segunda-feira, 13 de julho de 2020

Membro do gabinete do ódio investigado por ameaçar colunista do EL PAÍS

Brasil

Há dois anos a antropóloga e colunista do EL PAÍS Debora Diniz vive fora do Brasil devido a seguidas ameaças de morte. Reportagem de Breiller Pires revela que, no centro dessa rede de intimidação à ativista por direitos das mulheres e professora da Universidade de Brasília (UnB) está o secretário parlamentar Guilherme Julian Victor Freire, 28 anos, que trabalha no gabinete do deputado federal Hélio Lopes —braço direito do presidente Jair Bolsonaro. Guilherme Julian foi processado por Diniz por injúria, difamação e ameaça. Ele integra o grupo que coordena redes sociais bolsonaristas investigado na CPI das Fake News como “gabinete do ódio”. No processo ao que o EL PAÍS teve acesso o assessor parlamentar é apontado como criador de uma página que atacou a professora por sua argumentação, no STF, em defesa da descriminalização do aborto até a 12ª semana de gravidez. “Não saí do Brasil porque fui ameaçada, mas para proteger outras pessoas”, afirma Diniz. Na reportagem, contamos como o assessor, que está na mira do Ministério Público do Ceará, ganhou notoriedade por criar e alimentar páginas de extrema direita. Em um vídeo, o próprio Bolsonaro admitiu que o Endireita Fortaleza foi “um dos pioneiros nessa criação dos grupos de WhatsApp”.
E ainda nesta edição, abordamos diferentes aspectos da chegada do novo coronavírus às comunidades indígenas no Brasil. Em Roraima, uma missão médica das Forças Armadas foi às aldeias Yanomami cercada de controvérsia e sob pressão para prestar atendimentos sem desrespeitar a cultura da etnia, conforme narra a correspondente Naiara Galarraga Gortázar. “Aqui não há coronavírus. Aqui temos diarreia, lombrigas, tuberculose, pneumonia…”, afirma Rivamar Tuxaba, apavorado com a possibilidade de que a doença chegue em um dos aviões que aterrissam perto da sua aldeia. A tragédia da covid-19 não causa dor somente entre os Yanomami. Já são mais de 8.000 indígenas infectados e 184 mortos no país, segundo o Governo, e mais de 400 segundo a contabilidade da associação de povos originais. A repórter Beatriz Jucá descreve como o avanço da pandemia entre os indígenas provocou a suspensão dos rituais fúnebres de várias etniasgraças aos protocolos contra a disseminação da doença, o que preocupa pelo prolongamento do luto entre as pessoas que perderam seus entes queridos. No Xingu, não vai haver Kuarup, a grande festa do fim do luto, neste ano. “Agora, quem morre não vai ser bonito no mundo dos mortos. O parente pode passar o resto da vida no outro mundo com vergonha”, diz Takumã Kuikuro. “O coronavírus está quebrando a nossa crença. Você não vê o morto, não pode pintar nem abraçar. Todo mundo tem que se afastar. Isso dói, está machucando a nossa espiritualidade.”
E ainda, quem foi Walter Mercado, o astrólogo porto-riquenho celebrado pelo documentário Ligue djá, que estreou na Netflix. “Se você é diferente, continue sendo. Não se preocupe. Ser diferente é um dom. Ser normal é o comum”, disse Aída María Salinas Vidal, mãe de Walter, ao seu filho, que tornaria-se um ícone em vários países, entre eles, o Brasil.

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