terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Análise de Mídia - 23/02/202

 

DOS JORNAIS DE HOJE: Nas capas de todos os jornais o destaque é o mesmo, o prejuízo provocado pela intervenção de Jair Bolsonaro na Petrobrás. As reportagens sobre o tema têm como fontes analistas e economistas ligados ao mercado financeiro. A Folha informa que o apoio da “Faria Lima” ao governo Bolsonaro “está por um fio”. Os jornais consideram que a resposta do governo deva vir com a diminuição da participação do Estado na Eletrobrás. Além disso, outro assunto que está entre o debate econômico e político é PEC Emergencial que pode acabar com o piso de investimentos em educação e saúde.

 

CAPA – Manchete principal: *”Mercado reage a Bolsonaro, e indicadores do país derretem”*

EDITORIAL DA FOLHA - *”Desorganização letal”*: Em várias partes do país soam alarmes de aceleração da doença causada pelo coronavírus. O estado de São Paulo acaba de bater o recorde de internações pela moléstia infecciosa em unidades intensivas desde o início da pandemia.No pico anterior, em julho de 2020, o estado mais populoso do Brasil registrou 6.257 pessoas hospitalizadas simultaneamente em UTIs em razão da Covid-19. Nesta segunda (22), foram 6.410. Em Araraquara, a escalada de pacientes acorrendo aos hospitais levou a prefeitura a decretar um lockdown —o recolhimento obrigatório, sob pena de multa, dos cidadãos em suas casas, excetuadas situações excepcionais. Outras cidades, como Campinas e São Bernardo, flertam com o colapso. No Brasil tomado em conjunto, os dados não são melhores. Há um mês, os óbitos diários em decorrência da Covid-19 mantêm-se acima de mil. Num ano normal, morrem no Brasil cerca de 3.800 pessoas em média por dia, de todas as causas. A virose epidêmica hoje responde por 1 em cada 4 óbitos. As razões do descontrole já foram exaustivamente debatidas e estão associadas à desídia do presidente da República. Além de boicotar as ações sanitárias, o governo não se preparou para ter vacinas com rapidez e em volume suficiente para domar a pandemia. E o pior é que a gestão não dá sinais de aprender com seus erros.
Demorou demais até o Ministério da Saúde, em desorganização criminosa, orientar estados e municípios a administrarem todas as doses disponíveis, em vez de reservarem metade para a segunda aplicação à frente. A epidemia galopante obviamente justifica dobrar o número de imunizados com uma dose no curtíssimo prazo. Os trâmites para a obtenção e o fabrico de imunizantes, bem como os critérios de distribuição do ralo estoque, continuam envolvidos numa atmosfera cartorial e burocrática. A Fiocruz começará a ter regularidade na distribuição apenas na segunda quinzena de março, na melhor das hipóteses. Picuinhas nacionalistas emperram acordos com firmas farmacêuticas. O volume de doses administradas no Brasil abrange cerca de 3% da população, ante 15% no Chile. Os EUA, desprovidos de sistema público como o SUS, aplicam a cada quatro dias a quantidade de vacinas que o governo brasileiro levou mais de um mês para inocular. Reino Unido e Israel, na vanguarda da vacinação mundial, já começam a esvaziar hospitais e a planejar a volta gradual à vida normal. Enquanto isso, o Brasil caminha na contramão, com o contágio acelerado por variantes mais infecciosas, a brutal carência de vacinas e a exaustão de serviços hospitalares. Desorganização mata.

GUILHERME BOULOS - *”Doutor Sócrates”*: "Quando eu era jogador, minhas pernas amplificavam minha voz. Se as pessoas não tiverem o poder de dizer as coisas, eu vou dizer por elas". Sócrates Brasileiro teria completado 67 anos na semana passada. Não tive o privilégio de vê-lo jogar. Em minha infância, a camisa oito corintiana era vestida por Ezequiel, por Wilson Mano, com aquele estilo "raçudo" oposto ao do Doutor. Tom Cardoso conta na biografia de Sócrates que seu pai, Raimundo —leitor de Platão, de onde tirou a inspiração filosófica para o nome do filho—, gritava enlouquecido nos jogos do Botafogo de Ribeirão Preto, onde o craque iniciou sua carreira: "Oito, sai da sombra". O jovem de personalidade forte, que combinava o gênio futebolístico com a formação em medicina e a boemia no bar do Leo, tinha um estilo majestoso em campo. Desnecessário dizer que, mais adiante, isso lhe causou atritos com a torcida corintiana. Muitas vezes nós preferimos um carrinho na lateral do que passes de calcanhar. Mas o Doutor terminou por conquistar a todos.
Além de grande craque, ele era uma voz. Com o país fervendo ante o declínio lento e gradual da ditadura militar, Sócrates foi o símbolo da Democracia Corinthiana, um experimento único no futebol, que questionou o ambiente autoritário, dando poder a jogadores e funcionários. Liderado por ele, Wladimir e Casagrande e potencializado por Adilson Monteiro Alves, o movimento foi além do esporte. Quando, na final do campeonato paulista de 1983, os jogadores entram em campo com a faixa "Ganhar ou perder, mas sempre com democracia", ali havia um recado direto à ditadura. O capitão da brilhante seleção de 82 era um contestador nato. Apoiou a candidatura do metalúrgico Lula ao governo de São Paulo naquele ano, frequentou os comícios pelas Diretas e chegou a condicionar sua permanência no futebol brasileiro à aprovação da emenda Dante de Oliveira. De fato, após a vitória momentânea da ditadura, deixou o Brasil rumo ao futebol italiano. Antes disso, já havia recusado uma oferta milionária da Roma, alegando que trairia seus próprios valores se fosse movido apenas por dinheiro. Sócrates entendeu que o futebol, pelas paixões que mobiliza, é um fenômeno político. Suas pernas amplificavam sua voz. Numa entrevista a Juca Kfouri, ele classificou as torcidas organizadas como um dos maiores movimentos populares do Brasil e que, se politizadas, mudariam as coisas não só no futebol. As manifestações antifascistas do ano passado talvez tenham sido um prelúdio. Olhando o Brasil de hoje e sua dramática semelhança com dilemas dos anos 80, Sócrates se agiganta ainda mais.
Que falta faz o Doutor.

*”Em nenhum momento a pandemia assolou o Brasil como agora”* - “E assim acaba o mundo. Não com uma explosão, mas com um gemido”, concluía T. S. Eliot em “The Hollow Men”. Uma pandemia não é menos destrutiva que uma guerra. Pode, no entanto, ser desqualificada, total ou parcialmente. Sejamos claros: em nenhum momento a Covid-19 assolou o Brasil como agora. Crescem as internações e mortes. Disseminam-se variantes virais, provavelmente mais transmissíveis e talvez causando doença mais grave. Pior: é possível que essas variantes escapem à imunidade conferida pelas vacinas. Que essa não é uma situação sem esperança demonstram os exemplos da Nova Zelândia, Alemanha e Espanha. E o movimento coerente (ainda que tardio) do município de Araraquara (273 km de SP). Porém, vivemos uma epidemia de cegueira que ultrapassa as previsões de Saramago. O pacto coletivo de autoengano consistia em negar o que ocorre na Europa. Agora se estende a ignorar o colapso da cidade vizinha. Como entender que Araraquara e Jaú estejam em lockdown enquanto Bauru, a 55 km da última, faz passeatas pelo direito à aglomeração? Sem dúvida esse é um caso para análise em antropologia e ciências do comportamento. Não que se menosprezem os danos econômicos, sociais e psicológicos do distanciamento. Mas, na emergência da saúde pública, o valor intrínseco da vida deve ser reforçado. Não sabemos tudo, mas já acumulamos fortes evidências. As “medidas não farmacêuticas”, incluindo distanciamento social por fechamento de comércio, inibição de aglomerações e uso rigoroso de máscaras são o único (amargo) caminho para interromper a progressão da Covid-19.
Não conseguiremos vacinar a tempo. É possível que o vírus se antecipe à vacina, com suas mutações de escape. A transmissão do coronavírus gera oportunidades para surgimento de variantes. É urgente, pois, interrompê-la. Mas, se continuarmos a pensar que Araraquara e Jaú são longínquas ilhas do Pacífico, marcharemos rapidamente para o colapso da saúde. Não no estado de São Paulo, mas no país. Passamos pela fase da ilusão de “enterros falsos”. Muitos de nós já tiveram vítimas fatais na família. Também já estão soterradas as pílulas milagrosas —cloroquina, ivermectina e nitazoxanida. Os antivirais com resultados promissores são novos, caros, inacessíveis. O prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), já menciona a dificuldade em conseguir oxigênio. O caos está aqui, está em todo lugar. Pesa sobre nós uma escolha. De um lado temos o darwinismo social, em que aceitaremos a morte de centenas de milhares como uma pequena inconveniência suportada em nome da economia. Do outro, a chance de aprender com as lições positivas e negativas de outros países. Como bom exemplo, temos a Nova Zelândia. No extremo oposto, os Estados Unidos. Ainda há tempo para deixarmos de bater continência a réplicas da Estátua da Liberdade e reconhecermos que Donald Trump levou seu país ao fundo do poço da saúde pública.
Não será o fim do mundo, mas já é uma catástrofe sem precedentes. Silenciosa, exceto pelos ruídos de ambulâncias e ventiladores mecânicos, quando existem. Ou pelos gemidos daqueles a quem falta o ar. Uma agonia tão intensa e destrutiva quanto bombardeios.

Manipular politicamente o boicote às medidas óbvias de contenção da Covid-19 foi a receita para o caos, tanto nos Estados Unidos quanto no Amazonas. Não é muito desejar que aprendamos com nossos erros. “O que a vida quer da gente”, diria Guimarães Rosa, “é coragem”.
*Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza - Infectologista e professor da Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp)
*Luís Fernando Aranha Camargo - Professor de infectologia da Unifesp
*Dimas Tadeu Covas - Diretor do Instituto Butantan
*Marcos Boulos - Professor titular aposentado da Faculdade de Medicina da USP (FM-USP)
*Rodrigo Nogueira Angerami - Infectologista (Unicamp)
*Benedito Antônio Lopes da Fonseca - Professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP)
*Eduardo Massad - Professor da FGV-RJ e da USP
*Francisco Coutinho - Professor do Departamento de Patologia da FM-USP
*Gonzalo Vecina - Professor da Faculdade de Saúde Pública da USP

PAINEL - *”Investigação da PF contradiz tese de Bolsonaro sobre aumento de preços da gasolina por causa do PCC”*: A relação feita por Jair Bolsonaro entre o preço dos combustíveis e fraudes não coibidas em postos de gasolina não bate com tese defendida pela Polícia Federal. O presidente citou a presença do PCC no setor e mencionou que o preço poderia ser “no mínimo 15% mais barato”. O provável exemplo usado por Bolsonaro, porém, desmente a sua própria tese. A investigação da PF que trata da facção em postos traça cenário contrário: possível prática de concorrência desleal, com preços mais baixos. Bolsonaro citou o PCC no sábado (20), mas sem explicar a origem da informação. Sugeriu, no entanto, que a presença da facção contribuiria para preços altos. A PF apura na Operação Reis do Crime se a rede de postos Boxter, de São Paulo, foi utilizada para lavar dinheiro de integrantes da cúpula do grupo criminoso, entre eles Marcos Camacho, o Marcola. Na investigação, porém, a PF justificou a necessidade de prisão de alguns suspeitos como forma de garantir a ordem econômica. Para os policiais, como os postos serviam à lavagem de dinheiro do narcotráfico, eles tinham capacidade para manter “um preço economicamente mais viável, ou seja, mais barato, causando desta forma concorrência desleal”. A investigação prendeu 13 pessoas envolvidas no esquema em setembro de 2020. Ao pedir a prisão, o delegado diz que 40 dos 120 postos da rede Boxter seriam da família Cepeda, investigada por ligação com o PCC.

PAINEL - *”Ministros viram bombeiros e tentam conter desespero de empresários após intervenção de Bolsonaro na Petrobras”*: O impacto dentro do governo da declaração de Bolsonaro praticamente demitindo o presidente da Petrobras foi mais forte do que se imaginava. No final de semana, integrantes tiveram que agir para minimizar estragos principalmente junto ao empresariado. Fábio Faria (Comunicações) e Roberto Campos (Banco Central) foram os principais interlocutores. Prometeram anúncios positivos para a semana, como o projeto de lei de privatização dos Correios, além de outras medidas liberais. Os empresários ouviram as explicações, mas ainda esperam as ações.

PAINEL - *”Associação de farmacêuticas diz que mundo ocidental aceitou condições por vacinas e que Brasil deveria fazer o mesmo”*: A presidente da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), que representa os laboratórios das vacinas Pfizer e Janssen, afirma que o Brasil deveria, “como todo o mundo ocidental”, aceitar as condições das empresas para adquirir imunizantes. Segundo Elizabeth Carvalhaes, que participou de reunião com Rodrigo Pacheco (DEM-MG) nesta segunda (22), só Brasil, Venezuela e Argentina não toparam ainda.

PAINEL - *”Governo Bolsonaro nomeia discípulo de Olavo de Carvalho, que já relativizou tortura, para órgão antitortura”*: O governo Jair Bolsonaro nomeou Eduardo Miranda Freire de Melo para o Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, órgão responsável por prevenir e atacar a tortura e outros tratamentos desumanos ou degradantes. Seguidor de Olavo de Carvalho, escritor armamentista que já relativizou a tortura, Melo teve passagens turbulentas pelo Ministério da Educação (onde interrompia reuniões para orações em grupo) e pela TV Escola (entrou em conflito com Abraham Weintraub, que pediu sua demissão, sem sucesso). "Terrorismo e tortura, enfim, não estão no mesmo plano: aquele é hediondo em si, esta depende de graus e circunstâncias. E, quanto ao dano infligido, o da tortura quase sempre pode ser reparado, física e moralmente. Mas que reparação oferecer à vítima que teve o corpo feito em mil pedaços pela explosão de uma bomba? A Humanidade inteira admite essas verdades óbvias. Só uma classe de seres humanos as rejeita: os 'intelectuais de esquerda'", escreveu Olavo de Carvalho em artigo publicado no jornal O Globo em janeiro de 2001. Ex-Marinha, o novo integrante do comitê chegou a ser cotado para substituir Ricardo Vélez no MEC, de onde foi retirado quando houve demissão em bloco de olavistas da pasta. Também foi demitido da TV Escola, que não o mandou embora no momento do pedido de Weintraub, que o colocou na mira após tentar indicar pessoas para a associação e influenciar nos rumos na TV. Melo foi demitido pouco depois por sua performance considerada errática, contraindo gastos quando havia um projeto de enxugamento de custos na organização. Hoje ele atua como secretário-adjunto na pasta de Damares Alves. A Folha procurou o Ministério dos Direitos Humanos e perguntou sobre as qualificações de Melo para ocupar o posto, mas não teve resposta.
(...)

