MIDIALTERNATIVA FREE PRESS: Deu na Imprensa

A semana útil se encerra com o noticiário congestionado, às vésperas da onda de manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro que o país e o mundo devem assistir neste sábado, 2 de outubro. Há expectativa para o tamanho dos atos massivos — o inglês The Guardian fala em manifestações do tamanho das Diretas, em 1984 — leia mais em Brasil na Gringa, com destaque à entrevista de Lula ao jornal italiano La Reppublica. Coluna do Estadão destaca que ato contra Bolsonaro na Paulista terá Demolidor, o trio usado por Ivete.

Os jornalões fecham o noticiário da semana com destaque para o desemprego, os supersalários do Judiciário e o esforço do governo para recuperar a popularidade de Bolsonaro com a distribuição de vale-gás para os pobres cadastrados no Bolsa Família. Ontem, Bolsonaro foi vaiado em evento em Belo Horizonte. O Globo destaca que, pela primeira vez, a Procuradoria Geral da República apontou ao Supremo que Bolsonaro iniciou convocações para atos de 7 de setembro.

Nas manchetes, o esforço da Folha para dourar a pílula da crise no mercado de trabalho é embaraçoso: Desemprego para de subir e, a 13,7%, ensaia melhora — sem mencionar o número gritante: 14 milhões de trabalhadores sem emprego. Estadão põe pilha no Congresso ao informar que projeto que impõe barreira a supersalários para no Senado.

O Globo informa que o governo avalia distribuir vale-gás a beneficiários do Bolsa Família. E o Valor transforma o uso político do governo da estatal em PPP — Petrobrás busca parceiros em programa social de gás. Por fim, a edição brasileira do El País trata da crise no país vizinho: Equador sangra até a morte em suas prisões após motim mais violento da história do país.

A denúncia contra a Prevent Senior ganha peso nas capas das revistas semanais — Carta Capital e IstoÉ colocam as revelações do acordo da morte entre o governo e plano de saúde na capa —, enquanto Veja perdeu o pudor e volta a fazer jornalismo com semiótica pobre para — numa capa vermelha — apontar que pesquisas mostram que a inteligência do ser humano está regredindo. E faz um desserviço ao destacar: “O tempo desperdiçado nas redes sociais e a polarização política são alguns dos principais responsáveis pelo recuo, depois de décadas de evolução”.

LULA

Na Folha, Vinícius Torres Freire informa que Lula e Meirelles também querem dinheiro da Petrobrás para baixar o preço do gás. “Ex-presidente e líder liberal culpam lucro de acionistas pela carestia dos combustíveis”, aponta. “É verdade que desde o começo da liberalização dos preços, de Temer-Meirelles, até Bolsonaro-Guedes, o preço dos combustíveis subiu 72%, muito mais do que a inflação média (25%) ou do que o preço da comida (33%). Aumentou não porque o governo quisesse. Mas o governo não meteu o dedo nos preços de combustível ou da energia elétrica. No governo de Dilma Rousseff 1, foi o contrário. Não deu certo, né?”.

Ainda sobre Lula, no Estadão, Eliane Cantanhede diz que a estratégia de Lula em unir Eduardo Paes e Alessandro Molon no Rio, é prenúncio do seu laboratório para as eleições de 2022. Ela diz que “as forças de centro ainda [são] incapazes de dar cara e corpo ao tão desejado e tão distante candidato de centro”.

E aponta: “Lula usa a lábia, o carisma e a experiência para definir um leque de apoios muito além do PT e das esquerdas e que, na prática, não deixa franjas para uma terceira via. Para ele, não basta inviabilizar um nome ao centro; é preciso garantir que o centro e a centro-direita não pulem no colo de Bolsonaro”. Leia a íntegra ao final deste briefing.

DENÚNCIA

Na política, Folha denuncia que as motociatas de Bolsonaro já custaram quase R$ 3 milhões aos cofres públicos. “Quantia é maior, pois governo federal divulgou apenas dados de 5 dos 12 eventos com presidente”, reporta. Na quarta-feira, 29, ministros do TCU participaram de sessão extraordinária, sob sigilo, para deliberar a respeito de solicitação do Congresso sobre uma auditoria nos gastos da União com as motociatas. O pedido partiu de integrantes da CPI da Covid no Senado.

CPI

Ontem, a CPI ouviu empresário bolsonarista que defende posição antivacina e antimáscara. Senadores vêem crimes contra medidas sanitárias. Otávio Fakhoury admite ter financiado material de campanha de Bolsonaro não declarado à Justiça, mas nega propagar fake news. O depoente foi surpreendido ontem pelo senador Fábio Contarato (Rede-ES), alvo de ataques homofóbicos de Fakhoury. “Era necessário local de fala para dar um basta”, justificou o parlamentar, que confrontou o empresário.

