sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Análise de Mídia 13/11

 



 

CAPA – Manchete principal: *”Avaliação de Bolsonaro no Rio e em SP piora”*

EDITORIAL DA FOLHA - *”A queda do censor”*: Apesar das tentativas de censura movidas por Celso Russomanno (Republicanos), candidato a prefeito de São Paulo, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do estado confirmou, em decisão unânime, a liberação da mais recente pesquisa Datafolha sobre intenções de voto para a eleição paulistana. Os resultados explicam o desespero do postulante, que continua a cair nas preferências. Com base em entrevistas realizadas na segunda e na terça-feira (9 e 10), o Datafolha mostra que o prefeito Bruno Covas (PSDB) mantém-se em curva ascendente, tendo subido, em uma semana, de 28% para 32%. O patamar deixa o tucano às portas do segundo turno —e até com alguma chance de, eventualmente, eleger-se na primeira rodada. A principal novidade da pesquisa é Guilherme Boulos (PSOL), que, após um período de estagnação, assumiu o segundo lugar, embora mantenha-se em empate técnico com Russomanno e o ex-governador Márcio França (PSB). O candidato do PSOL oscilou de 14% para 16%, enquanto seus rivais passaram, respectivamente, de 16% para 14% e de 13% para 12%. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. A confrontação entre Covas e Boulos, aliás, foi um dos aspectos observados no debate entre candidatos promovido pela Folha e pelo UOL na terça-feira —evento valorizado por regras imaginosas e questões de interesse para o eleitor.
Atrás dos citados, vale registrar que o petista Jilmar Tatto, com oscilação de 6% para 4%, mantém-se muito aquém do histórico eleitoral de seu partido. Com dificuldades em obter apoio até mesmo de correligionários, Tatto faz uma campanha sem empolgação, deixando para Boulos o papel de principal representante da esquerda. O acentuado declínio de Russomanno, que chegou a marcar 29% das intenções em final de setembro, é acompanhado de forte alta em seus percentuais de rejeição. Agora são 49% os que não votariam no deputado em nenhuma hipótese, fatia que já foi de apenas 21%. O candidato iguala-se, dessa forma, a seu principal aliado, o presidente Jair Bolsonaro, que na cidade de São Paulo é rejeitado por 50% dos entrevistados, segundo a mesma pesquisa desta semana. Sempre recomendável, em especial diante do exemplo de eleições mais recentes, é preciso não subestimar a possibilidade de movimentos de última hora do eleitorado. A se manterem, contudo, as tendências que ora se desenham, o cenário é certamente desfavorável a Russomanno, um veterano em derrotas na cidade. Não há melhor indicador disso que a tentativa de esconder informações da população.

PAINEL - *”TRE deixa de fora PF em reunião que decidiu adiamento de eleição em Macapá”*: A presidência do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá deixou a Polícia Federal de fora da reunião em que se decidiu por pedir ao ministro Luís Roberto Barroso o adiamento da eleição em Macapá (AP). A polícia que cuida de temas relacionados às eleições é a PF. O encontro teve a presença da Abin no estado e de integrantes da área de inteligência do Exército e da Polícia Rodoviária Federal. A atitude do TRE causou a impressão, entre os envolvidos no processo, de que a decisão já estava tomada. Partiu do presidente do Tribunal Superior Eleitoral a iniciativa de ouvir a PF. Barroso ligou à noite para Rolando de Souza, diretor-geral. Mas, dada a decisão dos demais órgãos na reunião vespertina, qualquer problema ficaria na conta da polícia, caso tivesse opinião divergente. Procurada, a assessoria de imprensa do TRE não respondeu ao Painel.

PAINEL - *”Em novo documento, Ministério Público confirma que candidato em São Luís é investigado”*
PAINEL - *”Partido de segundo colocado nas pesquisas em Macapá critica adiamento da eleição e avalia ir ao TSE”*

PAINEL - *”Boulos liga para Tatto sobre anúncios no Google e petista cita Mujica”*: Guilherme Boulos (PSOL) ligou para Jilmar Tatto (PT) para colocar panos quentes após o Painel revelar que sua campanha vem pagando anúncios no Google quando são feitas buscas por palavras-chave relacionadas ao PT, como “candidato do Lula em SP”. O psolista disse ao concorrente que já tinha orientado sua equipe a interrompê-la e que o apoiaria caso ele passasse para o segundo turno. Tatto falou para Boulos não se preocupar e citou o expresidente uruguaio Pepe Mujica para dizer que “não cultiva ódio em seu jardim”. Um grupo de mais de cem economistas lançou um abaixo-assinado em apoio à candidatura de Boulos nesta quinta (12). Segundo o texto, o programa do líder do MTST apresenta as propostas mais consistentes para reerguer a economia local e reduzir os efeitos da miséria e do desemprego. Entre os que subscrevem estão Laura Carvalho e Luiz Gonzaga Belluzzo.

PAINEL - *”Para Guedes, auxílio emergencial termina em dezembro e novo programa depende de cortes em servidores”*: Embora sua declaração tenha levado à interpretação oposta nesta quinta (12), o ministro Paulo Guedes (Economia) tem dito nos bastidores que a decisão do governo foi tomada e que não haverá prorrogação do auxílio emergencial, que acaba em 31 de dezembro. Uma segunda onda da Covid-19 no Brasil não é tratada como o cenário mais provável na Economia. Na visão de Guedes, ampliar as transferências de renda para os mais pobres em 2021 para além do que já é gasto com o Bolsa Família depende diretamente da contenção de reajustes automáticos para os servidores. sap Em termos políticos, isso significa dizer que o Renda Brasil depende da aprovação de reformas como a PEC Emergencial e a PEC dos gatilhos. A reforma administrativa não tem o mesmo efeito porque Bolsonaro já disse que o aperto só valerá para os novos servidores, gerando impacto nulo no presente. Os dados que chegaram ao ministro dão conta de que o governo economizou mais de R$ 150 bilhões com o congelamento de salários em 2020 e 2021 (R$ 97 bilhões nos estados e R$ 68 bi na União), pouco menos da metade do impacto da reforma administrativa (R$ 400 bi).

*”Rejeição a Bolsonaro bate 50% em SP, e aprovação cai 6 pontos no Rio, diz Datafolha”* - A imagem do presidente Jair Bolsonaro piorou nos dois principais centros urbanos do país, São Paulo e Rio de Janeiro, aponta pesquisa do Datafolha. Os levantamentos foram feitos nos dias 9 e 10, com margem de erro de três pontos para mais ou menos. Eles também ocorreram em Belo Horizonte e Recife, que registraram estabilidade na avaliação do presidente ante a rodada anterior, nos dias 3 e 4 passados. Em São Paulo, a rejeição a Bolsonaro é de 50%, oscilação positiva sobre os 48% da pesquisa anterior. Já a aprovação oscilou para baixo, de 25% para 23%, com a avaliação regular estável (26% ante 27%). Bolsonaro é mais bem avaliado (30%) entre os mais velhos, e tem maior rejeição (66%) entre os mais jovens. Na cidade, seu candidato, o deputado Celso Russomanno (Republicanos), derreteu ao longo da campanha eleitoral. Ele a começou no fim de setembro na frente, com 29%, e marca agora 14%, um terceiro lugar numérico em situação estatística de empate com Guilherme Boulos (PSOL, 16%) e Márcio França (PSB, 12%). Entre os eleitores de Russomanno, a aprovação de Bolsonaro mais que dobra, chegando a 50%, enquanto 27% o acham ruim ou péssimo. Assim, é possível dizer que a aposta do deputado fidelizou eleitores de nicho, mas o afastou do eleitorado mais amplo. O líder da pesquisa, o prefeito Bruno Covas (PSDB, com 32% de intenções), vê 21% dos seus apoiadores aprovando Bolsonaro, enquanto 44% o rejeitam. Previsivelmente para eleitores de esquerda, só 1% dos que votam em Boulos acham o presidente ótimo ou bom, enquanto 88% o veem como ruim ou péssimo. Já França, que acenou ao presidente no começo da campanha mas agora busca distância comedida, tem 44% de seus eleitores rejeitando Bolsonaro. O aprovam 29%. No Rio de Janeiro, a piora da imagem do presidente se deu no lado da aprovação, que caiu seis pontos desde a semana passada, passando de 34% para 28%. A rejeição seguiu estável (41% para 42%), enquanto o contingente dos que o acham regular subiu de 25% para 29%.
Lá, o candidato do Planalto é o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), que está num distante segundo lugar na pesquisa com 14%. Entre seus eleitores, 66% apoiam Bolsonaro e 9%, o rejeitam. Crivella está empatado tecnicamente com Martha Rocha (PDT, 11%), de quem 49% dos apoiadores dizem achar o presidente ruim ou péssimo, enquanto 23% o avaliam ótimo ou bom. No terceiro lugar numérico está Benedita da Silva (PT, 8%), empatada tecnicamente com a pedetista e, no improvável limite da margem da erro, com o prefeito. De forma previsível, seu eleitor rejeita ainda mais o presidente: 70% de ruim/péssimo, ante 6% de aprovação. À frente, com 34%, está Eduardo Paes (DEM). Seus eleitores são mais contrários a Bolsonaro (49%), enquanto 20% o aprovam. No conjunto da população, Bolsonaro é mais bem avaliado por quem tem mais de 60 anos (34% de aprovação) e pior pelos mais ricos (61% de rejeição) e jovens (60%). Na capital mineira, Belo Horizonte, o quadro é de estabilidade. Bolsonaro, que tinha sofrido uma queda de cinco pontos na pesquisa anterior sobre o resultado do começo de outubro, segue agora com a mesma aprovação (35%) e rejeição (38%) da semana passada.
Ali, ele recebe mais apoio de quem tem entre 45 e 59 anos (42%) e sofre maior rejeição de quem é mais rico (52%). A corrida eleitoral é dominada pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD, 63% de intenções). Entre seus eleitores, o presidente é bem visto por 32% e mal, por 38%. Os segundos colocados têm uma posição antagônica de seus apoiadores, óbvia dadas as suas siglas. João Vitor Xavier (Cidadania, 8%) tem 51% de ótimo e bom para o presidente no seu eleitorado. Já quem diz que vai votar em Áurea Carolina (PSOL, 6%) rejeita amplamente (82%) Bolsonaro, com apenas 6% de apoiadores que o aprovam. Em Recife, outra situação análoga à da semana passada. A rejeição (45% ante 44% na rodada anterior) segue maior que a aprovação (27% ante 28%), com 27% (28% antes) achando o presidente regular. Na cidade há disparidades claras entre o apoio a Bolsonaro e os líderes da pesquisa. Na frente, João Campos (PSB, 29%) tem 22% de eleitores considerando o presidente ótimo ou bom e 45%, ruim ou péssimo. Marília Arraes (PT, 22%) vê o previsível 81% de rejeição ao ocupante do Planalto entre seus eleitores, enquanto 5% o aprovam. Já Mendonça Filho (DEM), empatado tecnicamente com ela marcando 18%, tem eleitores mais bolsonaristas: 41% acham o presidente ótimo ou bom, ante 25% que o avaliam ruim ou péssimo. Empatada tecnicamente com Mendonça, Delegada Patrícia (Podemos, 15%), tem uma base de apoio ainda mais pró-Bolsonaro: 51% de aprovação, 28% de rejeição. No conjunto da população, a imagem presidencial é melhor (32% de ótimo/bom) entre pessoas de 34 a 45 anos e pior (53% de ruim/péssimo) entre quem tem de 25 a 34 anos e os que cursaram ensino superior. As pesquisas foram encomendadas pela Rede Globo e pela Folha. Em São Paulo, seu registro no Tribunal Regional Eleitoral é o SP-05584/2020 e foram ouvidas 1.512 eleitores. No Rio, o número é RJ-02768/2020 e o universo é de 1.148 pessoas.
Em Belo Horizonte, 1.036 pessoas foram ouvidas na pesquisa MG-03799/2020, mesmo universo entrevistado em Recife, cujo levantamento é o PE-03799/2020. Em relação à pesquisa de intenção de voto para a Prefeitura de São Paulo, o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo decidiu nesta quinta-feira (12) confirmar, por unanimidade, a liberação da divulgação, que havia sido censurada na terça-feira (10) pelo juiz da primeira zona eleitoral, a pedido da campanha de Celso Russomanno. Por 6 votos a 0, os integrantes do tribunal julgaram pela manutenção da decisão em caráter provisório que havia sido tomada individualmente pelo juiz do TRE-SP Afonso Celso da Silva na quarta-feira (11). Na decisão que autorizou a divulgação da pesquisa, Silva determinou que a publicação fosse acompanhada do esclarecimento abaixo. "A presente pesquisa se encontra impugnada na Justiça Eleitoral em virtude da alegada ausência, em seus resultados, da consideração do nível econômico dos entrevistados, bem como pela divisão do grau de instrução destes, no plano amostral, ter sido em duas categorias (nível fundamental e médio - 67%; nível superior -33%)."

