O depoimento abrasivo do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta na CPI da Covid, no qual acusa Bolsonaro de ignorar alertas sobre a gravidade da pandemia ganha as manchetes da Folha, O Globo e a edição brasileira do El País e repercute na imprensa internacional. Ele entregou carta à CPI endereçada a Bolsonaro alertando sobre o colapso da saúde. O depoimento é o tema principal dos colunistas de jornais, que também têm outros dois assuntos em destaque: 1) a morte do ator Paulo Gustavo, vítima da Covid, que comove o país e ganha impacto na mídia estrangeira; e 2) A promessa dos EUA de envio de US$ 20 mi em medicamentos para intubação ao Brasil. O ator é o maior fenômeno de público da história do cinema do país. De volta à pandemia e seus desdobramentos na política, jornais destacam que a situação do presidente Bolsonaro ficou fragilizada diante das revelações do ex-ministro. DCM observa que aliados reclamam que Bolsonaro não tem estratégia na CPI. O relator da CPI, Renan Calheiros diz que o depoimento de Mandetta 'mostra que Bolsonaro divergiu das orientações científicas'. Folha destaca que Mandetta afirma à CPI que Bolsonaro ignorou alertas, enquanto O Globo ressalta que Bolsonaro ignorou ciência contra a Covid, diz Mandetta à CPI. El País diz na manchete principal que Mandetta impõe desgaste a Bolsonaro na CPI, mas é Teich quem pode emparedar o Planalto. Já o Estadão traz outro tema como assunto principal, igualmente grave: Governo só confirma compra de metade das vacinas anunciadas. Das 560 milhões de doses anunciadas só metade será de fato adquirida. Embora já tenha iniciado distribuição da vacina de Oxford, pasta diz que compra do lote ainda está em negociação. A Associated Press distribuiu despacho destacando a declaração do ex-ministro: Bolsonaro estudou decreto sobre cloroquina para Covid. À CPI, ele afirmou que o presidente cogitou a edição de um decreto oficialmente ampliando o uso do medicamento antimalárico cloroquina para pacientes, embora estudos tenham considerado ineficaz. Reuters deu o mesmo destaque: Inquérito da Covid-19 revelou a fé cega de Bolsonaro na cloroquina. "O ex-ministro da saúde do Brasil disse em um inquérito parlamentar na terça-feira que o governo de direita do presidente Jair Bolsonaro sabia muito bem que o tratamento que defendiam para os pacientes com Covid-19 não tinha base científica", aponta a reportagem. Veja a repercussão internacional em Brasil na Gringa. O Globo reporta que a oposição vai pedir que Nelson Teich explique hoje em seu depoimento a pressão do governo por protocolo para cloroquina. O jornal lembra que o ex-ministro já admitiu que a atuação a favor do uso do medicamento colaborou para a sua saída da pasta. Jornais relatam ainda que o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues e o relator Renan Calheiros querem convocar Paulo Guedes para prestar depoimento. Randolfe quer que Guedes explique na CPI 'amigo da Inglaterra' que forneceria 40 milhões de testes. Outro destaque nos jornais relativo à CPI é o comunicado do ex-ministro Eduardo Pazuello de que não poderia prestar depoimento à CPI, alegando problemas de saúde. A "amarelada" do General é confirmada pelo Globo, que traz reportagem revelando que, durante as sessões de preparação para o seu depoimento na CPI, Pazuello estava nervoso. O pedido de adiamento é visto na mídia como uma fuga. No Globo, Malu Gaspar informa que o comandante do Exército trabalha para descolar a imagem de Pazuello dos militares. Bolsonaro está encrencado, porque os crimes de responsabilidade ficaram ainda mais evidentes. O depoimento do ex-ministro, que recebeu bordoadas da Folha – Mandetta cita dados incorretos sobre vacinas e testagem em massa na CPI da Covid –, rende inúmeras interpretações dos principais colunistas de jornais. COLUNISTAS Na Folha, Igor Gielow é certeiro: Pânico de Bolsonaro ganha corpo no roteiro dado por Mandetta à CPI da Covid. No Globo, Bernardo Mello Franco é certeiro: Segundo Mandetta, Bolsonaro fez aposta na morte diante da pandemia. Míriam Leitão destaca o ataque do ex-ministro ao Chicago boy: Mandetta diz que Guedes é 'desonesto intelectualmente' e pequeno para o cargo. A Coluna do Estadão ressalta que a CPI vê carta de