Manchetes otimistas nos jornalões nesta segunda-feira, 3 de maio, para uma semana marcada pela política em Brasília com todas as expectativas no meio voltadas para a estreia da CPI da Covid. Além disso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca nesta segunda-feira na capital com vistas a fazer amplos contatos no meio político e conversas com diplomatas da Europa e América Latina. A partir de texto de Malu Gaspar, no Globo, Brasil 247 e DCM destacam que Lula quer oposição unida por auxílio emergencial de R$ 600. A vinda de Lula à capital é manchete da edição brasileira do El País. Tudo isso em meio ao caos e no momento em que o Brasil superou a marca dos 400 mil mortos pelo coronavirus e o governo Bolsonaro segue acuado. Nesta semana, a CPI vai tomar os depoimentos de todos os ministros da Saúde que passaram pela pasta. Amanhã serão ouvidos Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. Na quarta, o General Eduardo Pazuello. E, na quinta, Marcelo Queiroga. Folha informa que o Planalto teme desgaste com quebra de patentes de vacinas contra Covid-19 e tenta barrar projeto aprovado no Senado. Se texto passar na Câmara, veto de Bolsonaro será a única saída para garantir entrega de imunizantes negociados. Isso ocorre no momento que até os EUA estão pensando em adotar a quebra da patente para acelerar a vacinação. Folha destaca em manchete que o mundo planeja uma produção massiva de 11,9 bilhões de doses capaz de vacinar todos os adultos do planeta. Estadão vai de economia e noticia que o Brasil vive um 'boom' do minério de ferro que gera emprego e investimentos. O Globo noticia que se mantiver o atual ritmo, país pode vacinar prioritários até junho. E o Valor informa que país terá investimentos de R$ 48 bi após leilões. A edição brasileira do El País destaca: Após atos de apoio, Bolsonaro encara opositores na CPI da Covid e périplo de Lula em Brasília. Atenção à notícia que ganhou manchete da BBC Brasil: o Brasil tem um exército de 5,9 milhões de desempregados que estão fora do índice oficial. De acordo com os dados divulgados, os desalentados somaram 5,9 milhões em fevereiro, recorde na série histórica da Pnad Contínua, que começa em 2012. O levantamento é feito em trimestres móveis – o dado de fevereiro, portanto, é uma média composta com dezembro e janeiro. De um ano para cá, mais de um milhão de brasileiros desistiram de procurar emprego. Alguns porque buscavam há meses, sem sucesso. Outros, porque simplesmente não veem novas vagas sendo abertas na cidade onde moram. Apesar de estarem disponíveis para trabalhar, essas pessoas não entram no cálculo da taxa de desemprego. Para ser considerado desempregado, pelos parâmetros internacionais de estatística, é preciso estar ativamente buscando uma vaga. O país portanto tem hoje mais de 20 milhões de desempregados. É um escândalo. Na cena internacional, a notícia do dia é o Golpe em El Salvador. Com maioria governista, o novo Congresso salvadorenho removeu juízes da Suprema Corte. Magistrados foram acusados de 'converter a Corte num superpoder' ao impedirem ações do presidente Nayib Bukele. Além deles, o procurador-geral também foi removido do cargo. A medida recebeu críticas dos Estados Unidos e de entidades internacionais e aumenta o temor de que Bukele, eleito em 2019 com um discurso populista de direita, promova uma escalada autoritária no país. No Brasil, Eduardo Bolsonaro comemorou o golpe nas redes sociais. Folha destaca na editoria de política que a CPI da Covid virou palco de retaliações na disputa entre aliados de Bolsonaro e senadores da oposição e independentes, que são maioria. Além de disputas judiciais e bate-boca, congressistas dos dois grupos preparam batalha de requerimentos contra adversários. Painel da Folha A colunista Catarina Rochamonte, na Folha, inventa a chapa Lula-Renan para as eleições presidenciais e diz que dupla tem "simbolismo e potencial". Venenosa, a conservadora dublê de analista e militante, diz que "a chapa pode reunir e galvanizar as forças vivas da corrupção, navegando em um ambiente de suprema consagração da impunidade". Painel informa que Bolsonaro foi aconselhado a 'sair da bolha' para vencer a eleição em 2022. Ele se reuniu com ministros e debateu estratégias para a próxima eleição. Aliados recomendaram que o presidente intensifique viagens pelo país. Ele disse estar preocupado com os vetos do Orçamento na Infraestrutura por atingirem o que pode ser uma de suas vitrines: obras públicas. Entre os colunistas, vale a leitura de Celso Rocha de Barros na Folha. Ele diz que