*”Boulos mira voto útil da esquerda, Russomanno, da direita, e França, de ambos, na reta final em SP”*
ANÁLISE - *”Ambiente volátil joga definições da disputa eleitoral para os momentos finais, indica Datafolha”*
*”Por unanimidade, TRE-SP confirma liberação de pesquisa Datafolha contestada por Russomanno”*
*”Após dicas de bolsonaristas, campanha de Russomanno radicaliza em rede social”*

*”São Paulo tem 74% do dinheiro público de campanha na mão de brancos”* - Maior cidade do país, São Paulo tem assistido até agora a uma grande concentração dos recursos públicos de campanha na mão de candidatos brancos, de acordo com as prestações de contas apresentadas. A situação reflete uma realidade que se repete em todo o país, que é a dificuldade da implantação, na prática, da determinação do Supremo Tribunal Federal de divisão equânime dos fundos Eleitoral e Partidário entre candidatos negros e brancos. Na capital paulista, 60% dos candidatos lançados pelos partidos são brancos, mas, até agora, concentram um volume de recursos maior, 74% de toda a verba pública. No país, dos R$ 1,4 bilhão de dinheiro público declarado pelos candidatos até a quarta-feira (11), 63% estavam nas mãos de brancos, mostra levantamento do projeto 72horas, que acompanha a aplicação da verba pelas campanhas. O índice é similar nas 95 maiores cidades do país, aquelas em que há possibilidade de segundo turno e que reúnem os grandes centros urbanos —60%. De acordo com os dados informados pelo Tribunal Superior Eleitoral, pela primeira vez candidatos pretos e pardos superam numericamente os brancos, o que, pelas regras, deveria levá-los a ter uma maior volume de recursos.
A análise das prestações de contas das maiores cidades mostra que em 11 delas os brancos estão com mais de 90% dos recursos públicos, com destaques para cidades da região Sul e do interior de São Paulo, como Sorocaba e Guarujá. A campeã do dinheiro na mão de brancos é Joinville, em Santa Catarina. A cidade tem 87% dos candidatos brancos, que concentram 97% da verba distribuída. Dos 15 candidatos a prefeitos, apenas um se declara pardo. Das 30 grandes cidades em que a maior parte dos recursos têm sido direcionado para pretos e pardos, o destaque é para Salvador e Caucaia (CE), ambas com mais de 90% da verba para esses candidatos. De um modo geral, os partidos têm resistido em lançar negros para a disputa de cargos importantes. Em 2016, por exemplo, dos 26 prefeitos eleitos nas capitais, 22 eram brancos e 4 se declararam pardos. Nenhum era preto. Dos 27 governadores eleitos dois anos depois, em 2018, a situação se repetiu: 24 brancos e 3 pardos. Uma das razões que estudiosos apontam para esse quadro é o histórico baixo investimento dos partidos no lançamento e, principalmente, financiamento de candidaturas de negros.
Neste ano, o STF decidiu forçar as legendas a distribuir as verbas públicas de forma proporcional aos candidatos negros e brancos, mas a quase totalidade dos partidos reclamou da decisão tomada em cima da hora, afirmando ser inexequível sua implantação, no momento. A mesma dificuldade tem sido observada no direcionamento de verbas proporcionais para mulheres, uma exigência legal já em vigor desde 2018. Apesar de os partidos estarem mais preparados nesse caso para o cumprimento da lei, em muitas situações há desvios, como no escândalo das candidaturas laranjas em 2018, e atraso nos repasses,. De acordo com os dados do TSE compilados pelo 72horas, apenas 27% do dinheiro distribuído até o momento foi para mulheres, sendo que elas representam 33,6% das candidaturas. Nas grandes cidades, esse índice é ligeiramente maior, 29,8%. No topo da lista das cidades em que há maior concentração de dinheiro de campanha na mão de homens está Diadema. A cidade tem 33,8% candidatas, mas só 5,7% das verbas foram direcionadas pelos partidos a elas, até o momento. No extremo oposto, o destaque é Juiz de Fora (MG), com mais de 80% da verba pública para candidatas. Esse número, porém, é proporcionado quase que exclusivamente pelo dinheiro público direcionado pelos antagonistas PSL e PT a apenas duas candidatas. As concorrentes à prefeitura Delegada Sheila (PSL), que recebeu R$ 3,4 milhões, e Margarida Salomão (PT), com R$ 1 milhão. A observação do cumprimento das regras pela Justiça Eleitoral se dará após as eleições, na análise das prestações de contas finais das siglas e candidatos. Eventual descumprimento ou desvios dessas cotas pode resultar em punições na área eleitoral —como cassação de chapas eleitas, multas e bloqueio de repasse de verbas— e criminal.
Em linhas gerais, os partidos apontam dois argumentos para justificar o descumprimento, até agora. O de que as prestações de contas não refletem ainda a total realidade do que está acontecendo nas campanhas e que o maior volume de recursos chega, normalmente, na reta final. Candidatos, porém, reclamam que têm recebido verba sem tempo hábil para produzir material. Entre os médios e grandes partidos, aqueles que figuram nos dados do TSE como os com menor índice de repasse de verbas para candidaturas negras, nas maiores cidades, são PDT, PSDB, PTB, PSD e PSL. Os com índice de repasse para negros acima de 50%, a maioria é nanica: DC, Solidariedade, PV, REDE, Patriota, PC do B, PTC, PSTU, Avante, UP e PMB. Os que aparecem com menos recursos proporcionais direcionados às mulheres nos grandes centros urbanos são DEM, PSB, MDB, Solidariedade e PSDB. Com recursos acima de 33,6% (o total de candidatas lançadas nacionalmente) estão PMB, PSTU, PC do B, PSOL, UP, PV, PMN, PSC, PODE, PT, DC, PCB e Cidadania. O PMB, Partido da Mulher Brasileira, tem cumprido tando a cota racial como a de gênero muito em função da expressiva verba pública repassada para a própria presidente da sigla, Suêd Haidar, que se declara preta e disputa a prefeitura do Rio. Ela foi destinatária de um quarto de toda a verba nacional do partido, R$ 320 mil.
PARTIDOS DIZEM QUE DADOS NÃO SÃO OS FINAIS
O PDT disse que o partido vai destinar as verbas de acordo com as instruções do TSE e que os números estão abaixo porque ainda são parciais. O PSL disse que se manifestará após a prestação de contas final. O presidente doo PSB, Carlos Siqueira, disse que o partido orientou todos os seus diretórios a cumprir as regras e é preciso aguardar a prestação de contas final das eleições. "É claro que vamos levar anos para pagar essa dívida cultural e histórica com os negros, as mulheres. As cotas são importantes, mas não resolvem. E é normal os partidos passarem mais recursos para as candidaturas mais competitivas, que tem mais votos. Se no lugar do João Campos [Recife] e Marcio França [São Paulo] estivesse o Joaquim Barbosa [ex-ministro do STF], haveria recursos do mesmo jeito." Em nota, o Solidariedade afirmou que está cumprindo "rigorosamente as regras da legislação eleitoral de cota de gênero e tem plena consciência da importância da participação da mulher na política." A sigla diz que "realizou junto com a sua Fundação 1º de Maio o curso de qualificação política Lidera+, voltado às mulheres de todo país, foram mais de 400 inscritas e 140 selecionadas por meio de edital".
O Solidariedade disse ainda que há município que na composição tem mais mulheres do que homens. "Nas capitais, o recurso foi direto para o candidato e ele dividiu a verba de acordo com a cota de gênero da chapa. A distribuição foi feita pela nacional e os estados ficaram responsáveis por fazer o repasse." O PTB disse que o fundo ainda está sendo contabilizado pelos candidatos. O DEM afirmou que cumprirá a lei, repassando 34% da verba para as mulheres. "A observação precoce dos repasses pela prestação de contas parcial, além de ignorar a estratégia eleitoral do partido, desconsidera o fato natural de que o maior aporte de recursos ocorre na reta final das eleições, respeitando o desempenho das candidaturas", diz o partido. A sigla diz ainda que número relatado não representa o cenário real pois fez repasses para candidatas mulheres que compõem chapas e coligações com a sigla. O PSD afirmou que os valores foram enviados aos diretórios estaduais, além de dois diretórios municipais, que são responsáveis pela distribuição, com determinação da obrigatoriedade do calculo e cumprimento das regras definidas pela Justiça. "Vale destacar que, conforme dados de receitas de candidatos disponibilizados pelo TSE, 1.255 candidatos a vereador do PSD nas 95 maiores cidades receberam recursos dos fundos partidário e de campanha do partido, sendo 607 (48%) destes negros, destinatários de 51% da verba repassada." Os demais partidos citados nesta reportagem não se manifestaram.

