quinta-feira, 5 de novembro de 2020

EUA indefinidos, mas tendência é pró-Biden

 Ainda não há um vitorioso claro na eleição presidencial americana, mas a tendência foi estabelecida. O democrata Joe Biden está muito próximo de chegar aos 270 votos necessários para se eleger no Colégio Eleitoral e, dos seis estados com resultados em aberto, quatro oferecem caminhos que lhe são favoráveis. Ao presidente Donald Trump, por outro lado, não basta vencer nos outros dois. Com poucos votos por contar, precisa reverter tendências. Da Casa Branca, ontem, Trump escreveu dois tuítes em protesto. “Clamamos os votos eleitorais da comunidade da Pensilvânia (que não permite observadores legais), do estado da Geórgia e do estado da Carolina do Norte, todos com GRANDES margens para Trump”, ele próprio escreveu. “Adicionalmente, clamamos aqui o estado do Michigan onde, factualmente, um grande número de cédulas foi eliminado secretamente conforme amplamente divulgado.” Ambos os tuítes foram marcados pela plataforma como informação questionável e tiveram sua distribuição reduzida. A contagem na Pensilvânia está sendo acompanhada por observadores de ambos os partidos e os três primeiros estados ainda estão contando votos. No Michigan, Joe Biden venceu. “Após uma longa noite contando votos, está claro que estamos vencendo em estados o suficiente para alcançar os 270 votos”, disse Joe Biden ontem à tarde, em discurso. “Não estou declarando ter vencido, mas dizendo que quando a contagem final vier, acredito, seremos os vencedores.” (Assista.) Sua campanha já colocou no ar um site de transição de governo. O objetivo de ambos é ocupar território e gerar a percepção de vitória.

O Arizona vai ser um ponto de confusão entre hoje e os próximos dias — baseadas em suas contas, AP e FoxNews atribuíram seus 11 votos no Colégio para Biden. Nenhum outro veículo chegou à mesma conclusão. Até o fechamento desta edição, 86% dos votos já haviam sido contabilizados no estado, Biden está à frente, a uma distância de 69 mil votos que vem se estreitando. Por isso, nas contas de alguns — inclusive de alguns jornais brasileiros — Biden já tem 264 votos, nas de boa parte da imprensa americana, está ainda com 253. Conforme algum outro estado seja definido entre hoje e amanhã, vai haver quem o declare vencedor. Pode ser prematuro. E há tensão. Durante todo o dia, ontem, militantes trumpistas se juntaram em frente ao prédio onde são contados os votos na cidade de Phoenix com gritos de guerra falando em fraude, roubo e se queixando da TV considerada até ali o principal reduto da direita populista. A FoxNews. (Arizona Republic)

A corrida pelo Senado tende aos republicanos mas a briga é voto a voto. Das cem cadeiras, cada partido já tem 48 e há quatro em disputa. Uma, do Alaska, será republicana — a vantagem é muito grande. Das duas da Geórgia abertas, uma irá para o segundo turno e, a outra, está tão apertada que pode também terminar em segundo turno. Sobra Carolina do Norte, em que os republicanos vencem por um ponto percentual e há votos suficientes para virar. (New York Times)

Pois é... No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro pretende retardar um telefonema de congratulações se Joe Biden vencer. Vai esperar os movimentos do presidente Donald Trump, inclusive possíveis recursos judiciais. (CNN Brasil)

Mais cedo, Bolsonaro já havia se queixado sobre Biden com jornalistas. “O candidato democrata, em duas oportunidades, falou sobre a Amazônia. É isso que vocês estão querendo para o Brasil? É uma interferência de fora pra dentro.” (Estadão)

Seu filho e quase embaixador nos EUA, Eduardo, divulgou no Twitter algumas teorias conspiratórias pró-Trump e anti-Biden.


Após ver divulgada na noite de terça-feira denúncia contra ele pelo MP do Rio pelos crimes de organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro e apropriação indébita, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) teve na quarta-feira um dia ainda pior. O Globo obteve e divulgou cópia do depoimento prestado ao MP por Luiza Sousa Paes, que foi assessora do gabinete do 01 na Assembleia Legislativa Fluminense. Ela admitiu que nunca trabalhou de fato para o então deputado e que era obrigada a devolver 90% do salário. Para piorar, ela apresentou extratos bancários de 2011 a 2017 comprovando o repasse de R$ 160 mil para Fabrício Queiroz, ex-braço-direito de Flávio e também denunciado. É a primeira vez que um ex-assessor admite o esquema de “rachadinha” no gabinete do agora senador. (Globo)

Durante o depoimento, feito em dezembro de 2018, Luiza diz ter sido chamada naquele mesmo dia para uma reunião com Frederick Wassef num hotel da Barra da Tijuca. Segundo ela o ex-advogado do senador a orientou a não atender à convocação do MP, afirmou que era “poderoso”, cobrava milhões nas causas em que atuava, mas estava fazendo a defesa de graça porque considerava que aquilo tudo era uma “covardia”. Ela apresentou aos promotores o GPS de seu celular mostrando o trajeto até o local do encontro e as mensagens arquivadas no aparelho. (Globo)

Se a situação já era desagradável o suficiente, piorou com a divulgação da lista das outras 15 pessoas, além de Flávio e Queiroz, denunciadas pelo MP. Os nomes mais importantes são Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro, esposa do senador, e o chefe de gabinete dele, Miguel Ângelo Braga Grillo. A mulher e as filhas de Queiroz também foram denunciadas, assim como vizinhos e amigos do ex-assessor. Parentes de milicianos lotados no gabinete de Flávio e até o corretor responsável pelas transações imobiliárias do político completam a lista. (Globo)

Segundo Bela Megale, Jair Bolsonaro teve um ataque de fúria ao saber da denúncia contra o filho. (Globo)




Justo quando achava que escaparia de um processo por caixa 2 eleitoral, corrupção e lavagem de dinheiro, o senador José Serra (PSDB-SP) virou réu no dia da prescrição do caso. Ele é acusado de receber indevidamente R$ 5 milhões para sua campanha de 2014. Em setembro, o ministro Gilmar Mendes aceitou um pedido da defesa e levou a ação para o STF sob a alegação de que a investigação incluiu o período do mandato, o que daria a Serra foro privilegiado. Aparentemente mudou de ideia e devolveu o caso à Justiça Eleitoral paulista no dia 3, véspera da prescrição – por Serra ter mais de 70 anos, crimes de que seja acusado prescrevem em seis anos, e não 12. Os promotores correram contra o relógio e conseguiram intimar o senador e apresentar a denúncia a tempo de o juiz Marco Antonio Martin Vargas, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, aceitá-la.




O tribunal misto de deputados estaduais e desembargadores do Rio se reúne hoje para decidir se a denúncia de impeachment contra o governador afastado Wilson Witzer deve ser aceita ou não. Se for, começa o julgamento propriamente dito, com peças de defesa e acusação e depoimentos de testemunhas.





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