não há mais governo, e ninguém se dispõe a derrubar quem já desistiu de governar. "Resta-nos confiar no que ainda temos de burocracia profissional no país", sublinha. Otimista, ele aponta que o governo dos se desfaz a olhos vistos. "Pela primeira vez na história, os chefes das Forças Armadas renunciaram conjuntamente em protesto contra o presidente da República. Logo depois, o Supremo Tribunal Federal tomou coragem e cumpriu seu dever constitucional obrigando o Senado a abrir a CPI do assassinato em massa. Bolsonaro manobrou para barrar a CPI, fracassou; manobrou para tirar Renan Calheiros da relatoria da CPI, fracassou", enumera. Sobre a crise sanitária, duas informações importantes: 1) Nelson de Sá destaca na Folha que os EUA já admitem renúncia de patentes de vacina, por conta da pressão interna e externa. A OMS decide nesta semana se aceita imunizantes chineses para seu programa voltado a países mais pobres. Na NBC, no domingo, o senador Bernie Sanders voltou a defender que o governo americano determine às farmacêuticas que renunciem a esses direitos "quando milhões de vidas estão em jogo ao redor do mundo". E 2) Governos já encomendaram 11,6 bilhões de doses de vacina contra a Covid-19, segundo o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). Seriam doses suficientes para vacinar pelo menos a população mundial inteira com 19 anos ou mais (cerca de 5 bilhões de pessoas). Os laboratórios têm capacidade de fabricar o que foi encomendado? De acordo com o próprio Unicef, em tese, sim. É a manchete da Folha. BRASIL NA GRINGA Financial Times publica na edição online um artigo de Michael Pooler destacando que as igrejas evangélicas no Brasil se tornaram um campo de batalha da Covid. Cristãos apoiam a oposição do presidente Jair Bolsonaro às restrições à pandemia. "A adoração coletiva se tornou um campo de batalha nas guerras de bloqueio no Brasil", escreve. "Na linha de frente estão crescentes massas de evangélicos, cujo número deve ultrapassar o de católicos até 2030. Freqüentemente liderados por pregadores carismáticos, eles fornecem um alicerce de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, em quem vêem um defensor dos valores familiares tradicionais". E destaca: "A negação do presidente sobre a gravidade da Covid-19 inclua oposição às autoridades locais e estaduais que fecham instalações comerciais e religiosas". Ele lembra que, em abril, várias cidades brasileiras sediaram a chamada Marcha da Família Cristã pela Liberdade. "Os participantes enfeitados com a bandeira nacional agitaram faixas que incluíam denúncias de comunismo", registra. "Para alguns observadores, o protesto carregou ecos do passado. Em 1964, uma manifestação em massa em São Paulo com nome semelhante à marcha reuniu forças hostis ao presidente de esquerda João Goulart. Logo depois, foi deposto por um golpe que instalou uma ditadura de 21 anos". Segundo Pooler, os partidários mais radicais de Bolsonaro pedem o fechamento do Congresso e da Suprema Corte, bem como a intervenção das Forças Armadas. Em outro texto, na edição de domingo, o jornal britânico noticia que investidores pedem que Brasil use títulos verdes para salvar a Amazônia. "O movimento é visto como uma opção inexplorada que poderia satisfazer a necessidade do Brasil de capital para conter o desmatamento crescente", destaca o correspondente Bryan Harris. A emissão de títulos verdes soberanos poderia se tornar uma alavanca para o país. "Se bem feito, vão atingir uma parede de dinheiro. É provavelmente a primeira coisa que eu faria se fosse responsável por financiar o Brasil", afirma Thede Rüst, chefe de dívida de mercados emergentes da Nordea Asset Management, que tem € 250 bilhões em ativos sob gestão. "Seria um passo muito positivo do Brasil se eles vinculassem parte – ou todo – o uso dos recursos dos títulos verdes aos resultados [redução do desmatamento]. Este seria um passo muito positivo, não apenas para investidores que se preocupam com as ESG como nós, mas também de uma perspectiva de financiamento para o Brasil". Apesar disso, especialistas não acreditam na hipótese. "Fazer tal mudança não seria impossível se o governo [Bolsonaro] a considerasse uma prioridade", diz o jornal. "O Congresso do Brasil é notoriamente lento e as mudanças legislativas muitas vezes podem levar anos". Le Monde também traz nova reportagem denunciando a destruição da floresta tropical: "A Amazônia, nosso último baluarte, está se balançando", emitindo mais carbono do que absorvendo-o. Diz o jornal: "Essa mudança importante e sem precedentes na