*”Em guerra por recursos, PSL de SP é entrave para volta de Bolsonaro ao partido”* - Sob o discurso de se posicionar como a "direita raiz" no cenário político nacional, o diretório do PSL em São Paulo virou um entrave às intenções do partido de voltar a abrigar o presidente Jair Bolsonaro para a disputa das eleições de 2022. Ao avaliar um retorno à sigla, o presidente leva em conta a necessidade de ter São Paulo como trincheira política para a reeleição. No entanto as tratativas têm incomodado o grupo que comanda atualmente o partido no maior colégio eleitoral do país. A rixa se intensificou durante as eleições municipais também em outros estados, com diretórios mais ou menos próximos de Bolsonaro brigando pelos recursos do partido. A reaproximação de Bolsonaro com o PSL é comandada por Antônio de Rueda, vice-presidente nacional da sigla e braço direito do presidente nacional da legenda, deputado federal Luciano Bivar (PE), desde antes das eleições de 2018, quando o partido ainda era nanico.​
Com a eleição de Bolsonaro em 2018, o PSL virou o segundo maior partido do Brasil, atrás apenas do PT em número de deputados federais, com uma fatia de aproximadamente R$ 200 milhões do fundo partidário em 2020. Além de São Paulo, o movimento de Rueda para trazer Bolsonaro de volta esbarra também em outros estados, como Bahia e Rio Grande do Sul. Nos bastidores, a ala paulista do PSL vê a divisão do fundo eleitoral entre os diretórios estaduais como desigual e prejudicial, uma tentativa de asfixiar os grupos políticos que se opõem ao presidente. São Paulo foi o epicentro da guerra entre o PSL que se diz "direita raiz" e os bolsonaristas mais ideológicos. Um dos filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), foi destituído do comando do PSL paulista em dezembro do ano passado em meio a uma série de punições a deputados bolsonaristas, que passaram a trabalhar pela criação do partido Aliança pelo Brasil. A tropa de choque bolsonarista no estado, os deputados estaduais Gil Diniz (sem partido) e Douglas Garcia (PTB), foi expulsa do partido.
Do outro lado da disputa estão os líderes do partido em São Paulo que romperam com Bolsonaro, como a deputada federal mais votada pela sigla, a atual candidata a prefeita Joice Hasselmann, e o senador Major Olímpio, assim como o presidente estadual do PSL, deputado federal Júnior Bozzella. Bozzella tem dito que a candidatura de Joice, que não decolou e marcou apenas 3% na última pesquisa Datafolha, é de "reposicionamento nacional" de "uma direita racional". "Lógico que ser prefeita da maior capital do país é algo importante para o projeto político, mas fundamentalmente, para o nosso PSL, o que nos importa nesse momento é resgatar os valores da direita que foram perdidos", disse, em um evento de campanha em outubro. "O presidente da República desvirtuou esse processo e se aproximou muito do centrão", completou. Joice faz coro. "Se confundiu muito essa coisa de PSL e bolsonarismo. O PSL é uma direita racional, uma direita que respeita as liberdades, uma direita que não quer explodir o Supremo [Tribunal Federal], não quer fechar o Congresso, uma direita que quer um estado menor", disse ela. A deputada, que fez carreira sob a bandeira do combate à corrupção, se define como lavajatista e próxima ao ex-ministro Sergio Moro, que articula fazer oposição a Bolsonaro em 2022. A direção nacional do PSL não nega, em reservado, o movimento de se reaproximar de Bolsonaro. Na avaliação da legenda, o posicionamento de embate do PSL paulista é uma reação à possibilidade de perderem espaço no comando da sigla no estado, cujas chances aumentaram devido ao desempenho eleitoral de Joice.
Além disso, as portas abertas para a volta de Bolsonaro são uma tentativa do partido de se antecipar a uma competição entre legendas do centrão que tentam abrigá-lo, como o PP, e apostar novamente em sua força política nas eleições. O presidente ainda não tem a garantia de que conseguirá aprovar a criação da Aliança pelo Brasil até a próxima disputa presidencial. No entanto os candidatos apoiados por Bolsonaro às prefeituras de capitais em todo o país também não vão bem nas pesquisas. É o caso de Celso Russomanno (Republicanos) em São Paulo, Marcelo Crivella (Republicanos) no Rio e Bruno Engler (PRTB) em Belo Horizonte. Esse argumento tem sido levantado pela direção paulista para emplacar a tese de que Bolsonaro não é essencial para o partido. Outro ponto sustentado por aliados de Bozzella é o fato de que ele lançou quase 300 candidaturas majoritárias no estado e cerca de cinco mil candidatos a vereador, após uma organização do diretório paulista que só foi possível após a saída de Eduardo. Pela quantidade de candidaturas, o diretório estadual de São Paulo esperava fatias mais robustas do fundo eleitoral, mas, seguindo a divisão que leva em conta a votação de 2018, ficou com a promessa de R$ 25 milhões, que ainda não foram integralmente pagos. Na visão de membros do PSL paulista, estados menos importantes e com menos candidaturas receberam proporcionalmente mais recursos e foram supervalorizados. Nos bastidores, os conflitos são atribuídos a interferências de Rueda e ao fato de que o partido ainda está aprendendo a lidar com seu novo tamanho e seu caixa eleitoral turbinado. ​ Procurado, Rueda não se manifestou.
Questionado pela Folha sobre a divisão, porém, Bozzella minimizou os problemas. "Talvez pudesse ter um pouco a mais. Independentemente de muito ou pouco, temos que trabalhar com o que está definido. Estou rodando o estado todo, já fui em 150 cidades. Você compensa com a presença, a política não é só dinheiro." A divisão de verbas no PSL já causou conflitos e ameaças de renúncias entre candidatos a vereadores das capitais dos dois maiores estados, São Paulo e Belo Horizonte —na capital mineira, causou revolta o repasse de R$ 690 mil para Janaína Cardoso, ex-mulher do ministro Marcelo Álvaro Antônio (Turismo). Em Maceió, o partido enviou R$ 1,7 milhão para a campanha de Davi Davino Filho (PP), candidato apoiado pelo líder do centrão Arthur Lira (PP-AL). Questionada sobre os conflitos de divisão de verbas, Joice diz que há "um certo amadorismo de espaços específicos no PSL".
A candidata diz que o estado de São Paulo terá uma das menores relação per capita de verba e candidatos no país. "São Paulo paga por ser o estado mais organizado. São Paulo levantou em três meses um gigante, porque pegamos o partido destruído da mão de Eduardo Bolsonaro, que só fez lambança", reclama. Em relação à pesquisa de intenção de voto para a Prefeitura de São Paulo, o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo decidiu nesta quinta-feira (12) confirmar, por unanimidade, a liberação da divulgação, que havia sido censurada na terça-feira (10) pelo juiz da primeira zona eleitoral, a pedido da campanha de Celso Russomanno. Por 6 votos a 0, os integrantes do tribunal julgaram pela manutenção da decisão em caráter provisório que havia sido tomada individualmente pelo juiz do TRE-SP Afonso Celso da Silva na quarta-feira (11). Na decisão que autorizou a divulgação da pesquisa, Silva determinou que a publicação fosse acompanhada do esclarecimento abaixo. "A presente pesquisa se encontra impugnada na Justiça Eleitoral em virtude da alegada ausência, em seus resultados, da consideração do nível econômico dos entrevistados, bem como pela divisão do grau de instrução destes, no plano amostral, ter sido em duas categorias (nível fundamental e médio - 67%; nível superior -33%)."

FOLHA EXPLICA - *”Déficit de meio de milhão de moradias e futuro do Minhocão desafiarão prefeito de SP”*
REINALDO AZEVEDO - *”Preparem-se! O Bolsonaro do confronto voltou para tentar ficar”*

*”Com eleição adiada após apagão, Macapá lida com 'humilhação' e protestos diários”* - Os candidatos à Prefeitura de Macapá se viram obrigados a lidar com um novo e surpreendente elemento na disputa: a “humilhação” a que foram submetidos os eleitores em razão do apagão no Amapá desde o último dia 3. A palavra é reiteradamente dita pelos moradores da capital amapaense para resumir o que sentem desde que ficaram no escuro. O problema está longe de ser resolvido, a ponto de o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Amapá pedir ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o adiamento das eleições em Macapá, sem definição de uma nova data. O pedido foi aceito pela corte em Brasília. A medida vale apenas para a capital. Nas outras 15 cidades do estado, a votação está prevista para ocorrer neste domingo (15). Os primeiros dias sem energia e o posterior racionamento a que foram submetidos, com imprevisibilidade de horários em algumas regiões da cidade, provocaram a fúria dos moradores de Macapá. A animosidade não se resume aos protestos, que seguem ocorrendo praticamente todas as noites, em distintos bairros da cidade. A Folha presenciou diversas situações em que comunidades não aceitam a presença de cabos eleitorais. É assim, por exemplo, nas chamadas áreas de ressaca, que são as extensões de alguns bairros sobre áreas de lago. Ao lado de estreitas pontes de madeira, favelas sobre a água foram erguidas. Um único bairro, Congós, tem 30 mil moradores vivendo nessas “baixadas”. É muito frequente encontrar moradores refratários à presença de cabos eleitorais e distribuidores de santinhos. Cabos eleitorais também não são bem recebidos em comunidades mais afastadas. São os casos, por exemplo, de comunidades quilombolas próximas ao núcleo urbano de Macapá.
O mau humor na cidade —para dizer o mínimo— é generalizado diante da falta de solução para o problema e dos transtornos com a falta de energia. Já são nove dias de apagão. O impacto na disputa eleitoral é inevitável, com a população buscando culpados para o problema no meio político. A última pesquisa Ibope, feita dos dias 9 a 11 —ou seja, já durante o apagão— e divulgada nesta quarta (11), aponta uma possível alteração de cenários. Josiel Alcolumbre (DEM), irmão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), lidera a disputa, com 26% dos votos válidos —que excluem brancos, nulos e indecisos. Mas esta liderança já foi maior. Antes do apagão, conforme levantamento do Ibope divulgado em 28 de outubro, Josiel tinha 35% dos votos válidos. O irmão de Davi é visto como o candidato que representa os atuais detentores do poder: estão com ele o presidente do Senado; o atual prefeito de Macapá, Clécio Luis (sem partido); e o governador do Amapá, Waldez Góes (PDT). Sobre este último, recaem as principais cobranças, na esfera estadual, sobre o apagão. Os adversários de Josiel o acusam de só defender o adiamento da eleição depois de revelada a queda na pesquisa. Os assessores do candidato afirmam que ele sempre defendeu a ideia, só não a levava para a campanha no rádio e na TV.
Até o apagão, o segundo colocado na disputa, segunda o Ibope, era João Capiberibe (PSB), que governou o Amapá entre 1995 e 2002. Ele tinha 17% das intenções de voto, e foi para 13%. A margem de erro é de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos. O segundo lugar tem um empate técnico entre a deputada federal Patrícia Ferraz (Podemos) e o deputado estadual Dr. Furlan (Cidadania). Ferraz, que vem explorando o apagão em sua campanha, passou de 13% para 18% das intenções de voto. Já Furlan foi de 13% para 17%. Ele diz que sempre defendeu o adiamento da eleição, desde o início do apagão. Os dois deputados fazem o discurso contra a “velha política”, na linha do que fez Jair Bolsonaro (sem partido) na disputa pela Presidência em 2018. Ferraz e Furlan têm simpatia pelo presidente e ambos buscam seu eleitorado em Macapá. Estão na disputa ainda o pastor Guaracy (PSL) e Cirilo Fernandes (PRTB), também do campo bolsonarista. Eles têm 8% e 7% dos votos válidos, respectivamente, segundo o Ibope, e ficaram estáveis desde o apagão. Do campo da esquerda, além de Capiberibe, estão na corrida o deputado estadual Paulo Lemos (PSOL), com 5%, e o Professor Marcos (PT), com 2%. Lemos tinha apenas 1% antes da escuridão que tomou conta da capital amapaense.

