quinta-feira, 24 de março de 2022

TCU e PGR vão investigar ‘gabinete dos pastores’ no MEC

 

Após a divulgação de um áudio em que dizia repassar verbas a municípios indicados por dois pastores a mando do presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministro da Educação, Milton Ribeiro, se vê às voltas com duas investigações. O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu ontem fiscalizar a estrutura responsável pela transferência de recursos no ministério. Em outra frente, o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu autorização ao Supremo Tribunal Federal (STF) para abrir um inquérito contra Ribeiro. A decisão caberá à ministra Cármen Lúcia, que já relata pedidos de investigação do caso feitos por parlamentares. (g1)

Ribeiro saiu da defensiva ontem e disse ter encaminhado em agosto do ano passado à Controladoria Geral da União (CGU) uma denúncia anônima sobre cobrança de propina. Em nota, a CGU confirmou e disse ter detectado “possíveis irregularidades cometidas por terceiros” e encaminhado o caso à PF. Nem o ministro nem a CGU mencionam os pastores citados no áudio. (g1)

Malu Gaspar: “É difícil prever no que vai dar o escândalo que se abateu nos últimos dias sobre o Ministério da Educação. Mas é fácil perceber que, nesse caso, demitir Milton Ribeiro pode não ser suficiente para fazer o escândalo se distanciar do Palácio do Planalto. Os registros públicos das agendas de Bolsonaro mostram que, quando Ribeiro assumiu o cargo, o pastor já tinha acesso livre ao Planalto. Talvez esses antecedentes expliquem por que, mesmo com toda a pressão que a bancada evangélica e o Centrão fizeram num primeiro momento pela demissão de Ribeiro, Bolsonaro tenha mandado avisar que não vai tirá-lo. Nada disso tem a ver com religião, com a guerra cultural que o presidente buscou travar no Ministério da Educação. É — isso sim — mais um capítulo deplorável na história de um governo que começou celebrizado pelas rachadinhas.” (Globo)

A relutância do Planalto em demitir Ribeiro, conta Gerson Camarotti, se deve ao temor de que ele saia atirando. (g1)

Mais prefeitos confirmam as denúncias contra o “gabinete de pastores”. Kelton Pinheiro, de Bonfinópolis (GO), e José Manoel de Souza, de Boa Esperança do Sul (SP), dizem que Arilton Moura pediu propinas que variavam de R$ 15 mil a R$ 40 mil e a compra de Bíblias para “ajudar na construção de uma igreja”. Gilmar Santos, o outro pastor citado por Ribeiro no áudio, encontrou-se quatro vezes com Bolsonaro desde o início do governo. Numa delas, organizou uma caravana de religiosos para falar com o presidente. (Globo)




Foram meses de especulação, mas o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin enfim assinou ontem a ficha de filiação ao PSB, o que virtualmente consolida sua candidatura a vice-presidente na chapa encabeçada pelo ex-presidente Lula (PT). Em seu discurso, Alckmin enalteceu o futuro companheiro. “Nós temos que ter os olhos abertos para enxergar e ter a humildade de entender que ele é hoje aquele que melhor reflete o sentimento de esperança do povo brasileiro”, disse. O petista não compareceu, mas foi representado pela presidente do partido, a deputada Gleisi Hoffimann. (CNN Brasil)

Ao contrário do que costuma acontecer com a filiação de políticos de renome, Alckmin não trouxe uma leva de aliados para o PSB. Seu trunfo é outro: simbolizar um aceno de Lula à centro-direita. Em mais de uma ocasião o petista disse querer um vice com quem possa dividir a gestão do país.  (Folha)

Radar: “Presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira convidou Lula a viajar até Brasília para participar da filiação de Geraldo Alckmin ao partido. O petista declinou o convite sem dar justificativas, mas a cúpula socialista entendeu que o ex-presidente não quis ofuscar Alckmin em seu ‘grande dia’.” (Veja)

Bruno Boghossian: “Geraldo Alckmin assinou a filiação ao PSB com um discurso voltado para fora das fileiras da esquerda. A principal função eleitoral de Alckmin será expandir o alcance da candidatura petista, atraindo eleitores que circulavam em sua antiga vizinhança tucana. O esforço inicial envolve reduzir as resistências de um grupo que, por décadas, foi alimentado à base de antipetismo. A função do ex-tucano será persuadir uma fatia do eleitorado de que, ainda que Lula possa parecer uma solução heterodoxa, a reeleição de Jair Bolsonaro representa um risco maior. O argumento central é que a aliança com o PT é necessária para conter uma ameaça à democracia.” (Folha)

Enquanto isso... O PL decidiu ontem mudar o formato do evento, marcado para o próximo domingo, onde lançaria a candidatura do presidente Jair Bolsonaro à reeleição. Por orientação jurídica, a legenda passou a tratar a data como um “encontro nacional do partido” para divulgar uma campanha de filiação em todo o país. Os advogados alertaram que a Lei Eleitoral proíbe pedidos explícitos de votos nessa fase, e o lançamento da candidatura poderia ensejar um processo contra o partido e o presidente. (Poder360)




Desde o dia 24 de fevereiro, quando invadiu a Ucrânia, a Rússia já teria perdido entre sete mil e 15 mil militares, segundo estimativas da Otan. O cálculo foi feito a partir de informações da própria Rússia e do governo ucraniano e em dados coletados pelas agências de inteligência do Ocidente. Para efeito de comparação, a União Soviética perdeu também 15 mil homens ao longo dez anos de ocupação no Afeganistão. (AP)

A oposição dentro da Rússia à invasão chegou ontem ao gabinete de Vladimir Putin. Anatoly Chubais, conselheiro do presidente e representante do Kremlin para assuntos de meio ambiente entregou o cargo e deixou o país em protesto contra a guerra. Ele estaria na Turquia. (Guardian)




Morreu ontem nos EUA, aos 84 anos, Madeleine Albright, a primeira mulher a ocupar o cargo de secretária de Estado, o mais alto posto na diplomacia do país. Filha de um ministro tcheco que se tornou refugiado no Reino Unido após a invasão nazista, ela já era uma respeitada especialista em política internacional quando foi convidada pelo então presidente Bill Clinton, em 1993, para ser representante dos EUA na ONU. Em 1997, tornou-se secretária de Estado. Coube a ela a expansão da Otan em direção ao Leste Europeu — Albright tinha uma profunda preocupação em consolidar as democracias naquela região, onde nasceu. Seu último livro foi dedicado a mostrar que o Fascismo estava renascendo no mundo. Segundo as filhas, a secretária morreu de câncer. (New York Times)

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