PAINEL - *”Vereadores do PSOL vão levar agenda eleitoral de Boulos para Câmara de São Paulo”*
PAINEL - *”Negacionismo de Bolsonaro levou ao caos, diz prefeito de São Bernardo do Campo, que vive pré-colapso”*

*”Huck ouve conselhos divergentes sobre candidatura e flerta com siglas da esquerda à direita”*

MÔNICA BERGAMO - *”PF registrou depoimento de testemunha que sequer foi ouvida, mostram novos diálogos da Lava Jato”*: Procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato de Curitiba afirmaram, em diálogos hackeados, que uma delegada da Polícia Federal lavrou o termo de depoimento de uma testemunha sem que ela tivesse sido ouvida. "Como expõe a Erika: ela entendeu que era pedido nosso e lavrou termo de depoimento como se tivesse ouvido o cara, com escrivão e tudo, quando não ouviu nada... DPFs [delegado da polícia federal] são facilmente expostos a problemas administrativos", afirmou Deltan Dallagnol em uma conversa por mensagens com o procurador Orlando Martello Júnior. O diálogo, do dia 26 de janeiro de 2016, foi enviado pela defesa do ex-presidente Lula ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta segunda (22). Autorizado pela Corte, o escritório Teixeira Zanin Martins Advogados, que representa o petista, está analisando as mensagens interceptadas ilegalmente por um hacker que invadiu os telefones celulares de autoridades. O material foi recolhido pela Operação Spoofing, que investiga a invasão dos aparelhos, e disponibilizado para a defesa do ex-presidente.
Na resposta a Dallagnol, o procurador Orlando Martello diz, segundo os diálogos transcritos pelo perito Cláudio Wagner, contratado pelos advogados de Lula: "Podemos combinar com ela [Erika] de ela nos provocar diante das notícias do jornal para reinquiri-lo ou algo parecido. Podemos conversar com ela e ver qual estratégia ela prefere. Talvez até, diante da notícia, reinquiri-lo de tudo. Se não fizermos algo, cairemos em descrédito. O mesmo ocorreu com padilha e outros. Temos q chamar esse pessoal aqui e reinquiri-los. Já disse, a culpa maior é nossa. Fomos displicentes!!! Todos nós, onde me incluo. Era uma coisa óbvia q não vimos. Confiamos nos advs e nos colaboradores. Erramos mesmo!". O texto foi mantido com a grafia original. Deltan Dallagnol, mais adiante, pondera: "Concordo. Mas se o colaborador e a defesa revelarem como foi o procedimento, a Erika pode sair muito queimada nessa... pode dar falsidade contra ela... isso que me preocupa". Os procuradores se referem à delegada apenas pelo primeiro nome. A Lava Jato era integrada por uma delegada, Erika Marena, que trabalhou nela desde seus primórdios e de forma estreita com a equipe de procuradores. Coordenadora das investigações, a policial chegou a ser apontada inclusive como responsável por batizar a operação. Não é possível, no entanto, saber se os diálogos se referem a ela. Em 2018, Marena foi convidada por Sergio Moro para integrar a equipe dele no Ministério da Justiça. Depois da saída dele, acabou exonerada.
A coluna procurou a policial, mas ainda não conseguiu contato. Na petição encaminhada ao STF, a defesa de Lula diz que os diálogos revelam uma "gravíssima realidade". "Além de terem praticado inúmeras ilegalidades contra o aqui reclamante [Lula[, a construção de um cenário em que ele ocuparia a liderança máxima de uma afirmada organização criminosa envolveu o uso contumaz de depoimentos que jamais existiram", dizem os advogados. Os procuradores da Lava Jato não reconhecem a autenticidade das conversas e dizem que elas podem ter sido manipuladas, além de terem sido obtidas por meios criminosos.

*”PF indicia Kassab e mais dois sob suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro”*
*”Veja manifestações de parabéns pelos 100 anos da Folha”*
*”Interferências de Bolsonaro se acumulam, de Petrobras e PF a Congresso e Receita”*

*”Para reduzir resistência a Bia Kicis na CCJ, PSL deve abrir mão da comunicação da Câmara”* - Na tentativa de reduzir a resistência à indicação da deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) ao comando da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), o PSL deve abrir mão do controle da Secom (Secretaria de Comunicação) da Câmara dos Deputados. A sinalização inicial feita pelo presidente Arthur Lira (PP-AL) era de que a estrutura de comunicação fosse comandada pela deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP). A queixa de parlamentares do centrão, porém, de que a sigla ficaria com dois cargos de destaque foi avaliada pelo PSL como um fator que poderia atrapalhar Kicis. Para evitar eventuais retaliações, Zambelli não deve mais assumir a Secom. Segundo relatos feitos à Folha, o assunto foi tratado em conversa com Lira nesta segunda-feira (22). O posto, hoje ocupado pela deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), deve ser oferecido a um partido do centrão. Também nesta segunda, em reunião com Kicis, Lira manteve seu apoio à deputada. Nas últimas semanas, ela tem evitado declarações polêmicas e feito uma peregrinação pelos gabinetes de parlamentares em busca de apoio.
O movimento de resistência a Kicis conta com o respaldo tanto de parlamentares que apoiaram a eleição de Lira, como Republicanos e PSD, quanto de legendas que se aliaram ao bloco derrotado, como DEM, Cidadania, PC do B e PDT. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é defensor da candidatura de Kicis para fazer avançar pautas legislativas conservadoras, mas ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) têm pressionado pela escolha de um nome que seja mais moderado para a função. No início do mês, Lira foi procurado por interlocutores de ministros do Supremo. Eles avisaram que a corte considera uma ofensa a indicação de Kicis, investigada no inquérito das fake news e que já criticou em mais de uma oportunidade o STF. Segundo relatos feitos à Folha, Lira chegou a consultar deputados do PSL sobre a possibilidade de uma mudança de nome para a CCJ, o que foi recusado pelo grupo bolsonarista do partido. A insistência dessa ala da sigla deve-se a uma estratégia de Bolsonaro de fazer avançar pautas conservadoras. A indicação de Kicis fez parte de um acordo dentro do PSL que teve como contrapartida o aval da bancada ao nome de Luciano Bivar (PE), presidente da legenda, como primeiro secretário da Câmara. Além do apoio à procuradora aposentada na busca pelo comando da CCJ, a negociação envolveu a entrega da liderança do PSL ao ex-líder do governo na Câmara Major Vitor Hugo (GO).

*”Toffoli aponta financiamento internacional a ataques antidemocráticos no Brasil”* - Por meio da quebra de sigilos bancários, os inquéritos que apuram atos antidemocráticos e fake news no país identificaram financiamento internacional a pessoas que usam as redes sociais para atacar instituições brasileiras como o próprio STF (Supremo Tribunal Federal), responsável pelas investigações. A informação foi antecipada pelo ministro Dias Toffoli em entrevista na noite deste domingo (21) ao Canal Livre, da Band. "Esse inquérito que combate as fake news e os atos antidemocráticos já identificou financiamento estrangeiro internacional a atores que usam as redes sociais para fazer campanhas contra as instituições, em especial o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional", disse. Segundo ele, sem dar detalhes sobre finaciadores e financiados, os inquéritos conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes aprofundam neste momento a investigação dessa informação, considerada por Toffoli "gravíssima". "A história do país mostrou ao que isso levou no passado. Financiamento a grupos radicais, seja de extrema direita, seja de extrema esquerda, para criar o caos e desestabilizar a democracia em nosso país", afirmou. Segundo O Globo, João Bernardo Barbosa, empresário brasileiro que atua em Miami, na Flórida (EUA), é alvo de investigações da Polícia Federal e da PGR (Procuradoria-Geral da República). Ele teria transferido R$ 29 mil para Allan dos Santos, do Terça Livre, e pago faturas de cartão de crédito do blogueiro. Barbosa nega as movimentações.
O inquérito sobre as fake news foi aberto em 2019 como uma resposta do Supremo às crescentes críticas e ataques sofridos nas redes sociais. Desde o início, porém, a apuração foi contestada por especialistas e políticos por ter sido instaurada de ofício por Toffoli, então presidente da corte, sem provocação da PGR (Procuradoria-Geral da República). Somente em 2020, por 10 votos a 1, o STF decidiu pela legalidade do inquérito. São alvos da investigação deputados, empresários e blogueiros ligados ao presidente Jair Bolsonaro, que sofreram medidas de busca e apreensão e quebras de sigilo. Um dos pontos polêmicos no inquérito ocorreu no ano passado quando Moraes aumentou a pressão sobre o Facebook no caso do bloqueio de perfis alvos do inquérito das fake news. Após a empresa afirmar que não cumpriria a decisão que determinava o bloqueio internacional de perfis bolsonaristas, Moraes ampliou de R$ 20 mil para R$ 100 mil a multa diária pelo descumprimento e intimou o presidente da companhia no Brasil. Segundo especialistas ouvidos pela Folha, o fato de o ministro ter jurisdição para decidir sobre determinado caso concreto não quer dizer que os efeitos de suas decisões possam extrapolar as fronteiras do Brasil. Já a investigação sobre manifestações antidemocráticas começou em 2020 após uma sequência de atos em Brasília prestigiados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Para Toffoli, a informação sobre financiamento internacional mostra que os que atacam as instituições não são um "grupo de malucos". "Há uma organização por trás disso, que ataca inclusive a imprensa tradicional e séria", destacou. "Temos que estar atentos, e o inquérito está em excelentes mãos.”
Toffoli defendeu as investigações como uma salvaguarda à democracia brasileira e lembrou que o Supremo recebeu o apoio de diversas entidades representativas da sociedade, inclusive líderes de partidos políticos, com exceção do PSL. "Naquele momento não era apenas o Supremo que estava preocupado, mas toda a sociedade". Segundo ele, o sistema de Justiça está atento aos atos antidemocraticos e atua para que "o ovo da serpente não brote novamente". Durante a entrevista, Toffoli detalhou os motivos que levaram à prisão em flagrante do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) após a divulgação de um vídeo, publicado na terça-feira (16), em que o parlamentar ataque ministros do Supremo. A ordem de Alexandre Moraes determinando a prisão foi tomada no âmbido do inquérito das fake news. Toffoli lembrou que o deputado já era investigado por questões similares e, ao depor na Polícia Federal, disse que estava arrependido e que nunca mais falaria algo parecido. "A manifestação que o levou à prisão não foi a primeira", afirmou o ministro. "Ele se mostra uma pessoa que se arrepende quando submetido a uma investigação e depois reitera, de maneira mais grave." Segundo Toffoli, Silveira abusou da prerrogativa da inviolabilidade de opinião. O ministro afirmou que prova disso é que 364 deputados votaram a favor da manutenção da prisão. O ministro disse que não é possível afirmar, até o momento, se há relação entre o financiamento internacional e o deputado preso. No entanto, sem citar nomes, lembrou que há pessoas investigadas que saíram do Brasil e disse que a capacidade delas de se manterem em outros países é algo que causa curiosidade.

*”Prisão de Silveira foi marco de STF e Câmara no combate ao extremismo, diz Moraes”*
JOEL PINHEIRO DA FONSECA - *”Como Bolsonaro corrói a liberdade de imprensa no Brasil”*
*”Ao mirar Judiciário, operação atinge ex-Timbalada e joalheiro de celebridades”*

*”Reino Unido se prepara para sair do lockdown após queda de 81% nos casos de Covid-19”*
*”Vacina derruba hospitalização na Escócia 4 semanas após 1ª dose, mostra pesquisa”*

*”Na ONU, Ernesto critica 'sacrificar a liberdade em nome da saúde' e a censura em redes sociais”* - O chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, fez críticas às restrições adotadas para conter a pandemia e à censura em redes sociais, durante um discurso para o Conselho de Direitos Humanos da ONU, nesta segunda (22). "As liberdades fundamentais são hoje ameaçadas por desafios crescentes, e a crise da Covid apenas contribuiu para exacerbar essas tendências. Sociedades inteiras estão se habituando à ideia de que é preciso sacrificar a liberdade em nome da saúde", disse Ernesto, em um vídeo gravado. A reunião ocorre de modo virtual por conta da crise sanitária. "Não critico as medidas de lockdown e semelhantes, que tantos países aplicam, mas não se pode aceitar um lockdown do espírito humano, o qual depende da liberdade e dos direitos humanos para exercer-se em sua plenitude", prosseguiu. Sua fala ecoa discursos do presidente Jair Bolsonaro, que tratou com ironia e fez muitas críticas às medidas de isolamento social determinadas por prefeitos e governadores, como forma de conter o avanço da Covid-19. Países que adotaram essas medidas, como Portugal e Reino Unido, tiveram fortes quedas nos números de casos ao reforçar o distanciamento. Essas ações, no entanto, são criticadas por gerar problemas para o comércio, especialmente nos setores de bares e restaurantes.
O ministro também criticou o controle da circulação de informações em redes sociais. "O grande desafio de hoje é aquilo que chamo de tecnototalitarismo, o bloqueio de plataformas e sites até o controle de conteúdos e informações, das medidas judiciais e leis que criminalizam atividades online até o emprego abusivo ou equivocado de algoritmos. A maré crescente de controle da internet por diferentes atores, movidos por objetivos econômicos ou ideológicos, precisa ser detida." Ernesto pediu que os outros países avancem os debates sobre esse tema. "Nossa tarefa é garantir que as tecnologias sirvam para engrandecer o ser humano, e não para submetê-lo ou apequená-lo, transformando cada homem e mulher em uma simples coleção de dados a serem explorados", disse. Nos últimos meses, plataformas como Twitter e Facebook tomaram medidas mais firmes para conter a circulação de notícias falsas e mentiras, muitas vezes disseminadas por líderes de direita. No caso de maior repercussão, o Twitter bloqueou o perfil do ex-presidente dos EUA Donald Trump, visto como aliado pelo governo Bolsonaro, depois que ele divulgou uma série de informações falsas sobre a eleição americana. As sessões do Conselho de Direitos Humanos (CDH) da ONU ocorrem ao menos três vezes por ano. A atual, a 46ª, começou nesta segunda (22) e se estenderá até 23 de março. De modo geral, cada país exibiu o pronunciamento de apenas um representante. No entanto, Ernesto dividiu o tempo separado para o Brasil com Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Damares gravou sua fala em uma sala que continha um cocar e uma foto de indígenas em uma parede ao fundo. Ela elencou programas do governo federal para proteger moradores da Amazônia, crianças, mulheres e idosos. "Indígenas, quilombolas e outros povos isolados, por exemplo, foram beneficiados com mais de 700 mil cestas básicas, para que se mantivessem em suas comunidades, longes de áreas de contaminação", disse. "Estamos cuidando não só da Amazônia, mas também de seu povo." "Garantimos a vacinação prioritária da população idosa, realizada em paralelo com a dos profissionais de saúde e dos povos tradicionais", afirmou a ministra. No entanto, a imunização enfrenta atrasos no Brasil, e boa parte dos idosos não sabe ainda quando poderá se vacinar, pois o governo federal demorou a fechar contratos para compra de vacinas. Como Ernesto, Damares ressaltou que o Brasil "segue firme" em defesa da democracia e da liberdade. Ela acrescentou também que o país defende "a família e a vida, desde a concepção", para deixar claro que o governo brasileiro é contra o aborto. Em fevereiro de 2020, em uma reunião presencial do CDH, em Genebra, Damares se retirou do auditório quando um representante da Venezuela começou a falar. A ministra disse que foi uma forma de "não dar palanque a regime ilegítimo e sanguinário", em referência à ditadura de Nicolás Maduro. Em junho do ano passado, o Brasil se opôs à uma proposta para que o CDH criasse uma comissão para investigar casos de violência policial contra negros ocorridos especificamente nos Estados Unidos, pedida logo após o assassinato de George Floyd. Washington deixou o Conselho em junho de 2018, durante o governo de Donald Trump, e acusou o órgão de ser hipócrita e de ter um viés anti-Israel. ​