floresta amazônica brasileira nos últimos dez anos se deve às mudanças climáticas e também às atividades humanas". O jornal reproduz a conclusão de estudo publicado na revista científica Nature Climate Change. "A floresta amazônica brasileira, vítima das mudanças climáticas e da atividade humana, rejeitou, nos últimos dez anos, mais carbono do que absorveu, uma mudança importante e sem precedentes, segundo estudo", relata. O inglês The Guardian traz reportagem da correspondente Flávia Milhorance apontando a "calamidade das mortes maternas" e que, no Brasil, cresce a preocupação com as grávidas. "Após 803 mortes de grávidas e pós-parto, as autoridades alertaram as mulheres para adiar a gravidez, porque aumentam os riscos", informa. "Mais da metade dessas mortes, 432, aconteceram este ano, enquanto a pandemia no Brasil acelerava para sua fase mais mortal". A jornalista escreve que especialistas e ativistas dizem que a situação no Brasil é particularmente alarmante. "Estamos enfrentando uma calamidade de mortes maternas aqui", disse Carla Andreucci, obstetra brasileira e integrante da força-tarefa de gravidez. O francês Le Monde trouxe reportagem no domingo relatando o aumento da pobreza no Brasil, que ocorre quando a pandemia Covid-19 se agrava. "Enquanto a barreira dos 400 mil mortos foi superada no final de abril, o presidente da extrema direita, Jair Bolsonaro, afirma não ter cometido 'nenhum erro' na gestão da crise". Escreve o correspondente Bruno Meyerfeld: "35 milhões de brasileiros – de uma população total de 210 milhões – vivem em extrema pobreza, com menos de 38 euros por mês, um valor acima de 45% em relação a 2019. Nas grandes cidades, pontos de distribuição de lanches embalados, mantidos por ONGs locais, reúnem milhares de pessoas todos os dias. Portanto, o cumprimento de qualquer contenção é impossível para um grande número de brasileiros". O principal jornal da França replica ainda reportagem da France Presse sobre as manifestações pró-Bolsonaro ocorridas no sábado nas principais capitais brasileiras. "Comícios em apoio ao presidente brasileiro foram realizados em várias cidades importantes do país, incluindo Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro", informa. O texto destaca que poucos protestos da oposição foram planejadas para o 1º de Maio, mas os principais políticos da oposição de direita e esquerda, estavam a participar de um ao vivo em redes sociais. Entre tais personalidades, o ex-presidente Lula que deve disputar um terceiro mandato contra Bolsonaro em 2022. O argentino Clarín destacou que milhares de brasileiros desafiam a pandemia e marcham a favor e contra Jair Bolsonaro no final de semana. Apesar das restrições devido ao coronavírus, houve manifestações em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e outras cidades. "A Avenida Paulista, em São Paulo, epicentro das grandes comemorações pelas conquistas e manifestações populares, reuniu centenas de pessoas no sábado com cartazes em defesa do líder de extrema direita", diz o jornal. "Alguns até apelam a uma intervenção militar liderada por ele contra os poderes Judiciário e Legislativo". O Página 12 também deu destaque no domingo às manifestações de apoio a Bolsonaro nas cidades brasileiras, no momento em que o país ultrapassa as 400 mil mortes por Covid. O presidente do Brasil sobrevoou as manifestações em um helicóptero. O jornal argentino noticia nesta segunda que milícias de direita crescem no Rio de Janeiro. Grupos armados que estão em sintonia com a ideologia de Jair Bolsonaro. "O Brasil é um coquetel explosivo, mas não apenas pela falta de controle sanitário. Milhares de partidários de Jair Bolsonaro saíram às ruas no dia 1º de maio gritando 'Eu autorizo' e deram ao presidente rédea solta para convocar as Forças Armadas com o objetivo de impor a livre circulação da população", escreve Gustavo Veiga. "Se a saída dos militares de seus quartéis é uma ameaça potencial de autogolpe, as milícias de extrema direita que estão em sintonia com as idéias do chefe de Estado são uma realidade. E uma realidade crescente". Ele cita a pesquisa A expansão das milícias no Rio de Janeiro realizada pelo Grupo de Estudos de Novas Ilegalidades (GENI) da Universidade Federal Fluminense e Observatório das Metrópoles da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Eric Nepomuceno escreve no Página 12 sobre suas memórias de abril, que em 2015 levou Eduardo Galeano, e em 2014, Gabriel García Marquez. O mês agora o aterroriza este ano: "Houve um abril, do macabro 2021, que acabou com meu país