terça-feira, 10 de novembro de 2020

Análise de Mídia 10/11

 



 

CAPA – Manchete principal: *”Vacina para Covid, anuncia farmacêutica, é 90% eficaz”*

EDITORIAL DA FOLHA - *”Maré de homicídios”*: O número de assassinatos no Brasil aumentou no primeiro semestre de 2020, o que esvazia a tentativa do governo Jair Bolsonaro de capitalizar a queda expressiva verificada no ano passado. É difícil, na verdade, associar qualquer um dos movimentos a políticas federais. Conforme balanço do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, na primeira metade deste ano houve um aumento de 1.700 registros de mortes violentas intencionais (MVI, conceito que inclui homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e morte decorrente de ação policial) em comparação ao período correspondente de 2019 —e 25.712 casos, no total. O equivalente a 67,7% desse incremento se deu no Ceará; foram 17,5% em Pernambuco e 12,2% na Bahia. O restante do país, portanto, responde por apenas 2,6% da piora. A população e o governo cearenses foram vítimas de um motim da Polícia Militar em fevereiro. Nos 13 dias do levante ilegal ocorreram 27% dos assassinatos do semestre; houve ainda desorganização da política de segurança do estado, que vinha melhorando seus índices de violência desde 2017.
Aquele ano é relevante para o entendimento das flutuações no número de mortes violentas no país. Trata-se do pico de MVIs, que chegaram a 64.078 —a maior cifra da série histórica iniciada em 2011. Especialistas e evidências diretas indicam que parte desse recorde se deve à onda de confrontos entre facções criminosas. Foi uma disputa pelo controle de rotas de tráfico de drogas e de presídios, com massacres em série. A escalada dos homicídios, que vinha de 2015, concentrou-se em Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Pará, Bahia e Rio Grande do Norte. Em 14 estados, o número de assassinatos caiu no período. Na esteira do recorde de três anos atrás houve a intervenção federal no Rio, que reequipou e reorganizou, em parte, a polícia estadual. Os governos de Pernambuco e Ceará criaram políticas especiais e reforçaram suas polícias. Houve tentativa de integração da política nacional de combate ao crime e cooperação maior entre os Poderes. No âmbito federal, tais esforços se dissiparam. Deu em quase nada o pacote de medidas e normas proposto pelo ex-ministro Sergio Moro, da Justiça. A administração Bolsonaro se dedicou a fazer lobby em favor do acesso a armas, e parcela expressiva de suas iniciativas teve sua legalidade contestada. De mais não se soube acerca de programa de segurança do governo —para o bem ou para o mal.

PAINEL - *”Instituto que teve pesquisa barrada por viés pró-Márcio França tem amigo do candidato como diretor”*
PAINEL - *”Radicais se unem a Russomanno, ex-bolsonaristas a do Val, e direita mostra em SP sua cisão”*

*”Alvo de críticas, aliança de Huck e Moro para 2022 busca ampliação”* - O projeto de formar uma aliança de centro-direita para a eleição de 2022, nascido de uma articulação do ex-ministro Sergio Moro e do apresentador Luciano Huck, foi torpedeado nesta segunda-feira (9) por líderes políticos de esquerda e direita. Apesar disso, seus defensores trabalham para que esta frente seja ampliada . Um dos objetivos no momento é atrair para ela o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. A ideia de criar uma “terceira via” para a disputa da Presidência surgiu durante almoço de Huck e Moro em Curitiba no dia 30 de outubro, conforme revelou a Folha neste domingo (8). Não ficou definido quem seria o cabeça de chapa numa eventual candidatura conjunta. O objetivo é buscar um caminho do meio entre a direita atrelada ao presidente Jair Bolsonaro, que deve buscar a reeleição, e candidaturas de esquerda como as do PT e de Ciro Gomes (PDT). Mal foi revelado, o projeto começou a sofrer críticas, sobretudo pela presença de Moro. O ex-juiz da Lava Jato enfrenta resistências em razão de sua participação no governo Bolsonaro, quando defendeu pontos polêmicos, como o excludente de ilicitude. Essa medida ofereceria maior proteção legal para policiais que atingissem pessoas em ações armadas.
Um dos primeiros a atacar a aliança foi o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). "Não posso apoiar uma chapa integrada por alguém de extrema direita", disse ele à colunista Mônica Bergamo. “Moro já defendeu ideias e divide a parte do eleitorado de extrema direita com Bolsonaro. Por isso ele cai nas pesquisas quando disputa com o presidente", completou o presidente da Câmara, que almoçou nesta segunda-feira (9) com Huck, no Rio de Janeiro, num encontro que estava previamente agendado. “A gente está sempre conversando, discutindo muito mais os cenários de curto prazo, o que o governo deveria fazer, a agenda econômica, a agenda social, do que uma preocupação com o processo eleitoral”, disse Maia, para quem o resultado da agenda do governo Bolsonaro nos próximos seis meses é que vai ditar a regra das eleições de 2022. Por parte da esquerda, a possível aliança recebeu críticas de Ciro, durante visita a São Paulo para ajudar na campanha de Márcio França (PSB) à prefeitura. "No dia em que Doria, Huck e Moro forem de centro, eu sou de ultraesquerda, o que eu nunca fui", afirmou Ciro.
Aludindo ao fato de Moro ter ido para o governo Bolsonaro após ter condenado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele disse: "Isso é uma lesão ética que transforma o Moro para mim num grande malandro, num corrupto que durante o governo Bolsonaro tudo o que pôde fazer fez para acobertar os filhos ladrões do Bolsonaro”. Já sobre Huck, Ciro disse que ele não está preparado para ocupar a Presidência. "O Luciano Huck é um apresentador de televisão. Ok, é uma tarefa das mais dignas. Isso o prepara para enfrentar a maior crise social e econômica do Brasil? Isso o habilita a ser [presidente]? Só a irresponsabilidade de algumas pessoas da elite brasileira é que permite a gente acreditar nisso", disse o pedetista. Na cúpula do PT, a avaliação é de que a formação de uma "terceira via” é um projeto que na prática será impossível de ser concretizado, em razão da hiperinflação de presidenciáveis querendo carregar essa bandeira: Moro, Huck, Mandetta, João Amoêdo (Novo) e João Doria (PSDB), por exemplo. “Querem reproduzir de forma equivocada por aqui o que felizmente deu certo na eleição americana com o [Joe] Biden. Acham que a maneira de derrotar o Bolsonaro é juntando todo mundo, e que a esquerda vai aceitar isso tudo de forma subordinada, como era no passado”, diz o deputado federal Rui Falcão (PT-SP), ex-presidente nacional do PT. No almoço em Curitiba, realizado na varanda do apartamento de Moro, ele e Huck decidiram manter contato permanente e trabalhar por mais nomes para sua aliança. Mandetta, que foi demitido do Ministério da Saúde de Bolsonaro por discordâncias na condução da pandemia, diz que já vem conversando com o ex-juiz e o apresentador. “Isso está muito incipiente ainda. Vai ser a tônica de 2021 inteiro”, afirma. “Eu tenho conversado com o Moro, com o Amoêdo, com o Huck, o que eles estão achando, como é que está, como é que não está, mas volto a repetir: é muito distante ainda de ter um projeto para o país”, diz Mandetta.
Ele sugere inclusive criar meios, nos moldes de uma fundação, para institucionalizar esse projeto de “terceira via”. “Isso tem que partir de uma coisa mais institucionalizada, uma fundação, um grupo de pensadores. Cadê o pessoal da educação, o povo da segurança pública, cadê o povo da saúde, da liberdade de imprensa? E há alguns temas da pauta de costumes que têm que ser abordados, como a questão LGBT, de gênero”, afirma. O ex-ministro, contudo, pertence ao DEM, mesmo partido de Maia, o que pode dificultar sua participação em uma aliança futura. Outro a ser procurado para uma aliança é Amoêdo, cujo partido, o Novo, destaca-se pela defesa do liberalismo econômico e do menor tamanho do Estado. "Já troquei ideias com o Moro e com o Mandetta rapidamente. Para mim a preocupação sempre é fazer um projeto para o Brasil, pensar as instituições, dar liberdade ao cidadão. A gente tem que discutir, mas colocar nomes nesse momento é prejudicial”, diz Amoêdo. Segundo ele, uma incógnita é a linha programática que uma eventual aliança de Moro e Huck teria. “As visões de mundo não estão claras. Não sei o que o Moro e o Huck pensam sobre privatização, ou sobre reforma administrativa”, diz. No almoço de Curitiba, o ex-juiz e o apresentador acertaram que uma eventual candidatura conjunta teria a abertura da economia como um dos três pilares. Os outros seriam o combate à corrupção e à desigualdade social. Doria também é alguém que pode participar da construção da aliança, conforme mostrou a Folha. Mas o fato de o tucano já ter dado sinais claros de que não abre mão de ser candidato a presidente pode ser um empecilho para um entendimento.

*”Russomanno revê estratégia, e candidatos buscarão voto anti-Doria em debates para chegar ao 2º turno”*

*”Covas lidera com 19 pontos de vantagem em SP, e 2º lugar tem empate triplo, diz Ibope”* - Atual prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), lidera a disputa eleitoral de 2020 com 32% das intenções de votos, segundo a pesquisa Ibope divulgada na noite desta segunda-feira (9). Atrás dele seguem tecnicamente empatados em segundo lugar os candidatos Guilherme Boulos (PSOL), com 13%, Celso Russomanno (Republicanos), com 12%, e Márcio França (PSB), com 10%. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Bruno Covas (PSDB): 32%
Guilherme Boulos (PSOL): 13%
Celso Russomanno (Republicanos): 12%
Márcio França (PSB): 10%
Jilmar Tatto (PT): 6%
Arthur do Val - Mamãe Falei (Patriota): 5%
Joice Hasselmann (PSL): 2%
Andrea Matarazzo (PSD): 1%
Levy Fidelix (PRTB): 1%
Orlando Silva (PCdoB): 1%
Brancos e nulos: 11%
Não sabem ou não responderam: 5%
Os candidatos Antônio Carlos (PCO), Marina Helou (Rede) e Vera Lúcia (PSTU) tiveram menos de 1% na pesquisa. O empate entre os três candidatos no segundo lugar já havia sido apontado na última pesquisa Datafolha, divulgada no dia 5. No levantamento, Russomanno tinha 16%, Boulos, 14%, e França, 13%. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou menos. Covas foi o candidato com maior crescimento em relação ao último levantamento do Ibope, publicado em 30 de outubro. Ele teve um aumento de seis pontos percentuais. Atrás dele, Boulos manteve os 13% e Russomanno teve queda de oito pontos percentuais. Já França oscilou um ponto para cima.
Covas foi de 26% para 32%
Boulos se manteve com 13%
Russomanno foi de 20% para 12%
França foi de 11% para 10%
Jilmar Tatto se manteve com 6%
Arthur do Val foi de 3% para 5%
Joice Hasselmann se manteve com 2%
Andrea Matarazzo se manteve com 1%
Levy Fidelix se manteve com 1%
Orlando Silva se manteve com 1%
Vera Lúcia se manteve com 0%
Marina Helou se manteve com 0%
Antônio Carlos se manteve com 0%
Os brancos e nulos foram de 10% para 11%
Os indecisos se mantiveram em 5%
Russomanno é o candidato mais rejeitado: 41% dos entrevistados afirmaram que não votariam nele em hipótese alguma. Ele é seguido por Boulos, com 25%, e Joice Hasselmann (PSL), que tem 25%. Líder na pesquisa, Covas teve 17% de rejeição. Como os entrevistados podiam apontar mais de uma resposta, a soma de todos os candidatos apresenta mais de 100%.
Celso Russomanno: 41%
Guilherme Boulos: 25%
Joice Hasselmann: 25%
Levy Fidelix: 21%
Jilmar Tatto: 20%
Bruno Covas: 17%
Arthur do Val: 16%
Vera Lúcia: 15%
Orlando Silva: 14%
Andrea Matarazzo: 12%
Antonio Carlos Silva: 11%
Márcio França: 11%
Marina Helou: 11%
Poderiam votar em todos: 2%
Não sabem ou não responderam: 13%
Foram ouvidos 1.024 eleitores da cidade de São Paulo, entre os dias 7 e 9 de novembro. A pesquisa, contratada pela TV Globo e pelo jornal O Estado de S. Paulo, está registrada na Justiça Eleitoral com o número SP-07164/2020.

*”Candidatos a prefeito de SP lamentam morte de cicloativista e cobram segurança”*
*”Veja perguntas incômodas sobre 'esqueletos no armário' de candidatos à Prefeitura de SP”*

*”Facebook e Twitter usam exemplo dos EUA e preveem avisos para fake news em eleição no Brasil”* - Antes de discursar na TV dos EUA por 15 minutos sobre fraude eleitoral sem apresentar evidências, o presidente Donald Trump já acumulava uma série de publicações contestadas ou rotuladas como duvidosas no Twitter. No Facebook, uma página com 365 mil americanos apoiadores do republicano foi derrubada por espalhar mentiras. Todas as publicações tinham em comum o objetivo de difundir desconfiança no processo eleitoral pelo correio à medida em que a derrota para o democrata Joe Biden ficava mais evidente. As duas redes sociais têm abordagens distintas, mas, no geral, devem aplicar as mesmas regras em posts compartilhados por candidatos brasileiros ou publicados por apoiadores que tentem minar o processo cívico ou incitem eleitores a interferir nos locais de votação das eleições municipais deste domingo (15). O Facebook diz que vai ter um centro de operações dedicado apenas às eleições nos dias anteriores ao pleito brasileiro. O objetivo é acelerar o tempo de resposta a conteúdos que possam representar ameaça. O mesmo centro focará atenção em conteúdos do Instagram e do WhatsApp, que pertencem ao grupo econômico Facebook. No Brasil, a empresa trabalha em parceria com agências de checagens de fatos e afirma que já removeu conteúdos que desestimulam os eleitores a votar –mas não abre quantos banimentos foram feitos. O programa de checagem do Facebook não se aplica a posts originais de políticos e candidatos, a não ser que eles compartilhem conteúdo de outra página já marcados como falsos pelos verificadores. Segundo a empresa, especialistas de diversas equipes nacionais e do exterior estarão reunidos online para acompanhar em tempo real potenciais violações de políticas das três plataformas. No WhatsApp, é preciso lembrar que mensagens não serão rotuladas como potencialmente falsas porque o sistema usa criptografia de ponta a ponta e o aplicativo não é considerado pela empresa uma rede social.
O Twitter, que ofereceu contexto de fontes oficiais e marcou 13 publicações de Trump como “contestáveis” ou com possíveis “informações incorretas” nos últimos dois dias, diz que alterou recentemente sua política de integridade cívica e que ela é global. A rede pode colocar avisos ou “remover informações falsas ou enganosas que tenham como intuito minar a confiança do público em uma eleição ou outro processo cívico” nas eleições brasileiras. Tuítes com veracidade contestada ficam mais restritos à interação com o público. Nesses casos, as pessoas precisam clicar em um alerta para visualizar a publicação e só podem retuitá-la com comentário. Curtidas, retuítes simples e respostas ficam desabilitados, e os posts enganosos passam a ter alcance reduzido, ou seja, o algoritmo da plataforma faz com a frequência de sua visualização diminua drasticamente para as pessoas. Foi o que aconteceu com uma enxurrada de tuítes de Trump na terça-feira (3) da semana passada. Em um deles, o republicano afirma que "facilmente ganharia a presidência dos Estados Unidos com votos legais"; em outro vídeo, atualiza os americanos "sobre seu esforço para proteger a integridade da importante eleição de 2020". "Se você contar os votos legais, eu facilmente ganho", diz.
Em publicações enganosas do tipo, o Twitter exibe a seguinte mensagem: "alguns ou todos os conteúdos compartilhados neste tuíte são contestáveis e podem ter informações incorretas sobre como participar de uma eleição ou de outro processo cívico". A plataforma não remove o conteúdo de autoridades por julgar que é de interesse público que fiquem visíveis, mas limita a capacidade de ela ser visualizada e utilizada por usuários. Já o Facebook anexou uma explicação em todas as publicações de Trump e de Biden para dar mais contexto ao leitor. Ao clicar no alerta, o usuário é direcionado a uma página com o status da votação e com notícias e análises de veículos jornalísticos. Em um vídeo da Fox News em que Trump afirma "eles não querem que os EUA tenham observadores", o Facebook incluiu um alerta que replicou em alguns outros conteúdos do perfil do presidente: "como esperado, os resultados das eleições demoraram mais neste ano. Milhões de pessoas nos Estados Unidos votaram pelo correio, e as cédulas pelo correio demoram mais para contar." No Brasil, a empresa afirma que não fará o mesmo nos posts de todos os candidatos, apenas rotulando os que tiverem conteúdo falso em seus perfis. Um filtro cinza será colocado em cima da publicação com o aviso de que o conteúdo não é verdadeiro e que foi checado por verificadores independentes. Para tentar conter a desinformação em 2020, todas as redes sociais firmaram uma parceria com TSE, que prevê, basicamente, um canal direto de informações para lidar com o tema e a priorização de conteúdo oficiais do tribunal sobre eleições. O WhatsApp passou a enviar, por meio de relatórios preenchidos por usuários, potenciais casos de disparo em massa ao tribunal. Das 1.020 acusações nestas eleições, o aplicativo diz que removeu 256 contas que praticavam disparo.
Já o YouTube afirma que pode retirar conteúdos "que tenham o objetivo de enganar as pessoas sobre eleições ou vídeos contendo manipulação técnica e alterações que confundam o usuário (além de trechos exibidos fora do contexto), capazes de causar prejuízos evidentes". A plataforma de vídeos do Google também pode eliminar conteúdos que contenham informações hackeadas que possam interferir no processo democrático. "Vídeos com informações hackeadas sobre um candidato político, compartilhados com o objetivo de interferir na eleição", exemplifica sua política. As diretrizes das plataformas sobre conteúdo político têm foco no rito eleitoral, ou seja, elas devem derrubar apenas posts com notícias falsas sobre urnas, locais e data de votação e procedimentos sanitários relativos à Covid-19. As empresas incentivam que usuários ajudem a denunciar conteúdos. Como mostrou estudo recém-publicado do Intervozes, as principais plataformas não têm uma política estruturada dedicada especificamente à desinformação. O tema aparece, de modo geral, de maneira esparsa em outras diretrizes de uso, como as que banem discurso de ódio, por exemplo. Publicações gerais que infringirem outras políticas da plataforma, como as que proíbem incitação à violência, assédio ou crimes de racismo, por exemplo, e forem denunciadas por usuários, também podem ser bloqueadas ou terem acesso reduzido, como ocorre em qualquer período.