A comissão decidiu convocar os médicos da Prevent Senior para depor sobre dossiê contra operadora. Depoimento será uma semana após oitiva da advogada Bruna Morato, que representa 12 profissionais que elaboraram documento. Presidente da CPI anuncia para 20 de outubro votação do relatório final.

BOLSONARO

Ainda sobre Bolsonaro, na blogosfera — com manchete na revista Fórum, repercute a revelação do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) sobre o silêncio repentino do presidente, após o 7 de Setembro, quando liderou manifestações contra o STF. Bolsonaro teria fechado acordo com o ministro Alexandre de Moraes para que o filho Carlos Bolsonaro não fosse preso.

Pimenta já havia contado que fontes palacianas narraram uma cena patética na qual Bolsonaro chorou ao telefone com o ministro do STF, ao lado de Michel Temer, levado a Brasília às pressas, para evitar que ZeroDois tivesse a prisão decretada. Na Folha, Monica Bergamo relata que Temer diz ser 'mentira absoluta' versão de que avisou presidente sobre prisão de Carlos Bolsonaro.

INFLAÇÃO E JUROS

Na economia, duas notícias impactantes: 1) o Banco Central projeta pico de 10,2% na inflação deste trimestre. Expectativa é que alta de preços arrefeça no último trimestre do ano e desacelere para 8,5% no fim de 2021. 2) Presidente do BC reforça que taxa Selic deve ficar acima dos 8,5% previstos pelo mercado. Roberto Campos Neto diz que termo 'significativamente contracionista' usado na ata do Copom se refere ao nível final dos juros.

MEIO AMBIENTE

Jornais dão ampla repercussão sobre estudo de cientistas que apontam que o aquecimento pode expor 12 milhões de brasileiros a nível intolerável de calor. “Estudo mostra como pode ser fisiologicamente inviável viver na Região Norte em 2100”, aponta o Estadão.

BRASIL NA GRINGA

O diário italiano La Reppublica traz na edição desta sexta-feira uma entrevista exclusiva com o ex-presidente Lula em que ele cobra coragem da esquerda. “Precisamos desenhar uma nova sociedade tecnológica, digital verde, mais humana. E um modelo econômico, produtivo e sustentável diferente”, defende. Ele não descarta a possibilidade de uma ruptura institucional no país. “Tudo pode acontecer no Brasil. Já houve um golpe em abril de 2016 quando a presidente Dilma Rousseff foi derrubada com um impeachment que não tinha fundamento, nenhuma evidência. Mas se eu tiver que responder sua pergunta, acho que não. Talvez aqueles que lideram o país hoje tenham dificuldade em deixar o poder, eles se oporão a isso”, afirma.

Lula também criticou o discurso de Bolsonaro na ONU. “O Bolsonaro foi à ONU para mentir. Uma fantasia. Ele descreveu um Brasil que só existe na cabeça. Não aquele em que há uma investigação parlamentar sobre corrupção no Ministério da Saúde para o gerenciamento da pandemia, de como e quando as vacinas foram compradas, porque já houve quase 600 mil mortes por Covid”, criticou. “Bolsonaro falou em nome de seu público formado por milícias e neofascistas. Ele poderia contar à ONU uma verdade que é vista todos os dias: 15 milhões de desempregados, 30 milhões passando fome”.

O inglês The Guardian publica ampla reportagem de Tom Phillips anunciando os protestos deste sábado contra o governo. Manifestantes do Brasil pretendem convocar o espírito de 84 para uma campanha anti-Bolsonaro massiva. “Ativistas que participaram de manifestação que acelerou o fim da ditadura no Brasil esperam demonstração de força semelhante neste fim de semana”, escreve o correspondente. “Quase 40 anos se passaram desde que o centro do Rio foi invadido pelo que um repórter atônito declarou ‘a maior e mais fantástica manifestação popular de todos os tempos’”.

Já a revista The Economist aborda também a perda de popularidade do líder da extrema-direita brasileira. Alguns dos partidários do presidente Jair Bolsonaro estão se voltando contra ele. Segundo a revista, isso pode afetar suas chances de reeleição no próximo ano. E cita o Movimento Brasil Livre, o “grupo de jovens irados”, que ajudou a derrubar a esquerdista Dilma Rousseff e agora organiza contraprotestos pedindo o impeachment daquele a quem apoiou em 2018.

O espanhol El País noticia a criação de um memorial para tirar do esquecimento a “carnificina” de presos políticos da ditadura brasileira. “São Paulo busca transformar o antigo centro de tortura do Exército em um espaço de dignidade para as vítimas enquanto o governo Bolsonaro tenta esconder os crimes do regime militar”, destaca. “Ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público de São Paulo em junho pede que a área ocupada por quatro prédios que faziam parte do DOI-CODI (com exceção da Delegacia de Polícia) seja transferida da Secretaria de Segurança Pública para a Secretaria de Estado para a cultura”.

