quarta-feira, 26 de agosto de 2020

A JBS foi obrigada a mudar suas práticas!



Muitas vezes, o nosso jornalismo de impacto é associado apenas a denúncias de corrupção ou à cobertura de política. Mas o impacto que buscamos pode acontecer de muitas maneiras e uma área que gostamos de investigar é aquela relacionada a direitos dos trabalhadores. Nosso objetivo é denunciar abusos, humilhações e condições degradantes de trabalho. 

É algo difícil de investigar e, por isso, fazemos menos do que gostaríamos. Afinal, o risco da denúncia é muito grande, já que o que está em jogo é o emprego das pessoas. 

Há algumas semanas, no entanto, conseguimos publicar algo muito relevante e é importante que você tome conhecimento disso. Agora, graças a uma reportagem do TIB, trabalhadores de frigoríficos da JBS estão mais seguros!

Os repórteres Larissa Linder e Hyury Potter mostraram, na reportagem “JBS Raciona máscaras para empregados após frigoríficos causarem surtos de covid-19”, que os funcionários da gigante de alimentos eram orientados a guardar suas máscaras, que são descartáveis e deveriam ser usadas por apenas um turno, molhadas e em sacos plásticos para reutilizá-las no dia seguinte. Os trabalhadores procediam assim por cinco dias, aumentando o risco de contágio por coronavírus. 

Depois de publicarmos a matéria, Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região determinou que a empresa forneça máscaras, para troca diária, aos funcionários do frigorífico do município de Garibaldi (RS). O TRT também pediu que a empresa capacite as equipes para paramentação, higienização, guarda e descarte dos materiais. Isso não apenas ajuda a proteger os trabalhadores, mas também os milhões de clientes e suas famílias.

Este tipo de impacto nos deixa muito motivados. É para isso que o jornalismo existe, oras! Para mudar a vida das pessoas. É o que o Intercept persegue diariamente graças às doações de milhares de leitores. 

No mês passado fizemos uma corrida para alcançar a nossa meta mensal de arrecadação. Conseguimos chegar lá e é com esse apoio que estamos provocando impactos como esse da JBS. Mas o financiamento coletivo é uma doação e todos os meses muitos apoiadores atrasam ou deixam nossa comunidade por problemas financeiros. Por isso, nós não podemos parar. 

Nesses últimos dias de agosto estamos apreensivos porque temos menos pagamentos confirmados se comparado com o mês de julho e queremos garantir que nossos planos para o futuro não sejam afetados.

Fazer denúncias que incomodam megacorporações do porte de uma JBS não é para qualquer veículo: é para quem não teme corte de verbas de anunciantes e patrocinadores. E só dá para seguir sem medo com o apoio de pessoas como você. 

Um abraço,
Paula Bianchi
Editora

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