*”Redes sociais foram principal alvo de ações por fake news e desinformação nas eleições de 2018, aponta estudo”* - A falta de identificação dos responsáveis por conteúdos classificados como fake news durante as eleições de 2018 fez com que as redes sociais se tornassem o principal alvo dos processos judiciais por desinformação durante o pleito. O Facebook foi a empresa mais citada, figurando como parte em 592 ações, seguida por WhatsApp, pertencente ao grupo, que aparece em 82 processos, Google com 78 e Twitter com 52. Os dados fazem parte da segunda etapa da pesquisa “Eleições, Fake News e os Tribunais: desinformação online nas eleições brasileiras de 2018”, do Centro de Ensino e Pesquisa e Inovação da FGV Direito SP (Cepi-FGV), que analisou 1.492 processos que tramitaram no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e nos TREs (Tribunais Regionais Eleitorais) Em 48% dessas ações, as redes sociais apareceram inicialmente como um dos alvos, o que segundo os pesquisados aconteceu pela falta de identificação dos autores dos conteúdos. No decorrer da ação, a tendência observada foi de retirada dessas empresas como polo passivo dos processos. “É um processo investigativo que envolve um pouco mais de atores do que só o Facebook ou o Twitter, porque os dados nas redes são em certa medida incompletos, porque o nome ali pode ser falso”, afirma o mestre em ciência política pela Universidade de Nova York e um dos coordenadores da pesquisa, Rodrigo Moura Karolczak. Ele discorda que o caminho para superar o problema seja identificar os usuários, como sugerido inicialmente pelo projeto de lei das fake news, aprovado no Senado e em tramitação na Câmara dos Deputados. Para Karolczak, a medida feriria o direito à privacidade, além de estabelecer um nível de controle excessivo, o que não é interessante para a democracia.
Uma alternativa, diz, seria a troca de informações entre as empresas e operadoras de telecomunicação para identificar os responsáveis pela informação. Todo o detalhamento deve ser repassado pelo advogado da ação, visto que o juiz eleitoral tem pouco tempo para analisar os processos, ressalta o pesquisador. Além das empresas, usuários e administradores de páginas aparecem na sequência entre os mais processados, figurando em 41% das ações. A imprensa —a maior parte veículos de baixa circulação e produtores de conteúdo— foi alvo em 25% dos processos. Os pesquisadores explicam é possível ter mais de uma categoria num mesmo processo, por isso os totais são superiores a 100%. No caso dos mais processados, a pesquisa destacou apenas as categorias que apareceram em 10% ou mais das ações. Karolczak diz que, apesar de a pesquisa não ter feito uma análise a fundo para identificar se o conteúdo produzido pelos canais de informação era de fato inverídico, foi possível observar algumas características comuns durante a análise dos processos. “Tem muitos sites noticiosos que traçam uma linha fina entre o que é opinião, fato, especulação, exagero. Pode-se entender que a pessoa está expressando uma opinião e por ter usado um linguajar mais vulgar, o político entrou com a questão da ofensa a honra e aquilo está sendo analisado não pela inverdade, mas pela ofensa”, afirma o pesquisador.
Os dados mostram que mais de 90% das ações, tanto no TSE quanto nos TREs, tratavam de ofensa à honra. Entre os processantes, 80% eram candidatos, cujo perfil era majoritariamente homem (82%), branco (73%), ocupante de cargo público entre 2016 e 2018 (75%) e com média de idade de 53 anos. “Por mais que sinalizem conteúdos que são inverídicos ou sabidamente inverídicos, na média os juízes estão primariamente avaliando se o conteúdo é ofensivo. Parece que a questão da mentira é um pouco mais secundária, que foi o que mais surpreendeu na base de dados”, afirma Karolczak. O pesquisador acrescenta que foi possível notar a menção a condutas como calúnia, difamação ou injúria, que apareceram em 78% das ações na Justiça Eleitoral federal e em 69% nos processos estaduais, como recurso retórico, uma vez que apareceram mais vezes do que os artigos da legislação que tipifica tais crimes. Termos como propaganda negativa —falar mal de um político— e propaganda irregular —descumprindo as normas eleitorais— também estavam presentes no vocabulário desses processos. “Há várias decisões dizendo que o conteúdo é fake news, 'propaganda irregular ou negativa'. Essa confusão e popularização do termo dificultou mais o trabalho, porque significa tudo e nada ao mesmo tempo”, diz Karolczak. O termo sabidamente inverídico apareceu em 77% dos processos nos TREs e em 79% das ações no TSE. “Não me parece que o fator da inverdade agregou ou foi acompanhado por ferramentas que ajudassem a ler e julgar esse conteúdo de forma interessante”, diz o especialista.​ Sem essas estratégias mais eficientes, na eleição de 2018, a principal resposta a esses processos foi a remoção de conteúdo, que ocorreu em 50% dos processos nos TREs e em 21% das ações no TSE. Já o direito de resposta é mais raro, concedido em 32% dos processos que tramitaram nas instâncias estaduais e apenas em 3% das ações julgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Apesar da remoção, os processos não permitiram identificar o nível de disseminação e os danos provocados pelos conteúdos até o momento da exclusão. “Falta análise do quanto esse conteúdo se espalhou, se a pessoa publicou no perfil dela ou se foi em algum outro lugar, sutilezas que podem contribuir para termos ferramentas mais eficientes para lidarmos com isso”, afirma o pesquisador, acrescentando que essas questões ainda não fazem parte do debate. Para as eleições municipais, Karolczak ressalta que, embora tenha ocorrido um avanço ao estabelecer a responsabilidade dos candidatos pela veracidade do conteúdo divulgado, empresas e usuários seguem na mesma condição das eleições de dois anos atrás. A primeira etapa do estudo, divulgada em dezembro de 2019, mostrou que o presidenciável Fernando Haddad (PT) foi o principal alvo de processos por supostamente espalhar fake news na campanha, com 15 ações, seguido por Jair Bolsonaro (então no PSL, hoje sem partido), com 14 ações, e por Márcio França (PSB), então governador de São Paulo e candidato à reeleição, com 13. Na outra ponta, Bolsonaro foi, de longe, o candidato que mais moveu processos acusando oponentes de propagarem fake news durante a eleição, com 42 ações, seguido pelo eleito governador de São Paulo João Doria (PSDB), com 26, Suely Campos (PP), que tentou a reeleição como governadora de Roraima, com 25, e Haddad, com 22.​

*”Ex-bailarina do É o Tchan vira policial federal e agradece Bolsonaro: 'Gratidão eterna'”*
*”Epidemia de pesquisas falsas tumultua campanha eleitoral em Jaboticabal”*
*”Em sabatina Folha/UOL, Fred Luz diz que Novo não tem mito nem salvador da pátria”*
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*”Candidato a vereador é baleado ao vivo em transmissão pela internet na Grande SP; veja vídeo”*
*”Brigas, investigações e processos são sombras para candidatos na Grande SP”*
*”Bolsonaro promete lives eleitorais até sábado e divide opiniões sobre legalidade da ação”*
ANÁLISE - *”Derrota de Trump coroa inferno astral político de Bolsonaro”*

JOEL PINHEIRO DA FONSECA - *”O jornalismo deveria fazer oposição ao populismo?”*
*”PF fez alerta sobre a possibilidade de novos ataques de hackers contra órgãos públicos, diz STJ”*
*”Juíza do Maranhão impõe censura à Folha em caso envolvendo candidato em São Luís”*

*”Defesa de Flávio Bolsonaro protocola notícia-crime contra William Bonner e Renata Vasconcellos”* - A defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) protocolou na tarde da sexta-feira (6) uma notícia-crime contra os apresentadores do Jornal Nacional, William Bonner e Renata Vasconcellos, por veicularem informações sobre as investigações do caso das supostas "rachadinhas" no gabinete de Flávio quando essa era deputado estadual no Rio de Janeiro. O pedido foi feito junto à DRCI (Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática), no Rio de Janeiro. A informação foi divulgada pela Veja e confirmada pelo UOL. Os advogados do senador, Rodrigo Roca, Luciana Pires e Juliana Bierrenbach, alegam que a TV Globo descumpriu ordem judicial ao veicularem reportagens sobre o caso. Nesta semana, a emissora deu destaque ao depoimento de Luiza Souza Paes, ex-assessora de Flávio, admitindo a existência do esquema na Assembleia Legislativa do Rio. O depoimento foi revelado pelo jornal O Globo. Ela afirmou no depoimento que nunca atuou como funcionária de Flávio enquanto deputado, mas que tinha cargo registrado na Assembleia e repassava mais de 90% do salário recebido ao assessor Fabrício Queiroz, espécie de chefe de gabinete de Flávio. Ainda na quinta-feira (5), a defesa do senador pediu ao Tribunal de Justiça do Rio que a emissora seja multada em R$ 500 mil para cada vez que descumprir a decisão. À Folha a TV Globo afirmou, por meio de nota, que não tem conhecimento desta medida e que pode "garantir que não houve descumprimento de ordem judicial".
STF NÃO ACATOU RECLAMAÇÃO DA GLOBO CONTRA PROIBIÇÃO
Em outubro, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, não acatou a reclamação da emissora contra a decisão que proíbe a divulgação de informações ou documentos sigilosos sobre o caso das rachadinhas. A informação foi dada pelo colunista do UOL, Chico Alves. A emissora reclamava a decisão expedida, no início de setembro, pela juíza Cristina Feijó, da 33ª Vara Cível do TJ-RJ. Segundo a Globo, a determinação configurava censura e contrariava a própria jurisprudência do STF de proteção à liberdade de expressão e ao direito de informação.

*”Governador do RJ não se compromete a escolher mais votado para chefiar Ministério Público”*

*”Gestão Trump bloqueia acesso da equipe de Biden a dados e recursos para iniciar transição”* - O governo Donald Trump bloqueou o acesso da equipe do presidente eleito, Joe Biden, a informações e recursos para que seja iniciada a transição de poder nos EUA. O time de Trump se recusa a assinar uma carta oficial, como é de praxe, que permite ao democrata iniciar formalmente a transição após ter sido declarado vencedor da disputa presidencial. O movimento é mais um exemplo de como o republicano usa o governo para atender a seus interesses, já que a chancela seria um reconhecimento da vitória do democrata, o que Trump se recusa a fazer. Nos EUA, assim que um novo presidente é eleito, a Administração de Serviços Gerais (GSA, na sigla em inglês) autoriza de maneira formal o início da transição. A agência assina uma carta que libera recursos para pagamento de salários e apoio administrativo aos novos funcionários, além do acesso à burocracia americana —neste ano, o valor total é estimado em US$ 9,9 milhões (R$ 52,97 milhões). O processo funciona assim desde 1963, quando a Lei de Transição Presidencial foi promulgada e, até agora, começava sempre horas ou dias depois de um novo presidente ser declarado eleito.
Em 2016, Barack Obama, por exemplo, concedeu rapidamente a transição a Trump e, inclusive, recebeu o republicano na Casa Branca após o resultado da eleição que o declarou vencedor sobre Hillary Clinton. A equipe de Biden já recebeu autorização para estabelecer um escritório de transição na sede do Departamento de Comércio, em Washington, mas todos os outros acessos e recursos para iniciar formalmente o trabalho dependem da carta assinada pela GSA. Caso o impasse se prolongue por mais tempo, esta seria a primeira vez que uma transição sofre esse tipo de atraso na história moderna dos EUA, com exceção de 2000, quando a disputa entre George W. Bush e Al Gore foi decidida na Suprema Corte, que interrompeu a recontagem de votos na Flórida. A checagem das cédulas atrasou a divulgação dos resultados e, portanto, a transição. A equipe de transição é geralmente composta por quadros técnicos, e não políticos, e pode ter acesso, inclusive, a informações confidenciais do governo incumbente. Dessa forma, a nova equipe ganha acesso aos prédios do governo, aos sistemas de computador, endereço de email e já começa a trabalhar com o time em exercício, que transmite prioridades, projetos e riscos de cada agência oficial americana.
A equipe de Biden pressiona para que a GSA reconheça rapidamente o democrata como presidente eleito e inicie os trâmites formais. Apesar dos entraves, Biden correu para ocupar o espaço político e anunciou, ainda em seu primeiro discurso como presidente eleito, no sábado (7), que iria lançar uma força-tarefa nesta segunda (9) para o combate da pandemia de coronavírus. Durante a campanha, o democrata disse que queria começar a trabalhar no dia 1, e essa dificuldade inicial no período de transição, sem acesso a informações importantes do governo, além de ser simbólica, pode ter efeitos práticos, atrapalhando os planos do democrata. Ainda assim, Biden tem sido aconselhado por assessores a seguir com o processo normalmente, anunciando os nomes e as prioridades de sua equipe de transição. A nomeação de seu secretariado, porém, pode ser prejudicada caso a gestão Trump continue esticando a corda. Ao jornal The Washington Post, um funcionário do governo disse, em condição de anonimato, que cada agência já elaborou planos de transição detalhados para uma nova gestão, mas eles não serão divulgados para a equipe de Biden até que um vencedor seja formalmente declarado.
Não está claro se isso significa depois de virem à tona os resultados de todas as ações judiciais com que Trump pretende questionar a eleição ou se em 14 de dezembro, quando o Colégio Eleitoral se reúne para votar e divulgar o resultado oficial da disputa. Por não haver uma Justiça Eleitoral centralizada os EUA, como no Brasil, a vitória é projetada por veículos de comunicação de acordo com a apuração nos estados, e o derrotado costuma reconhecer que perdeu, entrando em contato com o vencedor semanas antes da oficialização dos números pelo Colégio Eleitoral. Quando venceu em 2016, Trump se declarou vitorioso após a agência AP projetar que ele havia derrotado Hillary Clinton e, na ocasião, o presidente não contestou os números da imprensa. Robert C. MacKichan Jr., advogado que atuou como conselheiro geral da GSA para os presidentes Ronald Reagan e George H.W. Bush, disse ao The Washington Post que, como Trump está contestando a eleição e os delegados do Colégio Eleitoral ainda não votaram, é cedo para a chefe da GSA tomar uma decisão. Depois que o administrador da agência emite a carta, os recursos gastos não podem ser recuperados. "Uma verificação ainda não foi feita", disse Pamela Pennington, porta-voz da GSA, em um email, de acordo com o jornal americano, "e seu administrador continuará a obedecer e cumprir todos os requisitos da lei."
Diferentemente do que acontece no Brasil, onde o presidente tem o poder de escolher seus ministros livremente, nos EUA a indicação para o gabinete precisa ser aprovada pelo Senado. A transição poderia adiantar a verificação de antecedentes, por exemplo, uma exigência do FBI, sobre nomes que Biden cogita para o primeiro escalão. Segundo o jornal The Wall Street Journal, para além do secretariado, a transição de Biden vai precisar preencher cerca de 4.000 cargos na nova administração. Trump não reconheceu a derrota e insiste, sem apresentar provas, que a eleição foi fraudada. Apesar da pressão que tem sofrido por parte de aliados e familiares para mudar de postura, pretende seguir dificultando a transferência do cargo —e promete novas ações judiciais para contestar a eleição. No entanto, mesmo auxiliares próximos do presidente já afirmam, nos bastidores, que não há força para levar essa empreitada adiante sem evidências de que houve irregularidades no pleito. A posição do presidente, porém, deixa Emily Murphy, chefe da GSA, em compasso de espera. Biden foi declarado presidente eleito pelas projeções da imprensa americana após ultrapassar os 270 dos 538 votos necessários para vencer no Colégio Eleitoral —sistema indireto que escolhe o líder americano. A votação formal do colégio acontece em 14 de dezembro, e a posse do novo presidente, em 20 de janeiro.

