quarta-feira, 23 de março de 2022

Propinas por verbas do MEC foram cobradas até em ouro

 

No que depender de Jair Bolsonaro, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, vai passar incólume pela divulgação de um áudio em que admite a prefeitos que dois pastores evangélicos indicados pelo presidente controlam a liberação de verbas da pasta. Segundo Guilherme Amado, interlocutores dizem que Bolsonaro, pelo contrário, vê o ministro, que também é pastor, fortalecido pelo episódio, pois comprova seu empenho em atender à base evangélica. (Metrópoles)

Faltou, porém, combinar com essa base. A bancada evangélica no Congresso deu 24 horas para que Ribeiro explique a atuação dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Como conta Mônica Bergamo, Santos não é considerado representativo das igrejas e Moura é virtualmente desconhecido. (Folha)

Paralelamente, o senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) e os deputados Tabata Amaral (PSB-SP) e Felipe Rigoni (União Brasil-RJ) entraram com uma representação conjunta contra Ribeiro na Procuradoria-Geral da República (PGR), o que também foi feito pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES) e os deputados Kim Kataguiri (União Brasil-SP) e Túlio Gadelha (PDT-PE). Já a Liderança da Minoria na Câmara encaminhou notícia contra o ministro e Bolsonaro ao presidente do STF, ministro Luiz Fux. (Poder360)

Diante da repercussão, o MEC divulgou na tarde de ontem nota em que o ministro negou o que disse na gravação. Segundo a nota, “a alocação de recursos federais ocorre seguindo a legislação orçamentária, bem como os critérios técnicos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE)”. Ribeiro também procurou blindar Bolsonaro, afirmando que este pediu apenas que recebesse todos os que o procurassem, incluindo os dois pastores. (g1)

Mas os prefeitos estão começando a falar. Gilberto Braga (PSDB), de Luís Domingues (MA), disse que o pastor Arilton Moura exigiu R$ 15 mil antecipados para protocolar demandas do município e 1kg de ouro quando a verba fosse liberada. (Estadão)

Já Fabiano Moreti, prefeito de Ijaci (MG) relata que só foi recebido pelo ministro após a intervenção dos religiosos. “O pastor tem mais moral que deputado. Eu sou aliado de deputados que não conseguem uma agenda para mim com o ministro”, conta. (Globo)

Bruno Boghossian: “Bolsonaro distorceu as funções do MEC quando submeteu o ensino do país à cartilha de grupos religiosos. Com um pastor no comando do órgão, o governo quis decidir o que pode ser dito na escola e cobrado em provas oficiais. Por trás dessa fachada conservadora, havia outros interesses em jogo. O governo organizou e vitaminou uma operação de tráfico de influência ao apontar oficialmente os personagens autorizados a distribuir a verba da educação.” (Folha)




O Ministério Público Federal (MPF) denunciou o presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-secretária parlamentar da Câmara Walderice Santos da Conceição, conhecida como ‘Wal do Açaí’, por improbidade administrativa. Segundo as investigações, ela recebia como assessora do então deputado em Brasília, enquanto trabalhava vendendo açaí e fazendo trabalhos domésticos na casa de Bolsonaro em Angra do Reis (RJ). (Metrópoles)




O ex-procurador Deltan Dallagnol terá de pagar uma indenização de R$ 75 mil ao ex-presidente Lula (PT) por danos morais, decidiu a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A ação se refere à entrevista que o então chefe da força tarefa da Lava-Jato apresentou uma tela de Power Point com o nome de Lula cercado de acusação de crimes como enriquecimento ilícito e expressões como “governabilidade comprometida”. Dallagnol poderá recorrer ao próprio STJ. (g1)

Pois é... Dallagnol se queixou nas redes. “Estou estarrecido com este sistema de Justiça”, afirmou em vídeo. “Indignado.” (Instagram)

Já o ex-presidente respondeu na mesma moeda — com outro slide. (Twitter)