Mandetta a Bolsonaro como primeira 'prova' de omissão do presidente. Na Folha, Vinícius Torres Freire comenta a iniciativa do Congresso de tratar da reforma tributária – pode morrer na praia poluída de Bolsonaro. "Governismo relança plano de mudança menor, também para tentar tirar a atenção sobre a CPI", observa. No Estadão, Rosângela Bittar critica o ministro da Justiça –Podem me chamar de '05'. Ela diz que Anderson Torres mimetiza a família presidencial. "Ameaçou os senadores com a requisição, para a CPI, dos inquéritos da Polícia Federal, sob sua jurisdição, e que tratam da aplicação das verbas da pandemia. Num acesso de criatividade, repetiu o bordão popularizado mundialmente pelo misterioso Garganta Profunda: siga o dinheiro", escreve. Sobre as derrotas de Bolsonaro nesta terça-feira, escreve Fernando Brito, no Tijolaço: "Mal começava o depoimento de Luiz Mandetta na CPI, a fuga de Eduardo Pazuello do compromisso de depor, na terça, diante dos senadores. Um ato de covardia desmoralizante, que não só virou deboche para os opositores de Bolsonaro como criou uma imensa repercussão nas Forças Armadas. Por estar na ativa, a fuga de Pazuello teve de ser referendada – não sem muito mal-estar –, pelo comando do Exército e tornou palpável o medo de que um oficial-general possa ser objeto de uma condução 'sob vara' para testemunhar. Algumas horas depois, o depoimento de Madetta desenhou, com linhas bem claras o fato de que funcionava, no Planalto, um 'gabinete do vírus", que assessorava o negacionismo presidencial, com charlatanismos e subversão às medidas de isolamento social". GUEDES Alvo da CPI, Paulo Guedes surge nos jornais mostrando mais uma vez sinais de descolamento da realidade. Ele afirma que país está numa fase turbulenta, mas prevê a queda do dólar. A alienação de Guedes parece evidente diante de notícias graves, como a de que o endividamento cresceu entre os mais pobres com pandemia e paralisação do auxílio emergencial. Em abril, 22,3% dos brasileiros com renda de até R$ 2,1 mil indicavam ter dívidas, segundo FGV Ibre. Em outra declaração que deve irritar o Palácio do Planalto, o ministro da Economia disse que o PT merecidamente ganhou quatro eleições após criar o Bolsa Família. Para ele, o programa de transferência de renda aos mais pobres foi uma "belíssima iniciativa". "[O PT] ganhou quatro eleições seguidas merecidamente, porque fez a transferência de renda para os mais frágeis com um bom programa. Um programa que envolvia poucos recursos e que tinha um altíssimo impacto social", declarou o ministro, em audiência pública na Câmara. BANCOS Ainda na economia, uma outra notícia que confirma a máxima de que, no Brasil, só os ricos têm motivos para sorrir. O lucro do Bradesco sobe 73,6% e atinge R$ 6,5 bilhões no 1º trimestre. A alta é, em parte, reflexo de uma redução no volume de reservas feitas pelo banco para cobrir eventuais calotes, cautela adotada no ano passado para tentar conter possíveis impactos da crise do coronavírus. No primeiro trimestre, o Bradesco provisionou R$ 3,9 bilhões – redução de 41,8% em relação a igual período de 2020 e de 14,5% em comparação aos três meses anteriores. LSN Jornais destacam que a Câmara aprovou o projeto da nova Lei de Segurança Nacional. A nova norma, que trata de crimes contra o Estado Democrático de Direito, é criticada por ter sido pouco discutida. O projeto, que ainda precisa ser analisado pelo Senado, revoga a legislação adotada durante a ditadura militar. Diante do uso recente da norma para enquadrar críticos ou aliados do presidente, a nova redação busca tratar de crimes contra o Estado Democrático de Direito. BRASIL NA GRINGA O inglês The Guardian repercute o depoimento de Luiz Henrique Mandetta à CPI da Covid. Bolsonaro ignorou repetidos avisos sobre Covid, diz o ex-ministro da saúde – diz a manchete de página. "Luiz Henrique Mandetta diz no inquérito do Senado que presidente estava ciente de que sua resposta anticientífica corria o risco de 'morte em enorme escala'. "Jair Bolsonaro ignorou os repetidos avisos de que sua resposta anticientífica à Covid-19 estava levando o Brasil por um 'caminho extremamente perigoso' e colocando dezenas de milhares de vidas em risco, afirmou o ex-ministro