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*”Bolsonaro ignora eleição de Biden outra vez, e Mourão diz que presidente felicitará eleito na 'hora certa'”* - Em encontro com apoiadores na frente do Palácio da Alvorada, na manhã desta segunda-feira (9), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) evitou, mais uma vez, comentar a vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Numa live no fim da tarde, ele novamente silenciou sobre o novo presidente eleito. Este é o terceiro dia consecutivo em que o líder brasileiro ignora publicamente a derrota do presidente Donald Trump. Biden, adversário do republicano, foi declarado vencedor na tarde do último sábado (7). A postura de Bolsonaro contrasta com a de outros líderes mundiais que já parabenizaram o democrata. Até agora, segundo auxiliares diretos ouvidos pela Folha, a decisão é a de felicitar Biden e se manifestar publicamente sobre o pleito apenas após a conclusão de disputas judiciais e recontagens de votos solicitadas por Trump. O republicano ainda não reconheceu a derrota e alega ter sido alvo de uma fraude eleitoral. Pode levar semanas para que haja o desfecho desses questionamentos. Diferentemente do Brasil, os EUA não têm uma autoridade eleitoral nacional, e o vencedor é declarado por projeções feitas pela mídia do país.
Nesta segunda, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), por sua vez, disse que Bolsonaro cumprimentará Biden "na hora certa". "A forma como se desenrolam as coisas nos EUA é diferente. [Lá] não tem tribunal eleitoral, essas coisas todas. Então, julgo que o presidente está aguardando terminar esse imbróglio aí, de discussão, se tem voto falso, se não tem, para dar o posicionamento dele", disse. "E acho que é óbvio que o presidente, na hora certa, transmitirá os cumprimentos a quem for eleito." Questionado se a demora do país em reconhecer a vitória de Biden não poderia prejudicar a relação do Brasil com os Estados Unidos, Mourão admitiu que um "novo relacionamento" deve ser estabelecido com os americanos, numa indicação de que espera a confirmação da vitória de Biden. "Não julgo que corra risco [de prejudicar a relação], acho que, vamos aguardar, né? É uma questão prudente. Eu acho que nessa semana se definem as questões que estão pendentes, as coisas voltam ao normal, e a gente se prepara para o novo relacionamento que deve ser estabelecido", avaliou.
Mais tarde, Mourão voltou a falar sobre o tema em live organizada pelo banco Itaú e repetiu que o governo só vai se posicionar após a recontagem de votos em estados solicitada por Trump. "O governo brasileiro está aguardando a conclusão do processo eleitoral dos EUA. Muita gente tem falado em judicialização, mas lá não existe judicialização, como a nossa turma aqui vem publicando. O que existe lá [nos EUA] é recontagem de voto. (...) Então, quando tiver concluído isso haverá a manifestação do nosso governo", afirmou. O vice-presidente ainda afirmou que as eleições "confirmam a vitalidade da democracia americana" e disse que os dois países têm relação "de estado" e de longa data. "Os interesses tanto de Brasil quanto dos EUA transcendem o mero processo eleitoral."
"Nós vimos durante a campanha eleitoral o Joe Biden dizer que buscaria liderar uma coalizão em apoio à Amazônia e que colocaria xis bilhões de dólares. Tudo bem. Eu acho que, se pagarem os serviços ambientais, nós já ficaríamos satisfeitos com isso, teríamos os recursos suficientes para avançar em todas as nossas agendas da Amazônia", afirmou Mourão. Assim como Bolsonaro, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, é admirador de Trump e ainda não fez nenhum comentário sobre o pleito. Bolsonaro torcia publicamente pela reeleição de Trump. Mas mesmo aliados do republicano, como o premiê britânico, Boris Johnson, cumprimentou Biden pela vitória. Além do primeiro-ministro, publicaram mensagens de parabéns nas redes sociais o presidente francês, Emmanuel Macron, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, o premiê de Portugal, António Costa, e o governo alemão, chefiado pela chanceler Angela Merkel. Na América Latina, líderes também já felicitaram Biden, como os presidentes Alberto Fernández, da Argentina, e Sebastián Piñera, do Chile. O presidente da Colômbia, Iván Duque, também se pronunciou. No Brasil, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) e o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, também se manifestaram. Nesta segunda-feira, em entrevista à CNN Brasil, Maia voltou a comentar o assunto e disse esperar que o governo brasileiro parabenize "o mais rápido possível" o presidente eleito, "respeitando o resultado das urnas".
Maia defendeu ainda que o Executivo de Jair Bolsonaro estabeleça com Biden "uma relação pragmática, uma relação que interesse aos dois países, onde as trocas, principalmente as trocas comerciais, possam ser priorizadas, e o interesse dos brasileiros também, que foi o que nós não vimos com presidente Trump." O deputado disse ainda estar preocupado com as contestações feitas pelos republicanos ao resultado das eleições. "O que a gente está acompanhando, do meu ponto de vista, é muito ruim. É muito ruim. A democracia mais importante do mundo ocidental passando por esses momentos de questionamento." Nesta segunda, em encontro com apoiadores, Bolsonaro não foi questionado sobre a eleição americana e tampouco mencionou o tema. Disse apenas que o "setor turístico foi à lona" e perguntou quem mandou "fechar tudo", em referência a prefeitos e governadores que decretaram medidas de isolamento para evitar a propagação da Covid. Aproveitou o gancho para pedir a eleitores que votem no pleito municipal. "Vão ter eleições municipais. Pessoal não dá muita bola para eleição de vereador, prefeito. É importante se preocupar e votar bem. Porque o prefeito que fechou tudo, se achar que ele fez certo, reelege ele. Se não, mude", comentou. Bolsonaro também afirmou que fará nova transmissão ao vivo nesta segunda à noite.
No sábado (7), dia em que Biden foi declarado vencedor, o mandatário também fez uma live em seu perfil no Facebook, na qual comentou a crise de energia no Amapá e fez propaganda para candidatos que apoia nas eleições municipais. Nada sobre os EUA. O presidente ainda fez publicações em redes sociais depois do anúncio da vitória de Biden, mas nenhuma sobre o tema. Em resposta a mensagens nos perfis da Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social) e do ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), publicou bandeiras do Brasil. Além do presidente brasileiro, os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e do México, Andrés Manuel Lopez Obrador, e o dirigente da China, Xi Jinping, também não parabenizaram Biden, mas ao menos apresentaram suas justificativas. Também entram na lista dos que preferiram o silêncio o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un.
+++ Impressionante o nível de subserviência de Bolsonaro.

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*”Fox News interrompe e contesta pronunciamento da Casa Branca sobre 'votos ilegais'”* - A Fox News interrompeu a transmissão da entrevista coletiva da campanha de Donald Trump nesta segunda-feira (9), quando a porta-voz da Casa Branca, Kayleigh McEnany, começou a falar sobre fraude nas eleições e votos considerados ilegais, mais uma vez sem apresentar nenhuma prova. Essa é a tese do presidente para tentar contestar o resultado que deu a vitória a Joe Biden no sábado (7). O apresentador da emissora, considerada a preferida do governo Trump, disse que as acusações eram "explosivas" e que só continuaria a transmitir as declarações se houvesse e evidência para prová-las. "Caso contrário é manipulação e trapaça", disse, após o sinal da entrevista ser cortado. "Opa, opa, opa... ela está falando sobre fraude e voto ilegal. Até ela ter mais detalhes para segurar essas alegações, não podemos continuar transmitindo isso. Eu quero ter certeza... talvez em algum momento eles consigam [apresentar provas] mas essa é uma alegação explosiva para se fazer, do contrário está manipulando e trapaceando", afirmou o âncora da Fox News. Trump se recusa a aceitar a vitória Biden, e insiste na tese de que o voto por correio pode gerar fraude, apesar de não apresentar nenhuma evidência ou fundamento para isso.

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*”Empresários brasileiros celebram eleição de Biden nos EUA e falam em freio de arrumação”* - Empresários brasileiros estão animados com a eleição do democrata Joe Biden para presidente do Estados Unidos. Pedro Passos, o fundador da Natura e copresidente do conselho de administração da empresa, chamou o resultado das eleições americanas de excelente notícia. “Traz alegria e confiança no futuro. E traz a certeza que daqui pra frente a agenda muda na direção de um mundo mais cooperativo e multilateral e que vai ter condições de enfrentar os temas transversais, como a crise sanitária”, disse o empresário. Horácio Lafer Piva, acionista e membro do conselho de administração da Klabin, diz que a vitória é fundamental do ponto de vista do exemplo político e do reequilíbrio dos efeitos do poderio econômico dos EUA no mundo. “Biden significará mudanças internas nos EUA, e pela sua importância, um freio de arrumação importante em assuntos globais”, afirma.
Luiza Helena Trajano, Presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, diz que o mundo precisa de união. "O único inimigo que temos é um vírus, e com ele não temos diálogo. E ele está aí , muito forte. A união, o diálogo que conecta, a sabedoria de aceitar e entender o outro é a alternativa. Muito feliz de uma mulher e negra ocupar um cargo de tanta relevância para mundo", escreveu ela em seu perfil no Linkedin. José Ricardo Roriz Coelho, vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico), comemora o fato de Biden ter sido eleito em meio a pandemia do novo coronavírus. “A eleição veio em um bom momento porque é uma boa oportunidade. Precisávamos de entendimento, negociação, a gente parar essa polarização que está acontecendo no mundo e colocar foco no que é mais importante”, diz Roriz. Já Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq (Associação Brasileira de Brinquedos), chama a atenção para as mudanças necessárias para o Brasil. “O Brasil vai precisar se refazer, se reconstruir para se relacionar com o modelo Biden.”
Para ele, com a vitória do democrata o ambiente empresarial adquire de novo um papel mais protagonista nas negociações entre os países. Piva, da Klabin, afirma que o momento exige atenção. “Há de se prestar atenção se as desastradas relações que criamos tomando partido trarão efeitos, que leitura fará de nosso compromisso com a sustentabilidade, e do ponto de vista geoeconômico, se pode haver reposicionamento de comércio, em especial com a China, que possa nos causar alguma perda de espaço.” Ele diz ainda que a eleição de Biden deveria ser entendida como um sinal para o presidente Jair Bolsonaro. “Do que é afinal relevância e de como agir nestes novos tempos.” Para o acionista da Klabin, a posição declarada de Bolsonaro pró Donald não deve fazer muita diferença. “Apesar de toda maneira boba e leviana do presidente declarando torcida, não vai fazer diferença. Acredito que a maneira do Biden devolver esse constrangimento que o Bolsonaro achou que tava estava criando vai ser mostrando que não tem constrangimento.” É consenso entre eles que as relações comerciais brasileiras seguirão mais importante, acima das oposições políticas. "O Brasil precisa voltar a ter uma diplomacia independente, que negocia vendo os interesses do país", diz Pedro Passos, da Natura.

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*”Tecnologia vai retardar recuperação do emprego, diz presidente do Banco Central”* - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou, nesta segunda-feira (9), que o mercado de trabalho não terá recuperação tão rápida quanto a atividade econômica após a pandemia do novo coronavírus. O titular da autoridade monetária disse, em evento virtual promovido pela revista The Economist, que a aceleração tecnológica durante a crise foi tão rápida que impactou a alocação de mão de obra, especialmente de trabalhadores informais. “O consumo está se recuperando e o PIB [Produto Interno Bruto] também, mas o mercado de trabalho não. Isso porque a tecnologia avançou tão rapidamente que não deu tempo de alocar os trabalhadores em algum lugar", destacou. "A pandemia trouxe mudanças no padrão de consumo. Alguns vão voltar ao que eram antes, outros não”, ponderou. "Acredito que a tecnologia acelerou a um ponto que vamos ter um novo equilíbrio", disse o presidente do BC. O desemprego bateu novo recorde e chegou a 14,4% no trimestre encerrado em agosto, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). De acordo com o IAEmp (Indicador Antecedente de Emprego) divulgado nesta segunda pela FGV (Fundação Getulio Vargas), em outubro o mercado de trabalho mostrou recuperação, porém com menor intensidade. O índice, que antecipa os rumos do mercado de trabalho no país, subiu 2,9 pontos e foi a 84,9 pontos no período, sexto mês seguido de alta, mas indica desaceleração da recuperação desde julho. Segundo a FGV, o resultado de outubro confirma o cenário de recuperação do mercado de trabalho, entretanto, a melhora tem sido mais tímida com o passar dos meses e o nível atual ainda se encontra abaixo do período pré-pandemia.
Campos Neto ressaltou que não há espaço fiscal para mais programas do governo de combate aos efeitos da pandemia em economias emergentes, principalmente no Brasil. “O governo tem que fazer mais programas, o que significa mais gastos, e nos leva à questão: temos espaço fiscal para isso? Provavelmente a resposta, pelo menos nos emergentes, especialmente no Brasil, é não", declarou. "Muitos países pensam em programas de renda básica ou coisas do tipo", frisou. Segundo Campos Neto, a sociedade tem demandado uma recuperação sustentável e inclusiva. Em seu ponto de vista, o crescimento econômico dos próximos anos terá de ser fomentado com dinheiro privado. "Estamos perdendo dinheiro em portfólio porque as taxas [de juros] estão cada vez menores, mas estamos ganhando em investimento no setor real", comparou. "Em 2019, estávamos caminhando para usar mais capital privado, com reformas que reduzem o tamanho do estado. Cortamos a Selic ao menor nível da história, 4,5% [ao ano] para 2%", lembrou. Sobre inflação, o presidente do BC reforçou que o país vive momento de aceleração nos preços de alimentos e avaliou que também há efeito de alta das commodities e do câmbio. ​ “O que chamamos de poupança precaucional vai para consumo de comida em casa. Como as pessoas ficaram mais em casa, elas não vão ao cinema, não viajam transferiram isso para o consumo de alimentos”, pontuou.
No início da crise, os Estados Unidos abriram uma linha de swap (troca) de moedas com alguns países, entre eles o Brasil, de R$ 60 bilhões. O objetivo era prover liquidez em moeda norte-americana em meio à pandemia. O Brasil, entretanto, não chegou a usar o socorro. No evento, Campos Neto elogiou a atuação do Fed (Federal Reserve), o banco central americano, durante a crise e afirmou que não pretende usar a linha. "Temos US$ 350 bilhões em reservas internacionais. Com a valorização do dólar, o percentual de reservas com relação ao PIB [em reais] cresceu e por isso não precisamos usar, mas é bom ter essa parceria com o Tesouro dos Estados Unidos e esse diálogo", justificou.

