MIDIALTERNATIVA FREE PRESS: Deu na Imprensa

A segunda-feira começa quente, com a decisão da Suprema Corte de rever a suspensão do Telegram no Brasil. O tema é manchete da Folha e ganha destaque nas capas dos outros jornais, que apostam em temas diferentes como notícia principal. O ministro Alexandre de Moraes revogou sua própria decisão e libera Telegram em todo o Brasil.

Ele entende que houve cumprimento de ordens anteriores, após estabelecimento de contato com plataforma, que nem tem filial no Brasil. A notícia da proibição do Telegram no Brasil rodou o mundo neste final de semana, por conta dos despachos de agências de notícias e ganhou reportagem na edição dominical do New York Times — leia em Brasil na Gringa.

As outras manchetes mostram temas relativos às eleições de outubro, com o Estadão puxando a corda para a velha República de Curitiba, numa manchete em tom de denúncia contra os políticos — e Lula, é claro: Com anulações em série, alvos da Lava Jato devem voltar às urnas. “Decisões do STF sobre competência de julgamentos e proibição de prisão após 2ª instância reabilitam políticos; além de Lula, outros investigados querem se candidatar em 2022”, sublinha.

O Globo destaca que governadores dão reajustes a servidores ao custo de R$ 28 bilhões. “Maioria dos governantes concedeu aumento para todos os trabalhadores da máquina pública. Outros, contudo, optaram pelo reajuste de apenas algumas categorias”, relata. Já o Valor alerta na primeira página: Alta do diesel pressiona ainda mais o caixa das prefeituras. Segundo o jornal, projeto de lei que tramita na Câmara estabelece R$ 5 bilhões para o governo federal ajudar prefeituras e estados no aporte ao sistema de transporte.

Na política ainda, Brasil 247 destaca nesta manhã a nova pesquisa da FSB: Lula é o mais preparado, tem 43% e terceira via não decola. “Na visão do eleitorado, o ex-presidente é o candidato mais preparado em todos os aspectos, como gerar emprego, combater a Covid e a corrupção e controlar a inflação”, resume.

E de volta ao tema das fake news, Folha informa que a lei de combate à desinformação que atinge Telegram opõe Arthur Lira a líder de Bolsonaro. Presidente da Câmara diz que assunto é prioritário e fala em interesses contrários de big techs; já Ricardo Barros minimiza urgência. Em artigo analítico, a professora Eloísa Machado de Almeida aponta que o cerco ao Telegram mira ameaça a eleições e extrapola regulação da internet. “Medida de Moraes a pedido da PF se insere em cenário sobre capacidade do sistema de Justiça nacional de fazer cumprir a lei”, resume.

Na economia, Folha destaca que cortes de imposto já custam R$ 54 bilhões e governo estuda mais ações. Reduções, feitas em ano eleitoral, são defendidas pelo Ministério da Economia, mas risco fiscal preocupa. O impacto pode ficar ainda maior dependendo dos próximos movimentos do governo. Bolsonaro tem demandado iniciativas em busca de uma agenda popular às vésperas do calendário eleitoral.

Mas tem mais. O governo agora pensa na indústria brasileira. Crise de semicondutores faz Guedes estudar fabricação nacional. Folha relata que o Ministério da Economia passou a discutir medidas para estimular a produção nacional de semicondutores, componentes que passam por um problema global de fornecimento desde a pandemia e que são cruciais para o funcionamento de uma série de produtos —de brinquedos e celulares a aviões e sistemas de defesa.

LULA

Valor traz os nomes que o PT cogita para coordenar a campanha de Lula. Ex-senador Aloizio Mercadante é o mais cotado para assumir a coordenação de programa de governo. “A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), será a coordenadora-geral, enquanto o presidente da Fundação Perseu Abramo (FPA), Aloizio Mercadante, é o mais cotado para coordenar o programa de governo. O tesoureiro deve ser o ex-deputado Márcio Macêdo (SE)”, reporta.

Na Folha, Monica Bergamo relata que Lula têm que intervir em crises do PT e preocupa aliados. “Lideranças lamentam que ex-presidente tenha que interferir pessoalmente e não tenha mais porta-vozes para resolver problemas políticos nos estados”, aponta. Além de Marília Arraes, que ameaça deixar o PT em Pernambuco. No Rio Grande do Norte, o atual senador Jean Paul Prates (PT-RN) também ameaça deixar o PT depois que a governadora Fátima Bezerra (PT-RN), candidata à reeleição, escolheu o prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, para disputar o cargo de senador em aliança.

