segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Reação à estupidez: Por que cheques de Queiroz para Michelle?

Brasil

Uma pergunta inundou as redes sociais na noite deste domingo: "Presidente Jair Bolsonaro, por que sua esposa, Michelle, recebeu 89.000 reais de Fabrício Queiroz?". A indagação havia sido feita horas antes por um repórter do jornal O Globo. Mas a resposta do mandatário ao jornalista foi um ataque: "Minha vontade é encher tua boca na porrada". A reação à pergunta desencadeou uma onda de questionamentos no Twitter, onde um milhão de mensagens de perfis que incluíam desde intelectuais e jornalistas, a artistas, pessoas comuns e influenciadores questionaram os motivos pelos o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro repassou 89.000 reais para a primeira-dama. O presidente não respondeu nem aos jornalistas nem aos internautas. Nesta segunda-feira, usou a rede social para afirmar que é perseguido há anos pelo Grupo Globo e repetir o que disse para fugir do questionamento do repórter, indagando sobre os supostos repasses feitos pelo doleiro Dario Messer à família Marinho. Reportagem de Afonso Benites mostra que a declaração de Bolsonaro põe fim a um curto período paz e amor do presidente, cujo comportamento comedido das últimas semanas era apontado como um dos motivos para a melhora na avaliação de seu Governo. 
"Bolsonaro é o sintoma da derrota do Brasil. Ele não tem condição de governar sem ser causando confusão, causando conflito...", avalia o advogado e filósofo Silvio Luiz de Almeida, na entrevista ao repórter Felipe Betim, que abre esta newsletter. Um dos principais pensadores brasileiros da atualidade, o professor e autor de Racismo estrutural (Editora Polén) reflete sobre como a postura agressiva de Bolsonaro é uma estratégia pensada para "ocultar a sua incapacidade de gestão". Na conversa, ele fala também sobre a banalização da morte num Brasil “apático” em relação às vítimas da pandemia e do racismo. Na avaliação de Almeida, qualquer alternativa ao bolsonarismo passará pelo conflito institucional. "A gente vai ter que necessariamente entrar em conflito e confrontar as pessoas que desvalorizam a vida. As pessoas que querem civilizar o país, com todas as objeções que esse conceito possa ter, não podem ter medo de ter o poder."
E ainda nesta edição, a correspondente Amanda Mars viaja a Nova Orleans, a cidade mais musical dos Estados Unidos, silenciada pela covid-19. "A pandemia desligou o som em uma cidade que não se entende sem seus clubes, seus blocos de carnaval, sem a farra permanente na Bourbon e Frenchmen Street, e muitos artistas que lutam para sobreviver ficaram desamparados", escreve. No 15º aniversário do furacão Katrina, o mais mortífero de sua história, Nova Orleans vive atravessada pelo coronavírus e pela maior onda de mobilizações contra o racismo no país em meio século. A reportagem inicia uma série sobre o passado e o presente dos negros norte-americanos, que começa nesse singular pedaço da América e termina em Minneapolis. E é neste contexto de pandemia, protestos antirracistas e crise econômica que um partido Republicano rachado dá início a sua convenção para consolidar a candidatura de Donald Trump à reeleição.

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