*”Inflação e taxa de juros devem subir em 2021, prevê mercado”*
*”Brasil pode subir ou descer no ranking das maiores economias mundiais; entenda”*
PAINEL S.A. - *”Empresários ligados a Bolsonaro não veem turbulência em resistência de Trump”*
PAINEL S.A. - *”Governo inicia processo para reconduzir conselheiro da Anatel que acaba de deixar posto”*

PAINEL S.A. - *”ONG quer ver Guedes no combate ao tráfico de animais silvestres”*
PAINEL S.A. – *”Anúncio de hambúrguer vegetal do McDonald's balança mercados”*
PAINEL S.A. - *”Shoppings instalam armários para retirada de compras online”*
*”Reforma da Previdência ainda tem projetos pendentes após um ano de aprovação”*

*”Perícia a distância do auxílio-doença do INSS terá início dia 16”*
*”Paraná vende estatal de telecomunicações por R$ 2,4 bilhões”*
*”Mudança na participação do Itaú poderia diminuir conflito de interesses, diz XP”*
VAIVÉM DAS COMMODITIES - *”Política de Biden pode colocar agro brasileiro em situação desvantajosa”*

*”Liminar reduz metas de créditos de descarbonização para o setor de combustíveis”*
CECILIA MACHADO - *”Hoje, é impossível negar a importância do voto das mulheres nas disputas eleitorais”*
*”Pix poderá ser usado para pagar impostos e até taxa de passaporte”*
*”Suspeito de operar esquema de pirâmides é preso; prejuízo é de R$ 170 mi”*

*”Anvisa suspende teste de Coronavac após morte; governo de SP diz não haver relação”* - A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou na noite desta segunda-feira (9) que determinou a interrupção do estudo clínico da vacina Coronavac no Brasil após a ocorrência de um evento adverso grave. A Coronavac é desenvolvida pela chinesa Sinovac e será produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, em São Paulo. O efeito adverso em questão foi a morte de um voluntário de 33 anos, morador de São Paulo, no dia 29 de outubro. As autoridades de saúde do estado receberam nesta segunda (9) a informação de que o óbito não está relacionado com a vacina, embora não haja dados públicos, como por exemplo se o voluntário havia recebido uma dose do imunizante ou um placebo. O próprio diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou à TV Cultura que o caso nada tinha a ver com a Coronavac e que, por isso, se surpreendeu com a decisão da agência. "A Anvisa foi notificada de um óbito, não de um efeito adverso." Covas afirmou que, entre os milhares de participantes do estudo, podem ocorrer mortes por causas não relacionadas à vacina, como acidentes de trânsito. Em estudos de drogas e vacinas, mesmo esses tipos de acidentes precisam ser relatados. "Nós até estranhamos um pouco essa decisão da Anvisa porque é um óbito não relacionado à vacina", disse ele durante o Jornal da Cultura. Covas solicitou, durante o jornal, ao vivo, esclarecimentos à Anvisa. O monitoramento dos 13.060 voluntários do estudo de fase 3 da Coronavac no Brasil é feito pelos centros estaduais abertos sob convênio, com o Butantan como patrocinador. Eles alimentam um comitê de auditoria externa com os dados sobre a evolução clínica dos pacientes, e incidentes têm de ser informados para a Anvisa. Usualmente, a agência federal trabalha em conjunto com os patrocinadores de pesquisas —no caso, o Butantan. Segundo integrantes do governo, houve um boicote da Anvisa ao fazer a suspensão sem informar o instituto antes, embora não haja uma obrigação legal de fazê-lo.
Em nota, o Instituto Butantan afirmou que foi surpreendido com a decisão da Anvisa e que está apurando em detalhes o que houve com o andamento dos estudos clínicos da Coronavac. O Butantan disse ainda que está à disposição da agência reguladora brasileira para prestar todos os esclarecimentos necessários sobre qualquer evento adverso que os estudos clínicos possam ter apresentado até momento. O Governo de São Paulo lamentou ter sido informado pela imprensa e não diretamente pela Anvisa, como normalmente ocorre em procedimentos clínicos desta natureza, sobre a interrupção dos testes da vacina Coronavac. Nesta terça (10), às 11h, haverá uma entrevista coletiva à imprensa na sede do Butantan. Segundo a Anvisa, esse tipo de interrupção é previsto pelas normativas da Anvisa e faz parte dos procedimentos de Boas Práticas Clínicas esperadas para estudos clínicos conduzidos no Brasil. "A Anvisa reitera que, segundo regulamentos nacionais e internacionais de Boas Práticas Clínicas, os dados sobre voluntários de pesquisas clínicas devem ser mantidos em sigilo, em conformidade com princípios de confidencialidade, dignidade humana e proteção dos participantes", afirma. "A Anvisa mantém o compromisso com o Estado brasileiro de atuar em prol dos interesses da saúde pública." Outros estudos de vacinas contra a Covid-19 interrompidos incluem o da Universidade de Oxford (Reino Unido) com a AstraZeneca e o da empresa Janssen-Cilag (divisão farmacêutica da Johnson & Johnson). Ambos foram retomados após análises. Nos primeiros resultados de um estudo com 50 mil pessoas na China, que tomaram a Coronavac, a vacina foi considerada bastante segura, só registrando efeitos leves em 35% dos voluntários —metade do usual. O laboratório Sinovac disse ter "confiança" em sua vacina, apesar da suspensão dos testes no Brasil.
A Coronavac é a aposta do governador João Doria (PSDB) para controlar a pandemia e virou alvo de críticas por parte do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), seu rival político. Em outubro, Bolsonaro esvaziou o acordo anunciado na véspera por seu ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, para a compra de 46 milhões de doses da Coronavac. "NÃO SERÁ COMPRADA", escreveu Bolsonaro em letras maiúsculas em uma rede social ao responder a um internauta que alegara querer ter "um futuro, mas sem interferência da ditadura chinesa". O presidente também disse que não acreditava que a Coronavac transmitisse credibilidade porque "esse vírus [Covid-19] teria nascido" na China, afirmou. Levantamento recente do instituto Datafolha apontou que, apesar de a maioria da população declarar que pretende se vacinar, as imunizações que são desenvolvidas na China, mesmo que já aprovadas, encontraram maior resistência entre os entrevistados de todas as capitais quanto questionados sobre a procedência das doses. A vacina chinesa recebeu menos confiança entre os eleitores do Recife, com 42% de aceitação, seguida de Rio de Janeiro e Belo Horizonte, ambas com 52%. Já a capital paulista é a que demonstra menos resistência, com 57%. Os maiores índices de rejeição a uma vacina criada na China se concentram nos grupos que justamente aprovam o governo Bolsonaro. Entre os cariocas, por exemplo, 68% dos apoiadores do presidente recusariam as doses chinesas. Essa resistência cai na fatia que reprova a gestão federal.
O Datafolha ouviu 1.260 eleitores a partir de 16 anos na capital paulista, 1.064 na fluminense, 868 na mineira e 924 na capital pernambucana, nos dias 3 e 4 de novembro. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95% para todos os casos. Na tarde desta segunda (9), Doria afirmou em entrevista a jornalistas que o lote com as primeiras 120 mil doses da Coronavac chega ao país em 20 de novembro. A aplicação, porém, só poderá ser iniciada após a conclusão da fase 3 de testes e a autorização da Anvisa. Segundo Doria, a agência de vigilância sanitária da China confirmou a liberação da exportação das doses para o Brasil. A importação de seis milhões de vacinas foi autorizada pela Anvisa em 23 de outubro. O total de lotes deve chegar ao país até 30 de dezembro, de acordo com o governador. As doses que chegarem da China ficarão estocadas no estado de São Paulo. Segundo Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, o local terá segurança reforçada dada a importância do produto. Covas informou também que tomou conhecimento nesta segunda, ainda em um comunicado extra-oficial, que as autoridades sanitárias chinesas já liberaram a exportação da primeira parte de matéria-prima para a produção da Coronavac pelo Butantan. O acordo com o governo estadual de São Paulo prevê 46 milhões de doses vindas da China. O Butantan tem capacidade para produzir mais 60 milhões de doses até maio de 2021.​

*”Vacina da Pfizer tem mais de 90% de eficácia em resultados preliminares”*
*”Governo russo diz que vacina Sputnik V também tem mais de 90% de eficácia contra a Covid”*
*”Países têm que se antecipar na defesa da vacina, diz chefe de aliança global”*
*”Dinamarca suspende ordem de matar visons após reação da oposição”*

VERA IACONELLI - *”Estupros, eleições e apagões”*
*”Pesquisa comprova eficiência de telas de vidro ou acrílico contra Covid em salas de aula”*
*”Projeto sequenciará genoma de 3.500 pessoas com doenças raras”*
*”No ano da Covid-19, mundo já teve outras 60 emergências de saúde, diz OMS”*
*”Sem dados de SP, RJ, MG e AP, Brasil registra 264 mortes pela Covid-19”*

*”Amapaenses se refugiam em ilha no Pará para fugir de efeitos do apagão”* - Do dia para a noite, Afuá, pequena ilha paraense do arquipélago do Marajó, se viu lotada de “turistas”. Após uma explosão seguida de incêndio na principal subestação de fornecimento de energia do Amapá na última terça-feira (3), 14 dos 16 municípios do estado ficaram sem luz e água. A solução: fugir para Afuá, a cidade mais próxima da capital Macapá. Por causa do apagão, cirurgias eletivas (não urgente) foram canceladas em Macapá. Moradores fizeram filas em caixas eletrônicos, postos de combustíveis e mercados. Alguns chegaram a cavar poço em casa por causa da falta de energia para bombear água na rede de abastecimento. Nas redes sociais, políticos, famosos e anônimos se mobilizaram para ajudar a amenizar a situação de caos no Amapá. Em apenas três dias, Afujá, ilha vizinha no Pará, recebeu dez lanchas e balsas e dois navios com mais de mil macapaenses. O porto, a rede hoteleira e os bares da cidade, que possui pouco mais de 32 mil habitantes, ficaram lotados. A relação entre as cidades sempre foi próxima, já que os afuaenses olham para Macapá como capital, por estar a 78 quilômetros de lá, enquanto a distância até Belém é de 256 quilômetros. A analista judiciária Laura Rauda nunca pensou que iria presenciar algo parecido. “Em nenhum cenário imaginei que Afuá seria a cidade que acolheria e serviria de refúgio para quem vem de Macapá. Sempre imaginei o contrário. Vejo que está sendo um alívio para quem consegue chegar aqui”, relata ela, que mora há dois anos na ilha, após ser aprovada em um concurso público. Laura observa que a cidade já estava iniciando um relaxamento das medidas contra o coronavírus, mas admite estar assustada com o grande fluxo de visitantes. “As pessoas vieram de Macapá, uma cidade grande, e ainda por cima em lanchas e navios lotados, sem distanciamento, e já tem macapaense curtindo nos bares. Hoje até foi tranquilo, pois choveu. Mas amanhã...", previa ela sobre o domingo (8). O tribunal onde a analista trabalha reduziu o horário de atendimento, para garantir a segurança dos funcionários.
Celine Vaz foi uma das amapaenses que teve a ideia de se refugiar em Afuá, onde a avó mora. Ela tinha esperanças de que a energia voltaria rápido, mas ainda na quarta-feira (4), desistiu. “Eu moro sozinha lá, em Marabaixo [bairro de Macapá] e fiquei isolada. Quem mora no centro teve mais facilidade de comunicação. Então fui com meu primo para o porto e já tinham dois barcos lotados, prontos para sair, com filas imensas”, conta ela, ao lembrar que quem chegou depois só garantiu passagem para o dia seguinte. “Estavam todos desesperados, e o pior: aglomerados. Foi horrível”, lamenta a estudante de 22 anos. Ao longo dos últimos dias, quem queria recarregar o celular no Amapá, como Celine, precisou ir para o aeroporto ou para o shopping center. Neste domingo (8), 76% da energia elétrica já havia sido restabelecida no estado em sistema de rodízio, segundo o ministro Bento Albuquerque, de Minas e Energia. Diferentemente de Laura Rauda, a cozinheira Ariédina Seixas afirma que sim, já viu a cidade lotada desse jeito antes. "Tanta gente assim, só no Festival do Camarão", conta. É a principal festa da cidade, quando os comerciantes faturam alto com o turismo. O Festival ocorre sempre em julho, mas foi cancelado em 2020 por conta da pandemia, para a tristeza dos empreendimentos locais. "Como 2020 foi difícil, muitos estão olhando a tragédia do apagão com a mesma visão do festival, acredita? A ganância de dinheiro. É o que explica os barcos e bares cheios de gente. Mas só vamos ver o resultado disso daqui uns dias", avalia ela, que segue em isolamento social. Afuá registrou mais de 2 mil casos do novo coronavírus e 17 óbitos.
O prefeito Mazinho Salomão (PSD) disse compreender a preocupação dos afuaenses, mas considerou inviável qualquer tipo de bloqueio. “Quando chegou no pico do vírus em Macapá, nós fechamos a ilha. É uma preocupação, claro, mas se optássemos por fechar tudo, poderíamos ficar sem abastecimento de alimentos”, avalia, que também considera a cidade muito dependente do Amapá na área da saúde. Aliviado com o gradual retorno da energia do outro lado do rio Amazonas, o prefeito conta que é nessas horas que se reconhecem os irmãos. “Somos muitos próximos, unidos pelo rio. Muitos que vieram possuem familiares aqui e alguns são da terra. Fizemos o que deveria ser feito, sendo o povo hospitaleiro que sempre fomos”, contou ele. De acordo com a prefeitura, mais de 400 amapaenses já retornaram para casa até a noite de domingo.

*”Sem água e energia há dias, morador cava poço em casa em Macapá”*
*”No 7º dia após apagão, rodízio de energia elétrica ainda não funciona em todas as regiões do Amapá”*

*”'Exu corona' e terreiro queimado escancaram intolerância religiosa na pandemia”* - Do pastor que culpa "exu corona" por seus males à vizinha que esparrama óleo ungido na oferenda, nem na pandemia a intolerância religiosa deu trégua. Pelo contrário, líderes de crenças afrobrasileiras dizem que o isolamento social acirrou o clima de ódio. Só está mais difícil quantificá-lo, já que a quarentena dificultou o monitoramento dos ataques. "A pandemia tem aumentado a ansiedade das pessoas, e os conflitos religiosos têm subido junto. Briga de vizinhos, ou algumas casas que continuam sendo agredidas. E cresce também na internet", diz o babalaô Ivanir dos Santos, da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa. "Mas o quantitativo não dá pra perceber porque as pessoas que nos procuram têm mostrado dificuldade de fazer boletim de ocorrência online", afirma. "Claro que os idosos têm mais dificuldade." Justamente o maior grupo de risco na crise da Covid-19, mais temeroso de enfrentar uma delegacia possivelmente cheia. Leo Ty Logun Ede, o pai Leo, com três décadas no candomblé, decidiu encarar após seu terreiro em Jacarepaguá (zona oeste do Rio) sofrer um atentado no dia 5 de outubro. Foi à 32ª Delegacia de Polícia denunciar uma vizinha que, segundo ele, jogou óleo ungido sobre uma oferta aos orixás que ele deixou em frente à casa de culto. "Cantei, louvei e despachei o padê, como a gente chama, que era farinha com fubá, mel, azeite doce e dendê", conta. "Este pessoal da igreja estava lá na esquina. Berravam 'casa do Satanás'. Podiam gritar o que quisessem, era na rua." Uma mulher, então, tascou óleo no despacho, e outra se apresentou como perita policial e disse que poderia dar voz de prisão a ele, afirma Leo. "Se é, não deveria nem deixar fazer isso, que é intolerância religiosa. Você é estudada", o pai de santo reproduz o que devolveu à suposta autoridade. Segundo a Polícia Civil, a mulher que se identificou como perita não o é nem faz parte dos quadros da corporação.
Outra queixa constante é o preconceito com terreiros em cidades onde decretos municipais incluíram serviços religiosos entre as atividades essenciais. "A gente nem recebia mais público, éramos só mães e filhas de santo, todas de máscara e distantes. Mesmo assim, a polícia bateu aqui duas vezes. Pergunta se foram lá [na Assembleia de Deus vizinha]", ironiza uma ialorixá que prefere ocultar o nome. Festas maiores é melhor evitar mesmo, afirma Antonio Basílio Filho, diretor jurídico do Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afrobrasileiras. "Nossas entidades cumprimentam corpo a corpo. Pretos-velhos são idosos, falam no pé do ouvido. Se tivermos alguém assintomático, vai infectar a maioria do pessoal." É exu, "nosso guardião, a entidade que nos protege na terra", que desencadeia as reações mais raivosas, sobretudo de evangélicos. Boa parte do segmento estigmatiza elementos da fé afrobrasileira, percepção incentivada por títulos como "Orixás, Caboclos e Guias: Deuses ou Demônios?", de Edir Macedo. Um dissidente da igreja do bispo, a Universal do Reino de Deus, foi o responsável por soltar o "exu corona" na TV. Seria o responsável pelo atraso no aluguel de templos de sua igreja, a Mundial do Poder de Deus, disse o apóstolo Valdemiro Santiago —o mesmo que vendia sementes de feijão, até R$ 1.000 cada, alegando falsamente que o cultivo delas traria a cura da Covid-19. Um caso simbólico ocorreu na Bahia. No 15 de julho, um sujeito foi até a praça de Salvador onde fica um busto de mãe Gilda e o vandalizou. "Mesmo em tempo de afastamento social, temos vivido muitos ataques. Jogou pedra, jogou vidros, disse que em nome de Deus tinha que arrebentar [a estátua]", diz mãe Jaciara dos Santos, filha da mãe de santo morta em 2000. Gildásia dos Santos e Santos, a mãe Gilda de Ogum, morreu de coração partido. Infartou aos 65 anos. A saúde andava frágil desde o ano anterior, quando o jornal da Igreja Universal publicou sua foto sob o título: "Macumbeiros charlatões lesam a Bolsa e a vida dos clientes –o mercado da enganação cresce no Brasil, mas o Procon está de olho”.
Evangélicos de outra igreja chegaram a invadir o terreiro para tentar exorcizar a mãe de santo. Em 2007, a data de sua morte, 21 de janeiro, virou marco: o Dia Nacional do Combate à Intolerância Religiosa. A empresa que se recusou a limpar a vitrine de uma loja de artigos de umbanda e candomblé, a VR Style African. A vizinha que subiu na escada com um pedaço de bambu e quebrou peças sagradas de um terreiro. Ou o pai de santo que visitou a casa, de recesso desde a pandemia, e a encontrou em chamas. "A baixa frequência nos templos acabou se convertendo em oportunidade para os ataques, como o incêndio ocorrido, no mês de setembro, num terreiro de umbanda em Nova Iguaçu, na baixada fluminense", diz Lúcia Xavier, coordenadora da ONG Criola. "Só em 2019, cerca de 200 terreiros foram fechados por conta das ações de violência. As medidas restritivas de prevenção não podem ser usadas como brecha para a livre atuação dos intolerantes." Um outro tipo de vírus, não menos perigoso.