*”Suprema Corte ordena que Trump entregue suas declarações de renda a promotores de NY”*
*”Mianmar tem greve geral e grandes protestos contra golpe mesmo após ameaças do governo”*
*”Ação nos EUA liga indústria do chocolate a trabalho infantil na África”*
*”Após disputa acirrada, Lasso afirma que acolherá bandeiras da esquerda no 2º turno no Equador”*

*”Em evento do PT, Fernández defende Lula e critica Justiça brasileira e direita”* - Em evento de comemoração do aniversário do PT, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, criticou a Justiça brasileira por condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a direita por não respeitar a liberdade humana. “Essas coisas que animam a direita não são as que animam o progressismo, porque nós valorizamos muito a liberdade humana, os direitos dos homens e das mulheres. E a última coisa que queremos é que de algum modo esses direitos se percam ou caduquem”, disse Fernández em mensagem pré-gravada enviada para um debate online sobre a suposta perseguição judicial a Lula. A mesa virtual, exibida nesta segunda (22), foi coordenada por Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, e fez parte da série de eventos organizada pelo partido para comemorar seu aniversário de 41 anos. Participaram também o ex-candidato à Presidência francesa Jean-Luc Mélenchon e o criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Fernández tomou o cuidado, em sua intervenção de cerca de 20 minutos, de não mencionar nominalmente o presidente Jair Bolsonaro, embora tenha feito referências indiretas a seu governo. Um exemplo foi quando ele atacou o chamado “lawfare”, nome dado pelos defensores de Lula a uma suposta estratégia de guerrilha jurídica com fins políticos.“Lawfare, esse maldito mecanismo que atingiu o Brasil e outros lugares do continente e tem servido para que a imprensa e a Justiça se liguem basicamente para perseguir opositores do regime político de momento”, afirmou. Mais adiante, fez referência crítica ao fato de o ex-juiz Sergio Moro, responsável pela prisão de Lula, ter sido nomeado ministro por Bolsonaro.
Disse que a prisão do ex-presidente foi “uma causa construída por um juiz que andou circulando por todo o continente mostrando-se como paladino da luta contra a corrupção e terminou sendo ministro da Justiça do atual governo do Brasil”. Durante sua fala, Fernández comparou o caso de Lula ao de outros líderes esquerdistas do continente que tiveram problemas com a Justiça, como os ex-presidentes Rafael Corrêa (Equador), Cristina Kirchner (Argentina) e Evo Morales (Bolívia). Afirmou que felizmente a situação nesses países está sendo revertida, com a reabilitação desses líderes, e disse esperar que o mesmo ocorra no Brasil. “Na América Latina, se está revertendo o que se viveu nos últimos dias. A mudança começou na Argentina, depois na Bolívia, seguramente no Equador. E tenho plena confiança que no Brasil a mudança virá em tudo isso que está ocorrendo”, declarou. O líder argentino fez diversas referências elogiosas a Lula, e disse que estava certo quando o defendeu na época de sua prisão. “Agora, graças a Deus aparecem as provas de como foi a perseguição a Lula. Eu celebro isso, porque sempre confiei em Lula. E muitos me criticaram. O tempo me deu razão”, declarou.
No passado, elogios de Fernández a Lula foram usados por Bolsonaro como motivo para o distanciamento entre os dois governos, embora recentemente esteja em curso uma reaproximação. Para o líder argentino, é preciso lutar contra um “monstro”, que une a imprensa e o Judiciário na tentativa de convencer a população de que inocentes são culpados, por razões políticas. “É preciso lutar contra um enorme monstro. Um monstro que não escuta a justiça e um monstro que o ataca incansavelmente nos meios de comunicação”, declarou. Antes dele, Mélenchon, que foi candidato de esquerda a presidente em 2012 e 2017, também atacou a condenação de Lula. Ele disse que o método da Lava Jato serviu de modelo para outras partes do mundo. “A perseguição contra Lula foi ocasião para uma tomada de consciência que nos levou a examinar o que estava acontecendo pelo mundo. O caso brasileiro foi uma espécie de antessala de um método político que se espalhou”, declarou. Durante o debate, foram exibidas mensagens de parabéns de diversos partidos de esquerda ao PT. Entre eles, votos de felicitações das ditaduras da Nicarágua, Cuba, China, Vietnã e Coreia do Norte, além de comunicados de partidos esquerdistas de países democráticos como Portugal, Itália e México.
+++ O último trecho do texto da Folha é que revela a superficialidade mediana da compreensão geopolítica. Marcar no texto os votos de felicitações de “ditaduras” é uma prática baixa.

*”Brasileiras usam as redes sociais para falar sobre o dia a dia das mulheres muçulmanas”*

*”Intervenção de Bolsonaro na Petrobras derrete indicadores financeiros do Brasil”* - Os principais indicadores financeiros do Brasil tiveram forte deterioração nesta segunda-feira (22), após Jair Bolsonaro (sem partido) interferir no comando da Petrobras e sinalizar outras intervenções. A repercussão negativa levou à venda das ações da Petrobras, fazendo o preço do papel mergulhar e contaminar negativamente ações de empresas brasileiras de modo geral, mas especialmente as de estatais. Na sexta (19), Bolsonaro indicou o general Joaquim Silva e Luna como novo presidente da petroleira. Se confirmado pelo conselho de administração da companhia, ele substituirá Roberto Castello Branco, alvo de críticas do presidente. O Ibovespa, principal índice acionário do país, caiu 4,86%, a 112.667,70 pontos, menor patamar desde 3 de dezembro. “O impacto não é só na Petrobras, é um sinal de cautela para as outras estatais. O investidor vê a Bolsa com mais receio”, diz Arthur Spirandelli, especialista em estratégia e alocação da Acqua Investimentos. O dólar subiu 1,30%, a R$ 5,4540. Na máxima do pregão, foi a R$ 5,53. O turismo está a R$ 5,62. O risco-país medido pelo CDS de cinco anos subiu 12,10,%, a 182,98 pontos, maior valor desde novembro. O CDS funciona como um termômetro informal da confiança dos investidores em relação a economias, especialmente as emergentes. Se o indicador sobe, é um sinal de que os investidores temem o futuro financeiro do país, se ele cai, o recado é o inverso: sinaliza aumento da confiança em relação à capacidade de o país saldar suas dívidas.
As ações preferenciais (mais negociadas) da Petrobras fecharam em queda de 21,5%, a R$ 21,45 nesta segunda. Durante o pregão, chegaram a cair 21,7%. As ordinárias (com direito a voto) despencaram 20,47%, indo a R$ 21,55. Na Bolsa de Nova York, as ADRs (certificados de ações negociados nos Estados Unidos) da Petrobras recuaram 21%, a US$ 7,94 cada. A XP Investimentos rebaixou sua recomendação para as ações da Petrobras de neutro para venda neste domingo (21). O preço-alvo foi revisado de R$ 32, na avaliação anterior, para R$ 24, tanto para ações ordinárias quanto para as preferenciais. Segundo a corretora, a substituição no comando da estatal representa uma derrota para o ministro Paulo Guedes (Economia), que defendia a permanência do atual executivo no cargo e era contra intervenções na companhia. Para o mercado, há risco de saída de Guedes no governo, mas as chances de isso acontecer no curto prazo são pequenas, avaliam.
O Itaú suspendeu temporariamente a classificação e valor justo atribuídos à Petrobras, enquanto revisam a cobertura da companhia. "Revisaremos nossas previsões assim que houver mais clareza. Entretanto, sugerimos reduzir a exposição ao nome , pois esperamos uma reação negativa do mercado", diz relatório do banco publicado no domingo (21). No sábado (20), Bolsonaro disse que vai "meter o dedo na energia elétrica", e que, "se a imprensa está preocupada com a troca de ontem, na semana que vem teremos mais". "A expectativa é de ingerência em outras estatais. A expectativa do mercado é que André Brandão [presidente do Banco do Brasil] seja demitido", diz André Machado, sócio-fundador da escola de traders Projeto os 10%. Assim como Castello Branco, Brandão foi alvo de críticas do presidente. Em janeiro deste ano, ele foi ameaçado de demissão por Bolsonaro após atritos com relação ao plano de reestruturação do banco anunciado pelo executivo, com previsão de fechamento de agências e abertura de programa de demissão voluntária. As ações do Banco do Brasil caíram 11,64%, a R$ 28,83 cada. A Eletrobras, também alvo de Bolsonaro, operou em forte queda, mas reduziu o movimento ao longo do pregão. As ações preferenciais da estatal recuaram 0,17%, a R$ 19,24 cada, e as ordinárias, 0,68%, a R$ 28,91. Para o Bradesco BBI, o risco de interferência regulatória contundente na elétrica é baixo, embora o regulador tenha atualmente um incentivo para mitigar os aumentos das tarifas de eletricidade em 2021 porque a economia e a população ainda estão enfrentando impactos negativos da Covid-19.
Analistas do Credit Suisse reduziram a recomendação para as ações da elétrica e cortaram preços-alvo dos papéis, citando fala do presidente. "Uma afirmação que pode ter muitas implicações", escreveu a equipe do Credit Suisse em relatório no domingo (21), no qual apontou que eventual intervenção governamental no setor "pode aumentar a percepção de risco", principalmente por levantar ecos de medidas do governo para reduzir tarifas em 2012 que impactaram empresas, principalmente estatais. As ações preferenciais da Telebras, também estatal, caíram 3,14%, a R$ 27,13. As ordinárias recuaram 4%, a R$ 72. A Sabesp, do governo paulista, recuou 4,25%, a R$ 37,58. Em um sinal de aversão a risco do mercado e de alta da Selic no curto prazo, os juros futuros subiram. Juros futuros são taxas de juros esperadas pelo mercado nos próximos meses e anos. São a principal referência para o custo de empréstimos que são liberados atualmente, mas cuja quitação ocorrerá no futuro. O juro para outubro de 2023 foi de 6% na sexta (19) para 6,17% nesta segunda. A taxa para de julho de 2025 foi de 6,91% para 7,10%. Segundo analistas, a intervenção de Bolsonaro fortalece a perspectiva de alta da Selic em março — atualmente a taxa está na mínima recorde de 2%. De acordo com a pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central nesta segunda, a expectativa para a taxa básica de juros subiu para 4% ao final de 2021, de 3,75% na semana anterior. Para 2022 o projeção para o juros foi mantida em 5%. Outro ponto de tensão é a volta do auxílio emergencial. Investidores temem que o benefício seja aprovado sem contrapartidas fiscais, ameaçando o teto fiscal do governo em 2021.