*”Veja ranking de popularidade digital dos candidatos a prefeito em São Paulo”*
*”Veja ranking de popularidade digital dos candidatos a prefeito no Rio de Janeiro”*
*”Veja ranking de popularidade digital dos candidatos a prefeito em Curitiba”*
*”Veja ranking de popularidade digital dos candidatos a prefeito em Belo Horizonte”*
*”Veja ranking de popularidade digital dos candidatos a prefeito em Salvador”*

*”Maia, Alcolumbre e congressistas mergulham em campanha de pai e irmãos nas eleições”*
*”Advogado ligado aos Bolsonaros é acusado de injúria racial por garçonete; Wassef nega e se diz vítima”*

*”Bolsonaro usa tradutores de libras da Presidência em 'live eleitoral gratuita'”* - As lives nas quais o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem feito propaganda para diversos candidatos nas eleições municipais tiveram a participação de dois intérpretes de libras da Presidência da República. Fabiano Guimarães Rocha e Lucas Moura são assessores da Secretaria de Comunicação Social, e estão alocados, segundo o Portal da Transparência, na Secretaria de Governo da Presidência. A nomeação deles foi publicada em agosto do ano passado. De acordo com informações do portal do governo, o primeiro tem remuneração bruta de R$ 11.506,59 e o segundo, R$ 9.709. Os dois são descritos em textos do governo como os intérpretes oficiais de Bolsonaro. Guimarães Rocha, por exemplo, apareceu na live da última terça-feira (10) e, no mesmo dia, traduziu o discurso do presidente durante uma solenidade no Palácio do Planalto. No dia 8 do mês passado, o tradutor também apareceu na transmissão ao vivo que Bolsonaro costuma fazer às quintas-feiras.
Já Moura esteve nas transmissões da última segunda (9) e desta quarta-feira (11). Ex-ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e advogados que preferiram falar sob condição de anonimato afirmam que o caso reforça a suspeita de uso da máquina pública e o caráter institucional das transmissões porque indica que Bolsonaro usou o aparato da comunicação oficial do governo em prol de outros atores políticos. O ideal, dizem os especialistas, seria abrir uma investigação sobre os episódios. A lei eleitoral veda ao servidor público, além do uso de bens e imóveis da União em benefício de um candidato, a utilização de materiais e serviços custeados pelo governo e a cessão de servidor público ou empregado da "administração direta ou indireta federal". Advogados dizem que a participação dos intérpretes nas lives tem "cara e focinho" de ilegalidade, mas é preciso investigar porque a legislação abre brechas. Uma exceção prevista é se o funcionário não estiver em horário de trabalho e atuando por conta própria. Isso porque o servidor tem o direito de ter atuação política.
Procurada pela Folha, a Presidência da República alegou que ambos os tradutores atuaram de "forma voluntária" na live e não deu informações sobre o horário de trabalho dos servidores até a publicação deste texto. A advogada Gabriela Rollemberg, secretária-geral da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político, defende que o caso seja apurado. "A primeira questão é saber se estão dentro do horário de expediente ou não e de forma voluntária ou não. Se estiver no horário de expediente, mesmo sendo voluntário, eles estão cometendo a conduta vedada." O advogado José Eduardo Cardozo, advogado eleitoral e ex-ministro da Justiça de Dilma Rousseff (PT), questiona o argumento de que os intérpretes agiram de forma voluntária. "É espantosa a coincidência que eles tenham se oferecido voluntariamente para todos esses vídeos, apoiado vários candidatos simultaneamente sem a ordem do superior", diz. Para o ex-ministro do TSE Luiz Carlos Lopes Madeira, o indício de ilegalidade ocorre já a partir do fato de a propaganda política ser feita de dentro do Palácio da Alvorada. "O que pode configurar é o abuso do poder político porque nem a Presidência da República nem os funcionários dela podem ser usados em proveito de um candidato ou de um partido", afirma. "Não interessa se é voluntário ou não, interessa usar a coisa pública."
O advogado eleitoral e ex-ministro do TSE Marcelo Ribeiro diz que, se ficar comprovado que eles não trabalharam durante o expediente, trata-se do exercício de liberdade política do funcionário público. "Veja só, se ele estiver no horário de trabalho dele, esse tradutor, ou se ele tiver sido convocado para fazer isso, aí é problemático. Agora ele pode, se quiser, participar do horário de trabalho que não é dele, dando um apoio." Reservadamente, advogados também questionam o argumento de que os tradutores foram voluntários. Se ficar comprovada conduta indevida no uso dos tradutores, Bolsonaro poderia responder por improbidade administrativa. Caso as ações avancem, elas podem gerar a cassação do candidato beneficiado, considerado o cenário mais improvável, ou a imposição de multa a Bolsonaro. A tramitação, porém, começará nas Justiças Eleitorais dos estados e só depois poderá chegar ao TSE . As lives de Bolsonaro já foram questionadas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro e por candidatos à Prefeitura de São Paulo. Nesta quarta-feira, a Rede foi ao TCU (Tribunal de Contas da União) para que a corte investigue o uso do Palácio da Alvorada e de funcionários da Presidência nas transmissões.
Em transmissão ao vivo nesta quinta-feira (12), Bolsonaro voltou a realizar o seu "horário eleitoral", fazendo propaganda para alguns candidatos. O presidente mencionou as ações judiciais contra a prática, mas não entrou no mérito de estar usando imóveis, servidores e equipamentos oficiais. "Já foi judicializado por deputados e partidos para que eu não tenha meu horário eleitoral gratuito", disse o presidente, que em seguida passou a atacar seus adversários políticos. "Pessoal, manda o [ex-presidente Luiz Inácio] Lula fazer campanha para os seus candidatos, manda o [governador João] Doria fazer campanha para os seus candidatos. Porque está todo mundo escondidinho agora, não bota a cara", afirmou. Bolsonaro depois afirmou que "tem obrigação" em falar de política, por conta da sua experiência. "Agora eu tenho obrigação de falar um pouco de política, tenho uma experiência enorme, tenho 32 anos de vida pública. Procuro dar uma chance para quem eu acho que tem tudo para se eleger e fazer um bom governo", afirmou. ​"Alguns desses 40, 50 podem pisar na bola? Pode. Mas pode ter certeza que a chance vai ser bem menor do que alguns candidatos, não todos, porque temos excelentes candidatos, que ficam vendendo uma imagem de santo pra você", completa.