*”Justiça manda Metrô de SP pagar R$ 200 mil por morte do menino Luan”*
*”Suspeito de atropelar e matar ciclista em SP ainda não foi encontrado pela polícia”*
*”Bando arromba 46 portas em prédio da Associação Paulista de Imprensa, no centro de SP”*
*”Terceira temporada do podcast Folha na Sala debate desigualdade educacional”*

MÔNICA BERGAMO - *”Biden jogou duro com governo Dilma em escândalo de espionagem e disse que EUA zelavam pela paz mundial”*: O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, foi duro com o governo brasileiro, em 2013, ao se sentar à mesa para discutir a espionagem que os norte-americanos promoveram no mundo e que atingiu, no Brasil, a Petrobras e a então presidente Dilma Rousseff. Quando o escândalo explodiu, revelado pelo jornalista Glenn Greenwald com base em documentos do analista de sistemas Edward Snowden, Dilma ficou furiosa. E conversou com o então presidente Barack Obama. Obama criou uma comissão e indicou Joe Biden para dialogar. Já Dilma indicou o então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O governo brasileiro sugeriu que os EUA não voltassem a investigar algo no Brasil sem autorização do Judiciário daqui. E vice-versa. Biden foi afável —mas descartou de pronto a ideia. Segundo ele, os EUA tinham que zelar pela “paz” no mundo —e, para isso, precisavam de informações. Cardozo insistiu. Em vão. Biden disse que a questão era mundial e que os EUA não poderiam se prender a protocolos de cada país.

MÔNICA BERGAMO - *”Sarney envia telegrama e diz a Biden que eleição traz 'alívio para a humanidade'”*

MÔNICA BERGAMO - *”Hospitais privados de SP voltam a ter salto de internação por Covid-19”*: Hospitais privados de São Paulo voltaram a registrar aumento preocupante no número de internações por Covid-19. O Hospital Sírio-Libanês, que teve picos de até 120 internações em abril, viu o número cair para 80 em outubro —e agora subir outra vez para 120. Do total de doentes, 50 estão em UTI. O HCor chegou a internar cem pessoas por Covid-19 nos meses de pico. O número caiu para 18 —e agora voltou a subir, para em torno de 30 pacientes. A UTI, que chegou a ter apenas quatro doentes, agora abriga 13. Há hospitais, no entanto, em que o número de pacientes segue estável —caso do Alberto Einstein. “Depois do pico, passamos a atender muitas pessoas que vinham de outros estados. Agora, aumentou o número de pacientes de São Paulo. As pessoas estão relaxando”, alerta Paulo Chapchap, diretor-geral do Sírio. O inquérito sorológico feito pela prefeitura de São Paulo já tinha dado o alerta de que os casos de infecção pelo novo coronavírus estavam crescendo na classe média. A razão: as pessoas dessa faixa de renda não só voltaram a sair de casa depois da quarentena como, em muitos casos, de forma descuidada, se reunindo em almoços e jantares sem máscara nem distanciamento.

MÔNICA BERGAMO - *”Justiça dá prisão preventiva a homem enquadrado em lei de crimes ambientais por maltratar pitbull”*
MÔNICA BERGAMO - *”Centenário de Clarice Lispector será homenageado na Universidade Princeton”*
MÔNICA BERGAMO - *”ANS abre consulta sobre inclusão de novo teste para pacientes com câncer de mama”*

CAPA – Manchete principal: *”Eficácia gera otimismo, mas uso de vacina não será imediato”*

MERVAL PEREIRA - *”A busca do equilíbrio”*: Chamar o ex-juiz Sérgio Moro de extremista de direita é evidentemente um abuso de linguagem com objetivo político. O presidente da Câmara Rodrigo Maia e a direção do Democratas, inclusive seu presidente ACM Neto, estão há tempos participando dos preparativos para o lançamento da candidatura de Luciano Huck à presidência da República, e o encontro dele com Moro em Curitiba deve tê-los apanhado de surpresa, daí a reação exagerada. Como uma parte independente do Centrão, o DEM tem que zelar pela capacidade de aliança do grupo, e Moro é figura non grata de todo político apanhado na malha da Lava-Jato, ou que pode vir a ser. Sobram poucos que apóiam ainda a maior operação de combate à corrupção já realizada no país, e Moro, por falta de traquejo político, não se aproxima nem mesmo desses.
Também a esquerda esperneou com a aproximação de Huck com Moro, tendo o presidente do Partido Socialista a classificado de “erro crasso”. Para quem pretende expressar uma candidatura de centro-esquerda, Luciano Huck foi além dessa bolha, praticando o que o presidente do Cidadania, Roberto Freire, define como a saída para enfrentar a polarização em 2020: aceitar todos os que pretendem a derrota de Bolsonaro, sem idiossincrasias. A eleição de Joe Biden nos EUA provou que, contra um extremista de direita, o melhor é uma pessoa de centro, não um extremista de esquerda. Em 2018, no Brasil, tivemos um embate entre direta e esquerda e as candidaturas de centro não foram adiante porque se queria uma disputa sangrenta, uma agressividade na campanha que o centro não oferecia. Mas depois de dois anos de Bolsonaro e quatro de Trump, fica claro que cansa essa situação permanente de tensão, de agressividade e de disputas políticas que chegam a ser guerra. Bolsonaro está em permanente guerra, e foi o que aconteceu com Trump, que durante quatro anos colocou os EUA de cabeça para baixo, incentivou a violência e a agressividade de seus seguidores. Aqui, a tendência deve ser essa também, de as pessoas cansarem do Bolsonaro, cujo único propósito é atacar e destruir, sem criar nada. Um candidato de centro, com capacidade de confrontar Bolsonaro e chamar os eleitores para uma reconciliação nacional pode derrotá-lo. Uma candidatura com visão mais social do país, visando a redução da desigualdade, terá mais chance de vitória. Mesmo porque a economia está mal, e não dá sinais de recuperação.
A questão será definir quem é quem no espectro político nacional. O Centrão é de direita ou extrema-direita? Ciro Gomes é de esquerda, de centro, ou de extrema-esquerda? Houve época em que Rodrigo Maia não queria saber de esquerda na hipotética formação de um novo partido, que deveria ser de centro-direita. Hoje, um partido de centro-esquerda é o objetivo dos que se preparam para confrontar Bolsonaro em 2022. Classificar Moro de extrema-direita por ter participado do governo Bolsonaro é acatar a tese de que ele aceitou o convite não para fortalecer o combate à corrupção, mas para obter benefícios pessoais. Se fosse assim, teria aderido às insanidades de Bolsonaro e permanecido no governo, aguardando uma vaga para o Supremo Tribunal Federal (STF). Pode ter ficado mais tempo do que devia, acreditando poder conseguir êxitos que só seriam possíveis com um governo empenhado no combate à corrupção, e não nesse de Bolsonaro, que tem tanto a esconder quanto os políticos do Centrão que o cercam. Pode ter sido ingênuo ao aceitar o cargo, e ao permanecer nele, e essa não é uma qualificação que o habilite a ser candidato à presidência da República. Não é possível imaginar-se que a história se repita, mas é preciso aprender com os fatos. Joe Biden, protótipo do político tradicional de centro, já desde a vitória de Obama sentiu o espírito do tempo e foi capaz de dar uma resposta convincente. Derrotou a esquerda partidária nas primárias, mas ganhou o apoio do senador Bernie Sanders e da senadora Elizabeth Warren, e chamou a deputada Alexandra Ocasio-Cortez, fenômeno da nova esquerda, para participar da formulação de seu programa de governo.
+++ O apoio das Organizações Globo a Sergio Moro continua incondicional. O apoio é tão grande que Merval Pereira é capaz de afirmar que Moro foi ingênuo ao aceitar o convite para ser ministro de Bolsonaro e por ter se mantido no cargo pelo tempo que ficou.

*”2022 já em jogo – Potenciais presidenciáveis se movem a uma semana do primeiro turno da disputa local”* - A menos de uma semana do primeiro turno das eleições municipais, que começarão a desenhar o xadrez das alianças para 2022, nomes cotados como possíveis presidenciáveis daqui a dois anos, como o apresentador Luciano Huck e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), fizeram movimentos para tentar driblar a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o PT, do ex-presidente Lula.Após ter seu encontro com o ex-juiz Sergio Moro revelado no fim de semana, Huck esteve num almoço no Rio de Janeiro com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O apresentador foi um dos nomes sugeridos por Moro, em entrevista ao GLOBO, como bons candidatos de centro para a próxima disputa presidencial. Lideranças de partidos de esquerda reagiram e vetaram qualquer possibilidade de aliança com o ex-ministro. Ao entrar no debate eleitoral, Moro também recebeu críticas de Maia e do governo, através do ministro Fábio Faria. Segundo o colunista Lauro Jardim, Luciano Huck sinalizou a um interlocutor, durante o almoço com Maia, que “minha turma a essa aqui”, referindo-se ao presidente da Câmara. Maia já deixou claro que nunca apoiaria uma chapa em 2022 que juntasse Huck e Moro — na sua avaliação, o ex-juiz é um candidato de extrema-direita, e não de centro. No almoço, Huck deu sua versão para o almoço em Curitiba:
— Conversei com o Moro, assim como já estive com o Flavio Dino e o Eduardo Leite. Esse é um momento para se conversar — disse.
Reações
Na entrevista ao GLOBO, Moro evitou citar o próprio nome entre os possíveis presidenciáveis e falou no ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o ex-candidato do Partido Novo, João Amoêdo. O ex-juiz incluiu na lista ainda o atual vice-presidente Hamilton Mourão. O ministro das Comunicações, Fábio Faria, usou seu perfil no Twitter para responder o ex-ministro da Justiça.
— Não basta trair no governo, trair na saída, tem que continuar flertando com a traição. É um triplo mortal carpado! — escreveu Faria.
A irritação do ministro das Comunicações foi motivada pelo fato de Mourão ter sido lembrado. O flerte de Moro foi interpretado como uma nova tentativa de traição — o ex-ministro saiu do governo acusando Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal para proteger seus filhos e aliados. Na noite de ontem, o vice-presidente, questionado pelo GLOBO, limitou-se a responder que é vice de Jair Bolsonaro. “Sou vice de Bolsonaro, apenas isso”, escreveu Mourão, em mensagem de texto.
Roupa suja
À esquerda, a aproximação do ex-juiz com Huck e sua tentativa de se posicionar como nome de centro no espectro político também provocou reações. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, classificou uma possível chapa Huck-Moro como “a junção da Lata Velha com a Lava-Jato e Paulo Guedes”. A hashtag #latavelha ficou entre os assuntos mais comentados no Twitter. O ex-presidente Lula também criticou a união no seu perfil no Twitter, disse que era mais um movimento para impedir o retorno do PT e ainda criticou a demora no julgamento do seu pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) falou, ontem, pela primeira vez sobre seu encontro com o ex-presidente Lula, realizado no início de setembro e revelado pelo GLOBO há duas semanas. O pedetista disse que “lavou a roupa suja” com Lula, no primeiro encontro dos dois após uma série de ataques desde a campanha de 2018. Ciro afirmou, no entanto, que os dois não mudaram de opinião em relação a temas da política nacional, e indicou que é muito improvável uma candidatura conjunta das siglas ainda no primeiro turno em 2022. O pedetista participou, em São Paulo, de um ato de apoio a Márcio França (PSB), aliado do partido na disputa pela capital paulista, junto com candidatos a vereador do PDT.
— Tivemos uma conversa muito franca mesmo. Para usar uma expressão popular: lavamos a roupa suja para valer. Sobre o ponto de vista das compreensões da questão brasileira para trás e para frente continuamos como estávamos. Mas a mim me agrada que a gente faça essa política conversando — afirmou ele, complementando que há uma “disputa de hegemonia” no país.
— Eu quero que essa hegemonia seja arbitrada pelo conjunto da sociedade brasileira, não em gabinetes, jogadinhas, donos da bola, culto à personalidade. Sobre isso, continuo com a mesma opinião — disse.
Em sua fala, Ciro fez referências às eleições americanas e apontou a necessidade de construção de um campo mais moderado contra Jair Bolsonaro. Apesar de confirmar a aproximação com Lula, apontou que as eleições municipais se encaminham para uma derrota do “bolsonarismo boçal” e do “lulopetismo corrompido”. Na sua avaliação, o eleitorado está “banindo esses dois extremos”. O ex-ministro também criticou o rótulo de centro para Moro e outros citados pelo ex-juiz na entrevista.
— O que eu vejo é que a fraude que campeia no Brasil não cede espaço. No dia que Doria, Huck e Moro forem de centro, eu sou de ultraesquerda — afirmou Ciro, para quem Moro cometeu uma “lesão ética” ao integrar o governo Bolsonaro.