INTERNACIONAL

A capa da revista The Economist traz a mudança de rumos estabelecida por Xi Jinping na China. De acordo com a semanal inglesa — a bíblia dos liberais — a nova realidade da China está repleta de perigos. “O presidente será definido por sua campanha contra os excessos capitalistas de seu país”, aponta. “Ele vê o aumento da dívida como fruto venenoso da especulação financeira e os bilionários como uma paródia do marxismo".

A Economist detalha: “As empresas devem seguir a orientação do estado. O partido deve permear todas as áreas da vida nacional. A possibilidade de Xi impor sua nova realidade moldará o futuro da China, bem como a batalha ideológica entre a democracia e a ditadura”.

The New York Times noticia na manchete de capa que a Câmara dos Deputados dos EUA atrasou a votação de projeto de infraestrutura por conta da disputa entre democratas. “Uma revolta liberal deixou os democratas sem votos, mas os líderes insistiram que discutiriam a medida novamente nesta sexta-feira, dando-lhes mais tempo para chegar a um acordo sobre um projeto de lei separado sobre o clima e a rede de proteção social”, resume.

Washington Post vai na mesma direção: Democratas divididos adiam votação sobre infraestrutura. De acordo com o jornal os democratas da Câmara atrasaram a votação planejada de projeto de infraestrutura de US$ 1 trilhão em meio a disputas entre moderados e liberais do partido. “Eles não conseguiram chegar a um acordo sobre um segundo pacote de gastos, colocando em dúvida o projeto de lei para estradas e pontes”, sublinha.

Wall Street Journal também repercute a divisão nas fileiras do partido de Joe Biden: Democratas atrasam votação de infraestrutura porque as negociações não chegam a um acordo. “Progressistas cautelosos buscam garantias sobre uma política social e um pacote climático separados”, informa.

Outra notícia relevante no WSJ é que o Facebook ficou sob fogo pesado por seus esforços para atingir os jovens, com membros de um painel do Senado acusando a empresa de desconsiderar pesquisa interna que mostrava que o aplicativo Instagram é prejudicial a um número significativo de meninas adolescentes. Durante audiência de três horas no Senado, legisladores pressionaram implacavelmente um executivo do Facebook a explicar documentos internos divulgados pelo Journal mostrando que o Instagram piora os problemas de imagem corporal para uma minoria substancial de meninas adolescentes e é responsabilizado pelos adolescentes por aumentos de casos de ansiedade e depressão.

Na Inglaterra, o Financial Times destaca em manchete que empresas do Reino Unido alertam sobre a “tempestade de outono” devido à escassez, custos e impostos. “Grupos relatam queda acentuada na confiança desde o verão em meio a mudança de mentalidade ‘de crescimento para enfrentamento’”, aponta o jornal. O jornal também noticia que o governo britânico vai lançar um fundo de apoio de £ 500 milhões para famílias vulneráveis durante o inverno. “Os ativistas contra a pobreza criticam o esquema governamental inadequado para atender às necessidades diárias”, relata.

AS MANCHETES DO DIA

Carta Capital: Pacto de morte. Associada ao governo Bolsonaro na disseminação do “Kit Covid”, a Prevent Senior tem um histórico de trapaças com seus trabalhadores e clientes

IstoÉ: Prevent Senior. O laboratório dos horrores. Em um pacto com o governo que lembra experiências macabras do passado, operadora de planos de saúde rasga a ética médica, monta um esquema de morte na sua rede de atendimento, tira autonomia dos médicos e falseia atestados de óbito para esconder os casos de Covid nos seus hospitais

Veja: O avanço da estupidez. Depois de décadas de evolução, pesquisas mostram que a inteligência do ser humano está regredindo. O tempo desperdiçado nas redes sociais e a polarização política são alguns dos principais responsáveis pelo recuo

Folha: Desemprego para de subir e, a 13,7%, ensaia melhora

Estadão: Projeto que impõe barreira a supersalários para no Senado

O Globo: Governo avalia distribuir vale-gás a beneficiários do Bolsa Família

Valor: Petrobrás busca parceiros em programa social de gás

El País (Brasil): Equador sangra até a morte em suas prisões após motim mais violento da história do país

BBC Brasil: Câmera em farda policial reduz uso de força e prisões, diz estudo

UOL: Falta de água no interior de SP já afeta cerca de 2 milhões de pessoas

G1: Corte de energia para famílias de baixa renda volta a ser permitido

R7: Construção civil contrata cada vez mais, mas salário médio está 12% menor

Luís Nassif: O Índice de Preços ao Produtor é sinal de mais inflação pela frente

Tijolaço: ‘Vale-gás’ vai ser vendido para comprar comida?

Brasil 247: "Bolsonaro é louco e corrupto", diz Lula ao La Repubblica