*”PF faz operação para apurar ação de milícia em favor de candidatas no Rio”*
SILVIO ALMEIDA - *”Brasil precisa de muito mais do que clones do novo presidente dos EUA”*
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*”Frente de centro-direita converge na economia, mas difere sobre valores e segurança”* - Criar uma “terceira via” para disputar a eleição presidencial de 2022 será como formar um quebra-cabeças com peças que não se encaixam perfeitamente. Sergio Moro, Luciano Huck e João Doria têm diferenças na pauta de costumes e na abordagem sobre a segurança pública. Já a agenda econômica os aproxima. Moro, ex-juiz responsável pela Lava Jato e ex-ministro da Justiça, almoçou com Huck, apresentador da Rede Globo, em Curitiba (PR), em 30 de outubro. A conversa, revelada pela Folha, deflagrou uma articulação para criar uma alternativa de centro-direita à polarização entre a direita bolsonarista e a esquerda representada pelo PT e Ciro Gomes (PDT). A ela tenta se juntar o tucano Doria, governador de São Paulo, que não esconde suas pretensões de disputar a Presidência. Os três protagonistas desse enredo, no entanto, nem sempre têm posições convergentes sobre temas polêmicos. O combate à criminalidade é onde as diferenças são mais claras. Moro é defensor do endurecimento das leis penais e de dar maior poder para a atuação policial.
O pacote anticrime que ele enviou para o Congresso quando ministro dificultava a progressão de pena, aumentava as definições de crime hediondo e, ponto mais polêmico, ampliava o chamado “excludente de ilicitude”, que isenta de punição policiais envolvidos em morte ou agressão de pessoas durante ações. Vista como uma espécie de “licença para matar” inocentes na periferia, a medida acabou sendo derrubada pelo Congresso após pressão de políticos, entidades e ativistas. Huck, envolvido em projetos sociais em áreas carentes, é uma das vozes que frequentemente se levantam contra a violência cometida pela polícia. Em maio deste ano, por exemplo, ele se manifestou quando uma ação policial no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ), causou a morte de João Pedro Mattos, de 14 anos. “Causa indignação esse extermínio de jovens pobres e negros nas comunidades país afora. Não é só no Rio. Isso é uma doença nacional que exige responsabilidade social de todos nós em busca da cura. Uma tristeza. Causa revolta”, disse o apresentador. Doria, neste aspecto, se aproxima mais da posição de Moro. Defendeu seu pacote anticrime e, na campanha de 2018, chegou a dizer que em seu governo a polícia paulista iria atirar para matar. O ex-juiz e o governador também jogam juntos na defesa da maioridade penal aos 16 anos. Moro é favor de que essa redução seja restrita a crimes “gravíssimos”, enquanto o tucano a apoia sem restrições. A Folha não localizou referência de Huck sobre o tema.
Nenhum dos três é entusiasta da ampliação das possibilidades de porte e posse de armas, embora Moro tenha adotado posição dúbia sobre o tema, uma das principais bandeiras do governo de Jair Bolsonaro na área da segurança. O ex-ministro, quando no governo, chegou a dizer que não tinha participado da redação dos decretos sobre o tema, e que o assunto não tinha relação com sua pasta. "Não tem a ver com a segurança pública. Foi uma decisão tomada pelo presidente em atendimento ao resultado das eleições", afirmou, em maio de 2019. Ao mesmo tempo, jamais criticou ostensivamente essas medidas, diferentemente de Huck e Doria. O apresentador é o mais enfático ao se posicionar contra maior acesso a armas. “Contra malucos, psicopatas e afins, pouco podemos fazer. Mas contra as armas de fogo, é só vontade política. Desarmamento já”, escreveu, em 2011. Em agosto deste ano, comentando a crise do Rio, reforçou esta opinião. “Cariocas e fluminenses precisam reagir, não com armas ou manipulações. Mas com honestidade, correção e amor”, afirmou.
Doria, em entrevista à revista Época em abril de 2017, também se manifestou contrariamente à ampliação do acesso às armas. Outro tema em que há visões diferenciadas é o das drogas. Moro é contrário à descriminalização, mesmo que apenas da maconha, embora tenha dito ao apresentador Ratinho, em julho de 2019, que aceita seu uso medicinal. Em abril de 2017, quando ainda era juiz, foi um pouco mais flexível, durante participação em conferência nos EUA. “Eu entendo que não existe uma solução muito fácil para esse modelo. Talvez seja o caso de algum experimentalismo, mas eu tenho muitas dúvidas sobre o que precisa ser feito", declarou. Doria, em entrevista à Época, também se disse contrário à descriminalização. Huck tem posição mais aberta a uma mudança na legislação. Ele foi um dos produtores do documentário “Quebrando o Tabu”, dirigido por seu irmão Fernando Grostein, que defende alternativas à política de repressão às drogas. Em entrevista à Folha, em março de 2017, Huck disse que o modelo atual fracassou. “Tenho absoluta certeza de que a guerra às drogas e o que foi feito até aqui não funcionaram. As comunidades estão cada vez mais armadas. O consumo nunca diminuiu, os presídios estão superlotados. Não é um problema de polícia, mas de saúde pública”, afirmou.
Um dos temas que mais dividem conservadores e progressistas, o aborto é tratado com cautela por Moro e Doria. O ex-juiz, em sua tese de doutorado na Universidade Federal do Paraná (UFPR), de 2002, fez um elogio a Roe vs. Wade, a icônica decisão da Suprema corte americana que liberou o aborto, em 1973. “[Roe vs. Wade] representa uma solução intermediária para a questão do aborto, satisfazendo em parte as duas correntes absolutamente opostas sobre o tema, o que não deixa de ser razoável em vista de um improvável consenso sobre ele”, escreveu. Por causa desse trecho, o ex-juiz foi chamado de abortista por apoiadores de Bolsonaro, embora tenha feito uma análise da decisão à luz do direito constitucional, sem emitir juízo de valor sobre a prática. A Folha não localizou outras opiniões de Moro sobre o tema, tampouco alguma de Huck. Já Doria defende a manutenção da atual legislação, em que o aborto é permitido em caso de estupro, risco de morte para a mãe ou anencefalia. A área de maior convergência para a tríade é a econômica, embora haja nuances. Doria é o mais ferrenho na defesa do liberalismo, tendo surgido na política com o discurso de “gestor”. Ele apoia uma agenda radical de privatizações e desregulamentação.
Moro não costuma tratar muito do tema, uma vez que sua pauta sempre foi a do combate à corrupção e ao crime organizado. Nas vezes em que falou sobre economia, deixou claro seu viés liberal. “O que nós vemos em geral é que os países que mais prosperaram foram aqueles que praticaram o livre mercado”, disse ele, em uma live da corretora Necton, em agosto deste ano. No evento, ele defendeu reformas econômicas e a abertura da economia. Disse ainda que o modelo desenvolvimentista, que foi importante para o crescimento econômico com forte papel do Estado, está superado. Huck também é um entusiasta de um sistema econômico mais liberal, e tem como um de seus principais conselheiros o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga. Mas ele também enxerga um papel preponderante do Estado na redução das desigualdades. “O poder de mexer com força no ponteiro da desigualdade é do Estado”, disse, em agosto deste ano. Em diversas manifestações, Huck pede reformas que combatam privilégios e o Estado corporativista, uma referência velada ao poder do funcionalismo público na máquina pública. Em seminário da revista Exame, em setembro de 2019, o apresentador defendeu a agenda econômica do ministro Paulo Guedes. Já em artigo para a Folha, em fevereiro deste ano, defendeu uma reforma tributária que institua um modelo progressivo, cobrando mais de milionários. Articuladores desta frente de centro-direita dizem que as diferenças programáticas são contornáveis e que não há posições realmente conflitantes. Huck e Doria sempre defenderam a Lava Jato, por exemplo, e praticamente todo o pacote anticrime de Moro. Todos são entusiastas da prisão após condenação em segunda instância.
A dificuldade maior vai ser encontrar uma fórmula política que viabilize a aliança. Um empecilho é a decisão de Doria, aparentemente irredutível, de ser ele o cabeça de chapa de qualquer frente. Mas o maior complicador é a presença de Moro na aliança, que desperta reações e até acusações de pertencer à extrema direita. Desde que saiu do governo Bolsonaro, o ex-juiz tem buscado passar uma imagem de moderação. Na live com a corretora, ele se disse um conservador tolerante. “Eu sou uma pessoa conservadora. Não sou dado a grandes comportamentos diferenciados. Sou uma pessoa de família. Agora, eu acho que, no âmbito dos costumes, também tolerância é importante. O espírito da democracia é o espírito da tolerância”, declarou. Também tem procurado se diferenciar do ex-chefe ao reforçar seu compromisso com a democracia. “Não há espaço para ameaçar o país invocando falso apoio das Forças Armadas para aventuras”, escreveu, em artigo para o jornal O Globo, em julho deste ano. “Populismo de direita e populismo de esquerda são danosos”, completou. Moro agora terá cerca de um ano e meio para convencer o meio político de que mudou e tentar viabilizar, junto com seus parceiros, um caminho do meio na eleição presidencial.
+++ A expectativa com relação a essa “3ª via” é da própria Folha. Vale refletir sobre quantas vezes o jornal ou qualquer dos jornais levantou quais os pontos que unem e separam os nomes da esquerda.

*”Não queremos fazer parte da política, nem deixar ela entrar nos quartéis, diz chefe do Exército”* - O comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, fez uma rara manifestação na qual buscou delimitar seu distanciamento da ala militar do governo Jair Bolsonaro. "Não queremos fazer parte da política, muito menos deixar ela entrar nos quartéis", afirmou durante uma live do IREE (Instituto para a Reforma das Relações entre Estado e Empresa) Defesa e Segurança. Ele respondia a um questionamento do ex-ministro da Defesa na gestão Michel Temer (MDB) Raul Jungmann, presidente-executivo do instituto, sobre o papel dos militares na política, tema que acompanha o governo Bolsonaro desde a campanha eleitoral. A conversa foi mediada também pelo general da reserva Sérgio Etchegoyen, presidente do conselho do instituto e ex-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) também no governo Temer. Na gestão do capitão reformado do Exército, 9 dos 23 ministros são de origem fardada. Pujol, conhecido por ser um homem de poucas palavras, não criticou os colegas que estão no governo —a começar pelo seu chefe, o general Fernando Azevedo, ministro da Defesa. Mas ressaltou que "se for para chamar [um militar para o governo], é decisão do Executivo". Nem tampouco viu problemas nisso, citando que o Supremo Tribunal Federal requisita desde 2018 um general para assessorar seu presidente, cargo que foi ocupado por Azevedo na gestão Dias Toffoli. Mas é na segunda parte de sua formulação que o recado fica dado. Assim como disse à Folha após a vitória de Bolsonaro em 2018 o antecessor de Pujol, Eduardo Villas Bôas, a Força teme a politização dos quartéis na esteira da militarização da política. Esse movimento tornou-se uma preocupação no Alto Comando do Exército durante o período de maior radicalização de Bolsonaro na Presidência, entre abril e junho deste ano.
Enquanto o presidente frequentava manifestações golpistas pedindo o fechamento do Supremo e do Congresso, havia o temor de que o baixo oficialato se empolgasse com a retórica de Bolsonaro. No topo da cadeia alimentar do setor, a Defesa chegou a endossar uma ameaça velada do general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) ao Supremo. Com o paroxismo da crise e a prisão do ex-assessor do clã presidencial Fabrício Queiroz no fim de junho, Bolsonaro acabou se retraindo e compondo com o centrão, o que abafou o risco de um impeachment ou outra ruptura. Ato contínuo, a ala militar do governo se viu submersa parcialmente, só para frequentar o noticiário quando há escaramuças com os setores radicais do bolsonarismo no poder, como a briga entre o vice-presidente Hamilton Mourão e o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) demonstrou. De forma geral, porém, os fardados tendem a considerar que saíram do holofote. "Não nos metemos no que não nos diz respeito", afirmou Pujol. O próprio comandante do Exército foi tragado para a confusão quando, no começo de maio, Bolsonaro considerou trocá-lo pelo amigo Luiz Eduardo Ramos, general que comanda a Secretaria de Governo. A discussão foi tornada pública pela Folha, obrigando Ramos a negar veementemente a hipótese. Vez ou outra, o tema ressurge, embora a possibilidade seja considerada nula por oficiais da ativa.
A insatisfação de Bolsonaro com Pujol decorria da atitude do comandante em relação à pandemia do novo coronavírus, para a qual ele mobilizou o Exército em sua maior operação desde o envio de pracinhas para combater o nazismo na Segunda Guerra Mundial na Itália. Pujol inclusive negou um aperto de mão, oferecendo o cotovelo a Bolsonaro, numa solenidade militar antes da discussão sobre a eventual troca de comando. Na live, o comandante afirma que só se preocupa com assuntos militares, e que se alguém tem de falar de política, é o general Azevedo em reuniões de ministros.