*”Horário eleitoral perde audiência, e extinção volta a ser debatida”* - A audiência do horário eleitoral está menor este ano do que em 2016, quando houve a última disputa municipal. De acordo com dados do Kantar Ibope Media, há quatro anos, 39,48% dos domicílios sintonizaram o programa. Agora, são 33%, seis pontos a menos, o que significa uma perda de 16% de espectadores. Os números levantam uma discussão sobre a reformulação do formato com a defesa, inclusive por parte de profissionais de marketing político, do fim dos blocos de propaganda. O levantamento do Ibope considerou a média de audiência dos blocos de propaganda do início da tarde e da noite de 9 a 29 de outubro deste ano em comparação com 26 de agosto e 15 de setembro de 2016, nas 15 principais regiões metropolitanas do país. A eleição municipal anterior foi realizada em outubro. O Ibope ressalta que mudança de data da eleição deve ser considerada para a análise da variação de audiência. Os programas eleitorais dos candidatos a prefeito são exibidos em dois blocos diários de 10 minutos, às 13h e às 20h30m, de segunda a sábado. Além disso, ainda há 70 minutos diários, inclusive aos domingos, reservados para inserções de 30 e 60 segundos durante a programação de candidatos a prefeito e a vereador. Responsável em disputas passadas pela comunicação de campanhas ao governo da Bahia de Jaques Wagner (PT) e Rui Costa (PT) e também de candidatos de outros partidos, Sidônio Palmeira entende que os blocos de programas teriam de acabar e a propaganda eleitoral deveria se dar apenas nas inserções, que possuem muito mais efetividade:
— Defendo que acabem os programas, que são os que têm mais gastos e menor audiência. O retorno disso é muito pequeno para o gasto que se tem. O certo seria manter só as inserções.
Para Palmeira, os gastos com comunicação das campanhas políticas poderiam ser reduzidos em cerca de 50% sem os blocos de programas.
— Não conheço outro lugar do mundo que tem esse horário eleitoral gratuito (com blocos de propaganda). Em vez de ajudar, termina distanciando até o político porque fica uma coisa chata — afirma.
O profissional de comunicação, que rejeita o rótulo de marqueteiro, afirma que pesquisas qualitativas feitas por campanhas que já participou mostram que os programas têm apenas 20% do alcance das inserções.
— A inserção a pessoa assiste naturalmente. Não há nenhuma perda objetiva de informação se tirarmos os programas. Haveria um ganho do ponto de vista econômico e de imagem das eleições. A propaganda eleitoral não precisa ser tão invasiva.
Cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná, Sérgio Braga concorda com Sidônio.
— A propaganda teria que ser mais dinâmica e compatível com os novos tempos. Precisava ser menos estático. As inserções tem um impacto muito maior. Essa coisa de enfileirar os partidos todos ao mesmo tempo acho que traz para o eleitor dificuldade de saber quem está falando.
Braga afirma que estudos mostram que ao longo do anos a televisão vai perdendo a importância para a internet. Ele acredita que para compensar o fim dos programas o número de inserções poderia aumentar.
— O programa é um formato mais desgastado. Acaba sendo a hora que a pessoa sai da televisão para fazer outra coisa — disse.
Candidato a presidente da República pelo Novo em 2018, João Amoêdo defende o fim completo da propaganda eleitoral, inclusive das inserções:
— Por princípio defendo que o horário eleitoral, dito gratuito, fosse extinto. É custo para o cidadão com muito pouco retorno. Com os debates, com interesse das emissoras e da imprensa pelas candidaturas e com o enorme crescimento das mídias sociais já há muita fonte de informação.
Apesar de nem os partidos nem a Justiça Eleitoral pagarem pela veiculação da propaganda no rádio e na televisão, os programas geram custos porque as emissoras podem abater do Imposto de Renda a quantia que arrecadariam com comerciais tradicionais que seriam exibidos no horário do programa dos candidatos. A estimativa é que a renúncia fiscal para a exibição da propaganda eleitoral este ano seja de R$ 538 milhões.
— Defendo que os gastos, com a renúncia fiscal, deveriam ser priorizados para outras áreas mais relevantes para o cidadão — completa João Amoêdo.
Pesquisa do Datafolha realizada no mês passado mostrou que 49% dos eleitores de São Paulo afirmaram não ter interesse no horário eleitoral gratuito dos candidatos a prefeito exibido na TV. Outros 33% têm um pouco de interesse e 17% afirmaram possuir grande interesse.

*”SP: Covas dispara, e Russomano cai ainda mais”*
*”No Rio, maior disputa continua pela segunda vaga no 2º turno”*
*”Bolsonaro estreia ‘horário eleitoral’ com revés”*
*”Dezenas de deputados podem se eleger prefeitos”*

*”Terra sangrenta – Conflitos agrários deixam rastro de mortes no Pará”* - Ao lado do túmulo da missionária Dorothy Stang — um mausoléu de ladrilhos brancos com a frase “A terra é a fonte da vida para o povo de Deus” —, repousa uma cruz vermelha, com 19 nomes impressos na madeira. Irmã Dorothy foi sepultada em Anapu, no Pará, cidade onde foi executada a mando de fazendeiros, em 2005. Na cruz, há uma lista de vítimas da luta por terra assassinadas no município desde 2015: o 19º e mais recente nome fixado é o do ex-vereador Paulo Anacleto (PT). A terceira reportagem da série “A política silenciada” mostra os laços entre o histórico entrave da disputa agrária e a violência política no Pará. Segundo levantamento do Grupo de Investigação Eleitoral (Giel) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), 11 políticos foram assassinados no estado desde 2018. Paulo Anacleto foi morto a tiros, na frente do filho de cinco anos, na noite de 9 de dezembro de 2019. Ele e a criança voltavam para casa, de carro, após uma partida de futebol, quando o veículo foi interceptado por uma moto, com dois ocupantes, numa via paralela à Rodovia Transamazônica, a 50 metros da prefeitura. Normalmente, o local é iluminado —naquele dia, no entanto, os postes estavam apagados. O ex-vereador ainda abriu o vidro do carro antes de ser atingido na cabeça. Dias antes de ser morto, ele havia prometido, num discurso num ponto de mototáxi da cidade, descobrir quem havia matado seu melhor amigo, Márcio Rodrigues dos Reis, líder de famílias sem-terra que reivindicam uma área ocupada por um grileiro.
Tiros em comício
Anacleto foi assassinado cinco dias depois de o amigo ser alvo de uma emboscada — Rodrigues, que trabalhava como mototaxista, levou uma facada no pescoço ao levar um cliente para uma região rural, afastada da cidade.
— Meu pai (Anacleto) era daquele tipo fuçador, curioso. Sabia tudo o que acontecia na política. Já entrou no mato atrás de um pai que havia estuprado a filha, deu voz de prisão e trouxe ele preso. Não tinha medo — conta Kaeles Anacleto, filha do ex-vereador.
Segundo familiares, ele também colecionava desafetos na política local. Anacleto fazia oposição ao MDB, que ocupa a prefeitura. Quando foi morto, no entanto, ele vinha articulando uma aproximação com o partido, em uma aliança para a eleição municipal — o que teria desagradado a integrantes de outras legendas coligadas. A campanha em Anapu vem sendo marcada pela violência. No último dia 24, as casas dos candidatos a prefeito e vice da chapa que une PSC e PT foram atacadas a tiros durante um comício. Ninguém se feriu. Em abril, a Polícia Civil do Pará cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas de cinco suspeitos de participação no assassinato de Anacleto: um grileiro que atua na região, um funcionário da prefeitura de Anapu, um vereador e dois matadores de aluguel. Até hoje, no entanto, o inquérito não foi concluído, e os dois homicídios seguem sem solução. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) contabiliza ambos os casos como assassinatos decorrentes de conflitos no campo. No relatório da CPT, que enumera 32 mortes em 2019 em disputas por terra em todo o Brasil, 14% a mais do que no ano anterior, Anacleto é definido como “aliado”. Quando Irmã Dorothy foi assassinada, entretanto, a visão de Anacleto era diferente. Então em seu segundo mandato de vereador, disse em discurso na Câmara Municipal, três meses após o homicídio: “Ela poderia ser santa lá na terra dela, mas aqui na nossa nunca foi e, para mim, nunca será”. Filho de agricultores oriundos de Minas Gerais beneficiados com um lote de terra na região na década de 1970 — fruto da iniciativa da Ditadura Militar de ocupar a Amazônia —, ele se posicionava contra os sem-terra à época. Segundo Jane Dwyer, missionária que trabalhava com Dorothy e segue em Anapu até hoje, a opinião de Anacleto mudou depois que ele se aproximou de Rodrigues:
— Paulo (Anacleto) começou a entender o mundo com outra cabeça e coração quando passou a trabalhar com os mototaxistas e fundou o sindicato. Para mim, o que marcou a mudança foi quando ele veio a uma reunião com agricultores e disse que se arrependeu de posicionamentos antigos.

*”Proteção de 90% - Pfizer diz que sua vacina é eficaz; Brasil ainda não tem acordo de compra”*
*”Anvisa interrompe teste da CoronaVac no Brasil”*
*”Governo quer controlar ONGs na Amazônia, mostra documento”*
ENTREVISTA: CLÁUDIO CASTRO, governador em exercício do Rio - *”Não há onde o Estado não possa entrar”*

*”Otimismo global – Vacina da Pfizer e vitória de Biden animam investidores, e Bolsas sobem no mundo”*
*”Itaú: atrito ambiental pode gerar atrito com EUA”*
*”Mourão: Orçamento só deve ser votado em 2021”*

 

CAPA – Manchete principal: *”Covas amplia liderança e 3 candidatos tentam vaga no 2º turno”*

EDITORIAL DO ESTADÃO - *”Vergonha internacional”*: Ademora do presidente Jair Bolsonaro em reconhecer a vitória do democrata Joe Biden na eleição presidencial dos Estados Unidos ameaça ampliar o isolamento do Brasil, já bastante acentuado em razão do comportamento irresponsável do governo em relação a temas caros à comunidade internacional, como o meio ambiente. O argumento do governo para que Bolsonaro não se juntasse a chefes de Estado de quase todo o mundo, que cumprimentaram Biden assim que ficou claro o triunfo do candidato democrata, é que ainda cabem contestações ao resultado, por meio de recursos interpostos pelo presidente Donald Trump, que tentava a reeleição. De fato, é direito do presidente Trump, bem como de qualquer outro derrotado, ingressar na Justiça para questionar o desfecho da eleição, se considerar que houve irregularidades. Dito isso, quase ninguém nos Estados Unidos parece levar a sério as alegações de fraude.
Mas Bolsonaro, que nada tem a ver com as atribulações de Trump, decidiu levar o caso a sério. Certamente aconselhado por seu chanceler, Ernesto Araújo, para quem Trump é nada menos que o “salvador do Ocidente”, o presidente brasileiro dá a entender que acredita na possibilidade de uma reviravolta a favor de seu guru norte-americano. A hipótese benevolente é que se trata de uma estratégia para que Bolsonaro tenha tempo de encontrar um discurso que não o indisponha com Trump nem com os fanáticos bolsonaristas que, nas redes sociais, insistem que seu ídolo venceu a eleição e é vítima de um golpe dos democratas, em conluio com a imprensa e com as autoridades eleitorais dos Estados Unidos. A hipótese mais plausível, contudo, é que Bolsonaro realmente acredita nas patranhas inventadas por Trump e pela extrema direita norte-americana. Vê nisso a narrativa ideal para seu próprio projeto eleitoral, como já ficou claro desde a campanha de 2018. Pouco importa que, na eleição presidencial de 2016, Trump não tenha esperado o fim da apuração para se declarar vencedor, dado que seu triunfo foi atestado pelas projeções da mesma imprensa que ele hoje acusa de mentir; também pouco importa que, naquela mesma eleição, assim que a imprensa norte-americana prognosticou a vitória de Trump, um dia depois da votação, o então deputado Jair Bolsonaro parabenizou o ídolo, chamando-o de “o melhor, o patriota, aquele que lutou contra tudo e contra todos”. Coerência, como se sabe, nunca foi o forte desses vândalos da democracia.
O problema é que, de um jeito ou de outro, quem perde é o Brasil. Bolsonaro elevou à categoria de política externa as relações pessoais que julga ter com Trump – e que jamais foram recíprocas. Estimulado por seus estrategistas lunáticos, Bolsonaro alimentou a fantasia segundo a qual seu servilismo em relação ao presidente norte-americano tornaria o Brasil um país privilegiado pelos Estados Unidos. Isso nunca aconteceu e, para piorar, o alinhamento automático do Brasil com a irresponsabilidade de Trump ameaça converter o País de vez em pária mundial. Não se misturam preferências pessoais com interesses de Estado. O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, mostrou como se faz: embora muito chegado a Trump, não hesitou em reconhecer a vitória de Joe Biden, pois sabe que depende de boas relações com o governo norte-americano – qualquer governo. O Brasil de Bolsonaro acredita que pode se dar ao luxo de hostilizar o futuro governante dos Estados Unidos desde já. Alinha-se assim à Rússia e à China, que também demoram a reconhecer a eleição de Biden sob o pretexto de que ainda não é “oficial”. A diferença é que Rússia e China são países autoritários com amplo histórico de desavenças com os Estados Unidos e não se importam de alimentar mais uma; já o Brasil, potência apenas média e bastante dependente de investimentos externos, construiu seu bom status internacional sem se alinhar preferencialmente a nenhum país e sem hostilizar gratuitamente qualquer governo. É esse patrimônio que Bolsonaro joga fora, graças a um capricho pessoal, pelo qual o Brasil pagará caro.

*”Covas amplia vantagem; 3 disputam vaga no 2º turno”*
*”’Estadão’ realiza debate com candidatos a prefeito”*
*”Cenários de 2º turno dão vantagem ao tucano”*

*”Huck estreita relação com Maia e DEM”* - Depois do encontro com o exjuiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, no último dia 30, o apresentador de TV Luciano Huck almoçou ontem com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em sua casa no Rio. Nos últimos meses, Huck tem estreitado sua relação com DEM e mantido conversas frequentes com Maia e o presidente nacional do DEM, ACM Neto, prefeito de Salvador. Maia estava no grupo que pretendia lançar Huck em 2018. A ideia dos apoiadores de projeto de Huck é construir uma frente de centro para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro daqui dois anos. Até agora, os movimentos esbarraram em disputas sobre o nome capaz de liderar uma chapa assim. Após o encontro, Maia minimizou o peso político do almoço e disse que ainda é cedo para fazer alianças pensando em 2022. “Almoço com Luciano quase todas as semanas que venho ao Rio de Janeiro”, afirmou, em entrevista à rede CNN. “Estamos discutindo muito mais cenários de curto prazo do que preocupação com o projeto eleitoral”, disse o presidente da Câmara.
Para alguns interlocutores, a reunião foi uma tentativa de Huck diminuir o estrago causado pela divulgação do encontro com Moro e reafirmar sua proximidade com a ideia de centro. Como o Estadão mostrou ontem, até articuladores do projeto eleitoral de Huck viram com ressalvas a aproximação com Moro. Para o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCDOB), com quem o apresentador havia se reunido no início do ano, Huck “explode pontes” com a esquerda ao se aproximar do ex-ministro. Embora tenha rompido com o presidente Jair Bolsonaro, em abril, Moro é visto por alguns interlocutores como alguém muito ligado à direita, o que poderia prejudicar o discurso centrista. Sobre a união de forças políticas, Maia afirmou que isso irá depender do caminho que o governo construir para os próximos seis meses. “É o que vai organizar esse campo da centrodireita, centro-esquerda”, disse o presidente da Câmara. Maia já disse ser contra compor uma chapa com Moro. O DEM alinhavou um acordo para apoiar a candidatura do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), à sucessão de Bolsonaro, mas isso pode. O deputado vem dizendo que o governador paulista não é unanimidade no partido. Em entrevista à Veja, no fim de semana, ele afirmou que a maioria do DEM, atualmente, prefere Huck a Doria.
Jantar. Doria também se reuniu com Moro recentemente. No encontro, que ocorreu em São Paulo em setembro , os dois concordaram com a tese de construir desde já um polo de centro para fazer frente ao “extremismo” de direita representado por Bolsonaro. A reunião foi revelada ontem pela Folha de S.paulo e confirmada pelo Estadão. Potencial candidato do PSDB à Presidência, Doria adotou um tom mais moderado no discurso e agora prega o diálogo com a esquerda e a direita para isolar os extremos. A reportagem apurou que Doria e Huck também tem mantido contato frequente pelo Whatsapp e que o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM). O debate em torno do nome que encabeçaria a chapa de centro está sendo deixado para 2021. O objetivo nesse momento é sinalizar para o mundo político e o mercado que o bolsonarismo caminha para o isolamento. “A gente está conversando. Está todo mundo conversando, como o Lula e o Ciro. O País vive uma polarização, é normal que os que não estejam polarizado no lado A ou B converse”, disse Mandetta ao Estadão. Ainda segundo o exministro, os líderes precisam buscar uma convergência de ideias ante de nomes. “Não há uma candidatura natural.” Huck faz parte de um grupo que vem discutindo há tempos a formação de uma terceira via para combater Bolsonaro. A ideia foi apadrinhada pelo expresidente Fernando Henrique Cardoso, ainda em 2018, mas à época não foi adiante. Além de Maia, ACM Neto e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), são entusiastas da ideia de união contra o bolsonarismo, em 2022. “Mas, na hora em que se coloca o Moro no meio disso, muda esse perfil. É impossível imaginar que algum segmento mais à esquerda ou centro-esquerda vá dialogar com o Moro, até mesmo por causa do protagonismo que ele teve para gerar o bolsonarismo”, disse Dino ao Estadão/broadcast.