*”Agenda liberal do governo cai em descrédito na Faria Lima após intervenção na Petrobras”* - Os principais indicadores financeiros do Brasil tiveram forte deterioração nesta segunda-feira (22), após Jair Bolsonaro (sem partido) interferir no comando da Petrobras e sinalizar outras intervenções. Foram afetados Bolsa, câmbio, risco-país, juros futuros, e houve revisão generalizada nas avaliações de bancos, casas de investimento e agências de classificação de risco em relação à Petrobras e outras estatais. A forte reação do mercado financeiro foi interpretada como uma quebra da confiança do governo com a Faria Lima —avenida na zona oeste de São Paulo, caracterizada por abrigar grandes casas financeiras e bancos de investimentos. Desde a campanha eleitoral, analistas e economistas do mercado financeiro mantiveram a convicção que a gestão de Jair Bolsonaro, endossada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, preservaria uma agenda mais liberal, se contrapondo aos governos petistas que o antecederam. Os analistas agora recomendam cautela não apenas com a Petrobras, mas com outras estatais e até com o Brasil, após Bolsonaro indicar o general Joaquim Silva e Luna para a presidência da petroleira, em clara oposição à política de reajustes de preços mantida pelo atual presidente Roberto Castello Branco —e que é endossada pelo mercado.
“A credibilidade da agenda liberal do presidente da República vai ser seriamente questionada pelos agentes do mercado e econômicos, tendo efeitos nos preços não somente da Petrobras, mas também nas diversas empresas estatais de capital aberto, assim como em outros ativos do país, como o real”, afirmou o presidente da corretora BGC Liquidez, Erminio Lucci. A repercussão negativa levou à venda das ações da Petrobras, fazendo o preço do papel mergulhar e contaminar negativamente ações de empresas brasileiras de modo geral, mas especialmente as de estatais. Ao final do pregão desta segunda, as ações preferenciais (mais negociadas) da Petrobras fecharam em queda de 21,5%, indo a R$ 21,45. As ordinárias (com direito a voto) despencaram 20,47%, fechando em R$ 21,55. Segundo o chefe da mesa de futuros da Genial Investimentos, Roberto Motta, essa foi a oitava vez em 26 anos que as ações da Petrobras caíram mais de 20%.
Para se ter uma ideia da agitação que tomou conta do mercado, o volume de negociações das ações da Petrobras no dia ficou em R$ 10,8 bilhões, um recorde. “O volume médio diário, normalmente, é próximo de R$ 1,8 bilhão”, diz Motta. Na Bolsa de Nova York, as ADRs (certificados de ações negociados nos Estados Unidos) da Petrobras recuaram 21%, a US$ 7,94 cada. O Ibovespa, principal índice acionário do país, caiu 4,86%, a 112.667,70 pontos, menor patamar desde 3 de dezembro. O Itaú suspendeu temporariamente a classificação e valor justo atribuídos à Petrobras, enquanto revisam a cobertura da companhia. “Revisaremos nossas previsões assim que houver mais clareza. Entretanto, sugerimos reduzir a exposição ao nome [Petrobras], pois esperamos uma reação negativa do mercado”, diz relatório do banco publicado no domingo (21). “O impacto não é só na Petrobras, é um sinal de cautela para as outras estatais. O investidor vê a Bolsa com mais receio”, diz Arthur Spirandelli, especialista em estratégia e alocação da Acqua Investimentos. Dentre as empresas estatais, também estiveram na mira das negociações nesta segunda Banco do Brasil, que caiu 11,64%, a R$ 28,8 e a Sabesp, do governo paulista, que recuou 4,25%, fechando em R$ 37,58. As discussões, agora, são sobre quanto da interferência do governo deve respingar nas demais companhias de controle da União e qual será o posicionamento do ministro Guedes diante das decisões do Executivo.
Para o analista da Valor Investimentos Pedro Lang, há inclusive uma preocupação em relação às agendas de privatização e desinvestimentos do governo. “O apoio da Faria Lima ao governo está por um fio. Ninguém acredita mais no governo. Existe uma leve esperança que alguma reforma passe [no Congresso], mas privatização, nem pensar. O problema é que Bolsonaro caiu em descrédito, e Guedes não consegue emplacar nada, não por falta de vontade, mas por falta de apoio”, disse. No sábado (20), um dia após ter anunciado a troca da presidência da Petrobras, Bolsonaro sinalizou que que pode fazer novas intervenções. Afirmou que vai “meter o dedo na ener-gia elétrica” e prometeu mais mudanças nesta semana. “Semana que vem deve ter mais mudança aí... E mudança comigo não é de bagrinho não, é tubarão”, havia afirmado o presidente. A Eletrobras operou em forte queda, mas reduziu o movimento ao longo do pregão. As ações preferenciais da estatal recuaram 0,17%, a R$ 19,24 cada, e as ordinárias, 0,68%, a R$ 28,91. “A expectativa é de ingerência em outras estatais. A expectativa do mercado é que André Brandão [presidente do Banco do Brasil] seja demitido”, diz André Machado, sócio-fundador da escola de traders Projeto os 10%. Em janeiro, o presidente da República já teria ameaçado Brandão de demissão depois de ter se irritado com o plano de enxugamento das estruturas do banco anunciado dias antes. Depois, em 12 de fevereiro, Brandão afirmou que tais desavenças foram um “problema de comunicação” e que, apesar de ainda não ter conversado diretamente com Bolsonaro, acreditava o presidente tinha entendido. As ações do Banco do Brasil caíram 11,64%, a R$ 28,83 cada.
Outras estatais também foram penalizadas. As ações preferenciais da Telebras, também estatal, caíram 3,14%, a R$ 27,13. As ordinárias recuaram 4%, a R$ 72. A Sabesp, do governo paulista, recuou 4,25%, a R$ 37,58. Em um sinal de aversão a risco do mercado e de alta da Selic no curto prazo, os juros futuros subiram. Juros futuros são taxas de juros esperadas pelo mercado nos próximos meses e anos. São a principal referência para o custo de empréstimos que são liberados atualmente, mas cuja quitação ocorrerá no futuro. O juro para outubro de 2023 foi de 6% na sexta (19) para 6,17% nesta segunda. A taxa para de julho de 2025 foi de 6,91% para 7,10%. Segundo analistas, a intervenção de Bolsonaro fortalece a perspectiva de alta da Selic em março — atualmente a taxa está na mínima recorde de 2%. De acordo com a pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central nesta segunda, a expectativa para a taxa básica de juros subiu para 4% ao final de 2021, de 3,75% na semana anterior. Para 2022, a projeção para o juros foi mantida em 5%. Outro ponto de tensão é a volta do auxílio emergencial. Investidores temem que o benefício seja aprovado sem contrapartidas fiscais, ameaçando o teto fiscal do governo em 2021. Casas e bancos de investimentos revisaram suas perspectivas e preços-alvo para as ações da petroleira.
Nesta segunda, além de cortarem a recomendação do Brasil para neutra no portfólio de ações na América Latina, analistas do Bank of America também reduziram a exposição a companhias de controle estatal, excluindo Petrobras e Eletrobras de suas carteiras, enquanto incluiu Klabin, Cosan e Natura. “Nós gostamos do setor financeiro, comércio eletrônico, empresas de pagamentos e proteínas”, destacava o texto.​ Os analistas do Credit Suisse também afirmaram enxergar maior risco para as ações da Petrobras, rebaixando as expectativas para os papéis de um desempenho inferior ao mercado. O banco também diminuiu o preço-alvo das ADRs (recibos de ações negociados nos EUA) da Petrobras, de US$ 16 (R$ 88,07) para US$ 8 (R$ 44,03). Em relatório, os profissionais de mercado do Goldman Sachs disseram que a decisão adiciona incerteza sobre o plano de desinvestimento da companhia. “Dado o histórico de intervenções governamentais na política de preços da Petrobras, especialmente entre 2011 e 2015, nós acreditamos que o mercado não estará disposto a dar o benefício da dúvida para a companhia no médio prazo até que as possíveis mudanças sejam melhor entendidas”, afirmaram. Analistas do Bank of America cortaram a recomendação para Brasil para "marketweight", semelhante a neutro, em portfólio de ações na América Latina, bem como reduziram ex-posição a companhias de controle estatal, citando maior incerteza.
Em contrapartida, os analistas elevaram o Chile para "marketweight". México é agora a única região com "overweight" no portfólio, que pode ser traduzido como expectativa positiva. As agências de classificação de risco, por sua vez, afirmaram que o rating (nota de risco) da Petrobras não muda por estar atrelado ao rating do país, mas não descartam avaliar a possibilidade de uma revisão caso o cenário mude drasticamente. “O cenário no qual nos baseamos assume que a empresa continua com sua paridade de importação e com a política de preços estabelecida em 2016. Mas mesmo se houver uma mudança na direção da empresa e na estratégia de preços, nossas classificações continuariam a refletir as do rating soberano, devido ao seu controle acionário”, escreveram Luisa Vilhena e Felipe Speranzini, analistas da S&P. Em nota, divulgada na sexta-feira, a Fitch Ratings afirmou que uma potencial volta das intervenções políticas na estratégia da Petrobras afetaria negativamente sua geração de caixa. “Esse ponto é particularmente importante em período de desvalorização do real frente ao dólar, que pode elevar os preços da gasolina e do diesel no país, aumentando o risco de interferência [do governo]”, disse.

*”Ninguém vai interferir na política de preços da Petrobras, diz Bolsonaro após intervenção”*
PAINEL S.A. - *”Paulo Uebel, ex-secretário de Bolsonaro, critica decisão do presidente de trocar comando da Petrobras”*

PAINEL S.A. - *”Bolsonaro perdeu o apoio do mercado financeiro que ajudou a elegê-lo, diz empresário”*: A interferência de Jair Bolsonaro no comando da Petrobras, que já balançou o mercado nesta segunda-feira (22), pode desencadear efeitos econômicos capazes de impedir a reeleição do presidente, segundo Felipe Miranda, sócio-fundador da Empiricus. "No momento em que ele faz o que fez, ele perdeu o apoio de parte do empresariado e do mercado financeiro", diz Miranda. Para o empresário, não é provável que a manifestação atual de Bolsonaro desencadeie um desembarque de Paulo Guedes do governo, mas este cenário é visto com cautela. Miranda avalia que o ministro da Economia fica no governo para impedir uma "explosão" do país. De volta à memória da eleição de 2018, quando o mercado financeiro deu sinais fortes de apoio a Bolsonaro, o empresário diz que o mercado sempre desconfiou da conversão liberal do então candidato. "O mercado não foi tão ingênuo, mas acho que a quantidade de intervencionismo que está havendo agora e o medo de uma guinada 100% intervencionista e de uma ruptura de regime, ninguém acredita muito mas, opa: 'talvez isso aqui tenha que entrar na conta'", diz Miranda.

PAINEL S.A. - *”Setor privado aponta preocupações com guinada intervencionista de Bolsonaro”*
PAINEL S.A. - *”Investidor diz que mercado agora vê Bolsonaro sem maquiagem e prevê demissão de Paulo Guedes”*
PAINEL S.A. – *”Após ação de Bolsonaro na Petrobras, Paulo Skaf diz que oscilação do mercado deve se normalizar”*
PAINEL S.A. - *”Caminhoneiros que foram protestar na sede do governo Doria voltam a falar em greve”*

*”Petrobras perde R$ 102,5 bi em valor de mercado após intervenção de Bolsonaro”* - A Petrobras perdeu R$ 74,246 bilhões em valor de mercado nesta segunda-feira (22), após forte queda de suas ações na Bolsa de Valores brasileira. Somado aos ceca de R$ 28,209 bilhões de desvalorização na última sexta (19), a queda da estatal com a intervenção de Jair Bolsonaro (sem partido) já soma R$ 102,5 bilhões. O resultado ficou próximo das estimativas. Projeção divulgada neste sábado (20) pela Folha estimou que a perda chegaria à casa dos R$ 100 bilhões. As ações preferenciais (mais negociadas) da Petrobras fecharam em queda de 21,5%, a R$ 21,45 nesta segunda. Durante o pregão, chegaram a cair 21,7%. As ordinárias (com direito a voto) despencaram 20,47%, indo a R$ 21,55. Esta é a maior queda percentual das ações desde 9 de março de 2020, quando os papéis preferenciais deterreteram 29,7% com a crise do coronavírus, a pior desvalorização diária da petroleira da história, segundo dados da Economatica. Com a desvalorização, a capitalização da estatal foi de R$ 354,79 bilhões na sexta para R$ 280,55 bilhões nesta segunda. “A interferência política na empresa terá efeitos de longo prazo na percepção do investidor estrangeiro em relação ao ambiente de negócios do país”, afirma Erminio Lucci, presidente da corretora BGC Liquidez. Na Bolsa de Nova York, as ADRs (certificados de ações negociados nos Estados Unidos) da Petrobras fecharam em queda de 21%, fechando a US$ 7,94.
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OPINIÃO - *”Não existe solução milagrosa para reduzir preços de combustíveis”*
*”Alta do dólar após reação do mercado a intervenção na Petrobras pressiona ainda mais gasolina”*
*”Entenda como funciona o contágio da Petrobras em outros indicadores econômicos”*
*”Sindicatos contrários à venda de refinaria da Petrobras pedem reunião com fundo árabe”*

*”Investidores preparam ação coletiva para questionar perdas com intervenção na Petrobras”*
*”CVM investiga Petrobras após notícias envolvendo troca na presidência da empresa”*
*”Entenda como funciona o conselho da Petrobras que vai decidir o comando da estatal”*
VAIVÉM DAS COMMODITIES - *”Interferência de Bolsonaro no preço de combustíveis afeta produção de etanol”*
*”Governo prepara medida que reduz fatia na Eletrobras para conter desgaste com Petrobras”*