destruído sob o comando de um genocida e sua gangue de inúteis para outra coisa senão cumplicidade com o horror", escreve. "A perspectiva é que até o final de junho a marca de 500 mil mortos seja atingida. Dos 5.170 municípios brasileiros, apenas 49 têm população de meio milhão de habitantes. Essa é a dimensão da tragédia. De genocídio". INTERNACIONAL O New York Times destaca em manchete de capa que alcançar a 'imunidade de rebanho' é improvável nos EUA, acreditam os especialistas. Variantes de coronavírus em ampla circulação e hesitação persistente sobre vacinas manterão a meta fora de alcance. O vírus veio para ficar, mas vacinar os mais vulneráveis pode ser o suficiente para restaurar a normalidade. O jornal mostra preocupação ainda com o descontrole da pandemia na Índia, considerada "um perigo para o mundo". E lembra que Peru, Brasil e outros países da América do Sul também estão passando por ondas devastadoras. Índia e América do Sul são os grandes epicentros da pandemia, com mais de 800 mil casos registrados diariamente. Já o Wall Street Journal informa que o plano do presidente Joe Biden de gastar US$ 4,5 trilhões sem aumentar os déficits depende de fatores que estão além de seu controle. Ele está propondo gastar essa quantia triliardária em 10 anos em infraestrutura e programas sociais sem aumentar a tinta vermelha, uma meta que depende da manutenção do apoio político para aumentos de impostos para pagar por isso". |
AS MANCHETES DO DIA |
Folha: Produção prevista é capaz de vacinar todos os adultos Estadão: 'Boom' do minério de ferro gera emprego e investimentos O Globo: Se mantiver ritmo, país pode vacinar prioritários até junho Valor: País terá investimentos de R$ 48 bi após leilões El País (Brasil): Após atos de apoio, Bolsonaro encara opositores na CPI da Covid e périplo de Lula em Brasília BBC Brasil: O exército de 5,9 milhões de desempregados de fora do índice oficial UOL: Volume encomendado de vacinas em 2021 é suficiente para todos os adultos G1: Índia e Brasil: entenda os 4 fatores que levaram os dois países ao colapso na pandemia R7: Caixa libera nesta segunda (3) saque do auxílio emergencial para 2,17 milhões de beneficiários Luis Nassif: Luta pela reconstrução do Brasil começa agora, diz Dilma Tijolaço: Hora de partir para a jugular! Brasil 247: Foco de Lula em Brasília é convencer oposição a lutar por auxílio emergencial de R$ 600 DCM: Lula quer oposição unida por auxílio emergencial de R$ 600 Rede Brasil Atual: Campanha de vacinação de Bolsonaro pagou R$ 17,8 milhões a TVs para falar de 'Brasil imunizado' Brasil de Fato: Ameaças, estupros e prostituição: os impactos do garimpo ilegal para as mulheres Ópera Mundi: Colômbia: após militarizar país contra protestos, Duque desiste de reforma tributária Vi o Mundo: Eliara Santana: No JN do 1º de Maio, Lula e Dilma falam de reconstrução do Brasil e volta por cima Poder 360: 45% avaliam que participação de militares no governo é ruim para o Brasil NYTimes: "Imunidade de rebanho" diminui com o ritmo de vacinas Washington Post: Talibã amplia controle de estradas WSJ: A aposta de Biden para conter déficit e gastar mais enfrenta grandes obstáculos Financial Times: Ações de grupos de cheques em branco caem com aumento da cautela dos investidores The Guardian: Conservador veterano diz que Johnson deveria desistir porque quebrou as regras de doações The Times: Distanciamento social a ser eliminado Le Monde: Desconfinamento nacional sob condições locais Libération: Roberto Saviano: "A crise migratória ilustra todas as más políticas da Europa El País: Governo retifica seu plano de eliminar a tributação conjunta no IRPF El Mundo: Moncloa já se prepara para uma derrota: "O 4 de Maio não é extrapolável" Clarín: Agora no governo dizem que o funcionário rebelde de La Cámpora vai sair, mas não já Página 12: O protocolo, ausente Granma: Com Abdala, Cuba dá mais um passo firme rumo à imunização Diário de Notícias: PSD recupera. Soma da direita volta a ser superior ao resultado dos socialistas Público: Face aos prejuízos, casinos negociam com governo "resgate" do setor Frankfurter Allgemeine Zeitung: Israel em luto Süddeutsche Zeitung: As comparações nazistas não perderam nada no espectro democrático The Moscow Times: UE convoca embaixador russo sobre sanções de retaliação Global Times: PIB de Hong Kong com alta de 7,8% no primeiro trimestre, após 6 trimestres consecutivos de declínio Diário do Povo: Xi envia condolências ao presidente israelense pela fatalidade mortal |
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