Montado no final do ano passado para ampliação do apoio ao governo Bolsonaro no Congresso, um verdadeiro Orçamento paralelo de até R$ 3 bilhões está financiando principalmente a compra superfaturada de equipamentos agrícolas. Com especificações e destino estabelecidos por um grupo de parlamentares, os tratores e retroescavadeiras, entre outros veículos, chegam a custar 259% acima da tabela de referência do próprio governo, segundo o furo de reportagem do jornalista Breno Pires. Entre os beneficiários estão o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP), e a atual ministra da Secretaria de Governo, a deputada Flávia Arruda (PL-DF). Este tipo de verba não deveria ter o destino estabelecido por parlamentares para seus redutos eleitorais e sim pelos ministérios, com critérios técnicos. Escamoteado como foi, também dificulta propositalmente a avaliação pelo Tribunal de Contas da União (TCU). (Estadão)
Para políticos da oposição e especialistas, o “tratoraço” é gravíssimo e lembra o caso dos Anões do Orçamento, que levou à renúncia parlamentares e promoveu cassações de mandatos — nem todas justificadas. Eles querem que o Ministério Público Federal e o TCU investiguem. (Estadão)
Nas compras determinadas por parlamentares, os tratores são o item favorito. E mais, das 115 máquinas compradas a um custo de R$ 15 milhões, somente 12 estavam dentro do preço de referência do Ministério do Desenvolvimento Regional, por onde passou a verba. O ministério admite que o destino do dinheiro é determinado pelos congressistas. Entenda como funciona o esquema. (Estadão)
O Democratas está sob “ataque especulativo” motivado “por inveja” de sua posição relevante na política nacional. Essa foi a avaliação que o presidente da legenda, ACM Neto, fez ao Painel a respeito da recente debandada de líderes regionais. Pois Neto tem outros problemas pela frente. A ideia de criar o DEM Diversidade para tratar de pautas identitárias irritou a ala ultraconservadora/evangélica, que ameaça sair do partido se a iniciativa não for revista. (Folha)
ACM Neto pode minimizar a situação, mas o fato é que calaram fundo os anúncios de que o vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, está trocando o partido pelo PSDB, enquanto o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (RJ) vão migrar para o PSD. Para compensar as perdas, o DEM tenta atrair o governador fluminense Cláudio Castro, e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, duas vezes candidato à Presidência pelo PSDB. (Globo)
Seja qual for o movimento de Castro, as eleições do ano que vem no Rio caminham para deixar de lado questões regionais e replicar a polarização entre o bolsonarismo e o petismo, mesmo sem a participação direta do PT na chapa. (Globo)
Previsto para falar à CPI da Pandemia no dia 18, o ex-chanceler Ernesto Araújo vai ter pela frente temas espinhosos. Telegramas mostram que ele mobilizou o Itamaraty para importar cloroquina, mesmo depois de o remédio ser apontado como ineficaz contra a Covid-19 e descartado pela OMS. Fora do governo desde março, Araújo vem usando as redes sociais para minar o trabalho do sucessor, Carlos França, e conservar influência ideológica no Itamaraty. Segundo interlocutores, ele quer se manter em destaque para tentar um cargo eletivo no ano que vem. (Folha)
Falando em CPI... Após classificar o depoimento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, como uma “grande decepção”, o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), disse que ele deverá ser reconvocado para explicar contradições entre a política do governo e as diretrizes do ministério. (UOL)
Coluna do Estadão: “Importante general da reserva resume o sentimento dos militares em relação ao destino de Eduardo Pazuello: teme que o ex-ministro da Saúde seja preso, como uma espécie de ‘prêmio’ aos senadores da CPI da Covid. Esse mesmo general não acredita que o Exército fará qualquer tentativa institucional de defender Pazuello, por mais injusta que possa ser a avaliação dos parlamentares. O motivo? Pazuello entrou no ministério como escolha pessoal do presidente Jair Bolsonaro e deixou o cargo da mesma forma.” (Estadão)
A primeira-dama ou o primeiro filho? Segundo Carolina Brígido, esse é dilema que Jair Bolsonaro enfrenta para indicar, em julho, um ministro “terrivelmente evangélico” para o STF. Michelle Bolsonaro faz campanha pelo advogado-geral da União, André Mendonça, companheiro de orações da família. Já o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) quer emplacar o presidente do STJ, Humberto Martins, que também passa no quesito religião. (UOL)
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