*”Apoiada pelo governo, PEC Emergencial acaba com piso para gastos em educação e saúde”* - A versão preliminar do relatório da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) Emergencial prevê a extinção dos valores mínimos a serem aplicados em educação e saúde. O fim do piso setorial valeria para União, estados e municípios. Isso faz parte do pacote de medidas em avaliação pelo relator da PEC, senador Márcio Bittar (MDB-AC). O objetivo do projeto é apresentar um conjunto de ações de redução de despesas para o ajuste das contas públicas e, além disso, viabilizar uma nova rodada do auxílio emergencial, em 2021, a trabalhadores informais e desempregados. Para acabar com o gasto mínimo para saúde e educação, é necessário aval do Congresso, onde há uma resistência histórica a essa ideia. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), por exemplo, não apoio a extinção total dos pisos constitucionais. Deputados e senadores das bancadas de saúde, educação e ligados ao serviço público também tentarão barrar a mudança. Nos bastidores, a equipe econômica apoia a desvinculação dos pisos sobre saúde e educação. Na avaliação do governo, o Congresso precisa assumir com mais ênfase a condução do Orçamento. O governo defende a aprovação da PEC com o discurso de que representa o que chama de "protocolo fiscal futuro", que inclui desindexações e desvinculações obrigatórias do Orçamento e compromissos de responsabilidade fiscal. Desde 2018, o cálculo do piso para saúde e educação para a União é com base no valor desembolsado em 2017 corrigido pela inflação do período. Para 2021, estima-se R$ 123,8 bilhões para a saúde e R$ 55,6 bilhões para educação.
O projeto de Orçamento de 2021 prevê a aplicação de R$ 98,9 bilhões em manutenção e desenvolvimento do ensino, e R$ 124,6 bilhões em ações e serviços públicos de saúde, segundo cálculos da Consultoria de Orçamento da Câmara. Para estados e municípios, o piso constitucional varia. Para educação, estados e municípios precisam investir 25% da receita. No caso dos serviços de saúde, é de 12%, para estados, e 15% para prefeituras. O fim dos valores mínimos previstos na Constituição já havia sido defendido por Bittar em tentativas anteriores de destravar a votação da PEC Emergencial. Ele argumentou, na época, que cada governante deve ter a liberdade de decidir onde aplicar o dinheiro.
Em entrevista à Globonews, o senador afirmou nesta segunda-feira (22) que o apoio à desvinculação dos gastos com saúde e educação cresceu no Congresso recentemente e citou que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), eleito no início de fevereiro, também defende a proposta. "Devolver aos municípios e aos estados e à União o poder de legislar uma das leis mais importantes que é a do Orçamento. Até porque vincular o Orçamento da União, que é o único país democrático no mundo que tem esse grau de vinculação, não resolveu nada”, afirmou. No Senado, Pacheco disse nesta segunda que o melhor seria flexibilizar os critérios de piso para saúde e educação, mas preservando a garantia de uma aplicação mínima unificada (um percentual para ambas as áreas). “A desvinculação, a partir desses critérios, preservando os investimentos na educação e na saúde pode ser um caminho de meio termo interessante para o Brasil, permitindo, repito, uma flexibilização dos gastos, de acordo com cada ente federado”, declarou Pacheco. Essa ideia já chegou a ser defendida por técnicos da equipe econômica. O argumento é que, por exemplo, em cidades com população mais velha, o prefeito possa gastar mais em saúde, pois não consegue usar toda a verba para educação.
No entanto, aliados de Lira não acreditam que o fim do gasto mínimo para essas áreas irá ser aprovado. O deputado Doutor Luizinho (PP-RJ) classificou a proposta como “péssima”. Ele faz parte da bancada da saúde, que, assim como partidos de esquerda da Câmara e do Senado, se mobilizam para derrubar esse trecho da PEC. No Senado, muitos parlamentares, inclusive líderes de bancada, consideram difícil que avance no Congresso, especialmente em um ritual acelerado. "Acho até um absurdo querer vincular uma proposta de desvincular gastos com saúde e educação numa PEC Emergencial, que é para ontem. Nós acabamos de aprovar o Fundeb [fundo com recursos para educação] e agora vem uma proposta para desvincular. Desvincular significa reduzir os recursos da educação", afirma o líder da bancada do PSDB, Izalci Lucas (DF). A versão preliminar do relatório também prevê o fim da transferência de recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) para o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social). Isso chegou a ser proposto na reforma da Previdência. Esses recursos são financiados com o PIS/Pasep. A Constituição determina que, pelo menos, 40% das receitas do PIS/Pasep serão destinadas ao BNDES para financiar os programas de desenvolvimento econômico. A PEC Emergencial está programada para ser votada nesta quinta-feira no plenário do Senado.
Durante reunião de líderes na quinta-feira (18), havia ficado acertado a apresentação de um relatório da PEC Emergencial desidratado, sem as medidas polêmicas que vem dificultando a sua tramitação no Senado, como o corte no salário e jornada de servidores públicos.
A aprovação da PEC, mesmo numa versão mais enxuta que o projeto original, abriria o caminho para o envio da proposta de auxílio emergencial. O governo mantém sua disposição inicial de pagar três parcelas de R$ 200 do auxílio emergencial e aceita uma negociação que chegue ao limite de R$ 250 em quatro parcelas. Bittar, porém, tem defendido uma faixa mais alta, entre R$ 250 e R$ 300. O senador também é relator da proposta de Orçamento de 2021, que ainda não foi aprovada pelo Congresso. ​A expectativa do ministério é editar uma MP (medida provisória) oficializando o novo auxílio assim que a PEC for aprovada nas duas Casas. Há uma possibilidade de a medida sair após a votação dos senadores, desde que haja permissão para tanto no texto a ser apreciado. Pacheco concorda com essa solução para dar celeridade à liberação do auxílio. O governo quer iniciar os pagamentos em março e trabalha com a possibilidade de um acordo com o comando do Congresso para que a MP seja publicada com o valor definido para o benefício, sem risco de ser ampliado quando for votada pelos parlamentares. Segundo integrantes da equipe econômica, a despesa com o novo auxílio deve ficar em R$ 30 bilhões, podendo chegar a R$ 40 bilhões a depender do valor final e das parcelas.
A versão preliminar do relatório da PEC não determina um valor para o auxílio nem o custo do programa. O texto propõe que o gasto não será contabilizado na meta fiscal do ano No início de fevereiro, Congresso e a equipe econômica haviam chegado a um acordo para uma nova rodada do auxílio emergencial, que seria pago entre março e maio, com a possibilidade de prorrogá-lo até junho. A condição seria justamente a aprovação de uma PEC com medidas de ajuste fiscal. A PEC prevê uma série de ações a serem adotadas em caso de crise nas contas públicas. No caso da União, os mecanismos poderão ser acionados a partir do momento em que a relação entre despesas obrigatórias sujeitas ao teto de gastos sobre as despesas totais sujeitas ao teto supere 95%. Além disso, o texto prevê um protocolo a ser seguido em caso de novo estado de calamidade pública. Nos bastidores, o governo cita o veto a reajuste de servidores e uso de recursos de fundos, como o penitenciário. A versão em elaboração por Bittar cria um dispositivo para que uma lei complementar traga regras e medidas visando a sustentabilidade da dívida pública. Além disso, determina um prazo para que o governo apresente um plano para redução gradual dos benefícios tributários. O texto retira da Constituição a possibilidade de a União intervir em um estado para reorganizar as finanças da unidade da federação.

ANÁLISE - *”Entenda a lei do novo auxílio emergencial e do gasto do governo”*
MICHAEL FRANÇA – *”Vou aprender a ler, para ensinar meus camaradas”*
*”Guedes aposta em PEC para seu futuro no governo e mantém argumento para privatizações”*

*”São Paulo registra maior ocupação de leitos de UTI desde início da pandemia”*
*”Interior de SP endurece restrições contra coronavírus e tem de toque de recolher a lockdown”*
*”São Bernardo do Campo decreta toque de recolher”*

*”'O que salva é a assistência precoce', diz infectologista que fez diagnóstico do 1º caso de Covid no Brasil”* - Fernando Gatti, 44, olha para 2020 e só vê pânico, choro e muito desgaste. Na linha de frente contra a Covid-19, o infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, foi o responsável por diagnosticar e tratar o primeiro brasileiro infectado pelo coronavírus. Depois desse paciente, que no dia 24 de fevereiro deu entrada no hospital com sintomas característicos de Covid-19 após viagem para a Itália, Gatti não descansou mais, teve burnout e não viu o único filho, de três anos, crescer no último ano. Essa é a realidade da maioria dos profissionais da saúde que batalham para conter o avanço da doença que já ceifou quase 250 mil vidas no Brasil. À Folha o infectologista diz que o coronavírus sempre estará entre nós com suas variantes e que, para contê-lo, será preciso antes minar as fake news que estimulam, por exemplo, o uso do chamado kit Covid, com medicamentos sem eficácia para a doença, como cloroquina e ivermectina. Para Gatti, o que salva não é o “tratamento precoce”, mas, sim, a assistência precoce. "No momento da suspeita diagnóstica, o paciente precisa procurar o quanto antes assistência médica de referência ou especialista relacionado à infecção do Sars-Cov-2, que basicamente acomete o pulmão. A partir daí, o médico estabelece junto com o paciente a melhor forma de acompanhamento." Já vacinado contra a Covid-19, o médico faz um exercício de futurologia sobre o Brasil e diz ter esperança de que a vacina, apesar dos problemas de gestão na imunização, fará com que a vida como um dia conhecemos volte –nem que seja aos poucos.
(...)

VERA IACONELLI - *”A Folha entre nós”*

*”MPF cobra de comandos de Exército e Aeronáutica explicações sobre cloroquina”* - O MPF (Ministério Público Federal) deu 15 dias para os comandos do Exército e da Aeronáutica detalharem as estruturas mobilizadas, o total de dinheiro público gasto e a origem orçamentária dos recursos usados na produção e na distribuição de cloroquina, que não tem eficácia para a Covid-19. Os comandantes das duas Forças devem ser oficiados por meio do procurador-geral da República, Augusto Aras. As explicações serão dadas no curso de um inquérito civil público instaurado pela Procuradoria da República no Distrito Federal, que investiga ilegalidades no uso de dinheiro público para difundir medicamentos sem eficácia para tratar ou prevenir a infecção pelo novo coronavírus. Em procedimentos na esfera cível, é praxe que os procuradores remetam ofícios inicialmente à PGR (Prouradoria-Geral da República), para que o procurador-geral encaminhe os pedidos de explicação a autoridades com foro privilegiado, como é o caso dos comandantes das três Forças Armadas. A decisão de oficiar os comandos de Exército e Aeronáutica foi adotada pela procuradora da República Luciana Loureiro, no mesmo despacho em que converteu um procedimento preparatório em inquérito para investigar ilegalidades na difusão da cloroquina. O despacho foi assinado na sexta-feira (19). O general Edson Leal Pujol comanda o Exército. A Aeronáutica é comandada pelo tenente-brigadeiro Antonio Carlos Bermudez. A instrução do inquérito contará com outras diligências, determinadas no mesmo despacho. Já o CFM (Conselho Federal de Medicina) tem dez dias para manifestar sua posição sobre um aplicativo lançado pelo Ministério da Saúde e programado para indicar cloroquina em qualquer circunstância. A plataforma foi retirada do ar. O MPF quer saber se o CFM concorda com o "tratamento precoce" e qual a posição do conselho sobre o aplicativo do ponto de vista da "violação da ética, da responsabilidade e autonomia médicas". O CFM não recomenda a cloroquina, mas reconhece a autonomia do médico para prescrever o medicamento para Covid-19.
Serão ouvidos, por videoconferência, os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. Os dois foram demitidos depois de divergências com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), especialmente em relação à cloroquina. Efetivado no cargo de ministro, o general da ativa Eduardo Pazuello concordou com o desejo do presidente e com a orientação para uso de drogas sem eficácia contra o novo coronavírus. O Ministério da Saúde tem de explicar ao MPF quais evidências científicas usou para embasar a orientação de uso de cloroquina, por que colocou no ar o aplicativo que recomendava a droga e quanto gastou com "tratamento precoce", financiamento de leitos de UTI, ações de testagem e campanhas de esclarecimento da população. O inquérito investiga, originalmente, atos de improbidade administrativa de Pazuello. O procedimento apura a ilegalidade de uso de dinheiro público para "aquisição de medicamentos cuja eficácia, para o tratamento da Covid-19, tem sido reiteradamente contestada pela comunidade científica". Este inquérito é um dos dez procedimentos formalmente abertos pelo MPF para investigar atos de Pazuello no combate à pandemia, como a Folha mostrou neste domingo (21). No mesmo procedimento, ainda são investigadas a baixa execução orçamentária de recursos federais no combate à pandemia, a insuficiência de insumos ao SUS e omissões do Ministério da Saúde na aquisição de vacinas contra a Covid-19. As investigações poderão ser ampliadas para apurar a conduta de outras autoridades e gestores na difusão da cloroquina, o carro-chefe de Bolsonaro para o combate à pandemia. Se isto ocorrer, essas novas frentes devem ser tratadas em procedimentos distintos.
Ao decidir cobrar explicações dos comandantes de Exército e Aeronáutica, o MPF se baseou em reportagem publicada pela Folha no dia 6 de fevereiro. A reportagem mostrou que o governo Bolsonaro mobilizou Exército, Aeronáutica, cinco ministérios, uma estatal e dois conselhos da área econômica para fazer a cloroquina chegar aos quatro cantos do país. Novas reportagens, publicadas nos dias 10 e 11, revelaram que o Ministério da Saúde usou também a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) para a produção de 4 milhões de comprimidos. Documentos enviados ao MPF registram que o dinheiro usado partiu de uma MP (medida provisória) destinada a ações de combate à pandemia. Além disso, segundo esses documentos, o Ministério da Saúde desviou a finalidade do programa nacional de controle da malária, usando a cloroquina produzida pela Fiocruz —que tem essa finalidade original, de combate à malária— para "tratamento precoce" de Covid-19. Os comandos do Exército e da Aeronáutica devem explicar suas respectivas participações na difusão da cloroquina em 2020 e em 2021, "esclarecendo o que mais lhes convier acerca dos fatos narrados na reportagem publicada pela Folha de S.Paulo", como consta no despacho do MPF.
O Exército produziu 3,2 milhões de comprimidos de cloroquina a partir de solicitações dos Ministérios da Defesa e da Saúde, segundo informou à Folha na reportagem publicada no dia 6. O gasto com a produção foi de R$ 1,16 milhão, conforme a Força. O Laboratório Químico Farmacêutico do Exército fez pelo menos nove dispensas de licitação para adquirir insumos e o princípio ativo da droga. Em outubro do ano passado, uma auditoria do TCU constatou que a produção do laboratório do Exército não levava em conta demanda e planejamento por parte do Departamento de Logística do Ministério da Saúde. A falha tem "potencial de gerar dano ao erário, pois a produção pode exceder à necessidade do SUS e gerar acúmulo e vencimento de medicamentos", apontou a auditoria. O Exército, em nota, negou essa possibilidade. Segundo a instituição, havia 328 mil comprimidos de cloroquina em estoque, com vencimento em 2022. No texto, o Exército deu a entender que não haverá uso do medicamento para Covid-19: "Será empregado para atender ao uso terapêutico preconizado do medicamento". Caixas de cloroquina foram transportadas em diferentes ocasiões pela Aeronáutica, especialmente para regiões mais isoladas, como comunidades indígenas na fronteira com a Colômbia e a Venezuela. Segundo a Força Aérea, quem fez o planejamento foi o Ministério da Saúde, que o repassou ao Ministério da Defesa. "A Força Aérea apenas cumpre a missão", disse a assessoria de imprensa na ocasião.