Estadão traz Marília Arraes atacando o PT: “Usam meu nome como massa de manobra”. A deputada federal desautorizou o PT de Pernambuco a indicar seu nome na disputa pelo Senado. Em nota, Marília Arraes garantiu manter o apoio à candidatura de Lula à Presidência da República.

O Estadão ainda noticia que, após críticas de Lula ao Congresso, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, sai em defesa da instituição. No Paraná, Lula disse no final de semana que o país tem o ‘pior Congresso da história’. O Globo também traz a reação de Pacheco: “declaração é deformada, ofensiva e sem fundamento”.

E o Valor reporta que o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, depois de receber Moro, apoia Lula. Embora PSB e PT tenham uma aliança nacional, no Espírito Santo a tendência é a divisão. O pré-candidato do PT é o senador Fabiano Contarato, recém-ingressado no partido. É outro que bate na tecla do ciclo que se encerra. “A eleição de 2018 já mostrou que o eleitor está cansado dos mesmos [políticos] e com os mesmos resultados”, diz o parlamentar.

Valor ainda noticia que o palanque do PT está dividido no Maranhão. Petistas formalmente apoiarão o vice-governador Carlos Brandão (PSB), mas Lula também é próximo do senador Weverton Rocha (PDT). Os dois são pré-candidatos ao governo do Maranhão e travam nos bastidores uma batalha para ter Lula no palanque durante a campanha. Distante historicamente do PT por construir sua trajetória política no PSDB, Brandão aposta na ligação do governador Flávio Dino (PSB) com o petista para evitar que o ex-presidente esteja também ao lado do adversário

PSDB

Estadão noticia que João Doria diz endossar carta do PSDB pedindo permanência de Eduardo Leite no partido. Governador fez elogios ao colega gaúcho e justificou por que não assinou o texto: “Quando assina o presidente, ele assina em nome de todos nós”. Com elogios à gestão do gaúcho, Doria afirmou que Leite é “jovem, competente e sério”, e disse esperar que ele tenha um “final de semana de reflexão”, que o apelo “toque seu coração” e que decida por permanecer na sigla.

Jornais informam que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), 90, recebeu alta no sábado após passar por cirurgia no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, devido a uma fratura no colo de fêmur, informou o hospital. FHC foi internado no dia 11 após cair em casa e sofrer a fratura.

ELEIÇÕES

Ainda sobre as eleições, Folha noticia que presidenciáveis da terceira via enfrentam partidos rachados e marasmo. “Pré-candidatos da centro-direita defendem aglutinação, mas antes precisam encarar crises internas e tédio do eleitor”, aponta o jornal. Eles terão antes que lidar com divisões internas nos próprios partidos, que dificultam a coesão em torno de um projeto alternativo.

BRASIL NA GRINGA

O New York Times alerta que a guerra na Ucrânia ameaça causar uma crise global de alimentos. “Uma parte crítica dos alimentos e fertilizantes do mundo está presa na Rússia e na Ucrânia, elevando os preços globais e prenunciando um aumento da fome no mundo”, informa. “O Brasil, o maior produtor mundial de soja, compra quase metade de seu fertilizante à base de potássio da Rússia e da Bielorrússia”, diz.

“O país agora tem apenas três meses de estoques restantes. A associação nacional de produtores de soja instruiu os membros a usar menos fertilizante, se houver, nesta temporada. A safra de soja do Brasil, já diminuída por uma seca severa, agora provavelmente será ainda menor”.

O New York Times destaca na edição desta segunda-feira que a Suprema Corte do Brasil suspendeu o bloqueio ao Telegram por preocupações com desinformação. “O Supremo Tribunal Federal prometeu combater a desinformação antes das eleições presidenciais deste ano. Proibir o popular aplicativo de mensagens é o passo mais drástico até agora”, resume.

Wall Street Journal também repercute o caso, hoje: Tribunal do Brasil retira ordem para suspender o Telegram. “Um juiz da Suprema Corte retirou no domingo uma ordem para suspender o Telegram no país depois que a empresa cumpriu as diretrizes para bloquear contas usadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro para divulgar informações falsas”, informa. No sábado, o jornal havia destacado que a Justiça brasileira ordenou a suspensão do Telegram por campanhas de desinformação.

O alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung é outro a destacar o recuo: Telegram já pode ser acessado novamente no Brasil. “Inversão de marcha na Suprema Corte”, sintetiza. “O serviço de mensagens, que é extremamente popular entre o presidente Jair Bolsonaro, agora está disponível novamente no Brasil depois que o mais alto tribunal do país bloqueou o serviço na sexta-feira”.

A Associated Press noticiou no sábado a decisão, apontando que o juiz do Supremo do Brasil proíbe aplicativo de mensagens Telegram por ignorar decisão. Ele ordenou nesta sexta-feira o fechamento do aplicativo de mensagens Telegram em todo o país, argumentando que a empresa não cooperou com as autoridades. “A medida é um golpe para o presidente Jair Bolsonaro, que tem mais de 1 milhão de seguidores na plataforma e a defende como ferramenta fundamental para sua reeleição em outubro”, escreve Maurício Savarese.

Na edição de sábado, o Washington Post denuncia Bolsonaro apontando que o presidente do Brasil está usando a guerra na Ucrânia para justificar exploração de terras indígenas: “Uma boa oportunidade para nós”. “Durante anos, o presidente Jair Bolsonaro olhou para as vastas terras indígenas do Brasil com uma combinação de luxúria e frustração”, escrevem os correspondentes Terrence McCoy e Gabriela Sá Pessoa.

“Ele se irritou com o tamanho das áreas, questionando por que os povos indígenas receberam o controle de 13% do território brasileiro. Ele tem fome de seus recursos: ‘Onde há terra indígena, há riquezas abaixo dela’. E ele tem sido a força motriz por trás de um projeto de lei que permitiria a mineração em grande escala no território intocado, o que poderia desencadear o que os cientistas alertam ser uma catástrofe ambiental e humanitária”.

O espanhol El País traz a notícia do resgate de duas crianças indígenas após 27 dias perdidas na selva amazônica. A correspondente Naiara Galarraga Gortázar escreve que os meninos, de 6 e 9 anos, foram localizados por acaso enquanto Bolsonaro gera protestos ao entregar a medalha de mérito indigenista.

O NYT confirmou a autenticidade um ano e cinco meses após a publicação, pelo New York Post, de reportagem com os emails de Hunter Biden com a empresa ucraniana de gás que havia o contratado como lobista. O pai de Hunder estava em campanha. Os emails escancaravam as ligações do futuro presidente dos EUA.

A mídia americana e europeia mantém, contudo, o foco na guerra da Ucrânia, apontando os últimos ataques pesados das forças inimigas e condenando. Na manchete do New York Times: Rússia bombardeia porto estratégico por terra, ar e mar. “A batalha por Mariupol tornou-se um símbolo sombrio do poder de fogo superior da Rússia e sua frustração por não conseguir subjugar a Ucrânia após mais de três semanas de guerra”, diz o jornal. O Washington Post vai na mesma linha: Luta feroz pelo controle de Mariupol.

E o Wall Street Journal é mais dramático: Ataque ucraniano arranca 10 milhões de pessoas. “O secretário de Defesa, Lloyd Austin, disse que a Rússia está deliberadamente atacando centros populacionais porque sua campanha militar parou diante de uma defesa e contra-ataque ucranianos eficazes”, aponta.

Já a mídia russa inverte o jogo. A agência Sputnik diz que o Kremlin insta estruturas internacionais a fazer com que radicais ucranianos liberem civis. E condena o reforço da União Europeia, que vai destinar US$ 1,1 bilhão adicionais à Ucrânia para compra de armas. O anúncio foi feito pela ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock.

Sobre o discurso de Zelensky ao parlamento israelense, o Sputnik destaca a reação de Tel Aviv: ‘Ultrajante e ingrato’: Israel furioso com o discurso de Zelensky no Knesset. Russia Today também deu o mesmo destaque: Parlamento israelense reage à comparação de Zelensky com o Holocausto. “Alguns parlamentares israelenses criticaram o presidente por tentar 'reescrever a história' e negar o papel dos colaboradores nazistas ucranianos”, aponta.