da saúde do país", escreve o correspondente Tom Phillips. O português Diário de Notícias também reporta o depoimento do ex-ministro. Mandetta acusa atitude de Bolsonaro de ter "impacto negativo" na pandemia – diz o título da reportagem do correspondente João Almeida Moreira. "Ministro da Saúde até abril de 2020, Luiz Henrique Mandetta foi ouvido em CPI que apura responsabilidades do governo nos mais de 400 mil mortos", diz a matéria. "Vi documento no Planalto a mandar colocar nas bulas da cloroquina que era indicada para a doença", denunciou. New York Times destaca na primeira página que enquanto a Covid assola os países mais pobres, as nações ricas voltam à vida. "Apesar dos votos iniciais, o mundo desenvolvido pouco fez para promover a vacinação global, o que os analistas chamam de falha moral e epidemiológica", opina. "No Brasil, onde milhares morrem diariamente, as autoridades receberam apenas um décimo das doses da AstraZeneca que foram prometidas até o meio do ano". Financial Times reporta que o Brasil terá agora como forma de pagamentos pessoa a pessoa o WhatsApp. O aplicativo de mensagens do Facebook é retomado um ano depois de ser bloqueado pelos reguladores. O aplicativo anunciou que traria de volta as transferências de pessoa para pessoa gratuitamente no país sul-americano, seu segundo maior mercado com 120 milhões de usuários, enquanto busca planos para introduzir pagamentos para empresas no país. O tema também ganhou reportagem na Reuters. O britânico The Times noticia que supermercados britânicos ameaçam boicote ao Brasil por causa da destruição da floresta amazônica. Eles ameaçam boicotar produtos do Brasil se o Congresso Nacional votar a favor de um projeto de lei que poderia permitir a destruição mais rápida da floresta amazônica. As mesmas 40 empresas fizeram ameaça semelhante há um ano e a proposta foi retirada antes de ser levada a votação. Outro assunto sobre o Brasil na mídia estrangeira é a notícia do adolescente que matou três crianças, duas funcionárias em uma creche numa cidade de Santa Catarina. A notícia ganha repercussão global com jornais reproduzindo despachos de agências internacionais de notícias como Reuters e Associated Press. O episódio aconteceu em Saudade (SC). Um adolescente arrombou uma creche e esfaqueou três crianças e dois trabalhadores até a morte na terça-feira antes de ser dominado pela polícia. INTERNACIONAL O New York Times destaca em manchete que o presidente Joe Biden mudou a estratégia de vacinação para reabrir em 4 de julho. Encarando a redução na taxa de vacinação e uma esperança de quase normalidade até o Dia da Independência, Biden diz que o governo mudaria os focos de vacinação em massa para locais. Washington Post também aponta como o principal assunto na sua edição desta quarta-feira, a definição por Biden das novas metas de vacina, enquanto a Casa Branca luta com sua mensagem para 4 de julho. A Casa Branca quer vacinar 70% dos adultos até o Dia da Independência. Wall Street Journal revela como assunto principal a existência de uma "prisão do Facebook": as regras secretas que colocam os usuários na "casinha de cachorro". O Conselho de Supervisão do site deve decidir sobre o caso de Donald Trump na quarta-feira. Quebrar as regras do Facebook pode significar postagens removidas e privilégios bloqueados, mas um grande número de diretrizes para moderadores não foram tornadas públicas. O outro assunto importante do WSJ é o anúncio da secretária do Tesouro dos EUA de que não está prevendo taxas de juros mais altas. Ela voltou atrás. Antes, sugeriu que as taxas podem subir. Essa notícia é o segundo grande destaque do Financial Times: Yellen diz que as taxas podem ter que subir para evitar 'superaquecimento'. No Reino Unido, The Times informa que uma terceira vacina Covid será oferecida a todas as pessoas com mais de 50 anos no outono. O jornal diz que o reforço é uma tentativa de erradicar totalmente a ameaça da Covid até o Natal, e pode ser oferecido ao mesmo tempo que a vacina anual contra a gripe. O artigo sugere que a dose seria dada apenas a pessoas com mais de 50 anos e aqueles com problemas de saúde subjacentes, que estão em maior risco. Na Argentina, Clarín dá na manchete principal a reação do