*”Monitoramento aponta que vacinas contra Covid mantêm perfil de segurança esperado, diz Anvisa”*
*”Após encontro com Pfizer, Pacheco diz que não pode impor condições brasileiras ao laboratório”*
*”Pacheco diz que projeto pode permitir compra de vacinas de Pfizer e Janssen pela iniciativa privada”*
*”Fiocruz receberá 2 milhões de doses prontas da vacina de Oxford na terça (23)”*
*”Pandemia ensinou que hospital de campanha deve ser último recurso”*

*”Moradores carregam corpos e relatam danos psicológicos após ações da PM na Baixada Fluminense”*
*”Gravações apontam padre celebridade de Goiás tramando morte de dirigente de associação religiosa”*
*”Justiça de SP realiza novo julgamento de suspeitos de participação de megachacina de 2015”*
*”Prefeitura de SP abre pista de skate no vale do Anhangabaú”*
*”Após enchentes, Bolsonaro assina MP com recursos para defesa civil no Acre”*

MÔNICA BERGAMO - *”Ministros do STF querem investigação de delegada da PF que atuou na Lava Jato”*: O ministro da Justiça, André Mendonça, foi questionado por ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a revelação de que a delegada Érika Marena, que coordenou investigações da Lava Jato, lavrou o depoimento de uma testemunha sem que ele tivesse ocorrido de fato. O ministro, ao qual a PF é subordinada, afirmou que averiguaria os fatos. O procedimento de Marena foi revelado em diálogos entre os procuradores Deltan Dallagnol e Orlando Martello Júnior que foram hackeados. Na conversa, Dallagnol disse que Marena poderia “sair muito queimada nessa” e que “pode dar falsidade contra ela”. O Ministério Público Federal do Paraná afirma que o depoimento citado foi do delator Fernando Moura, que disse uma coisa à PF e depois negou perante a Justiça. “É natural que possa ter havido questionamentos e especulações, entre os procuradores, sobre terem havido todos os cuidados necessários na colheita do depoimento” pela PF, diz o MPF. Em momento posterior, ficou demonstrado que “todos os depoimentos do colaborador na Polícia Federal foram tomados com sua presença acompanhada de advogados”.

MÔNICA BERGAMO - *”Advogado considerado homem-bomba da Lava Jato do Rio pede ajuda à OAB”*: O advogado Nythalmar Filho, investigado por supostamente tentar cooptar clientes para defendê-los na Lava Jato do Rio de Janeiro sob o argumento de que teria acesso livre a procuradores e ao juiz Marcelo Bretas, acionou a OAB para que seu caso permaneça no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Ele estava sendo investigado no Rio —mas o presidente do STJ, Humberto Martins, determinou que o inquérito fosse enviado à Corte. A razão: a investigação envolve procuradores da República, que têm foro privilegiado. Nythalmar tem sido visto pela advocacia como uma espécie de homem-bomba, detentor de informações preciosas sobre procedimentos da Lava Jato do Rio. Ele já buscou gabinetes de Brasília, inclusive da PGR (Procuradoria-Geral da República), para contar a sua história. Na petição à OAB, o advogado reclamou de as investigações terem, até agora, “se restringido tão somente a esse causídico”. Ele afirma que a seletividade “presume a culpabilidade deste requerente e a inocência das citadas autoridades [procuradores e o juiz Bretas]”, o que “não atende aos anseios sociais de transparência e publicidade”. A restrição, segue, “apenas fomenta mais dúvidas acerca da atuação das ditas autoridades”. Jovem, Nythalmar, que tem 30 anos, começou a chamar a atenção pelos clientes que conquistava para defender na Lava Jato, e que antes eram atendidos por bancas renomadas. Ele sempre negou as acusações e disse se guiar pela ética e boas práticas da profissão.

MÔNICA BERGAMO - *”Subpasta da Cultura quer acelerar análise de prestação de contas de projetos financiados com recursos públicos”*
MÔNICA BERGAMO - *”Sebastião Salgado e Ailton Krenak participam de festival sobre direitos humanos”*
MÔNICA BERGAMO - *”Programa de atendimento à saúde mental na pandemia realizou 8 mil chamadas de vídeo em 2020”*

CAPA – Manchete principal: *”Petrobrás cai 20% na Bolsa e puxa perdas de estatais”*

*”Em atualização – Após prisão de Silveira, Câmara quer modernizar Lei de Segurança Nacional”* - A Câmara dos Deputados deve começar a discutir alterações na Lei de Segurança Nacional (LSN), que prevê os crimes contra a ordem pública. Na esteira da prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), detido em flagrante por ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), após ser enquadrado nessa legislação, parlamentares de oposição e de centro veem necessidade de modernizar a norma, sancionada em 1983, ainda na época da ditadura. Em um primeiro momento, deputados vão se debruçar sobre o alcance da imunidade parlamentar. Pretendem debater novas regras para a concretização do crime em flagrante e também sobre os crimes inafiançáveis. Essas são as condições para a prisão de um parlamentar, segundo o artigo 53 da Constituição. Deputados ainda avaliam se será necessário alterar a Carta ou apenas tratar o assunto por meio de projeto de lei. A hipótese de aprofundar a discussão sobre a Lei de Segurança Nacional, no entanto, é admitida até mesmo pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Hoje, a deputada Margarete Coelho (PP-PI), que deve relatar o projeto sobre imunidade parlamentar, terá reunião com o grupo de trabalho. O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), e o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) afirmam que irão propor mudanças na LSN. Lira lamentou que a legislação da ditadura tenha sido usada para prender Silveira.
— Há discussão de alterações, porque a lei é de 1983 e o nome dela traz questões que, pela diferença e vácuo do artigo 53, ela teve que ser usada. Foi um remédio amargo, talvez excessivo, para um integrante que se desviou da sua função. Então, deve ser discutido — disse o presidente da Câmara ao GLOBO.
Na decisão que ordenou a prisão de Silveira, Moraes alega que as condutas do parlamentar podem configurar crimes previstos na Lei de Segurança Nacional, como “tentar impedir, com emprego de violência ou grave ameaça, o livre exercício de qualquer dos Poderes da União" ou “fazer em público propaganda de processos violentos ou ilegais para alteração da ordem política ou social”. Parlamentares e juristas coincidem na avaliação de que é ruim ter de recorrer a uma lei editada durante a ditadura, mas que isso ainda ocorre, como no caso de Silveira, porque falta à legislação brasileira outra norma que trate de ataques a instituições da democracia. Por isso, há prevalência da avaliação de que é necessário atualizar a LSN. O grupo de trabalho para debater alterações na lei penal foi constituído informalmente, com membros indicados por Arthur Lira. Margarete Coelho presidiu em 2019 o grupo que modificou o pacote anticrime do então ministro da Justiça Sergio Moro. Paulo Teixeira diz que o grupo ainda não debateu a Lei de Segurança Nacional, mas que irá propor esse debate na reunião de hoje. Ele defende que a lei seja alterada para definir melhor os crimes de ódio, como foram, na sua opinião, os praticados por Silveira.
— A Lei de Segurança Nacional tem tipos penais amplos que permitem inclusive a perseguição, processar adversários políticos. Isso é inaceitável — diz o deputado.
O parecer da deputada Magda Mofatto (PL-GO), relatora da votação sobre a prisão de Silveira, cita três pontos sobre os quais deputados devem se “debruçar”: definição e o rol de crimes inafiançáveis; definir melhor situações que caracterizam flagrante delito, especialmente na internet; e o alcance de decisões monocráticas sobre prisão de parlamentares. Marcelo Ramos acha necessário o debate de alterações na LSN. Mas rechaça uma possível alteração no artigo 53 da Constituição, que diz expressamente no parágrafo segundo: “os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável”.
— A LSN, que foi feita pela ditadura, é que regulamenta os limites da liberdade de expressão e da imunidade parlamentar. Temos que escolher o que fazer (se alteramos a lei ou a Constituição). O paragrafo 2º do artigo 53 (da Constituição) é meramente processual. Ele não tem nada a ver com crime, com tipo penal. Ele só diz a hipótese excepcionalíssima na qual o parlamentar pode ser preso provisoriamente. Acho que ninguém vai querer discutir isso — diz o vice-presidente da Câmara.
Propostas
No ano passado, Paulo Teixeira protocolou projeto que revoga a LSN e estabelece nova legislação sobre os crimes contra a ordem democrática. A proposta torna crime, por exemplo, o uso da violência decorrente de arma de fogo ou da ameaça da sua utilização para intervir no estado democrático e produzir instabilidade no funcionamento dos Poderes. O projeto foi elaborado em parceria com juristas.
— Pretendo levar esse debate. A primeira reunião será amanhã (hoje) — diz o petista.
Uma das propostas é proibir que parlamentares sejam presos com base em decisões monocráticas, de apenas um ministro do STF. Hoje deputados só podem ser presos em flagrante, e, nesse caso, não há a necessidade de uma decisão judicial. Discute-se como fazer essa alteração sem criar uma exceção para parlamentares.

*”Subprocuradores querem ação de Aras no STJ em inquérito contra Lava-Jato”* - Um grupo de 40 subprocuradores-gerais da República, último grau na carreira do Ministério Público Federal, enviou um ofício ao procurador-geral da República Augusto Aras pedindo que ele intervenha no inquérito aberto pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra membros da Lava-Jato. O argumento dos subprocuradores é que essa investigação viola a prerrogativa pela qual procuradores só podem ser investigados por outros procuradores, conforme previsto em lei. O presidente do STJ Humberto Martins decidiu abrir de ofício (sem pedido de nenhum outro órgão) um inquérito para investigar a conduta dos membros da força-tarefa da Lava-Jato. Ele se baseou no precedente do inquérito das fake news, aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, sem participação ativa do Ministério Públio. Martins se baseou nas mensagens obtidas por meio da ação de um hacker, com origem ilegal. O STF ainda iria julgar se essas mensagens podem ser usadas como prova. "A instauração do referido inquérito pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça adentra claramente na esfera de atribuições legais única e exclusivas do procurador-geral da República", escreveram no ofício. Prosseguem os subprocuradores: "Solicitamos a Vossa Excelência a adoção das providências cabíveis no sentido de fazer valer a garantia institucional dos membros do Ministério Público Federal inserta no art. 18, parágrafo único, da Lei Complementar n. 75, de 1993".

*”Empresário de Miami é investigado por atos antidemocráticos”* - Um empresário brasileiro sediado em Miami (EUA) é investigado pela Polícia Federal e pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como um possível braço internacional do financiamento de atos antidemocráticos no Brasil. Trata-se de João Bernardo Barbosa, dono da holding JBB Par Investments, que tem em seu portfólio empresas de tecnologia e alimentação. Procurado, Barbosa nega as acusações e diz que jamais fez repasses financeiros para os alvos do inquérito nem financiou atos antidemocráticos.
As suspeitas envolvem a relação de Barbosa com o blogueiro Allan dos Santos, fundador do site bolsonarista Terça Livre. Após a quebra dos sigilos bancários autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e a apreensão do celular do blogueiro, a PF encontrou indícios de transações financeiras suspeitas entre eles. A PF teria detectado conversas de WhatsApp a respeito de uma transferência de R$ 29 mil feita pelo empresário a pedido do blogueiro e indícios de que o empresário pagaria as faturas de cartão de crédito de Allan dos Santos. Em diversos meses, o blogueiro enviou seus extratos do cartão de crédito para o empresário. O caso está sob investigação dentro do inquérito dos atos antidemocráticos, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), aberto a pedido da PGR. O próprio blogueiro admitiu em depoimento à CPMI das Fake News que Barbosa o ajudou a fundar o site, mas não contou sobre transações financeiras. A CPMI tentou aprovar a convocação do empresário para tentar aprofundar as suspeitas, mas a base bolsonarista atuou para tentar derrubar a convocação. Em seu depoimento à CPMI, Allan disse que o empresário não tinha mais participação no seu site. No domingo, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli concedeu uma entrevista na qual apontou que a investigação "já identificou financiamento estrangeiro internacional a atores que usam as redes sociais para fazer campanhas contra as instituições, em especial o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional".
— A história do país mostrou ao que isso levou no passado. Financiamento a grupos radicais, seja de extrema direita, seja de extrema esquerda, para criar o caos e desestabilizar a democracia em nosso país -- disse, em entrevista ao programa "Canal Livre", da TV Band.
Segundo fontes do STF, as declarações de Toffoli eram uma referência ao empresário João Bernardo Barbosa. O portifólio de investimentos da holding JBB Par inclui participações acionárias em empresas como Argus Control (Automação Comercial e Residencial), Delivery Club (Logística), V2V.net (Plataforma de Voluntariado), Kloubbe (Rede Social de Benefícios) e JBEI (Empreendimentos Imobiliários).
Empresário nega repasses
Procurado por e-mail a respeito do assunto, João Bernardo Barbosa negou ter feito "doações" ao Terça Livre ou pago faturas de cartões de crédito de Allan dos Santos. "Nunca fiz doações ao Terça Livre ou ao Allan dos Santos e muito menos para qualquer manifestação antidemocrática. Em 2018, ainda antes da eleição do Bolsonaro e atendendo ao pedido de um amigo, indiquei um escritório de contabilidade para promover o registro da empresa CANAL TL PRODUÇÃO DE VIDEOS E CURSOS LTDA (responsável pelo Terça Livre). Por equívoco do escritório, meu e-mail foi utilizado como contato de responsável pelo canal e por esse motivo o meu nome foi ventilado. Isso foi corrigido logo que fiquei sabendo do erro do escritório de contabilidade", afirmou João Bernardo Barbosa. Sobre os extratos dos cartões, ele afirmou: "No início de 2018, eu junto com outros sócios firmamos uma parceria com o canal Terça Livre pra explorar um dos produtos do grupo, que era o Terça Livre Escola (cursos online) e fiquei com a responsabilidade de coordenar a parte financeira da parceria. Como o Allan dos Santos usava o cartão de crédito pessoal para pagar despesas da empresa, por alguns meses enquanto eu ajudava a montar os relatórios financeiros, eu recebia os extratos do cartão para alocar as despesas que eram da empresa nos respectivos relatórios e centros de custo. Esse foi o único motivo de eu ter recebido os extratos durante um período e que por sinal estavam em débito automático na conta do próprio Allan dos Santos". Prossegue o empresário: "Ao final de julho de 2018 resolvi sair do grupo que havia sido montado para explorar o produto dos cursos online e mantive eventuais contatos fazendo a transição dos controles que estavam sob a minha gestão. Não compactuo com qualquer tipo de manifestação antidemocrática e nunca financiaria ou incentivaria qualquer coisa nesse sentido".

