Uma dor de cabeça (e um alívio) para Bolsonaro

A decisão do Facebook de derrubar uma rede de perfis ligada aos Bolsonaro segue dando mostras de que pode ser uma dor de cabeça para o Planalto. Entre os alvos do gigante tecnológico está Tércio Arnaud, o “rapaz das redes” do presidente, treinado para ser o número dois da estratégia digital do clã, atrás de Carlos Bolsonaro. Reportagem de Afonso Benites conta como Arnaud, que teve uma ascensão meteórica, é o símbolo de que a ação da rede de Mark Zuckerberg pode dar combustível a investigações já em curso sobre a máquina de propaganda da família presidencial. Representantes da CPI das Fake News, que volta a funcionar no Congresso em agosto, já disseram que vão convocar os envolvidos a depor e solicitar dados ao Facebook. O ministro do STF Gilmar Medes também mandou recado: a derrubada mostra a importância do inquérito das notícias falsas que tramita na Corte e também acossa apoiadores do presidente. Mas nem tudo é problema para Jair Bolsonaro. O clã presidencial anotou uma estratégica vitória nesta quinta. Fabrício Queiroz, pivô do escândalo que investiga se Flavio Bolsonaro confiscava salário de seus assessores, deixará a prisão. O ex-PM amigo da família presidencial estava preso desde 18 de junho, mas o presidente do STJ, João Otávio de Noronha, resolveu conceder prisão domiciliar não só a Queiroz como também a sua mulher —também investigada e ainda foragida. A saída da cadeia alivia o temor no entorno governista de que Queiroz ou alguém de sua família pudesse decidir colaborar com a Justiça. Ainda nesta edição, uma entrevista com Milton Barbosa, um dos fundadores do Movimento Negro Unificado, criado em plena ditadura militar. Em entrevista à Daniela Mercier, Barbosa diz que mesmo a esquerda demorou a se engajar na luta contra o racismo. “Quando a ditadura pegou pesado, prendeu, torturou, matou, eles tiveram que fugir. E foi nos Estados Unidos, na Europa, que eles descobriram que eram não brancos”, provoca. Dos EUA, Antonia Laborde, escreve sobre o cabelo afro natural, um símbolo da luta pelos direitos civis no país, que ainda é uma motivo para a discriminação racial.

O “rapaz das redes” de Bolsonaro na trama desbaratada pelo Facebook Número dois da estratégia digital, atrás de Carlos Bolsonaro, é símbolo da rede suspensa que pode virar dor de cabeça para Governo no TSE e Supremo