*”Republicanos começam a minar tática de Trump ao reconhecer vitória de Biden”*
*”Trump já diz a aliados que pensa em concorrer de novo em 2024, afirma jornal”*
TATIANA PRAZERES - *”China, China, China, Rússia”*
*”França relembra 5 anos do massacre no Bataclan às voltas com novos atos terroristas”*

*”Exército brasileiro é um dos menores do mundo, diz comandante da Força”* - O comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, disse nesta quinta (12) que as Forças Armadas brasileiras são “uma das menores do mundo” em relação ao território a ser defendido. “Estamos aquém do que o Brasil precisa”, afirmou ele, dizendo que “não podemos abrir mão da soberania sobre a Amazônia”. A frase se encaixa no contexto, embora ele não estivesse comentando o caso, da já célebre ameaça que virou meme de Jair Bolsonaro contra o presidente eleito dos EUA, Joe Biden. Na terça-feira (10), o brasileiro disse, ao citar o interesse do democrata sobre o desmatamento na Amazônia, que “quando acabar a saliva [a diplomacia], tem que ter a pólvora [dissuasão militar]”. Pujol falava em uma live promovida pelo Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa. No evento virtual, Pujol repassou a doutrina de emprego do Exército, que prioriza a soberania nacional. “Somos o celeiro do mundo, reserva de água e minerais estratégicos para o mundo”, disse, emulando a visão que pauta o Exército desde o começo do século 20. “Não existe ameaça imediata, alguém querendo nos invadir para conquistar nossos recursos. Então, a sociedade e os políticos colocam uma prioridade baixa [sobre o tema]. Eu até entendo.” “Mas muita coisa no nosso entorno estratégico é dinâmica. De um dia para o outro, as coisas mudam”, afirmou. Sobre o tamanho das Forças Armadas, repetiu mais de uma vez que as considerava insuficientes, mas que será cumprido o acordo da reforma da carreira militar de 2019, de reduzir o efetivo em 10% em dez anos. A fala de Pujol reflete uma ideia comum entre os militares, que esbarra na realidade. Na avaliação do respeitado Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres, “as Forças Armadas brasileiras estão entre as mais capazes de sua região”.
O país tem um efetivo fardado de 380 mil pessoas, flutuando em torno da 15ª posição no ranking mundial. Isso não significa força, já que equipamento e logística colocam o Brasil atrás de muitos países bem menores. Para ficar na preocupação geográfica, são 22 km² para cada militar. Ou 176 militares para cada 100 mil habitantes. Na região, a Colômbia tem uma realidade bem mais militarizada, com um fardado para cada 3,8 km² ou 592 a cada 100 mil moradores. Mas o país vizinho está em guerra civil desde 1964. O último conflito travado pelo Brasil no continente foi a Guerra do Paraguai, há 150 anos. Isso não diz nada sobre o futuro, mas relativiza o presente. De todo modo, se a bazófia diplomática de Bolsonaro fosse levada a sério, o Brasil teria problemas. Os Estados Unidos são a maior potência militar da história, e em duas semanas gastam o equivalente a todo o orçamento do setor no Brasil. Por sua área, o Brasil, em especial uma região florestal densa como a Amazônia, são inconquistáveis. Mas os americanos, numa guerra hipotética que não levasse em conta as 3.800 ogivas nucleares à disposição de Washington, teriam outras opções à mão. Poderiam bloquear o país pelo mar, interrompendo nosso fluxo comercial e asfixiando a economia. A capacidade de projeção de poder americana, com 11 grupos de porta-aviões que levam até 90 aeronaves cada um, permitiria o bombardeio à submissão de qualquer capital.​
Como Pujol disse na live: “E se formos ameaçados? O inimigo virá com apoio aéreo. Precisamos dotar o Exército de capacidade antiaérea”. De fato, o Brasil não dispõe de defesa antiaérea de média ou alta altitude. Claro que o general não falava dos EUA: na cabeça dos militares, é a Venezuela o risco mais iminente de problemas. Ele admite, contudo, que “a realidade econômica” não permite grandes sonhos. A visão bolsonarista de uma ameaça militar na Amazônia vai ao encontro ao que os planejadores da Escola Superior de Guerra traçaram em cenários para 2040, num documento revelado pela Folha no começo do ano. Eles falavam que a França, com sua retórica ambiental e presença física na Guiana Francesa, seria a grande rival estratégica. O texto foi descartado, mas o sentimento, não. Alternativas, no caso de a turma ter a razão? Em 1965, o líder paquistanês Zulfikar Ali Bhutto disse que “iríamos comer grama, mas teríamos a bomba atômica”. Seu país de fato gramou, mas obteve seu objetivo em 1998 e assim equilibrou um pouco a disputa com a rival Índia. A ditadura norte-coreana só está no poder porque tem a bomba e mísseis que ameaçam os EUA. Como isso seria inconstitucional no Brasil, resta o planejamento de guerra assimétrica (como guerrilhas), algo que incomoda os americanos desde campanhas no Vietnã. Mas os exercícios feitos recentemente na Amazônia não se tratam disso, e sim de repelir escaramuças fronteiriças com a Venezuela. Como disse Pujol, as 36 baterias de mísseis Astros-2, usadas na simulação, são o maior elemento dissuasório hoje do país. Numa guerra com os EUA, elas durariam poucas horas.

*”Bolsonaro ignora vitória de Biden pelo 6º dia e pergunta se eleições já acabaram nos EUA”*
*”Ditador do Turcomenistão inaugura estátua dourada em homenagem a cachorro”*

*”Recuperação da economia perde força em outubro e novembro”* - Indicadores especiais de atividade, criados durante a pandemia para monitorar a retomada, mostram que o período de forte recuperação da economia brasileira, iniciado já em meados de abril, se encerrou em outubro —mês em que ocorreu a redução de estímulos governamentais. Dados para novembro confirmam que a atividade se estabilizou em um nível ainda abaixo do patamar pré-crise, e a expectativa dos analistas responsáveis por esses índices é de uma recuperação mais lenta na sequência. Essa acomodação da atividade tem sido vista, principalmente, em segmentos da indústria e do varejo que já retornaram ou, em alguns casos que até ultrapassaram os níveis pré-crise. A análise de quem acompanha os índices é que a desaceleração reflete fatores como aumentos de preços e a redução, de R$ 600 para R$ 300, no valor do auxílio emergencial para trabalhadores informais no final de setembro, com impacto a partir do mês seguinte. A expectativa do Ministério da Economia era de uma recuperação em "V". Os dados, no entanto, mostram que a "subida" desse "V" deve ficar incompleta. Economistas responsáveis por esses indicadores antecedentes de atividade, criados para monitorar a economia praticamente em tempo real, também identificam um redirecionamento nos gastos das famílias, que agora tendem a direcionar mais dinheiro para serviços em detrimento de bens.
O Idat (Indicador Diário de Atividade) do Itaú Unibanco parou de crescer em outubro e teve queda até o início de novembro, movimento que está sendo visto como um sinal de estabilização pela instituição. De acordo com o economista do Itaú Unibanco Luka Barbosa, os dados até o momento apontam para um terceiro e um quarto trimestre melhores do que o projetado anteriormente. “O nosso indicador diário de atividade econômica mostra um outubro [na média] acima de setembro. Em novembro, a atividade econômica está estabilizando, desacelerando um pouco, mas isso não deve tirar a visão de um crescimento bom no quarto trimestre, próximo de 2,5% em relação ao terceiro”, afirma Barbosa. Na primeira semana de novembro, o Idat estava 11,7% abaixo do nível pré-crise (em meados de março).
O indicado mensal desenvolvido pelo Santander em parceria com a Getnet para monitorar as vendas no varejo, o IGet (Índice Getnet de Vendas do Comércio Varejista Brasileiro), mostrou queda de 0,15% em outubro, após cinco meses seguidos de crescimento ininterrupto. Para a instituição, o valor indica uma estabilidade após a forte recuperação de 33% de abril até setembro. “Manter essa trajetória de crescimento era um pouco artificial. Houve redução do auxílio, mas ainda são R$ 300 injetados na economia. Por isso, a gente vê mais uma acomodação do que necessariamente uma queda”, afirma o economista do Santander Lucas Maynard. Os dados do IGet mostram que as vendas de vestuário e peças automotivas, que ainda não recuperaram as perdas de abril, continuaram crescendo no mês passado. Supermercados seguem com as receitas estáveis desde agosto e houve queda nos segmentos que já estavam acima dos níveis pré-crise, como eletrodomésticos, artigos de farmácia e material de construção. Maynard afirma que o varejo também é afetado por um processo de recomposição do consumo das famílias, com um deslocamento na demanda de bens para o setor de serviços. “O varejo não deve manter esse ritmo de desempenho do terceiro trimestre. Primeiro pela redução do auxílio e também pela composição de consumo, com essa mudança em direção a serviços, em detrimento dos bens”, afirma. Gustavo Bahia Sechin, diretor Financeiro da Getnet, afirma que a atividade econômica nos meses de novembro e dezembro deve contar com a ajuda de datas como Black Friday e Natal, que devem amenizar essa desaceleração, cujo impacto será maior a partir de janeiro, com o provável fim do auxílio emergencial e com um mercado de trabalho que não deve se recuperar no curto prazo. Para novembro, ele avalia que a atividade deve manter a tendência verificada em outubro, de desaceleração e mudança no perfil de gastos. “A gente acredita em um cenário de retomada do país a médio prazo. Os indicadores não apontam para nenhum sinal de retração, mas de acomodação da velocidade de crescimento, de desaceleração”, afirma o executivo. José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos, é responsável pelo IAG (Índice de Atividade da Genial), que utiliza o patamar de 100 pontos como referência para a média do período 1º de janeiro a 15 de março deste ano.
O índice apresentou queda de 66% até 31 de março, ponto que o indicador aponta como fundo do poço (34 pontos). Se recuperou a partir de abril até atingir 85 pontos em meados de outubro. Desde então, tem se mantido próximo desse patamar (estava em 83,5 pontos no final da semana passada). “O índice ainda está abaixo do período pré pandemia, mas já voltou bastante. Os últimos dados têm mostrado que continua recuperando, mas de forma mais lenta do que vinha em agosto e setembro. É razoável que, com uma base agora mais alta, a recuperação seja menos intensa”, afirma Camargo. “Quando você olha outros indicadores mensais, eles continuam mostrando uma volta da atividade forte, do setor de serviços um pouco mais rápida. A recuperação do setor industrial e da construção civil também continua”, diz o economista, que estima um crescimento de 7,8% no terceiro trimestre e de 3,5% no quarto trimestre. Camargo afirma que o problema para 2021 não é a retirada, mas a possibilidade de manutenção de estímulos fiscais que possam levar ao rompimento do teto de gastos, que reverteria a trajetória de recuperação da economia brasileira e levaria a aumento na taxa básica de juros, recessão e inflação. O fim do movimento de recuperação mais acelerada da economia também é confirmado pelos indicadores de confiança do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) para comércio, serviços e consumidor, que tiveram no mês passado a primeira queda desde abril.
Os indicadores de alta frequência que surgiram neste ano atendem a uma demanda, que cresceu diante da pandemia, pela divulgação de dados econômicos com mais antecedência. O índice do Itaú utiliza dados de transações de cartões da base do banco, para antecipar o movimento de consumo de serviços e bens no comércio, e de consumo de energia elétrica da indústria para antecipar o nível de produção. O Índice de Atividade da Genial considera consumo de energia elétrica, indicadores de mobilidade urbana da Apple, número de emplacamentos de veículos e número de voos diários no Brasil. O IGet é um indicador mensal que utiliza informações de transações com cartões, adotando o método vendas de uma mesma loja, acompanhamos o volume de vendas de uma amostra de estabelecimentos ao longo do tempo. A Cielo também passou a divulgar neste ano um boletim sobre impacto da covid-19 no varejo, publicação que será descontinuada devido a variações pouco significativas observadas nos resultados mais recentes, segundo a empresa. O índice da empresa de pagamentos mostra que o setor de serviços seguiu em recuperação em outubro, mas ainda está 32% abaixo do pré-crise. O varejo parou de crescer no mês passado e ainda está 6% abaixo do início do ano. Entre os segmentos que ainda não se recuperaram destacam-se postos de combustíveis (-13,7%) e vestuário (-13,5%). Os dados consolidados do PIB (Produto Interno Bruto) para o terceiro trimestre serão divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no início de dezembro. Nesta semana, estão sendo divulgados os números do instituto para os diversos setores da economia em setembro.
+++ O jornal que se autodeclara plural ouve apenas o mercado financeiro e os bancos para saber qual o caminho que a economia está tomando.