O chinês Global Times, editorial bate duro na mídia estadunidense, condenando os EUA. Por quanto tempo os políticos e a mídia dos EUA podem continuar a jogar ‘duplo ato’?” “Enquanto a mídia americana falsifica maliciosamente a verdade, Washington deliberadamente finge não saber nada. Esses dois, até certo ponto, formaram uma cadeia integral de produção, fornecimento e distribuição de notícias falsas”, acusa.

Em reportagem, o jornal aponta que a China ‘não será coagida pelos EUA’ em seus laços com a Rússia. “Após a videochamada entre os principais líderes chineses e norte-americanos, o lado norte-americano e a mídia ocidental estão tentando divulgar uma narrativa de que Washington está alertando Pequim que qualquer tentativa de ‘fornecer apoio militar’ a Moscou traria consequências”, relata o Global Times. “No entanto, especialistas chineses disseram que uma abordagem tão ridícula é uma coerção arrogante e inútil que está fadada ao fracasso, e a China tem forte confiança em sua política externa na questão da Ucrânia e não será coagida por ninguém”.

O Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista da China, é ainda mais duro. Desinformação dos EUA contra a China não trará paz. “A maioria dos relatos da mídia ocidental deduziu que a China e a Rússia formaram uma estreita aliança marcada por ‘sem limites’ para sua parceria estratégica, conforme declarado em sua Declaração Conjunta. No entanto, eles simplesmente ignoraram a verdadeira consideração por trás dessa redação”, diz o jornal. “De acordo com a Declaração Conjunta, esta parceria concentra-se principalmente em questões de desenvolvimento e preocupações globais, sem qualquer menção a obrigações militares de qualquer forma. Na realidade, ‘sem limites’ não significa aliança militar, mas sim uma confiança mútua de alto nível e uma cooperação mutuamente benéfica”.

De volta à mídia ocidental, no NYTimes, outra reportagem tenta colocar a Rússia como manipuladora de notícias e diz que a verdade é outra frente na guerra de Putin. “O Kremlin tem usado uma enxurrada de falsidades cada vez mais bizarras para sustentar sua afirmação abrangente de que a invasão da Ucrânia é justificada”, aponta.

A mídia britânica amplia a cobertura crítica a Putin e à Rússia e manifestamente se coloca em posição pró-ucraniana. Vários jornais destacam os comentários de Voldymyr Zelensky comparando a ofensiva de Vladimir Putin na Ucrânia às ações dos nazistas, bem como relatos de que civis estão sendo forçados a se mudar para o país vizinho. Rússia acusada de genocídio é a manchete do Times.

O Guardian leva o discurso do presidente ucraniano ao parlamento de Israel no qual ele estabeleceu ligações entre a ofensiva do Kremlin e o extermínio de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Ele desafiou Israel por seu fracasso em impor sanções à Rússia no que o jornal chama de “discurso intransigente” ao Knesset. A manchete destaca que milhares estão deixando Mariupol sendo forçados a ir para a Rússia. O Kremlin é acusada de bombardear a escola de arte onde os moradores estavam abrigados.

Sobre a posição da China, o Times destaca na primeira página que Ocidente é ‘ingênuo’ ao pensar que a China abandonará a Rússia por causa da Ucrânia. “A China insistiu que a aliança entre o presidente Xi e o presidente Putin durará mais que quaisquer sanções”, informa. “A afirmação do presidente Biden de que o apoio à Rússia em sua guerra na Ucrânia pode resultar no isolamento econômico da China do Ocidente não a impedirá, de acordo com Hu Xijin, ex-editor do jornal do partido nacionalista Global Times”, relata.

AS MANCHETES DO DIA

Folha: Telegram atende exigências e volta a ser liberado no país

Estadão: Com anulações em série, alvos da Lava Jato devem voltar às urnas

O Globo: Governadores dão reajustes a servidores ao custo de R$ 28 bi

Valor: Alta do diesel pressiona ainda mais o caixa das prefeituras

BBC Brasil: Como queda na preocupação do brasileiro com corrupção impacta as eleições

UOL: Inflação da guerra vai deixar carro, geladeira e imóvel ainda mais caros

G1: Avião com 132 pessoas a bordo cai na China

R7: Em três anos, cesta básica fica 48% mais cara para o brasileiro, e itens sobem até 153%

Luís Nassif: A face cruel e fracassada das políticas pós-2015

Tijolaço: Sem saída para a terceira via

Brasil 247: Lula coloca o dedo na ferida: seis anos depois do golpe, como está o preço do arroz, da carne, da gasolina?