*”Deputado do PSL diz que Silveira gravou conversas com Bolsonaro”*

*”De olho em palanque, PT tenta aproximação com Kalil”* - Sem perspectiva de formar uma ampla coalizão de esquerda para 2022, o PT dá início à prospecção de palanques estaduais para sustentar a candidatura presidencial. Dentro desse movimento, estão na mira dos petistas até nomes de centro. Um passo na tentativa de aproximação com um possível futuro aliado será dado na próxima quinta-feira, quando Fernando Haddad, indicado pelo ex-presidente Lula como pré-candidato ao Planalto, visitará o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), que cogita uma candidatura ao governo de Minas. Do encontro na sede da prefeitura, vão participar também a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e outros dirigentes, como o ex-ministro Luiz Dulci. Kalil foi reeleito no ano passado no primeiro turno com 63,36% dos votos válidos. Petistas mineiros dizem que o apoio à candidatura de Kalil é uma possibilidade real para 2022. O prefeito de Belo Horizonte, porém, é mais cético e chega a afirmar ser “avesso a quem rouba a Petrobras”.
— Aliança nos estados é importante. O Kalil pode ser um candidato apoiado por nós. O importante é conseguir palanque para o Haddad — afirma Washington Quaquá, um dos vice-presidentes nacionais do PT, que defende a busca de legendas de centro também para a chapa presidencial.
O PSD é comandado nacionalmente por Gilberto Kassab, que em 2016 deixou o cargo de ministro das Cidades do governo Dilma Rousseff dois dias antes da votação do impeachment da então presidente. Quando Michel Temer tomou posse no lugar da petista, nomeou Kassab para o Ministério da Ciência e Tecnologia e das Comunicações.
— Ninguém esquece nada na vida. Mas para fazer política se olha para frente, não para trás — diz Quaquá.
Para a tesoureira nacional do PT, Gleide Andrade, que é de Minas, a aproximação com Kalil se justifica pela postura do prefeito em relação ao governo do presidente Jair Bolsonaro.
— Ele é de longe o prefeito, pelo menos das capitais, que mais enfrenta o bolsonarismo.
Gleide, que tem influência no PT local, deixa aberta a possibilidade de aliança:
— É uma opinião minha e não da direção. Já governamos Minas e temos todas as razões para apresentar um candidato. Mas da mesma forma, também acho que o Kalil se credenciou para poder disputar o governo do estado. Hoje, o que deve unir a política brasileira é o anti-bolsonarismo.
Segundo maior colégio eleitoral, Minas é um estado chave para as disputas presidenciais. Desde a redemocratização, ninguém foi eleito sem vencer no estado. Kalil minimiza o encontro com Haddad e afirma que se caracteriza por receber “todo mundo com a maior educação”. Lembra que já estiveram com ele em Belo Horizonte Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Álvaro Dias (Podemos). Também nega ser contra Bolsonaro, destacando que já o presidente o visitou duas vezes.
— Sou contra a postura, atos.
O prefeito acrescenta que a sua candidatura a governador não está definida e destaca que os partidos (MDB, DC, PP, PV, Rede, Avante e PDT) que o apoiaram no ano passado terão prioridade na discussão da formação de uma eventual chapa no ano que vem.
— Tenho já um grupo formado. Isso não é decisão minha, não. Tenho que respeitar esse grupo. Votar em mim é uma coisa, o compromisso político é outra. Qualquer voto é muito bem-vindo
Indagado se vetava o PT como aliado, Kalil fez referência aos esquemas de corrupção na Petrobras, que, segundo a Operação Lava-Jato, ocorreram durante os governos petistas:
— Não sou avesso a ninguém. Sou avesso a quem rouba a Petrobras e sou a avesso a não ter vacina no Brasil.
A viagem a Minas nesta semana é a primeira parada do giro que Haddad pretende fazer como pré-candidato a presidente da República. A sua participação na eleição, porém, não está totalmente assegurada. Petistas, entre eles o próprio Haddad, dizem que se Lula recuperar os direitos políticos (hoje suspensos pelas condenações na Lava-Jato), deveria concorrer ao Planalto no ano que vem.

*”PF indicia Kassab por R$ 58 milhões recebidos da J&F”*
*”O preço da ‘desobediência’ – Estado de SP tem o maior número de internações desde o início da pandemia”*
*”Exigência do Brasil emperra venda de vacina, diz Pfizer”*
*”Manaus: empresa diz que Pazuello só retornou às vésperas do colapso”*

*”Petrobrás perde R$ 98 bi – Junto com BB e Eletrobrás, tombo de estatais soma R$ 111,7 bi em 2 dias”*
*”Bolsonaro: ‘Petróleo é nosso ou de pequeno grupo?’”*
*”Auxílio: PEC acaba com piso para Educação”*

 

CAPA – Manchete principal: *”Ingerência do Planalto na Petrobrás faz valor de estatais cair R$ 113 bi”*

EDITORIAL DO ESTADÃO - *”Uma intervenção desastrosa”*: Gente esforçada, os americanos acordaram cedo para se livrar de papéis da Petrobrás ontem de manhã. Títulos da empresa despencaram 16% no pré-mercado, isto é, antes da abertura oficial do pregão. Ao mexer na empresa, como sempre desastrado, o presidente Jair Bolsonaro assustou também os estrangeiros, importantes fontes de capital para a estatal brasileira. Talvez ele ignorasse, ou ainda ignore, também esse detalhe. No Brasil ações da petroleira estavam em queda de 19% por volta do meio-dia, arrastando para baixo papéis de estatais, como o Banco do Brasil (BB) e Eletrobrás, e o Ibovespa. Esse índice, o principal da bolsa brasileira, recuou 4,84% durante a manhã.Nessa altura, a Petrobrás acumulava perda de cerca de R$ 100 bilhões de valor de mercado, iniciada no último fim de semana. No fechamento da quinta-feira, a empresa ainda valia R$ 382,99 bilhões. Só na sexta-feira foram perdidos R$ 28,2 bilhões. O presidente prometeu novas intervenções e mencionou o setor de energia elétrica. Mas, no fim de semana, circulou no mercado a hipótese de mudança na direção do Banco do Brasil, ensaiada recentemente, mas ainda irrealizada.
O motivo dessa intervenção seria o programa de fechamento de agências físicas e de redução de pessoal apresentado recentemente pela presidência do banco. O presidente Bolsonaro já havia interferido na gestão do BB ao condenar moralmente uma campanha publicitária. A censura foi aceita e cumprida, embora incompatível com as normas de administração de empresas como o BB. O presidente da instituição acabou renunciando ao posto, bem mais tarde, por outro motivo.Mas os danos causados pelo presidente Bolsonaro, incapaz de entender as funções presidenciais e, mais amplamente, a própria noção de governo, vão muito além dos males causados diretamente à Petrobrás ou a qualquer outra entidade vinculada ao poder federal. A incompetência presidencial, manifestada com o máximo de truculência e nenhuma percepção das questões econômicas, legais, sociais e empresariais mais importantes em cada caso, afeta largamente o funcionamento da economia brasileira e as expectativas de quase todos os grupos de agentes. A piora das expectativas foi claramente mostrada, ontem, no último boletim Focus divulgado pelo Banco Central. Em uma semana, a mediana das projeções da inflação oficial passou de 3,62% para 3,82%. O dólar estimado para o fim do ano subiu de R$ 5,01 para R$ 5,05. A taxa básica de juros esperada para dezembro aumentou de 3,75% para 4%, o dobro daquela em vigor neste momento. O déficit primário (sem juros) do setor público voltou a 2,80% do Produto Interno Bruto (PIB), depois de haver recuado para 2,70%. O crescimento do PIB foi revisto de 3,43% para 3,29%. Quatro semanas antes ainda se apostava em 3,49%.
Resumindo: as expectativas são de inflação maior, dólar mais caro, rombo fiscal mais amplo, juros mais altos e menor expansão econômica. Outras pesquisas já indicaram piora das expectativas dos empresários industriais e aceleração dos preços por atacado. Ao comentar reações do mercado, o vice-presidente Hamilton Mourão falou em “rebanho eletrônico”. É um comentário estranho, quando se vê a mudança de orientação de grandes instituições financeiras. Analistas da XP Investimentos, do Bradesco e do Crédit Suisse passaram a recomendar a venda de papéis da Petrobrás. Seus colegas do BTG Pactual e da Mirae Asset foram mais contidos, mas deixaram de recomendar a compra. Nada, no currículo do vice-presidente, parece credenciá-lo para menosprezar dessa maneira a resposta de tantos analistas. Afinal, trata-se mesmo de uma intervenção grosseira, confirmada pela demissão do presidente da empresa antes do fim de seu mandato. Esse episódio combina com o fracasso econômico da gestão Bolsonaro, evidente já antes da pandemia, com a grotesca propaganda da cloroquina, com a imprevidência no caso da vacinação, com sua política armamentista e com a fixação nos assuntos familiares e na reeleição. Nenhum vice-presidente contemporizador poderá disfarçar essas barbaridades.

*”Líder do governo defende nepotismo no setor público”* - No momento em que o presidente Jair Bolsonaro faz mudanças no primeiro escalão, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-pr), ressuscitou um tema polêmico e defendeu a contratação de parentes de políticos para cargos públicos. Proibido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por violar o princípio constitucional da impessoalidade na administração, o nepotismo vem sendo questionado em várias frentes. Mas, com a vitória de Arthur Lira (Progressistasal) para presidir a Câmara, o Centrão ganhou musculatura para pregar mudanças na lei que hoje pune a prática. “O poder público poderia estar mais bem servido, eventualmente, com um parente qualificado do que com um não parente desqualificado”, afirmou Barros ao Estadão. “Só porque a pessoa é parente, então, é pior do que outro? O cara não pode ser onerado por ser parente. Se a pessoa está no cargo para o qual tem qualificação profissional, é formada e pode desempenhar bem, qual é o problema?”, completou o líder do governo, que também integra o Centrão, grupo de partidos aliados ao presidente Jair Bolsonaro.
Em 2008, o Supremo firmou posição contra o nepotismo e suas ramificações. Estendeu a proibição ao “nepotismo cruzado”, que é quando dois agentes públicos empregam parentes um do outro. A Súmula 13 da Corte diz que “a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau (...), para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada (...), mediante designações recíprocas, viola a Constituição”. Quando era deputado, Bolsonaro nomeou 13 parentes em gabinetes da família. Além disso, o clã Bolsonaro empregou 102 pessoas com laços familiares, segundo levantamento feito pelo jornal O Globo, ao longo dos 28 anos em que o atual presidente foi parlamentar. No primeiro ano à frente do governo, em 2019, Bolsonaro chamou de “hipocrisia” as críticas de que seria “nepotismo” a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), seu filho “03”, para o cargo de embaixador nos Estados Unidos. O presidente chegou a criticar a decisão do Supremo que proibiu contratações de parentes na administração pública. “Acho que quem tem de decidir sobre essas coisas é o Legislativo. Teve um parlamentar contra o nepotismo que foi pego na Lava Jato. E tem ministro, com toda certeza, que tem parente empregado, com DAS (função comissionada). E daí?”, questionou ele, na ocasião. “Que mania (vocês têm de dizer) que tudo que é parente de político não presta.”
O Supremo não deixou claro, no entanto, se a restrição para contratar parentes deve valer também para cargos de natureza política, como os de ministros e secretários de Estado, ou apenas para funções administrativas. Nos julgamentos do plenário tem prevalecido o parecer de que essas nomeações são permitidas, exceto se houver algum tipo de fraude. Em 2017, porém, decisão liminar do ministro Marco Aurélio Mello barrou a indicação de um filho do então prefeito do Rio, Marcelo Crivella, como secretário municipal. Um ano depois, em 2018, a então vice-governadora do Paraná, Cida Borghetti – mulher de Ricardo Barros –, chamou o cunhado para a equipe ao assumir o governo estadual, diante da renúncia do então governador Beto Richa. À época, Cida nomeou Silvio Barros, irmão de seu marido, como secretário de Desenvolvimento Urbano.
Improbidade. Como a prática da nomeação de parentes por políticos não configura crime no Brasil, o caminho para punir agentes públicos por nepotismo é enquadrá-los no artigo 11 da Lei de Improbidade Administrativa, de 1992. É com base neste artigo que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem chancelado condenações em casos de contratação de parentes. O dispositivo define como improbidade atos que violem os “deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições”. A Câmara, porém, discute o afrouxamento da Lei de Improbidade Administrativa, que pode excluir justamente esse artigo 11, também utilizado para punir outras práticas, como furar fila no serviço público. A proposta consta do texto substitutivo de autoria do relator, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), e é apoiada por Barros. “Se querem que nepotismo seja crime, que façam uma lei e aprovem. É inadequado um arcabouço jurídico onde o que você quiser encaixa lá. Ah, estão preocupados com nepotismo? Então, vamos encerrar o artigo 11 e fazer uma lei de nepotismo aqui. Isso pode, isso não pode. Não é para cada promotor interpretar (a lei) do jeito que quer”, disse o líder do governo.
Para o advogado Sebastião Tojal, especializado em ações de improbidade, o que Barros diz não se sustenta. “Existe um princípio constitucional, segundo o qual a impessoalidade deve orientar a administração pública, inclusive no processo de investidura em cargos. Não se pode chegar ao ponto de discutir se fulano, sicrano ou beltrano de fato é competente ou não”, destacou Tojal. “Nepotismo tem de ser compreendido como nomeação para cargos administrativos e políticos.” Autor do projeto em discussão na Câmara sobre a Lei de Improbidade, o deputado Roberto de Lucena (Podemos-sp) é contra a mudança da regra que hoje permite a punição por nepotismo. “Eu me sinto contrariado com o fato de que a gente possa, retirando o artigo 11, promover um retrocesso naquilo que já está consolidado”, disse Lucena. “Essa questão já é superada. Não existe espaço para retrocessos.” Na avaliação do ex-advogado-geral da União Fábio Medina Osório, a Constituição não permite que parentes sejam contratados para a administração pública nem mesmo se forem competentes. “Independentemente de qualificação ou não, a proibição direcionada à contratação de parentes, refletida na Súmula 13 do STF, acarreta improbidade administrativa.” O promotor de Justiça Roberto Livianu, do Instituto Não Aceito Corrupção, disse que a experiência no Brasil mostra a necessidade de não ser permitida qualquer exceção. “Fazer louvor ao nepotismo é absurdo. Devido ao fortalecimento da cultura do compadrio, essa ideia (de exceção) não deve prevalecer. O Supremo editou a súmula porque o que se faz no serviço público é uma bandalheira.”