*”Serviços não recuperam perdas da pandemia apesar de alta em setembro”*
OPINIÃO - *”Cenário macro benigno pode fazer Brasil emergir mais rapidamente da crise”*
PAINEL S.A. - *”Ministério da Infraestrutura reúne apoio para aprovar projeto da BR do Mar”*

PAINEL S.A. - *”Após cerco da CVM a influenciadores digitais, Empiricus dá bolsa de estudo”*: Depois do alerta da CVM sobre o avanço dos influenciadores digitais que recomendam investimentos milagrosos em rede social, a Empiricus resolveu dar aos mais populares uma bolsa de estudos de seu novo MBA de análise de ações. Segundo a Empiricus, qualquer influenciador com mais de 10 mil seguidores no Instagram ou no Youtube se qualifica para o curso que vai ter aulas de profissionais da empresa, como o fundador Felipe Miranda, e de nomes conhecidos do mercado, como Florian Bartunek (Constellation). O alerta da CVM nesta semana veio após a prisão de Jonas Jaimovick, o dono da JJ Invest, suspeito de ser o responsável por um dos maiores esquemas de pirâmide do país, que levantou o debate sobre o descontrole das recomendações financeiras pela internet e deve trazer novos desdobramentos nos próximos meses.

PAINEL S.A. - *”Cruzeiro interrompe viagem no Caribe após casos de Covid-19”*

PAINEL S.A. - *”Após polêmica com fundadora, Nubank investe R$ 20 milhões em inclusão racial”*: Depois da declaração polêmica de sua fundadora, Cristina Junqueira, sobre diversidade na equipe, o Nubank lança nesta quinta (12) um grande programa de inclusão racial. Em uma carta assinada pelos fundadores David Vélez, Edward Wibl, além de Junqueira, o banco diz que avançou muito pouco na pauta racial e não se moveu na velocidade exigida pela sociedade. "Nas últimas semanas, tivemos a oportunidade de refletir sobre o quanto precisamos não só aprender, mas também agir para combater as barreiras impostas pelo racismo estrutural", diz a carta do banco. A debate racial se impôs à pauta do Nubank após uma fala de Cristina Junqueira durante sua entrevista ao programa Roda Viva no mês passado. Na ocasião, a executiva disse que a empresa não poderia se "nivelar por baixo" para buscar maior diversidade. Agora, o banco anuncia que vai investir R$ 20 milhões no tema. Entre outras medidas, a empresa começou a fazer uma revisão das práticas de RH, ampliou a equipe de inclusão para 12 pessoas, vai lançar um programa de treinamento e mentoria, além de um link na internet para incentivar profissionais negros a se inscreverem nos processos seletivos.

PAINEL S.A. - *”Revlon faz novo acordo com investidores para superar crise”*
PAINEL S.A. - *”Conta de luz pode aumentar até 8% em 2021, diz pesquisa”*

*”Inflação para os mais pobres é maior no Nordeste, diz BC”* - A inflação acumulada neste ano, até setembro, foi maior para aqueles que recebem até três salários mínimos, com alta de 2,29%. O índice das famílias mais pobres é sete vezes maior do que o daquelas de renda mais elevada, segundo comparação feita em estudo do Banco Central divulgado nesta quinta-feira (12). A maior alta foi observada região Nordeste (3,14%). No Sul, pessoas de baixa renda sentiram menos a alta de preços (1,39%). Segundo a pesquisa, os preços de alimentos subiram mais no Norte e no Nordeste, inclusive para as famílias de baixa renda. Para a autoridade monetária, o movimento é efeito do auxílio emergencial. “[O resultado] sugere algum efeito do auxílio emergencial a pessoas em situação de vulnerabilidade mais significativa nessas regiões sobre a demanda desses produtos”, justificou. Em contrapartida, no Sudeste, famílias de renda acima de 10 salários mínimos tiveram a menor inflação do período, com 0,05%. O grupo também teve taxas menores no Sul (0,23%) e no Centro-Oeste (0,41%). No Nordeste e no Norte, as famílias mais ricas analisadas pelo estudo tiveram alta de 0,90% e 1,58%, maiores que a média do país. A inflação de serviços é mais baixa para a faixa de renda mais alta, principalmente no Sul e no Sudeste. "Em parte, pela maior participação de itens como passagem aérea, transportes por aplicativos e hospedagem, que foram impactados pela menor mobilidade”, disse o texto.
A autoridade monetária ressaltou que os itens com maior impacto sobre a inflação variam entre as faixas de renda e entre as regiões. “Algumas das principais contribuições para alta da inflação das famílias com renda entre 10 e 40 salários mínimos foram automóvel novo, em todas as regiões, e plano de saúde e alimentação fora do domicílio”, mostrou o estudo. A pesquisa mostrou que a faixa de renda que menos sentiu a alta de preços foi a de 10 a 40 salários (até R$ 41.800), com 0,32%. Famílias que recebem de 3 a 10 salários mínimos (até R$ 10.450) viram o poder de compra diminuir 1,35% no período. A diferença entre a inflação dos grupos de menor e maior renda é de 1,97 ponto percentual. De acordo com o levantamento, os mais pobres gastam mais com alimentação no domicílio, segmento que mais pressionou a inflação após a pandemia do novo coronavírus. Além disso, o documento mostra que houve maior variação dos preços de serviços e alimentos consumidos especificamente por famílias com rendas menores. “A pandemia da Covid-19 tem influenciado a inflação e os preços relativos no Brasil desde março. Por um lado, distanciamento social, aumento do desemprego e retração da atividade deprimiram os preços de diversos serviços. Por outro, a depreciação cambial, os programas de transferência de renda e o aumento dos gastos com alimentação no domicílio pressionaram os preços dos alimentos”, destacou o BC. No estudo, a autoridade considerou três faixas de renda. O grupo que recebe de 1 a 3 salários mínimos representa 46,2% da população alvo do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), inflação oficial do país calculada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Famílias que ganham de 3 a 10 salários mínimos equivalem a 44,0% e de 10 a 40, são 9,8% dentro do índice.
“A inflação acumulada em 2020 até setembro apresenta, de modo geral, relação inversa com o nível de renda familiar. Em todas regiões, as famílias com renda entre 1 e 3 salários mínimos foram as mais impactadas pela inflação”, afirma o BC no documento. “Ressalta-se que mesmo para este grupo, a inflação se encontra em patamar baixo, com variação de 2,29% no acumulado do ano para o país [3,01% em termos anualizados]”, ponderou o BC. Entre os itens que mais pressionaram a inflação das famílias que ganham entre 1 e 3 salários mínimos, o estudo destacou cereais, leguminosas e oleaginosas, leites e derivados e carnes. Outros dois estudos da autoridade monetária, também divulgados nesta quinta, falam sobre a retomada do setor de serviços e sobre horas trabalhadas nas regiões do país. Após o período de restrições mais intensas decorrentes da pandemia, a recuperação de serviços é diferente entre os segmentos, apontou a pesquisa. As vendas com cartão de débito mostraram atividades como recreação e lazer ainda bastante deprimidas. “Enquanto outras, como alimentação, alojamento e cabeleireiros mostram trajetória mais clara de retomada”, disse o texto. “A atividade com recuperação mais rápida foi a de cabeleireiro, lavanderias e outros serviços pessoais, que no mês de setembro já reverteram ao faturamento pré-pandemia. A atividade de alimentação, que tem o maior peso no setor, está em trajetória crescente, mas, em outubro, ainda se encontra aproximadamente 7% abaixo do observado no primeiro bimestre”, trouxe o levantamento. Já as atividades culturais, de recreação e lazer apresentam retomada mais lenta (faturamento 53% abaixo do nível pré-pandemia). “Grande parte desses serviços ainda não estão funcionando normalmente na maioria dos estados”, pontua o BC. O levantamento que mediu as horas trabalhadas após a chegada do vírus ao país mostra retração mais intensa até abril no Nordeste e Sudeste e mais branda no Sul. A partir de maio houve tendência geral de recuperação.

