segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Escalada de violência e tensão racial toma EUA


No sábado à noite, um homem ainda não identificado que vestia o boné de um grupo de extrema direita foi morto a tiros, em Portland, no Oregon. Desde o sábado, uma caravana de carros e picapes com militantes pró-Trump foram incentivados a atravessar a cidade. O presidente Donald Trump chegou a retuitar o vídeo de militantes seus atirando contra os do movimento Vidas Negras Importam com armas de paintball e gás pimenta. Trump não parou de tuitar a respeito da crise em Portland por um momento, durante o fim de semana. A escalada de tensão racial nos EUA não parece que vai diminuir. Na semana passada, um adolescente branco de 17 matou dois manifestantes negros com tiros de AR-15. A polícia não revelou a identidade da vítima de Portland, tampouco informou se há suspeitos. (New York Times)

A dupla questão da violência na sociedade e de justiça racial deverá dominar a eleição presidencial. O Partido Republicano tomou um caminho de marketing eleitoral e discurso que impõe uma escolha: segurança de um lado ou direitos civis de não-brancos, do outro. Assim, disfarça a economia ruim e o vasto número de mortes por conta da pandemia. Neste sentido, parece ter tido sucesso de impor a pauta debatida em campanha. (CNN)

Jennifer Rubin, do Washington Post: “Donald Trump incitou medos racistas desde que se anunciou candidato à presidência, em 2015. Ordenou que se jogasse gás contra manifestantes pacíficos e enviou tropas armadas a Portland para enfrentar passeatas sem apresentar razões legais. Ele vem usando imagens de caos e violência para instigar medo em americanos brancos. Promete manter subúrbios (leia-se brancos) protegidos contra moradia integrada (leia-se vizinhos negros). Encoraja a polícia a não ser ‘boazinha’ ao lidar com suspeitos. Ele nega a existência de racismo sistêmico e acusa manifestantes de serem anarquistas, socialistas ou extremistas violentos. Se recusa a condenar policiais que matam homens e mulheres negros desarmados ou grupos armados brancos que se engajam em violência. Sua assessora, Kellyanne Conway, confessou que quanto mais violência nas ruas, melhor para sua candidatura. Este fenômeno — denunciar a violência após provocá-la com tensão racial — é parte do guia do supremacista branco.” (Washington Post)



Celso Rocha de Barros: “Se o governador do Rio tiver caído por influência do presidente da República, a deterioração institucional brasileira deu um salto grande. A decisão de afastar Witzel monocraticamente foi ilegal. Quem quiser saber por que, consulte o texto do professor Ricardo Mafei Rabelo Queiroz, da Faculdade de Direito da USP, no site da revista Piauí. É possível que a decisão do ministro Benedito Gonçalves, do STJ, não tenha sido uma tentativa de conseguir uma vaga no Supremo. Mas é curioso que tanta gente no mundo da Justiça esteja tomando decisões claramente ilegais — a libertação de Queiroz, o dossiê contra os antifascistas, a perseguição a Hélio Schwartsman, o afastamento de Witzel — que coincidem perfeitamente com os interesses de Jair Bolsonaro, justamente o sujeito que vai decidir quem fica com a vaga no STF. O afastamento de Witzel não é conveniente para Bolsonaro apenas porque o governador fluminense havia se tornado rival do presidente da República. No final deste ano, seja lá quem for o governador do Rio vai escolher o novo procurador-geral do Estado. Bolsonaro quer influir nessa escolha para que o novo nome seja sensível aos interesses de seu esquema de corrupção familiar.” (Folha)

Rafael Mafei Rabelo Queiroz, da USP: “De onde vem o fundamento para que um magistrado, sozinho, afaste um governador como aconteceu com Wilson Witzel? Peço perdão pela circularidade: o fundamento vem dos próprios magistrados. A atual Constituição deu aos estados liberdade para que aprovassem suas constituições. O Rio aprovou a sua em 1989. Nela está dito que governadores podem ser suspensos do cargo quando se tornarem réus – isto é, quando forem recebidas denúncias contra eles – em processos por crimes comuns ou de responsabilidade. Não é o caso, até o momento, do governador Witzel: tanto seu impeachment quanto seu processo criminal estão em fases preliminares. Não é, portanto, o disposto na Constituição do Rio que fundamenta o afastamento determinado pelo ministro Benedito Gonçalves, do STJ. A ordem invocou o artigo do Código de Processo Penal que permite a juízes impor medidas cautelares com o objetivo de impedir a continuidade de crimes. A norma, no entanto, é genérica: permite a suspensão do exercício de funções públicas em geral e seguramente não foi pensada para casos com os de presidentes e governadores.” (Piauí)

Meio em vídeo: Algumas cidades estão amarradas à ideia de Brasil. O Rio foi a capital do Brasil, o centro brasileiro, por centenas de anos. Durante quase todo este período, foi vendida como a imagem do país. Continua sendo a imagem do país. Porque só elegia governadores de oposição, os ditadores escolheram destruir a política da cidade fundindo com o estado vizinho. Sabiam que a política paroquial do lado contaminaria a da cidade. Mais um governador foi afastado. E, agora, o pior do Rio está no Planalto. Assista.



A PF cumpre esta manhã uma operação em bloqueios de contas bancárias ligadas ao PCC. São mais de 600 mandados em 19 estados e no Distrito Federal. (G1)

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