*”Noronha deve atender a recursos de Flávio”*

*”Silveira gravou Bolsonaro, diz deputado do PSL”* - O deputado Felício Laterça (PSL-RJ) disse que seu colega Daniel Silveira (PSL-RJ) – que está preso – gravou, clandestinamente, conversas com autoridades, como o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ). “Ele era um gravador ambulante”, afirmou Laterça ontem ao Estadão. Segundo o parlamentar, Silveira também o procurou para “ganhar dinheiro na boa”, em atos de corrupção. Na madrugada de anteontem, Laterça divulgou um vídeo nas redes sociais no qual diz que o próprio Silveira afirmou que tinha o costume de gravar pessoas. “Ele me revelou que tinha feito algumas gravações, ele tinha esse mau hábito. Ele acabou gravando conversa de parlamentares dentro do ambiente da Câmara. Ele disse que havia gravado o presidente da República”, relatou Laterça, que é delegado licenciado da PF. Laterça disse ainda que essas gravações ocorreram em 2019. Sobre Bolsonaro, no entanto, afirmou não saber detalhes de como teria ocorrido. Em outubro de 2019, Silveira gravou e divulgou áudios de uma reunião com um bate-boca da bancada do PSL. Na ocasião, o deputado Delegado Waldir (PSL-GO), então líder do partido na Câmara, ameaçou “implodir” Bolsonaro e o chamou de “vagabundo”. Silveira disse ter agido para “blindar” o governo. A assessoria de Silveira disse ao Estadão que a defesa só teria contato com o deputado hoje. O advogado do parlamentar deve responder às acusações também hoje, por meio de nota.

*”Inquérito apura se atos contra STF tiveram ‘financiamento estrangeiro’”*

*”Com números em queda, Reino Unido define plano para sair do lockdown”*
*”Em crise, governos decidem taxar ricos”*
*”Trump terá de abrir imposto de renda”*

*”SP tem o maior nº de internações em UTI por covid e vai endurecer restrições”*
*”Senado quer mudar lei para obter vacinas”*
*”Risco de contágio por alimento ou embalagem é mínimo, diz estudo”*

*”Intervenção de Bolsonaro derruba Bolsa e faz estatais perderem R$ 113,2 bilhões”*
*”Presidente critica 11 meses de home office de Castelo Branco”*

 

CAPA – Manchete principal: *”Interferência na Petrobras abala ações de outras estatais”*

*”Jovem precisa de políticas públicas para ontem”* - Jovens e crianças parecem abandonados à própria sorte no país, dizem pesquisadores da FGV

*”Concertação faz compilação inédita de dados sobre Amazônia”* - Na Amazônia Legal existem 808 municípios onde vive a maioria das 29,3 milhões de pessoas da região, ou 14% da população do Brasil. Os nove Estados registram PIB superior a R$ 620 bilhões, o que é 9% do PIB nacional. É no Pará onde ocorre o maior número de homicídios. Roraima, por sua vez, alcançou a maior pontuação no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Esta fotografia fragmentada ganha visão integrada amanhã, com o lançamento de uma plataforma pioneira reunindo 113 indicadores em 11 temas - de demografia a educação, de economia a infraestrutura, do saneamento à saúde, com lente local e possibilidade de fazer projeções até 2030. O hub de dados sobre a região é uma iniciativa inédita que pretende oferecer elementos fundamentais para os gestores públicos. A “Amazônia Legal em Dados” é iniciativa da Concertação pela Amazônia, rede de cerca de 250 lideranças empresariais, acadêmicas e ambientalistas, entre outras, e será lançada em webinar. A plataforma foi pedida pelo Consórcio de Governadores da Amazônia Legal. Os dados amazônicos são dispersos em muitas fontes e desiguais conforme a área. Embora seja mais fácil encontrar informações ambientais, dados socioeconômicos, por exemplo, são difusos. A plataforma, desenvolvida pela Macroplan, organiza estes cenários, permite comparar indicadores com o restante do país, entre Estados e municípios e mostrar desempenho por períodos. Faz, também, leituras dos maiores desafios das cidades e Estados. As informações retrocedem em 10 anos e permitem projeções para 2030.
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*”Desoneração de combustível poderá ter isenção de IOF”* - Tributo deixaria de incidir sobre fundos constitucionais de financiamento

*”Bolsonaro edita MP para socorrer o Acre”* - União abre crédito extraordinário de R$ 450 milhões para o Estado

*”Alta na ocupação de leitos de UTI leva SP a apertar restrições”* - Governo de São Paulo confirmou que começará a enviar hoje, ao Ministério da Saúde, nova remessa que soma 3,4 milhões de vacinas

*”PRDF quer investigar ministro por improbidade”* - Pedido de inquérito questiona compra de medicamentos sem eficácia comprovada para combate à covid-19

*”Projeto vai permitir aquisição de vacinas por Estados e empresas”* - Depois de reunião com Pazuello, presidente do Semado anuncia criação de nova regra que permitirá que Estados, municípios e empresas comprem vacinas

*”Relator restringe compra privada de imunizantes”* - Texto de MP prevê agora que apenas as empresas ligadas à área da saúde, como hospitais, clínicas, poderão adquiri-los

*”Salto vê dificuldade em modelo para estender auxílio”* - Diretor-executivo da IFI critica falta de transparência do governo e afirma que aumento da percepção de risco afeta o cenário macroeconômico

*”Volta do auxílio não melhora cenário para PIB deste ano”* - Para Ibre/FGV, prorrogação do benefício não evita fraqueza da atividade no primeiro semestre

*”Empresas alemãs esperam ano bom, mas avaliam mal o governo”* - Pesquisa da Câmara Alemã com 800 associados mostra que 51% acreditam que situação política do Brasil está piorando

*”Confiança industrial deve seguir em queda nos próximos meses, diz FGV”* - Demanda interna em queda e desemprego elevado afetam o indicador

*”Pesquisa indica que 82% das grandes companhias pretendem investir este ano”* - Levantamento da CNI indica que maioria quer melhorar processo produtivo ou aumentar produção

*”Concessões e PPPs de saneamento emperram depois do marco legal”* - Levantamento mostra queda em 2020, com retração das prefeituras

*”Demanda por energia cresce 1,9% em janeiro”* - Houve aumento de 2% também na comparação com dezembro

*”Impasse nas negociações atrasa parecer sobre PEC emergencial”* - Votação em primeiro turno no plenário do Senado está marcada para quinta-feira

*”Equipe econômica quer volta de limite”* - Se não conseguir modificar PEC, Guedes tentará ser intransigente em relação ao valor do benefício fixado em MP

*”Pacheco sugere ‘mínimos unificados’ para saúde e educação”* - Depois de Arthur Lira, presidente do Senado diz ser ‘simpático’ à ideia, mas propõe alternativa

*”Marco das startups entra na pauta do Senado”* - Proposta, se aprovada, irá à sanção presidencial

*”Aprovação a Bolsonaro cai em pesquisa”* - A avaliação positiva do governo Jair Bolsonaro e a aprovação ao desempenho pessoal do presidente tiveram queda significativa entre outubro do ano passado e fevereiro deste ano, segundo pesquisa CNT/MDA divulgada ontem. A queda coincide com o fim do auxílio emergencial, benefício pago a pessoas de baixíssima renda afetadas pela pandemia. O levantamento mostrou, entretanto, que a população não responsabiliza o presidente pelas mortes causadas pelo coronavírus, que se aproximam de 250 mil. Segundo os dados, os que consideram o governo ótimo ou bom caíram de 41,2% para 32,9%. Já os que afirmam que o governo é ruim ou péssimo subiram de 27,2% para 35,5% no período. Aqueles que classificam a gestão como regular oscilaram de 30,3% para 30,2%. Os que aprovam o desempenho pessoal Bolsonaro caíram de 52% para 43,5%. Já os que desaprovam subiram de 43,2% para 51,4%. De acordo com a CNT, o “fim do auxílio emergencial, embates com a imprensa e priorização da pauta de costumes podem explicar essas oscilações” na avaliação do governo e na aprovação pessoal ao presidente. Com a economia patinando e o desemprego elevado, o levantamento mostra aumento no pessimismo dos brasileiros com a situação do país. Ao todo, 33,8% disseram crer que ela irá piorar, ante 28,1% em outubro. Os que acreditam em uma melhora caíram de 29,8% para 25,7% no período.
Houve estabilidade no índice dos que pensam que a situação do país permanecerá igual: oscilou de 39,4% para 39,2% em fevereiro. Para a maior parte dos brasileiros, a retomada da economia só ocorrerá a partir de 2022 (36,8%) ou 2023 (34,5%). Ao todo, 3,4% creem em uma retomada até junho e 10,5% acreditam em uma melhora a partir do segundo semestre. Para 44,5%, a situação da economia está pior do que o esperado no início da pandemia, e para 13,3%, muito pior do que o esperado. Apenas 13,2% responderam que a economia está melhor ou muito melhor do que o esperado. A expectativa quanto à situação do emprego no país também piorou. Os que acreditam que ela vai melhorar caíram de 36% para 28,1% entre outubro e este mês. Já os que creem em uma piora desse quadro subiram de 30,1% para 40%. Os que acreditam que a situação ficará igual oscilaram de 31,1% para 30,3%. A pesquisa mostra ainda que os brasileiros estão preocupados com a situação de sua renda mensal. Aqueles que acreditam que ela irá aumentar caíram de 26,5% em outubro para 22,7%. Já os que anteveem uma queda na renda subiram de 20,7% para 24%. Para 51%, a situação permanecerá inalterada, ante 50,2% há quatro meses.
Também aumentou o pessimismo com relação à situação da Saúde, da Educação e da Segurança no país. Ao todo, 38,3% disseram que a situação da Saúde irá piorar, ante 27,2% em outubro. O número, porém, fica bem baixo dos 52,3% que estavam pessimistas em maio, quando a pandemia ainda estava em seus meses iniciais. Os que disseram crer que a situação irá melhorar oscilaram de 31,8% para 30,8% no período. A alta entre os pessimistas coincidiu com a queda dos que acreditam que a situação não mudará, de 38,7% para 29,5%. A condução dada pelo governo à pandemia conta com a aprovação de 54,3%, ante 42% de desaprovação. Quase metade (49,7%) não responsabiliza Bolsonaro pelas mortes causadas pelo coronavírus. Para 36,4%, ele é um dos culpados, mas não o principal. E 11% afirmam que Bolsonaro é o principal culpado pelas mortes. Ao todo, 66,5% classificam como ótima ou boa a atuação do governo em relação ao auxílio à população necessitada na pandemia. O auxílio aos empresários foi aprovado por 36,8% dos entrevistados. O índice dos que se dizem pessimistas com a segurança subiu de 27,1% para 30,6%. Já para 22,6%, a situação vai melhorar, ante 26,4% em outubro. Ao todo, 68,2% se disseram contra mudanças na lei propostas por Bolsonaro para facilitar a compra e o porte de armas de fogo, ante 28,8% contrários. Foram realizadas 2.002 entrevistas entre os dias 18 e 20 de fevereiro em 137 municípios de todos os Estados e do Distrito Federal. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.

*”Aras defende delação premiada em ações de improbidade” - Manifestação foi enviada ontem ao STF

*”Jungmann diz que há apreensão entre militares da reserva”* - Autor de uma carta aberta a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) contra o decreto presidencial que aumentou o acesso a armas, o ex-ministro da Segurança Pública e da Defesa Raul Jungmann disse que militares da reserva e integrantes de setores policiais externaram a ele preocupação com as potenciais consequências da iniciativa do presidente Jair Bolsonaro. De acordo com o ex-ministro da Defesa, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) também se mostraram preocupados. “Trata-se de alertar para o fato de que esse derrame de armamentos na população pode ter consequências muito graves exatamente para quem se armar. Além de conflitos pelo país, há a possibilidade de questionamento de resultados de eleições e de ocorrer o que aconteceu no Capitólio dos Estados Unidos”, afirma, fazendo referência à invasão do parlamento americano, em 6 de janeiro. Na ocasião uma multidão de partidários de Donald Trump - incitada pelo próprio presidente - dirigiu-se ao edifício invadindo e depredando gabinetes. Houve cinco mortes. Segundo Jungmann, o estímulo do presidente Jair Bolsonaro ao armamento da população civil caminha para a deflagração de uma guerra civil com potencial para se converter em genocídio étnico no Brasil. Na carta aberta enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), Jungmann pediu aos ministros que vetem as iniciativas de Bolsonaro. “O armamento em massa representa a quebra do monopólio da violência legal do Estado nacional, que, se quebrado, pode nos conduzir a uma situação de conflito interno e até chegar no limite da figura horripilante de uma guerra civil, de um conflito armado entre brasileiros”, diz.
“Olhando para a história, toda vez em que se armou a população isso foi sempre o rastilho de pólvora para um grande desastre, para tragédia, genocídio, massacre, eliminação de etnias, de raças”, afirma o ex-ministro que atuou na intervenção federal decretada no Rio de Janeiro em fevereiro de 2018, durante a gestão do presidente Michel Temer (MDB). Durante o processo, as Forças Armadas assumiram a responsabilidade pelos comandos das Polícias Civil e Militar no estado fluminense. Jungmann afirma que o Estado brasileiro e a Constituição contam com dispositivos legais que podem ser usados para conter a iniciativa armamentista do presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, uma inação dos Poderes pode dar espaço para que milícias e o crime organizado em geral se fortaleçam. “Em primeiro lugar a Constituição e depois os Poderes constituídos. Está aí o apelo ao Supremo porque, inclusive, esse afrouxamento de controles e regras sobre as armas termina no fortalecimento do crime organizado, de milícias, com desvios de armas justamente para aqueles que devem ser combatidos”. “Se o cidadão de bem preencher os requisitos para ter uma arma e seguir a lei, não há problema. Mas quando o presidente diz ‘vamos armar o povo para se defender e eu quero todo mundo armado para defender a liberdade’, evidentemente que se está fazendo pouco e ferindo de morte as Forças Armadas e as polícias, ao mesmo tempo em que estimula o conflito entre os brasileiros”, diz.
De acordo com o ex-ministro, “há uma atitude reiterada de negação da ciência, reacionária, que busca se posicionar contrariamente a valores humanitários e que está dentro de uma onda global negacionista e de corrosão das instituições democráticas. Um exemplo é a atitude do deputado Daniel Silveira, que usa a liberdade de expressão para atacar a democracia”. Jungmann, no entanto, considera “fantasiosa” a hipótese de Bolsonaro impor-se como autocrata por meio de um golpe militar amparado pelas Forças Armadas. “Não há a menor possibilidade de ocorrer um golpe, as Forças Armadas não estão nada dispostas a isso. Estão absolutamente fechadas com a Constituição. E existem os ‘remédios’ democráticos da Constituição para prevenir isso”.

*”Moraes defende responsabilizar redes sociais por ‘fake news’”* - Ministro do STF afirma que enfraquecimento de partidos favorece personalidades com discurso fascista

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