segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Bolsonaro e Temer, juntos


O presidente Jair Bolsonaro convidou, e o ex-presidente Michel Temer aceitou liderar uma missão de ajuda ao Líbano que o Brasil enviará. “Nos próximos dias partirá do Brasil rumo ao Líbano uma aeronave da Força Aérea Brasileira, com medicamentos e insumos básicos de saúde, reunidos pela comunidade libanesa radicada no Brasil. Também estamos preparando o envio, por via marítima, de 4.000 toneladas de arroz para atenuar as consequências das perdas de estoque de cereais destruídos na explosão”, afirmou o presidente. (Poder 360)

Então... Temer precisará de autorização da Justiça antes de sair do Brasil. Preso duas vezes, em 2019, está em liberdade sob determinadas condições. Uma delas é de que não pode deixar o país sem permissão especial. (Folha)

Mas este é resultado de uma parceria que vem sendo desenvolvida há alguns meses. O ex-presidente se tornou um dos principais conselheiros do atual, em questões de política. No início de julho, Temer falou ao Metrópoles. “Ele mandou uns interlocutores falarem comigo, trocar ideias, e repeti o que tenho dito. Primeiro, com toda a franqueza, essa coisa de ele falar naquela saída, naquele cercadinho, isso é péssimo. A palavra do presidente é uma palavra muito forte. Ela faz a agenda do país. E não dá para fazer a pauta do país às 9h30. Igual maneira, para preservar a democracia, você não pode participar de coisas que agridem o Congresso, o STF. Tem de dar o exemplo de que os poderes são fundamentais. Recentemente, ele acabou me telefonando. Reiterei o que tenho dito. E eu percebo que tem uns 10, 12 dias que ele parou de dar aquelas entrevistas. Não quero dizer que seja o meu conselho, né? Mas meu conselho, meu palpite, deve ter, talvez, ajudado.” Muito do apaziguamento recente vem deste diálogo. (Metrópoles)



André Singer, criador do conceito político do ‘Lulismo’: “Ainda não sabemos muito bem o que aconteceu. Olhando superficialmente ocorreu uma espécie de acidente. O governo fez uma proposta que foi inteiramente revertida pelo Congresso (governo previa auxílio emergencial de R$ 200, mas parlamentares elevaram para R$ 600) e acabou atingindo um eleitorado que nunca tinha sido base do bolsonarismo. Não sabemos a extensão e a profundidade dessa possível mudança. A mecânica do auxílio emergencial fez com que as pessoas tivessem que abrir mão do Bolsa Família. É como se as pessoas tivessem saindo do programa lulista e entrando num programa bolsonarista. O governo começou a pensar numa estratégia inteligente, mas depende de ter recursos, que é fazer com que as pessoas não voltem mais para o Bolsa Família, mas entrem direto no Renda Brasil. Este momento seria o começo de alguma coisa que, caso se desenvolva bastante, poderia, sim, ameaçar o lulismo. Mas é preciso fazer todos esse condicionamentos porque esse não é um processo dado. O lulismo não foi só resultado do Bolsa Família, fez parte de uma estratégia que envolveu também aspectos de política econômica. Ao aumentar o valor do salário mínimo e a implementar o Benefício de Prestação Continuada (BPC), o governo ativou a economia local. Neste momento, é visível o esforço do governo em encontrar dinheiro pra fazer alguma coisa, o que já é uma novidade, porque nunca havia se preocupado com as camadas mais pobres. E tem mais um acontecimento importante que é o governo perdendo apoio na classe média. Possivelmente os militares têm uma perspectiva de médio e longo prazo e sabem que não há como seguir adiante, do ponto de vista político, sem a maioria da população. Se eles mudarem a política, vão mudar a retórica. O problema é analisar os quadros que estão colocados para esse governo, que tem uma associação muito forte com o chamado mercado, que não vê com bons olhos os gastos necessários para esse tipo de conversão. O que está em discussão é se governo continuará sendo ultraliberal.” (Globo)



Já era público que Fabrício Queiroz, ex-chefe de gabinete do senador Flávio Bolsonaro quando ele deputado estadual do Rio, havia depositado cheques no valor de R$ 24 mil na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. De acordo com o presidente, fazia parte do pagamento de um empréstimo no valor de R$ 40 mil. Pois não foi só. De acordo com o repórter Fabio Serapião, entre 2011 e 2018, Queiroz depositou na conta de Michelle pelo menos 21 cheques, que chegam ao valor total de R$ 72 mil. Em toda movimentação bancária de Queiroz, não há um único depósito de Jair Bolsonaro. (Crusoé)

Não é só... Em agosto de 2011, Queiroz fez um depósito de R$ 25 mil na conta de Fernanda, mulher do senador Flávio Bolsonaro. “Não sei a origem do dinheiro”, disse Zero Um em seu depoimento ao Ministério Público do Rio. “Mas dá uma checada direitinho que tenho quase certeza de que não deve ter nada a ver com Queiroz.” Flávio admitiu, porém, ter pago em dinheiro vivo por doze salas comerciais — um total de R$ 86,7 mil. (Globo)



Dom Pedro Casaldáliga foi nomeado bispo de São Félix do Araguaia pelo Papa Paulo 6º em 1971. Estava na região desde 1968, vindo de sua Catalunha natal. Nunca mais a deixou. Uma das vozes mais importantes da Teologia da Libertação, foi ativo nas denúncias de crimes de grileiros, garimpeiros, madeireiros e da Ditadura militar. Morreu no sábado, aos 92 anos. (BR Político)



Meio em vídeo: Uma reportagem sólida da revista Piauí descreve o momento em que Bolsonaro tomou a decisão de destituir, com auxílio do Exército, os onze ministros do Supremo. Golpe clássico. Foi dissuadido, mas quis. Essa é a história do dia em que Bolsonaro tomou a decisão de dar um golpe de Estado. Assista.

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