*”Ciro critica aproximação com Moro e Doria”* - O ex-ministro Ciro Gomes – que disputou a Presidência em 2018 pelo PDT, e que já declarou que gostaria de concorrer novamente, reagiu ontem às notícias dos encontros entre o exministro da Justiça e ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro, o apresentador Luciano Huck e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Os três iniciaram conversas para se apresentarem em 2022 como uma alternativa política de centro. “No dia em que Doria, Huck e Moro forem de centro, eu sou de ultra-esquerda, o que eu nunca fui”, afirmou após evento com a militância do PDT em apoio a Márcio França (PSB), candidato à Prefeitura de São Paulo com o pedetista Antonio Neto como vice. Ele criticou duramente Moro, a quem chamou de fascista e acusou de ter “uma lesão ética”. A respeito de Luciano Huck, sugeriu que ele não tem experiência em governo para conseguir orientar o País, cuidar do posicionamento internacional do País e lidar com o “Congresso hiperfaturado”. Em relação a Doria, Ciro disse que ele foi um prefeito que mentiu para o povo, por ter prometido que não deixaria o mandato na Prefeitura para disputar o governo do Estado.
Lula. Ciro Gomes confirmou que encontrou o ex-presidente Lula em setembro. O petista tem sido alvo de muitas críticas do pedetista desde o desfecho das eleições 2018, em que o atual presidente Jair Bolsonaro, se elegeu. “Fui convidado pelo governador Camilo Santana (petista que administra o Ceará e é próximo à família Gomes) e tive uma conversa muito franca, muito franca mesmo. As pessoas gostariam de que eu usasse uma expressão popular: lavamos a roupa suja, para valer”, disse ele, que já foi ministro do governo do então presidente Lula. De acordo com Ciro, ambos continuaram com suas opiniões sobre a situação do País, mas que o fato de haver diálogo é positivo. “Eu diria que, sob o ponto de vista das compreensões da questão brasileira para trás e para frente, continuamos como estávamos antes de conversar. Mas a mim me agrada a ideia de que a gente faça política conversando. Sabe? O que pega é catapora”, argumentou. De acordo com o ex-ministro, nenhum dos dois deu sinalização concreta de haver plano para o futuro.

*”Olavo de Carvalho já perdeu mais de 250 financiadores”* - A influência exercida pelo “guru” do bolsonarismo, Olavo de Carvalho, não é mais a mesma. O astrólogo da Virginia (EUA) comprou briga com governistas, perdeu espaço no Ministério da Educação, fez críticas ao presidente e, nos últimos meses, também passou a viver um ocaso financeiro. Ele é o principal alvo da nova etapa de campanha do Sleeping Giants, movimento que pressiona empresas a retirarem patrocínios de páginas com conteúdos que classifica como de ódio e desinformação. O grupo já conseguiu levar mais de 250 companhias a desassociarem suas marcas de conteúdos produzidos por Olavo. O escritor, referência da extrema-direita brasileira, chegou a perder cerca de 30% dos alunos que pagavam para receber aulas de seu “seminário de filosofia” via Paypal, uma das companhias que o baniu. Agora, o Sleeping Giants direciona seus esforços para secar uma das principais fontes remanescentes de receita do escritor. O movimento orienta seus quase 400 mil seguidores os caminhos para que bombardeiem com reclamações as caixas de mensagem de executivos da CPP Investments. A firma canadense é acionista da Pagseguro, empresa brasileira que não cedeu à pressão e mantém a conta pela qual Olavo arrecada com a venda de cursos. Até o início da semana passada, 10 mil pessoas haviam enviado mensagens, de acordo com o movimento.
A versão brasileira do Sleeping Giants se apresenta como um coletivo e não revela a identidade das pessoas que o conduzem. Ao Estadão, o grupo ressaltou que Olavo de Carvalho é, para eles, a figura que mais contribui para a radicalização da sociedade por conta do “conteúdo odioso” que propaga e do alcance que tem. Olavo de Carvalho já usou seus canais e cursos para negar a existência do novo coronavírus, recomendar que as pessoas não vacinem seus filhos porque elas “matam ou endoidam”, atacar religiões, minimizar caso de estupro, defender prisão “sem direito de falar” para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e até recomendar que jornalistas sejam tratados “a ponta pé, como um cachorro”. Diante da ofensiva do Sleeping Giants, o escritor sentiu a pressão e pediu ajuda aos súditos. No fim de outubro, fez uma série de publicações com queixas contra as ações do site. Pediu para que seus alunos, leitores e amigos escrevam ao Paypal em protesto contra o bloqueio que lhe foi imposto e ao Pagseguro, com pedido para que a empresa não tome a mesma decisão. Sobrou até para o chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência. “General Heleno, a sua querida Abin (Agência Brasileira de Inteligência) vai investigar as operações de boicote financeiro e intimidação realizadas por organizações comunoglobalistas contra aliados do governo? Vai nada”.
Processo. A intensificação da campanha contra as receitas de Olavo coincide com a cobrança de uma dívida robusta. O “guru” foi processado pelo cantor Caetano Veloso, em 2017, por publicações que acusavam o artista de pedofilia. No mesmo ano, a Justiça do Rio determinou a remoção dos posts, sob pena de multa diária de R$ 10 mil. Olavo descumpriu a determinação e o valor alcançou, neste mês, R$ 2,9 milhões. A decisão que o intimou a pagar a dívida é de 10 de outubro. O prazo vence nos próximos dias. Enquanto isso, ele aguarda o julgamento de recurso ao Tribunal de Justiça do Rio para rediscutir o valor. Caso perca a apelação e não faça o pagamento, poderá ter bens penhorados. Paralelamente, empresários liderados por Luciano Hang, aliado do bolsonarismo, preparam uma “vaquinha” para socorrer o escritor. A oferta de amparo surgiu no contexto de um vídeo, de junho, no qual Olavo esbravejou contra o suposto desinteresse do presidente Jair Bolsonaro em defendê-lo. “Bolsonaro, o que ele fez para me defender? Bosta nenhuma! Chega lá, me dá uma condecoraçãozinha… enfia essa condecoração no seu c...”, disse. “Essas multas que esses caras estão cobrando de mim vão me arruinar totalmente.” Desde a gestão de Ricardo Vélez na Educação, Olavo exercia forte influência na pasta. Após Milton Ribeiro assumir a função no lugar do também olavista Abraham Weintraub, duas pessoas que gozavam da plena simpatia do escritor foram demitidas: a secretária da educação básica, Ilona Becskeházy, e o assessor especial Sérgio
Sant’ana. A última demonstração de insatisfação de Olavo com o presidente foi no fim de setembro, quando ele usou as redes sociais para referir-se a Bolsonaro como “ingrato”. O distanciamento entre ambos coincide com a consolidação da aliança do presidente com o bloco dos partidos do Centrão e setores que antes criticava. A reportagem procurou Olavo de Carvalho mas não teve resposta. A canadense CPP Investments também não se manifestou, assim como a Pagseguro.

*”3 perguntas para Sleeping Giants BR”* -
1.Por que Olavo de Carvalho é hoje o principal alvo do Sleeping Giants BR?
- Ele é uma pessoa que infelizmente possui grande influência sobre outros indivíduos e que tem muito presente em seus posicionamentos as notícias falsas, como a afirmação que fez alegando que coronavírus não matou ninguém. Além disso, suas falas variam desde discursos de ódio contra imigrantes, religiões de matriz africana, mulheres e LGBTS até a negação da ciência e da história, bem como ataques às universidades brasileiras, às instituições democráticas e à imprensa livre. Nesse contexto em que a democracia brasileira se deteriora rapidamente, a propaganda olavista tem desempenhado um papel fundamental no processo.

2.Qual a estimativa sobre o impacto financeiro dessas remoções para ele?
- É difícil fazer o cálculo de quanto retiramos através da remoção dos banners na mídia programática do seu site ou Youtube, mas a quantidade de empresas é grande, foram mais de 250 empresas removendo anúncios do seu site e já passamos de 80 empresas interrompendo a veiculação de seus anúncios no canal.

3.Matt Rivitz é a pessoa por trás do Sleeping Giants EUA. Por que representantes do Slepping Giants BR não se apresentam publicamente?
- Nosso anonimato é mantido por questões de segurança, nos manifestamos sem medo de sofrermos represália através do nosso sigilo.

*”Acusado de corrupção, presidente do Peru é destituído pelo Congresso”* - O Congresso peruano aprovou ontem a destituição do presidente Martín Vizcarra por “incapacidade moral”, ao final do segundo julgamento político em menos de dois meses, após denúncias de que ele havia recebido propina quando era governador, em 2014. A moção para destituir o popular presidente peruano teve 105 votos, ultrapassando os 87 necessários no Congresso, de um total de 130 deputados. O chefe do Congresso, Manuel Merino, deve assumir as rédeas do governo até o fim do atual mandato, em 28 de julho de 2021. O novo julgamento teve início após o partido União pelo Peru (UPP) apresentar uma moção de vacância em 20 de outubro. A legenda se baseia em declarações de vários empresários à Justiça de que teriam pago propina a Vizcarra em troca de contratos de obras públicas quando o presidente era governador da região de Moquegua, ao sul de Lima, em 2014. Merino disse que seu afastamento seria imediatamente informado a Vizcarra, presidente que manteve níveis altos de popularidade em seus 32 meses de governo – sua aprovação chegou a 79% em outubro de 2019, após destituir o Congresso, um procedimento previsto na Constituição. O novo presidente peruano assumirá o mandato hoje, em sessão no plenário do Congresso. Vizcarra fez pessoalmente a sua defesa, falando perante o plenário durante 51 minutos. Ele afirmou que os dois contratos que são alvo de denúncias em questão foram designados por uma agência das Nações Unidas (ONU) e não pelo governo regional de Moquegua, e que as denúncias contra ele são baseadas em reportagens da imprensa e não em decisões do Ministério Público ou dos tribunais. “Aqui estou disposto a esclarecer qualquer um dos fatos que são falsamente imputados a mim”, disse. Vizcarra já havia sobrevivido, em 18 de setembro, a uma moção de destituição no Congresso, acusado de pedir a duas assessoras que mentissem em uma investigação sobre contratos com um cantor que é amigo do presidente destituído. Na época, o Congresso não reuniu os votos suficientes para tirá-lo do poder.
Com o afastamento do presidente, Merino será o terceiro chefe do Executivo do Peru desde 2016, um reflexo da fragilidade institucional do país. Todos os ex-presidentes vivos do país estão presos ou sob investigação. Alberto Fujimori (19902000) foi condenado por assassinato e corrupção. Com problemas de saúde, frequenta alternadamente a cadeia e o hospital. Alejandro Toledo (20012006) é acusado de ter recebido suborno e fugiu para os EUA. Investigado por corrupção e lavagem de dinheiro, Ollanta Humala (2011-2016) passou nove meses na prisão. O último a cair foi Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), acusado de lavagem de dinheiro. Ele renunciou em março de 2018. Além disso, Alan García, duas vezes presidente (1985-1990 e 2006-2011), se suicidou no ano passado ao saber que seria preso por envolvimento no caso Odebrecht. O Congresso admitiu o trâmite da moção de vacância contra Vizcarra na semana passada, por 60 votos a favor, 40 contra e 18 abstenções, a apenas cinco meses das eleições presidenciais e legislativas. Como no julgamento anterior, diferenças ideológicas não foram o que mais pesou na decisão, pois o presidente e a maioria dos deputados são de centro-direita. Tampouco está em discussão a gestão dos grandes problemas do Peru, como a recessão econômica e a pandemia do coronavírus. Tudo aponta para uma simples disputa por poder, com as denúncias contra Vizcarra como uma brecha para afastá-lo. Deputados que desejavam destituir Vizcarra também enfrentam denúncias por corrupção.

*”Evo Morales volta à Bolívia e diz que será líder sindical”*
*”Equipe de Trump bloqueia acesso a dados de transição”*
*”Presidente demite chefe do Pentágono pelo Twitter”*
*”Biden inclui brasileira em equipe contra covid”*

*”Brasil, Turquia, China e Rússia calam sobre Biden”* - O democrata Joe Biden foi confirmado como vencedor da eleição americana no sábado, derrotando o presidente Donald Trump, mas alguns países ainda não reconheceram o resultado, entre eles Brasil, China, México, Rússia e Turquia. O Brasil é o único dos principais aliados ideológicos do governo Trump que não se pronunciou. Líderes de Israel, Arábia Saudita, Eslovênia, Hungria, Índia, Filipinas e Polônia, que também se alinham com o pensamento do republicano, congratularam o presidente eleito Joe Biden. Em uma live no sábado, dia do anúncio da vitória de Biden, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, não falou sobre o assunto. Bolsonaro ainda pediu aos eleitores que não deixassem de votar nas eleições municipais. Nas Américas, além do Brasil, o México também ficou em silêncio. O presidente, Andrés Manuel López Obrador, adotou cautela ao falar sobre a eleição americana. Ele afirmou que prefere “esperar até que todos os assuntos legais tenham sido resolvidos”.
Na Europa, Turquia e Rússia foram os únicos que não fizeram comentários sobre a disputa. Em Moscou, apenas o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, se pronunciou. “Consideramos que é mais apropriado esperar pela contagem de votos oficial”, disse. Na Turquia, o presidente, Recep Tayyip Erdogan, um dos parceiros mais próximos de Trump, também preferiu o silêncio. Quem comentou as eleições foi o vice, Fuat Oktay. “Nada mudará para a Turquia. Os canais de comunicação funcionarão como antes. Mas, claro, haverá um período de transição.” Na China, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Wang Wenbin, afirmou: “Notamos que Biden declarou vitória. Entendemos que o resultado da eleição presidencial americana será determinado segundo a lei e procedimentos do país”, disse Wenbin. Em 2016, o presidente chinês, Xi Jinping, enviou felicitações a Trump no dia seguinte à eleição. A relação entre as duas principais potências mundiais foi turbulenta nos últimos quatro anos, com guerras comerciais, disputas tecnológicas e acusações sobre o novo coronavírus. Uma aproximação durante o governo Biden, contudo, parece improvável. O democrata já afirmou que liderará uma campanha para “pressionar, isolar e punir a China” e deve seguir um caminho mais dedicado ao multilateralismo.
Oriente Médio. Os líderes de Israel e Arábia Saudita, também aliados de Trump, aguardaram um dia, mas acabaram enviando mensagens ao novo presidente americano. “Parabéns Joe Biden e Kamala Harris. Joe e eu temos uma longa e próxima relação por quase 40 anos e eu sei que você será um grande amigo de Israel”, tuitou o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu. A vitória de Biden é vista com receio em Israel, já que o democrata afirmou que poderia voltar a se aproximar do Irã.

*”Bolsonaro falará na ‘hora certa’, diz Mourão”*

*”Congresso nega verba para órgãos internacionais”* - O Congresso colocou o governo em uma saia-justa ao negar o crédito de R$ 1,235 bilhão que o Ministério da Economia havia pedido para o pagamento de dívidas junto a organizações internacionais. Sem o dinheiro, o Brasil pode perder o direito a voto na Assembleia-geral da ONU, além de piorar sua imagem no exterior. Os recursos negados foram redirecionados ao Ministério do Desenvolvimento Regional para bancar obras de pavimentação e compra de máquinas apadrinhadas por congressistas. O texto modificado pelo relator, senador Marcelo Castro (MDB-PI), foi aprovado no dia 4, a menos de duas semanas das eleições municipais. No parecer, o senador justificou que as mudanças “contribuirão para acelerar a retomada do crescimento do País, abalado pela pandemia do coronavírus”. No crédito solicitado pelo governo, a maior despesa seria com a contribuição à ONU, de R$ 616,1 milhões, mas havia também previsões de repasse à Organização dos Estados Americanos (OEA), de R$ 57,6 milhões, à Unesco, R$ 15,4 milhões, e à Organização Mundial do Comércio (OMC), de R$ 6,9 milhões. Segundo apurou o Estadão/broadcast, a equipe econômica foi pega de surpresa e já trabalha para reverter o quadro. O episódio é considerado grave, pois significaria deixar de pagar obrigações assumidas em acordos. Outro agravante é que, durante a análise das contas de 2019, o Tribunal de Contas da União (TCU) emitiu alerta ao governo sobre a grande diferença entre os compromissos pendentes com organismos internacionais e a dotação orçamentária existente para quitar esses débitos. Na época, o TCU alertou que o fato representa risco de descumprimento do artigo 167 da Constituição, que proíbe a realização de despesas sem que haja dinheiro no orçamento.
A estratégia em estudo pelo governo agora é usar algum projeto de lei de crédito suplementar ainda em tramitação para efetuar um novo remanejamento, cortando despesas orçamentárias que não serão executadas, para dar lugar ao gasto da Economia. Nos bastidores, a barbeiragem na votação está sendo vista como resultado de uma falha grave de articulação do ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, responsável pela interlocução com os parlamentares. Mas há quem considere ter sido um erro a Economia ter incluído as contribuições no mesmo crédito que beneficiava o MDR, o que abriu brecha à manobra do Congresso. Eduarda Hamman, professora da FGV, lembra que o Brasil já precisou aprovar um crédito “no apagar das luzes” em 2019 para pagar a ONU e não perder o direito ao voto. Em maio, a dívida estava em US$ 361 milhões. “O governo tem pagado só o suficiente para cobrir a parte da dívida necessária para manter o voto”, disse Eduarda. Ministério da Economia e a Secretaria de Governo não responderam à reportagem.

