segunda-feira, 10 de agosto de 2020

No sábado, o país chegou à marca de cem mil mortos por Covid

11 de março. Ao receber a notícia de que a mãe, de 86 anos, estava intubada, Rosana Aparecida Urbano, 57 anos, saiu de casa em uma das regiões mais pobres de São Paulo e percorreu 25 quilômetros para ver a mãe, Gertrudes, internada com pneumonia no Hospital Municipal Doutor Cármino Caricchio, no Tatuapé, um dos principais distritos da Zona Leste. Rosana passou mal. Diabética e hipertensa, acabou internada no mesmo local e morreu às 19h15m da noite seguinte, 12 de março, após uma parada cardiorrespiratória. Rosana foi a primeira vítima do coronavírus no Brasil. Nos 149 dias decorridos desde então, a doença matou mais de 100 mil pessoas, na maior tragédia sanitária da História do país.

Um estudo
 feito pelo site Medida SP, que cruzou os dados de mais de 3 mil mortos pela Covid-19 na Grande São Paulo com seus CEPs, constatou que 66% das vítimas viviam em bairros em que a renda média estava abaixo de R$ 3 mil. Já nas regiões com renda superior a R$ 19 mil, houve registro de 1% das mortes.
O Brasil tem 101.136 mortes por coronavírus confirmadas até as 20h de domingo, segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde. O país registrou 593 mortes pela Covid-19 confirmadas nas últimas 24 horas, chegando ao total de 101.136 óbitos. Com isso, a média móvel de novas mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 1.001 óbitos, uma variação de -6% em relação aos dados registrados em 14 dias. Em casos confirmados, já são 3.035.582 brasileiros com o novo coronavírus desde o começo da pandemia, 22.213 desses confirmados no último dia. A média móvel de casos foi de 43.137 por dia, uma variação de -7% em relação aos casos registrados em 14 dias.

No sábado, o país chegou à marca de cem mil mortos por Covid. Segundo a Constituição, a saúde é um direito de todos. E todos os governantes têm a obrigação de proporcionar aos cidadãos esse direito. Na edição de sábado, o Jornal Nacional abriu com um forte editorial para repensar as obrigações dos governantes perante as mortes pela Covid. (G1)

14 de maio é, até agora, o pico da pandemia no país quando consideram-se os registros pelo período de ocorrência. O Brasil teve ao menos 1.103 mortes por covid-19 neste dia.

Ícone do pensamento sistêmico, o físico e ambientalista austríaco Fritjof Capra, 81, interpreta a pandemia da Covid-19 como uma resposta biológica da Terra diante de emergências sociais e ecológicas negligenciadas. Autor de best-sellers internacionais como O Tao da Física e Ponto de Mutação (Cultrix), entre outros, Capra articulou a física moderna a uma visão holística da vida no planeta e dos fenômenos naturais, inserindo a humanidade e suas ações nos ciclos de transformação da vida no planeta.

Fritjof Capra: “Na minha visão, o coronavírus deve ser visto como uma resposta biológica de Gaia, nosso planeta vivo, à emergência social e ecológica que a humanidade criou para si própria. A pandemia emergiu de um desequilíbrio ecológico e tem consequências dramáticas por conta de desigualdades sociais e econômicas. Cientistas e ativistas ambientais há décadas vêm alertado para as terríveis consequências de sistemas sociais, econômicos e políticos insustentáveis. Mas até agora as lideranças corporativas e políticas teimaram em resistir a esses alarmes. Agora eles foram forçados a prestar atenção, já que a Covid-19 trouxe os avisos de antes para a realidade de hoje”.



A controversa ideia de infectar propositalmente pessoas com o coronavírus para acelerar os testes de uma possível vacina vem ganhando força na comunidade científica internacional e entre voluntários brasileiros. A organização americana 1DaySooner, criada em abril para advogar pela realização desse tipo de estudo, recebeu o apoio de mais de 150 cientistas, incluindo 15 ganhadores do Prêmio Nobel, já registrou também a inscrição de 32 mil voluntários de 140 países que se dizem dispostos a participar do teste. Ao Estadão, um representante da organização revelou que mais de 9 mil são brasileiros – segundo maior contingente, após americanos, com 15 mil. Especialistas críticos ao estudo destacam a implicação ética de expor voluntários a uma doença sem um tratamento comprovadamente eficaz. Mas os defensores do modelo dizem que ele poderia salvar milhares de vidas ao antecipar a descoberta de uma vacina eficiente. Professor e pesquisador de bioética da Universidade Federal de Uberlândia, Alcino Eduardo Bonella é o único brasileiro que assinou a carta aberta apoiando os estudos de desafio. “Se a gente aceita o risco de profissionais de saúde e entregadores trabalharem na pandemia, não tem sentido impedir o altruísmo de pessoas voluntárias totalmente esclarecidas”, defende. Estudos de desafio já foram realizados para outras doenças, como cólera e malária, mas, naqueles casos, havia tratamento para as enfermidades.

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