Os palanques regionais seguem sendo um entrave à aliança nacional entre PT e PSB, e o problema não se limita a São Paulo. No Rio de Janeiro, segundo o Radar, os socialistas querem lançar os deputados Marcelo Freixo e Alessandro Molon candidatos, respectivamente, ao governo do estado e ao Senado, mas o PT não admite ficar sem uma das candidaturas majoritárias. Atual presidente da Alerj, o petista André Ceciliano disse que lançará sua campanha para senador no dia 30 de abril. (Veja)

Outro problema é em Pernambuco, principal base do PSB. Com a aliança local acertada, a deputada petista Marília Arraes anunciou que vai deixar o partido para concorrer ao governo por outra legenda, mantendo o apoio a Lula. Mas o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, reagiu dizendo que o ex-presidente “tem juízo” e não prejudicará a aliança por um segundo palanque no estado. (Folha)




Sem partido desde julho do ano passado, quando saiu brigado do DEM, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (RJ) vai se filiar ao PSDB. Ele deve assumir a presidência do partido no Rio e coordenar no estado o processo de formação da federação com o Cidadania. (UOL)




Meio errou. Segundo a pesquisa do Instituto FSB, a segunda maior rejeição entre os eleitores é de João Doria (PSDB), não de Sérgio Moro (Podemos). O governador de São Paulo é rejeitado por 54% dos entrevistados.




A guerra na Ucrânia vai ganhando contornos que não eram previstos quando a Rússia invadiu o país há quase um mês. Por um lado, as forças ucranianas, que já dificultavam o avanço russo, vêm realizando contraofensivas em diversas frentes, tendo retomado a cidade de Makariv, nos subúrbios de Kiev, frustrando o plano russo de cercar a capital. Por outro, a Rússia reage intensificando os bombardeios a cidades, em particular a Mariupol, no sul da Ucrânia, já praticamente reduzida a escombros. (New York Times)

A Rússia anunciou — e os Estados Unidos confirmaram — o uso de mísseis hipersônicos contra alvos ucranianos, a primeira vez que essa espécie de arma é usada numa guerra. Segundo analistas, um dos motivos seria a escassez de armamento convencional. Desde a invasão, as tropas russas já dispararam mais de 1.100 mísseis e estariam com dificuldades para repor seu arsenal. (Politico)

O presidente da Ucrânia, Volodymir Zelenski, disse ontem que pelo menos 100 mil civis ainda estão em Mariupol sob “condições desumanas”. “Sem água, sem comida e sob bombardeio constante”, afirmou. Ele acusou a Rússia de interceptar ônibus de resgate de civis e levar prisioneiros os motoristas. (BBC)

Para ler com calma. Por que tomar Mariupol é tão importante para os russos? Pelo lado prático, ela permite formar uma ponte entre as províncias separatistas na região de Donbas e a Península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. Pelo lado simbólico, ela está no meio da região que Moscou classifica como naturalmente russa e é a base do “Batalhão Azov”, uma unidade paramilitar ucraniana com traços neonazistas. (Guardian)

Joe Biden, presidente dos EUA, chega hoje à Europa para participar de reuniões da Otan e anunciar novas sanções contra a Rússia. (Reuters)

Enquanto isso... Moscou deu mais um sinal de endurecimento com seus críticos internos. Alexei Navalny, um dos principais opositores de Putin, foi condenado a mais nove anos de prisão por fraude e desacato. Ele já cumpre pena por ter violado a liberdade condicional ao viajar em 2020 para a Alemanha, onde tratou-se de uma tentativa de envenenamento. (g1)




Meio em vídeo. No Conversas com Meio, o professor de Relações Internacionais e coordenador do Observatório da Extrema Direita, David Magalhães, explica o que é a extrema direita russa. Quem é o Olavo de Carvalho de Putin, se é que dá para chamá-lo assim? E, fundamentalmente, que tipo de soberania a Ucrânia pode ter? (YouTube)

Nenhum comentário:

Postar um comentário