governo de Alberto Fernández à decisão da Suprema Corte para retomar aulas presenciais – pedido da Prefeitura de Buenos Aires – e apressa lei para regulamentar restrições sanitárias. A Casa Rosada rejeitar decisão do STF. Página 12 destaca que o governo declarou que a resolução do tribunal, endossando a posição do governo de Buenos Aires, não tem efeitos práticos e constitui apenas um comunicado midiático e político. Fernández considera que a nova DNU continua em vigor e mantém posição de encaminhar ao Congresso projeto de lei que defina os parâmetros sobre os quais serão tomadas as próximas providências. A reação de Cristina Kirchner à decisão do Supremo: "Os golpes não são mais como eram". Na Espanha, a vitória de Isabel Ayuso na disputa pela prefeitura de Madri representa uma dura derrota para a esquerda. O assunto é manchete nos jornais europeus e latinos. Apontada como a versão espanhola de Donald Trump, Ayuso varreu a esquerda nas urnas e dobrou o resultado obtido em 2019. O PP ganhou mais cadeiras do que toda a esquerda junta. O PSOE obtém o pior resultado de sua história e o Más Madrid supera os socialistas. As urnas provocaram um terremoto no Podemos: Pablo Iglesias renunciou após a derrota. Ele anunciou que está saindo da política. |
AS MANCHETES DO DIA |
Folha: Mandetta afirma à CPI que Bolsonaro ignorou alertas Estadão: Governo só confirma compra de metade das vacinas anunciadas O Globo: Bolsonaro ignorou ciência contra a Covid, diz Mandetta à CPI Valor: Após Pix, pagamento digital ganha força com WhatsApp El País (Brasil): Em CPI, Mandetta impõe desgaste a Bolsonaro, mas é Teich quem pode emparedar o Planalto BBC Brasil: Covid: 5 motivos que explicam por que Índia recebe mais ajuda do mundo que Brasil UOL: Brasil tenta obter doses excedentes da AstraZeneca para acelerar vacinação G1: Paulo Gustavo morre aos 42 anos, vítima da Covid R7: Caixa libera saque do auxílio emergencial para 2,38 milhões de beneficiários nascidos em abril Luis Nassif: O risco país e os movimentos de capitais Tijolaço: Tudo dá errado com Jair. E vai piorar, com o 'gabinete do vírus' Brasil 247: Paulo Gustavo, um dos atores mais populares do Brasil, morre de Covid-19 DCM: Aliados reclamam que Bolsonaro não tem estratégia na CPI do Genocídio Rede Brasil Atual: Paulo Coelho lista "os assassinos" de Paulo Gustavo Brasil de Fato: Câmara aprova texto-base de projeto que revoga Lei de Segurança Nacional Ópera Mundi: ONU condena assassinato de manifestantes pela polícia na Colômbia Vi o Mundo: Veja como foi o Reencontro do Tribunal Popular que condenou a Lava Jato em 2017 Fórum: Citado por Mandetta, Carlos Bolsonaro pode ser convocado à CPI do Genocídio Poder 360: Lobby da vacina passa policiais à frente de pessoas com fatores de risco New York Times: Conforme as vacinações diminuem, Biden ajusta a estratégia para uma resposta local Washington Post: Biden define nova meta de vacina, de olho nos céticos WSJ: Livro de regras secreto do Facebook confunde usuários penalizados Financial Times: "Frenesi" de compras leva os empréstimos hipotecários a uma alta recorde em março The Guardian: Alarme trabalhista: dados do partido apontam para o colapso no apoio The Times: Acima de 50 anos terá oferta de terceira dose antes do inverno Le Monde: Como a crise de saúde agravou a pobreza Libération: Tiro de LBD. As imagens que condenam a polícia El País: Ayuso arrasa em Madri El Mundo: Ayuso nocauteia a Sánchez e acaba com a carreira de Iglesias Clarín: Abertura de escolas: o governo minimiza a falha da Corte Página 12: Que a Corte Granma: As respostas de Marx Diário de Notícias: Teletrabalho veio para ficar nos serviços. Na indústria não é bem visto Público: Internet para os mais pobres terá atribuição automática e dará acesso às redes sociais Frankfurter Allgemeine Zeitung: A felicidade desta terra... Süddeutsche Zeitung: Coalizão luta pela neutralidade climática antes de 2050 The Moscow Times: Fabricante russo de vacina contra o coronavírus estudando a terceira dose de reforço Global Times: Vermelho e promissor, 4 de maio: os jovens levam o 'turismo vermelho' para a corrente principal Diário do Povo: 4 de maio, espírito celebrado |
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