quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

STF libera para defesa de Lula mensagens de Moro e Dallagnol

A Segunda Turma do STF impôs ontem uma das maiores derrotas até agora à Operação Lava Jato. Os ministros confirmaram a liminar de Ricardo Lewandowski que liberou para a defesa do ex-presidente Lula mensagens trocadas entre o então juiz Sérgio Moro e procuradores da Lava-Jato. Até Cármen Lúcia, tradicional simpatizante da Lava Jato, votou com Lewandowski, enquanto o relator do processo, Edson Fachin, defendeu sozinho que se aguardasse o julgamento pelo Plenário do uso desse material no processo, o que não tem data para acontecer. (UOL)

Então... Fachin avalia que a corrupção de agentes do Estado tem apresentado sintomas de revigoramento. Ele cita como exemplos a centralização de poder contra a democracia e as tentativas de “alterar os avanços legislativos que já foram conquistados”. Para o ministro, porém, o fim da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba não significa o fim da operação, que, na sua avaliação, “subiu até o andar de cima, onde se colocam essas relações espúrias entre poder econômico e o Estado”. Para ele, o que tende a acabar são duas vertentes do “lavajatismo”, uma que só vê qualidades na operação; outra que só vê defeitos. (Folha)

Bela Megale: “A defesa de Lula não irá anexar as mensagens hackeadas da Lava-Jato ao processo no STF que julga a suspeição de Sergio Moro no caso do triplex. A avaliação dos advogados é a de que a suspeição do ex-juiz da Lava-Jato já está comprovada por fatos emblemáticos, como a interceptação telefônica em 2016 do escritório de advocacia que defende o ex-presidente e pela quebra do sigilo de um trecho da delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci, nome forte do PT e dos governos Lula e Dilma, a seis dias do primeiro turno das eleições de 2018.” (Globo)

Confira o conteúdo de algumas das mensagens supostamente trocadas entre Moro e os procuradores. (Folha)

Painel: “Durante participação em seminário virtual nesta terça-feira sobre a Lava Jato, Sergio Moro foi alvo de uma ‘pegadinha’ relacionada a mensagens trocadas com procuradores da operação a respeito de casos sob sua responsabilidade quando era juiz. ‘Moro, explica as mensagens da #VazaJato’, dizia mensagem exibida (por uma participante) no webinário feito via aplicativo Zoom. Vaza Jato foi o apelido dado para o vazamento do conteúdo das conversas entre Moro e os procuradores por parte do Intercept Brasil.” (Folha)




Em mais uma prova de que a parceria de 2018 não existe mais, o presidente Jair Bolsonaro deixou o vice Hamilton Mourão de fora da reunião ministerial que promoveu ontem no Palácio do Planalto. Além de Mourão, o único ausente foi o ministro das Comunicações, Fábio Faria, que está fora do país. A convocação para o encontro foi feita individualmente para evitar o convite ao vice, a quem Bolsonaro atribui vazamento de informações à imprensa. (Folha)

Mourão, conversando com jornalistas, não se estendeu muito sobre o incidente: “Acredito que o presidente julgou que era desnecessária a minha presença, só isso”. (UOL)




Alvo de críticas de colegas de farda, o ministro da Secretaria de Governo, general da reserva Luiz Eduardo Ramos, disse não se envergonhar de ter articulado com o Centrão a eleição dos presidentes da Câmara e do Senado. Segundo ele, os oficiais da ativa compreendem o “momento político” do governo. Embora negue, o gabinete de Ramos foi visto como QG das negociações, que teriam envolvido a liberação de R$ 3 bilhões em verbas extras para parlamentares. (Estadão)




Vera Magalhães: “Quando assiste impassível à deterioração da popularidade do presidente e o empilhamento de corpos na pandemia sem uma saída visível, o mercado, representado pela Avenida Faria Lima age com a boa-fé dos ingênuos ou a má-fé dos cínicos? O silêncio cúmplice é o que dá a Bolsonaro a certeza de que ele pode fechar com o Centrão, enterrar a Lava-Jato, empurrar cloroquina goela abaixo do país, sabotar a vacinação e depois mentir dizendo que não o fez porque nada vai acontecer. Basta analisar a mais recente pesquisa de avaliação do governo divulgada pela XP e pelo Ipespe. São 42% os que consideram o governo ruim ou péssimo, e 53% os que condenam sua atuação no curso da pandemia. Em qualquer país, esses indicadores, que espelham a tragédia econômica e social do bolsonarismo, seriam suficientes para que o presidente deixasse de mentir em praça pública e fosse instado a agir. Instado por quem? Pela elite econômica. Os mesmos clientes que recebem a pesquisa da XP e não entendem o que isso tem a ver com sua vida. Só vão entender quando o descontentamento de uma parcela da população levar Bolsonaro, não por senso de dever, mas pela sua covardia crônica, a reeditar o auxílio emergencial, e isso acabar de desarrumar as contas públicas.” (Globo)




O deputado Aécio Neves (PSDB-MG) reagiu à tentativa do governador João Doria de expulsá-lo e a seu grupo do partido dizendo que a legenda “não tem dono”. “É lamentável que o governador demonstre tamanho desconhecimento em relação à realidade de seu próprio partido”, disse Aécio. (BRPolítico)

Painel: “A ação de João Doria para dominar o PSDB gerou reação imediata da ala gaúcha da legenda, que tem no governador Eduardo Leite a principal ameaça ao projeto presidencial do paulista. Em conversas com aliados nesta terça, Leite deixou claro que não aceitará passivamente o rival tomar o partido. O deputado Lucas Redecker (PSDB-RS) criticou a antecipação do debate eleitoral e defendeu a continuidade de Bruno Araújo na presidência do partido.” (Folha)

Mônica Bergamo: “O DEM já discute lançar um pré-candidato à Presidência da República. Uma parte do partido acredita que, desta forma, seria possível estancar a ideia de que se jogou nos braços de Jair Bolsonaro e vai apoiá-lo em 2022. O nome mais forte do partido hoje é o do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.” (Folha)




Meio em vídeo. Doutor em Sociologia pela Universidade de Oxford, colunista da Folha de S. Paulo, Celso Rocha de Barros é um veterano observador da política brasileira. Desenha o movimento dos partidos políticos como ninguém. No Conversas com o Meio desta semana, ele falou sobre os movimentos que começam a surgir com foco nas eleições de 2022. Confira no YouTube.




O Senado dos EUA aceitou ontem a constitucionalidade do pedido de impeachment retroativo contra Donald Trump e deu início ao julgamento. Mas as chances de condenação são remotas. Apenas seis republicanos se juntaram aos 50 democratas para aprovar a medida. São necessários pelo menos 67 votos para condenar o ex-presidente. (New York Times)




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