-los por não fazer mais para apressar o fim da guerra”, relata. O Post ainda coloca na manchete outra reportagem mostrando o isolamento e dor econômica, com uma nova cortina de ferro caindo sobre a Rússia. “Sanções, fechamento de espaço aéreo e saídas de empresas internacionais ameaçam isolar os russos em uma extensão nunca vista desde a era soviética”, reporta. O WSJ noticia que o desafio do Ocidente é ajudar a Ucrânia sem disparar contra os russos. “Os EUA e seus aliados estão andando na linha tênue na Ucrânia, buscando ajudar os ucranianos a frustrar a invasão russa, evitando cruzar as linhas vermelhas russas e ser arrastado para um conflito direto com um adversário com armas nucleares”, relata. A mídia britânica também centrou suas cobertura no ataque ao hospital em Mariupol. A manchete do Guardian se concentra na descrição de Zelensky ao atentado como “uma atrocidade”. O líder ucraniano disse que a destruição completa da instalação na cidade portuária do Mar Negro foi um crime de guerra. Enquanto isso, o ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, acusa a Rússia de manter 400 mil pessoas como reféns, sem água potável, aquecimento, energia ou sinal de telefone por mais de uma semana. Os líderes mundiais reagiram com indignação ao ataque com mísseis no hospital, relata o Times. Sob a manchete “visando mães e bebês”, o jornal diz que Zelensky disse a repórteres que a Ucrânia pode perder milhões de pessoas para a agressão russa se a Otan e o Ocidente não fizerem mais para intervir no conflito. O alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung destaca na primeira página que o chanceler Olaf Scholz não quer entregar “nenhum avião de combate” à Ucrânia. Ele se opõe à disponibilização de aeronaves de combate MiG-29 fornecidas pela Polônia para a Ucrânia através da Base Aérea Americana de Ramstein, na Alemanha. |
AS MANCHETES DO DIA |
Folha: SP deixa de exigir máscara ao ar livre; medida inclui escolas Estadão: SP dispensa máscara ao ar livre e avalia liberação total em 15 dias O Globo: Rússia mantém ataques, mas faz aceno diplomático Valor: Fertilizante dispara, eleva custo e pressiona inflação BBC Brasil: Guerra na Ucrânia: que diferença fazem as armas enviadas por outros países? UOL: Reunião entre ministros de Ucrânia e Rússia na Turquia termina sem acordo G1: Reunião entre Ucrânia e Rússia termina sem acordo R7: Reunião de chanceleres para definir cessar-fogo termina sem acordo, diz ministro ucraniano Luís Nassif: Em um ano, queda em 18 dos 25 subsetores da indústria Tijolaço: Pacheco, o ‘candidato Porcina”, desiste. Já foi tarde Brasil 247: Putin não recusaria encontro com Zelensky, diz chanceler russo DCM: Não houve progresso para acordo de cessar-fogo, diz ministro da Ucrânia Rede Brasil Atual: OMS: pandemia não vai acabar em lugar nenhum se não acabar em todos os lugares Brasil de Fato: Vladimir Putin: anti-imperial ou nacionalista? Entenda a trajetória Ópera Mundi: EUA declararam guerra econômica contra Rússia, diz Kremlin Fórum: Lula quer Alckmin, Haddad e Boulos em abril no mesmo palanque contra Bolsonaro Poder 360: Reunião entre chanceleres de Rússia e Ucrânia termina sem acordo Congresso em Foco: Como cada deputado votou na urgência da mineração em terras indígenas NYT: Hospital é atingido à medida que aumentam os ataques a civis Washington Post: Ataque russo atinge maternidade WSJ: Russia bombardeia maternidade Financial Times: Ucrânia acusa Rússia de 'atrocidade' em atentado ao hospital Mariupol The Guardian: "Uma atrocidade": Rússia bombardeia hospital infantil na Ucrânia The Times: Destinado a mães e bebês Le Monde: Petróleo, gás, trigo: choque de preços globais Libération: Exército russo na Ucrânia. Por que Putin patina El País: Ataque atroz a uma maternidade La Vanguardia: Um bombardeio destrói maternidade em Mariupol Clarín: Oposição cede ao governo e aprova o refinanciamento com o FMI Página 12: Sob pressão Granma: Novos professores garantem alta cobertura de ensino em Cuba Diário de Notícias: Pressão da OTAN e da UE: Portugal terá de duplicar em defesa para responder a reforço europeu Público: Sanções dos EUA à Rússia abrem a porta a uma nova crise do petróleo Frankfurter Allgemeine Zeitung: Ponto de virada russo Süddeutsche Zeitung: Covid-19: Liberdade para melhor ou para pior Moskovskij Komsomolets: FORA DO AR! RT: Moscou responde à acusação de atentado à maternidade na Ucrânia The Moscow Times: Rússia acusa EUA de financiar pesquisa de armas biológicas na Ucrânia Global Times: China parabeniza Yoon Suk-yeol pela eleição como presidente da Coreia do Sul e espera racionalidade Diário do Povo: Conflito Rússia-Ucrânia tem rolhas de champanhe estourando silenciosamente no Pentágono: ex-funcionário dos EUA Asia Times: O que esperar do presidente eleito coreano Yoon |
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