*”Vacina da Pfizer tem eficácia de mais de 90%, diz empresa após 1ª análise”*
*”Anvisa manda parar teste da CoronaVac”*
*”Amapá deixa de contar novos infectados”*

*”Governo avalia que China mira águas do Brasil”* - Documentos oficiais do governo começam a incluir a China entre as potências internacionais com interesse na Amazônia. Material do Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL) obtido pelo ‘Estadão’ registra a preocupação com um interesse do país asiático pelos recursos naturais estratégicos, especialmente a água. O órgão comandado pelo vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) destaca que as potencialidades brasileiras já estão na mira de potências como Inglaterra, França, Alemanha e Estados Unidos. “A entrada da China no seleto grupo de grandes potências econômicas hegemônicas do mundo contextualiza uma nova realidade global, na qual regiões ricas em recursos naturais estratégicos passam a ser o alvo das políticas externas do Governo chinês”, ressalta uma apresentação feita na última terça-feira, 3, aos integrantes do Conselho. O documento destaca que, na crise global da água, a situação já é crítica na China, na Índia, no México e na região do Chifre da África – que abrange Somália, Etiópia, Eritreia e Djibouti. Nesses países, segundo o governo, os lençóis freáticos registram queda de um metro por ano, acima da taxa natural de reposição, o que aponta para grave escassez de água dentro de 20 a 25 anos. Apresentado por um subordinado de Mourão na reunião, o documento destaca um possível apoio de “entidades ambientalistas” aos governos europeus, além de “interesses menos republicanos entre nacionais”. “Será que vale a pena a troca de provocações nas relações internacionais?”, questiona o documento. A equipe de Mourão apresentou ainda um outro questionamento: “Qual seria a melhor estratégia para o Brasil?”. A resposta está registrada logo abaixo. “Assegurar sua soberania pela Coordenação e Integração de Políticas Públicas, por intermédio do CNAL”.
Como o Estadão revelou ontem, o conselho traçou uma série de objetivos para a região da Amazônia. Entre eles, a criação de um “marco regulatório” para controlar a ação das Organizações Não Governamentais (ONGS) que atuam na região. Segundo documentos entregues a membros do conselho, a meta é impedir a atuação, na floresta, de ONGS que não atendam aos “interesses nacionais”. Os objetivos do conselho dividem-se em três principais eixos: preservação, proteção e desenvolvimento sustentável. Cada tópico é subdividido em objetivos mais detalhados, que têm metas e ações programadas. Na última semana, Mourão pediu para diversos ministérios que indicassem especialistas para debater estes objetivos em reuniões com o conselho. Além de um ofício assinado pelo general, a Vice-presidência encaminhou a apresentação feita aos integrantes do conselho, acompanhadas de tabelas com as descrições dos objetivos do grupo. Duas fontes do governo que acompanham as discussões confirmaram o envio dos documentos. Questionado ontem sobre o assunto, Mourão disse desconhecer a proposta sobre as ONGS, apesar de ele mesmo ter assinado o comunicado convocando servidores de outras pastas a discutir o tema.
Isolado. Para Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, o governo se isola ao pautar ações por “teorias da conspiração”. “A China tem importância para o País, principalmente no mercado internacional”, disse. As discussões do conselho sobre a Amazônia ocorrem no momento em que o Palácio do Planalto avalia se vai manter seu discurso ambiental com a vitória do democrata Joe Biden na disputa presidencial dos Estados Unidos, no domingo, e também quando o País sofre desgaste no exterior por causa do desmatamento. Mourão promoveu, na última semana, uma viagem pela Amazônia com diplomatas de dez países. “Ainda mais com a eleição de Biden (nos EUA), o mundo vai valorizar cada vez mais o multilateralismo. O acordo do Mercosul com a União Europeia mostra isso. A conspiração só vai isolar o Brasil”, concluiu Astrini. Nos planos do conselho da Amazônia há ainda meta de redução de 90% dos desmatamentos e queimadas na região até 2023, “como consequência da maior celeridade do fluxo de informações a antecipação das ameaças”. O conselho demonstra também preocupação com a imagem da gestão do governo Bolsonaro. Por isso, outra ideia que se avalia é aumentar em 70%, até 2021, o número de notícias positivas divulgadas pelo governo sobre repressão a crimes na Amazônia. Para Astrini, as metas de preservação ambiental são uma “maquiagem” que o governo produz para mostrar a investidores e diplomatas, com objetivo de despertar confiança e recuperar recursos perdidos, como os do Fundo Amazônia. "Qualquer escrito que venha do governo em favor do meio ambiente, para mim, não passa de enrolação. A prática é antiambiental”, diz o secretário do Observatório do Clima.
+++ O Brasil tem um governo antiquado e equivocado. Resta saber quando a falta de sensatez do governo brasileiro levará o país para o “buraco” de forma que seja difícil de sair.

*”Mourão afirma desconhecer plano de controlar ONGs”*
*”Com Biden, setores de alumínio e aço esperam corte de tarifas em exportações”*

*”Governo sinaliza que crédito pode ser novo estímulo”* - O governo trabalha para manter as torneiras do crédito abertas em 2021 e garantir a sustentação da retomada econômica. A estratégia é manter os programas de crédito bem-sucedidos lançados durante a pandemia da covid-19 e criar também um programa de microcrédito para permitir que beneficiários do programa Bolsa Família e a “multidão de informais” possam ganhar autonomia como Microempreendedores Individuais (MEI). Essa seria uma alternativa como uma porta de saída da “condição de vulnerabilidade”. O presidente Jair Bolsonaro já deu sinal verde para tornar permanente o Pronampe, programa criado durante a pandemia para socorrer micro e pequenas empresas. As taxas de juros e garantias do Tesouro Nacional do programa, porém, serão alteradas, com perspectiva de que as garantias diminuam, mas que as taxas aumentem. A transformação do programa emergencial em ação permanente é uma demanda de parlamentares, sobretudo do Senado, e deve inclusive contribuir para melhorar a disposição do Congresso e facilitar o caminho para a aprovação de medidas de ajuste fiscal, como a desindexação de despesas do Orçamento (retirada da obrigação de reajuste de determinadas despesas).
Manutenção. A sinalização foi dada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Na sexta-feira passada, ele antecipou que o governo pode manter os estímulos econômicos adotados para fazer frente à pandemia do novo coronavírus. Guedes disse que o desafio é transformar o “empurrão de consumo” trazido pelo auxílio emergencial em crescimento sustentável, sem inflação. Segundo apurou o Estadão/broadcast, não se trata da renovação de auxílio emergencial, como foi interpretado num primeiro momento pelo mercado financeiro, mas de programas voltados para o crédito. Fontes da área econômica garantem que o objetivo é apostar em medidas que funcionaram usando recursos dentro do Orçamento, respeitando regras fiscais. A discussão deverá ganhar força depois das eleições municipais, cujo primeiro turno ocorre no próximo dia 15. O desafio é arrumar os recursos do Tesouro que precisam transferidos aos fundos que garantem os empréstimos em caso de calote. Essa transferência é despesa primária no Orçamento e tem que caber dentro do teto de gastos, a regra que limita o avanço das despesas à inflação. Os detalhes ainda estão em estudo pela equipe econômica, mas já há a decisão política de facilitar a manutenção desses programas em 2021. O que se discute é o alcance, o que será definido nas discussões do Orçamento do ano que vem. O assunto foi tratado pelo presidente da Frente Parlamentar em Defesa das Micro e Pequenas Empresas, senador Jorginho Mello (PL-SC), com Bolsonaro. Nas últimas semanas, o senador, que integra o bloco de partidos do Centrão, foi nomeado vice-líder do governo. O ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, está conversando com técnicos da área econômica sobre a linha do microcrédito. Uma das propostas é que as famílias possam contratar um valor entre R$ 1,5 mil e R$ 5 mil. Na crise, o número de pessoas que se formalizaram via MEI já é de cerca de 1,5 milhão.
Maquininhas. O governo também vai trabalhar para fazer rodar o programa Peac-maquininhas, que operam com garantia de recebíveis das transações com as máquinas de cartão usadas no comércio. Essa modalidade, que tem 100% de garantia do Tesouro Nacional e é mais uma tentativa de destravar o crédito para os pequenos empreendedores na pandemia da covid-19, ainda não ganhou tração. Foram liberados R$ 5 bilhões, mas a linha total já aprovada pelo Congresso é de R$ 10 bilhões. A Caixa Econômica Federal também desenvolve com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) uma linha de crédito assistido para inclusão bancária e orientação para que os tomadores do crédito não deixem de pagar as parcelas. A estratégia também prevê a regulamentação do Sistema Nacional de Garantias, que permitirá que pequenas empresas consigam obter garantias para tomar crédito e, assim, negociar taxas de juros mais competitivas com o seu banco e outras instituições. Dessa forma, poderão alcançar crédito com custo mais baixo e menos burocracia e exigências.

*”Mourão põe em dúvida votação do Orçamento ainda neste ano”*

 

CAPA – Manchete principal: *”Biden e vacina mudam o humor dos mercados”*

*”Com telebralho e excluindo gasto com Saúde, custeio da máquina recua no 1º semestre”* - Se considerados as despesas com a pandemia, resultado é de forte alta

*”União honra dívidas de três Estados e um município”* - Dinheiro cobriu dívidas pendentes de Rio, Minas e Rio Grande do Norte e de São Bernardo do Campo

*”Números da covid caem no país, mas faltam dados”* - Pelo menos quatro Estados não conseguiram inserir as informações no sistema ou o fizeram de modo incompleto

*”Despesa de Estados com juros e amortização tem queda real de 28,5%”* - Suspensão do pagamento de dívida pela União contribuiu para redução do gasto

*”Bolsonaro critica empresa Isolux por apagão no Amapá”* - De acordo com o presidente, a responsabilidade pela energia no Amapá não é do Estado ou da União

*”Fux promete comitê para proteger Justiça de hackers”* - Presidente do Supremo diz que haverá “parceria de todas as entidades que têm expertise sobre esse tema”

*”Política externa e a ambiental precisam de uma virada, diz Passos”* - Para fundador da Natura, demora em aceitar vitória de Biden pode prejudicar relações futuras

*”Aposta em Trump deixa país mais isolado, afirma professor”* - José Antonio Cheibub, da Universidade de Texas A&M;, ausência de penalização por ações e alianças do governo Bolsonaro já seria positivo

*”Para diplomatas, desconfiança diminuiu após ida à Amazônia”* - Embaixadores dizem, porém, que ainda é preciso ver redução no desmatamento

*”Conselho vê interesse em recurso hídrico do Brasil”* - Documento aponta países e instituições internacionais cujos olhos podem se voltar para a abundância de água doce da Amazônia

*”Após reação negativa a encontro com Moro, Huck almoça com Rodrigo Maia”* - Ex-ministro da Justiça desperta resistências na classe política, mas apresentador preserva pontes com o DEM

*”Ciro diz que ex-ministro é corrupto”* - Ex-presidenciável do PDT disparou críticas contra ex-ministro da Justiça

*”Russomanno só recebe 1,2% dos recursos de seu partido”* - Candidato mingua e amplia rejeição mais rápido do que em 2012 e 2016

*”Bolsonaro cria mal-estar com líder do governo ao apoiar delegada no Recife”* - Fernando Bezerra queixou-se publicamente da atitude do presidente

*”Pedidos de votos de presidente podem ser alvos da Justiça Eleitoral”* - Para ministros do TSE, é questão de tempo para que debate chegue à corte

*”Saída de Maia faz mercado temer CPMF”* - Receio de entidades financeiras é que tema ganhe força depois de saída de Maia do comando da Câmara

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*”Presidenciável em 2024, Harris deve ter atuação importante no governo”* - Segundo analistas, Harris terá papel importante no debate sobre reforma policial e questões raciais e deve liderar forças-tarefas importantes, como a contra a covid-19. Ela pode vir a ser ainda a candidata democrata em 2024, caso Joe Biden abra mão de disputar a reeleição quando tiver 82 anos

*”Bolsonaro impõe silêncio sobre sucessão nos EUA”* - Autoridades e ministérios estão proibidos de fazer projeções econômicas e comerciais em cima da vitória do democrata Joe Biden

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*”Policiais e militares patinam nas eleições”* - O triunfo do capitão reformado Jair Bolsonaro em 2018 pode ter servido de inspiração para o lançamento de diversos candidatos associados às polícias ou às Forças Armadas neste ano. Até agora, porém, os postulantes a prefeito que se apresentam nas capitais como policiais, delegados, sargentos, coronéis e outras distinções do gênero patinam nas pesquisas. Neste ano há pelo menos 16 capitais com candidatos a prefeito ligados às forças de segurança. Nessas cidades, é possível identificar 24 candidatos da “família” de policiais ou militares. A vinculação é mais visível nos nomes escolhidos para constar nas urnas eletrônicas. Na disputa pelo comando de Vitória, por exemplo, concorrem um coronel, um capitão e um delegado. Em Natal há dois coronéis e um delegado. Com exceção do candidato Capitão Wagner (Pros) em Fortaleza, porém, nenhum aparece liderando a disputa ou em empate técnico com o primeiro colocado. Mesmo Capitão Wagner enfrenta dificuldades. Enquanto oscila para baixo nas pesquisas, acompanha o crescimento acelerado de Sarto Nogueira (PDT), candidato apoiado pelo grupo político liderado pelo ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes. Levantamento de 21 de outubro do Ibope em Aracaju mostrava Delegada Danielle (Cidadania) em segundo lugar com 19%. Mas ela estava 15 pontos atrás do líder Edvaldo (PDT). No Rio, no Recife e em Vitória, Delegada Martha Rocha (PDT), Delegada Patrícia (Podemos) e Delegado Pozelini (Republicanos), respectivamente, lutam para subir à segunda posição e uma vaga no segundo turno. Nas outras capitais, nomes associados às forças de segurança parecem pouco competitivos.
Considerando candidatos a prefeito, vice e vereador, o número de “fardados” disputando as eleições em capitais saltou de 576 em 2016 para 882 agora - crescimento de 53%. Nesta conta estão os candidatos que, no formulário de inscrição, assinalaram policial militar, policial civil, militar reformado, bombeiro militar ou membro das Forças Armadas no campo “ocupação”. O número total exato de “candidatos de fardados” nas duas disputas, porém, não é preciso. Nos dois casos (2016 e 2020), tendem a ser ligeiramente maiores. Isso porque alguns preferem assinalar informações mais genéricas na ficha, como servidor público estadual ou federal, aposentado ou vereador candidato à reeleição, o que dificulta a identificação da carreira original. A tendência de proliferação dessas candidaturas, de qualquer forma, parece ser um fenômeno restrito às maiores cidades do país, notadamente nas capitais. No conjunto dos 5.568 municípios brasileiros, o total de candidatos ligados às forças de segurança cresceu pouco na comparação com a eleição passada. Segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), eram 7.041 quatro anos atrás, são 7.258 agora. Como o número global de candidaturas cresceu fortemente neste ano (de 497 mil para 551 mil), a participação proporcional de policiais e militares na eleição recuou de 1,4% para 1,3% do total.
Diretor-presidente do FNSP, Renato Sérgio de Lima lembra que esses totais são coerentes com o contingente estimado de quase 6 milhões de policiais e militares na ativa e na reserva em todo o país. “É esse público que esses 7 mil candidatos estão disputando entre si. Considerando o tamanho médio das famílias brasileiras, trata-se de um eleitorado de aproximadamente 18 milhões de pessoas”, diz. Para ele, um dos fatores que limitam a competitividade de candidaturas de policiais e militares é o discurso típico da categoria. “Esses candidatos em geral não fazem debate sobre segurança e violência. Eles só operam no discurso da ordem. É outra chave.”

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