quarta-feira, 2 de março de 2022

Paraquedistas russos tentam controlar segunda maior cidade da Ucrânia

 

O governo ucraniano confirmou que paraquedistas russos entraram em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, e lutam por seu controle. Durante a terça, o centro urbano já havia sido alvo de um pesado bombardeio, que destruiu a sede do governo local, matando dez pessoas e deixando pelo menos 20 feridos. Já na capital, Kiev, as bombas russas tiveram como alvos a principal antena de TV da cidade, resultando em cinco mortes de civis, e o memorial em homenagem às vítimas ucranianas do Holocausto. O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, classificou os ataques como terrorismo e acusou o russo Vladimir Putin de crimes de guerra. “Os russos sabiam em quem estavam atirando. Ninguém vai perdoar vocês pelo assassinato do povo ucraniano”, afirmou. (UOL)

Durante esta madrugada, a Rússia chegou a anunciar a tomada de Kherson, uma cidade pequena, porém com alguma importância estratégica. Com 320 mil habitantes, décima-sétima em tamanho no país, é uma plataforma a partir da qual os russos podem chegar a Odessa, o mais importante porto da Ucrânia, além de funcionar como principal fonte de distribuição de água potável no país. Mas, em meio ao nevoeiro da guerra, a notícia não foi confirmada — em sua página no Facebook, o prefeito diz que Kherson está cercada, mas não tomada. (BBC)

A tensão na capital ucraniana é crescente devido à aproximação de um comboio militar russo que já se estende por 64 quilômetros. As tropas de Putin cercam pelo menos nove cidades no país. Zelenski condicionou uma nova rodada de negociações a um cessar-fogo, mas admitiu que, segundo as fontes de inteligência da Ucrânia, os russos planejam novos ataques na madrugada desta quarta-feira. (Metrópoles)

A ofensiva russa não se limita a bombas e tanques. Há pelo menos duas semanas o governo ucraniano vem denunciando ataques cibernéticos a instituições das áreas de segurança e financeira do país. (BBC Brasil)

Em outra frente, Volodimir Zelenski fez ontem um apelo à União Europeia para que se coloque ao lado da Ucrânia. “Provem que estão conosco, provem que não vão nos deixar, provem que vocês são de fato europeus e, então, a vida vai vencer a morte e a luz vai vencer a escuridão”, disse ele, por vídeo, ao Parlamento Europeu, sendo aplaudido de pé. (g1)

Após o discurso, os parlamentares aprovaram o apoio à entrada da Ucrânia no bloco, mas a comissária Europeia para Assuntos Internos, Ylva Johansson, lembrou que o processo de admissão de um novo integrante é longo. (Poder360)

Quem teve uma recepção bem menos calorosa foi o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov. Quando ele começou, via internet, a fazer um discurso na Conferência sobre o Desarmamento da ONU, em Genebra, cerca de 100 diplomatas abandonaram o recinto em protesto. Ficaram para ouvi-lo representantes, entre outros, de China, Venezuela, Síria e Brasil. Lavrov acusou a União Europeia de “frenesi russofóbico” e exigiu a retirada de armas nucleares americanas do continente. (g1)

Apesar de ter prestigiado o ministro russo, o governo chinês mudou de tom. Segundo o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, Pequim defendeu uma solução pacífica para o conflito, embora o ministro chinês Wang Yi tenha evitado se referir à ação russa como invasão. (CNN Brasil)

“A guerra de Putin foi premeditada e sem provocação.” Foi assim, sem meias palavras, que o presidente americano Joe Biden falou do conflito na Ucrânia em seu primeiro discurso sobre o Estado da União, diante do Congresso dos EUA. “Ele pensou que o Ocidente não responderia. Putin estava errado. Nós estávamos prontos.” Biden arrancou aplausos até de republicanos ao anunciar o fechamento do espaço aéreo americano para aviões russos e o bloqueio de bens de políticos, oligarcas e jornalistas ligados ao presidente russo. “Ao longo da História, aprendemos essa lição: quando ditadores não pagam um preço por suas agressões, eles causam mais caos”, afirmou. (Globo)

Enquanto isso... No Rio de Janeiro, integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) e do Partido da Causa Operária (PCO) saíram no braço diante do consulado da Rússia. O primeiro grupo apoia a Ucrânia no conflito; o segundo, os russos. Três integrantes do PCO foram presos. (UOL)

Paul Krugman: “Antes que Putin invadisse a Ucrânia, eu poderia ter descrito a Federação Russa como uma potência de médio porte lutando acima do seu peso em parte por explorar as divisões e a corrupção ocidental, em parte por manter uma poderosa força militar. Desde então, porém, duas coisas ficaram claras. Primeiro, Putin tem ilusões de grandeza. Segundo, a Rússia está ainda mais fraca do que a maioria das pessoas, inclusive eu, parecia perceber. Putin não é o primeiro ditador brutal a fazer de si próprio um pária internacional. Até onde posso ver, entretanto, ele é o primeiro a fazê-lo enquanto preside uma economia profundamente dependente do comércio internacional.” (Folha)

Jason Stanley, autor de Como Funciona o Fascismo: “Vladimir Putin justificou a invasão da Ucrânia pela ‘desnazificação do país’. Ele é um autocrata fascista que prende oposicionistas e é reconhecido como líder da extrema-direita global. Fascismo é o culto de um líder que promete restauração nacional perante a humilhação por minorias étnicas, religiosas, liberais, feministas, imigrantes e homossexuais. Um ponto central do fascismo europeu é a ideia de que os judeus são agentes da decadência moral. Eleito com mais de 70% dos votos, o presidente ucraniano Volodimir Zelenski é judeu e vem de uma família parcialmente exterminada no Holocausto nazista.” (Guardian)

Para ler (ou assistir) com calma: Timothy Snyder, historiador da Universidade de Yale, é um dos muitos nomes que se põem na contramão do debate a respeito da OTAN. “Precisamos lembrar que o mundo não se resume a Washington e Moscou”, afirmou ontem em entrevista ao programa Democracy Now!, ligado a uma ONG da esquerda americana. “Países soberanos têm o direito de expressar seus desejos e determinar suas políticas externas.” Snyder é talvez um dos maiores especialistas, hoje, sobre como se formam tiranias. É também especialista em União Soviética. “Não havia muito interesse por parte de Europa Ocidental e EUA de expandir a OTAN”, ele continuou. “Mas os países do Leste Europeu que deixavam o comunismo pressionaram para entrar. E nunca houve um acordo entre EUA e Rússia, após 1991, de que isto não aconteceria. O próprio Putin se referia à OTAN, já bem dentro do século 21, como uma aliança defensiva. Ele mudou drasticamente a maneira como se refere à OTAN. Hoje, usa como forma de incitar a população russa. E precisamos diferenciar entre Putin e os russos. É muito difícil perceber, ao menos pelo que encontro nos dados, que a opinião dos russos seja de que o país esteja ameaçado pela Ucrânia em 2022.” A entrevista pode ser assistida ou lida na íntegra. (Democracy Now!)




Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) teve a conta no YouTube bloqueada ontem devido à divulgação de notícias falsas sobre a vacinação infantil. A punição vai durar uma semana. Ela já sofreu uma punição semelhante no Instagram. Bia Kicis é investigada pelo STF no inquérito das fake news. (Globo)

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