*”Fim do auxílio emergencial deve segurar inflação, diz Guedes”* - O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou nesta quinta-feira (12) que o fim do auxílio emergencial de R$ 300 em dezembro deve contribuir para arrefecer a alta nos preços de alimentos e de materiais de construção. "Na hora que o auxílio emergencial veio, com as pessoas em confinamento, elas gastaram com material de construção, melhoraram suas casas, e foram ao supermercado", afirmou em evento virtual promovido pela Abras (Associação Brasileira de Supermercados). "O auxílio era de R$ 600, desceu para R$ 300, e depois aterrissa no Bolsa Família ou no Renda Brasil que estamos estudando. Quando houver essa aterrissagem, essas altas transitórias de preços setoriais devem se acalmar", afirmou. O ministro disse que o auxílio emergencial voltará a ser pago em 2021 caso haja uma nova onda de coronavírus no país, como ele mesmo havia adiantado em evento na terça-feira (10) ao responder uma pergunta sobre o programa.
"Qual o plano para o auxílio emergencial? Redução gradual. Está marcado [o fim] para dezembro deste ano. Esse é o plano A", afirmou nesta quinta. "Existe possibilidade de haver uma prorrogação do auxílio emergencial? Aí vamos para o outro extremo. Se houver uma segunda onda de pandemia, não é uma possibilidade, é uma certeza", complementou. Ele disse que os estudos sobre o programa Renda Brasil continuam, mas que as discussões foram interrompidas pelas eleições. "Politicamente, o programa não foi considerado satisfatório pelo presidente. No meio da eleição, não era hora de ter essa discussão.” Conforme mostrou a Folha na quarta-feira (11), a indecisão sobre o programa levou o governo a trabalhar com um início de 2021 sem um novo programa social. A alternativa é uma expansão limitada do Bolsa Família. Antes que isso aconteça, afirmou Guedes, o governo tem agido para eliminar impostos de importação para frear a alta. Com isso, novos cortes de tributos podem acontecer.
"Agimos rápido no arroz e estamos examinando toda a pauta de alimentação para eliminar impostos de importação, porque estamos comprometidos com a abertura da economia", afirmou. "Os que tiverem subindo mais rápido que o razoável, vamos reduzindo a tarifa de importação", afirmou. Neste ano, o governo já cortou a tributação para a entrada de diferentes itens com objetivo de conter a alta dos preços. Neste mês, decidiu zerar o imposto de importação de soja e milho. Em setembro, decidiu zerar a alíquota de importação para o arroz. Para Guedes, os impostos devem continuar em baixa para contribuir com a abertura comercial do país. "Nós vamos continuar com os impostos reduzidos porque nosso objetivo é reduzir tarifas", disse. Segundo ele, a maior entrada dos produtos estrangeiros deve contribuir com o arrefecimento da inflação dos alimentos na economia doméstica. O ministro afirmou que a ideia não é derrubar o produtor local, mas impedir o que chamou de abusos.
"A competição de fora trava esse aumento. Mas não queremos derrubar a produção local. Ela vai reagir a esse aumento de preços aumentando a safra e naturalmente derrubando o preço lá na frente. Vamos usar o expediente contra abusos, com essa redução instantânea das tarifas", afirmou. Guedes sinalizou os novos cortes não somente em alimentos, mas também em outros setores ao fazer referência à "toda a pauta de produtos importados". Conforme já mostrou a Folha, o governo acompanha de perto a situação de itens que mostram alta acelerada como materiais de construção. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou em outubro que a pressão de alimentos e passagens aéreas fez a inflação de outubro ficar em 0,86%, ante 0,64% no mês anterior. Foi o maior índice para o mês desde 2002.
Em 12 meses, o indicador chegou a 3,92%, próxima ao centro da meta a ser perseguida pelo Banco Central para 2020, de 4%. No ano, diz o IBGE, o preço do tomate acumula alta de 50%. O arroz já subiu 59,48% e o óleo de soja, 77,69%. Durante o evento, Guedes voltou a citar o imposto sobre transações financeiras como uma forma de compensar a desoneração da folha de pagamentos de empresas. Ele afirmou que a equipe econômica não quer criar impostos, mas sim fazer uma substituição. O ministro tem dado declarações contraditórias sobre o tributo. Duas semanas atrás, por exemplo, havia dito que a ideia estava morta. Mas o imposto continua nos planos e Guedes, segundo fontes, tem tentado "despistar" o assunto durante as eleições municipais. Ele também reiterou que planeja tributar dividendos, proposta prometida há meses. Até hoje o governo não entregou o plano ao Congresso. O ministro voltou a dizer que a economia brasileira está retomando em "V", o que significaria uma queda acentuada seguida de um rápido crescimento. Segundo ele, essa recuperação está sendo observada em números da arrecadação de impostos, de notas fiscais eletrônicas, do consumo de energia e do consumo de diesel.

*”Pobreza extrema afeta 13,7 milhões brasileiros, diz IBGE”* - O Brasil tinha 13,7 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza extrema em 2019. Apesar de o percentual de pessoas nessa condição ter caído em relação a 2018, em termos absolutos, o número se mantém estável na comparação com anos anteriores. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em sua Síntese dos Indicadores Sociais, o contingente representa 6,5% da população brasileira vivendo com menos de US$ 1,90 por dia (R$ 151 por mês, segundo a cotação e a metodologia utilizadas na pesquisa). O número indica um aumento de dois pontos percentuais na comparação com 2014, quando a série atingiu seu menor indicador, de 4,5%. Porém, o índice passou a crescer em 2015 e apresenta estabilidade desde 2017, quando chegou a 6,4%. Por outro lado, se considerada a linha recomendada internacionalmente para o Brasil pelo Banco Mundial, o total de pobres do país —com renda de US$ 5,50 por dia (R$ 436 por mês, segundo a pesquisa)— superou 51 milhões de pessoas em 2019. No ano anterior, eram 52,5 milhões de brasileiros nessa situação, o que fez a proporção de pobres em relação ao total da população cair de 25,3% para 24,7%. Em 2014, porém, o índice estava em 22,8% da população. O Banco Mundial utiliza três linhas de pobreza, a depender do nível de renda dos países. A atual linha internacional de extrema pobreza é fixada em US$ 1,90 por dia em termos de paridade de poder de compra (PPC).
O valor representa a média das linhas da pobreza encontradas nos 15 países mais pobres, segundo consumo e renda por pessoa. O Banco Mundial ainda recomenda que, quanto maior o nível de renda média dos países, maior a linha de pobreza para que se mantenha a correspondência com o nível de rendimento médio da população. Países de renda média-alta, grupo ao qual o Brasil pertence, têm como linha padrão US$ 5,50 PPC. De acordo com o IBGE, entre os 43 países desse grupo com informação disponível na base de dados do Banco Mundial, o Brasil apresenta a 21ª taxa de pobreza mais elevada, em condições piores que países como Paraguai, Tailândia, Romênia, República Dominicana, Panamá, Argentina, Costa Rica e Irã. Na comparação por regiões, os dados mostram pequenas oscilações na comparação com o ano anterior. Nos estados do Norte do país, o percentual de pobres teve oscilação positiva, de 41,3% para 41,6%. Já nas demais regiões brasileiras, houve queda: o Nordeste foi de 43,6%para 42,9%, o Sudeste de 16,3% para 15,8%, o Sul de 12,1% para 11,3% e o Centro-Oeste de 16,4% para 15,3%. O IBGE considera essas oscilações estáveis. Já na análise de extrema pobreza, o Norte também registrou aumento (de 11% a 11,4%) entre 2018 e 2019, assim como Nordeste (de 13,6% para 13,7%) e Sul (de 2,1% a 2,2%). Sudeste (de 3,2% para 3,1%) e Centro-Oeste (de 2,9% para 27%), por outro lado, tiveram queda. A pesquisa destacou que a distribuição da população pobre pelo território brasileiro difere bastante daquela observada para a totalidade da população em 2019. Enquanto o Nordeste respondia por 27,2% do total populacional do país, essa região tinha 56,8% das pessoas consideradas extremamente pobres pela linha de US$ 1,90 por dia.
O Sudeste, região brasileira mais populosa, respondia por entre 20% e 27% da população de pobres, a depender da linha adotada. Entre os estados, o Maranhão tem 1 em cada 5 residentes na situação de indigência pela ótica estritamente monetária, seguido de Acre (16,1%), Alagoas (15,0%), Amazonas (14,4%) e Piauí (14,0%). Pela linha de US$ 5,50 por dia, o Maranhão tem cerca de metade da população abaixo dessa faixa. Outras 12 unidades da federação ainda possuem incidência de pobreza superior a 40% da população. A desigualdade também é evidente na desagregação por cor ou raça. Na população total, 56,3% se declarou de cor preta ou parda em 2019, mas esses eram mais de 70% entre aqueles abaixo das linhas de pobreza utilizadas. Entre os que se declararam de cor ou raça branca, 3,4% eram extremamente pobres e 14,7% eram pobres. No cruzamento das informações sobre sexo e cor ou raça das pessoas, foram as mulheres de cor ou raça preta ou parda que se destacaram entre os pobres: eram 28,7% da população, 39,8% dos extremamente pobres e 38,1% dos pobres. O estudo ainda identificou que a pobreza é maior entre as crianças, tendência observada internacionalmente, segundo o IBGE. Entre aquelas até 14 anos de idade, 11,3% eram extremamente pobres e 41,7% pobres.

VINICIUS TORRES FREIRE - *”A nova temporada de festas do corona”*
*”Pacotaço fiscal completa um ano travado no Congresso”*
*”Fala de Guedes sobre dividendos pesa e Bolsa cai 2,2%; dólar sobe”*
*”Bancos ING e ABN-Amro encerram operações no Brasil”*

NELSON BARBOSA - *”Festival de viés de confirmação”*: A multiplicidade de explicações para a vitória de Biden nos EUA é um bom exemplo do que a economia comportamental chama de “viés de confirmação”: a tendência de dar mais peso ao que confirma suas expectativas e desprezar qualquer coisa que as contrarie. Para alguns, Biden ganhou porque apostou na agenda de identidade (direitos civis, respeito às minorias etc.) em vez de na agenda de classe (emprego, renda, saúde pública etc.). Para outros, foi exatamente o contrário, Biden quase perdeu porque enfatizou muito a agenda de identidade e acabou indiretamente ligado à proposta de “cortar o financiamento da polícia” (“defund the police”), que ganhou força após o assassinato de George Floyd por um policial. Outra interpretação é que Biden ganhou por ser moderado, por não ser um “socialista” no sentido norte-americano do termo, isto é, pessoa favorável a sistema público de saúde e tributação progressiva (coisas comuns na Europa capitalista). Em contraste, também há quem diga que Biden quase perdeu por ser muito moderado, por não enfatizar suficientemente questões econômicas como geração de emprego e renda para a classe média americana, ainda majoritariamente composta por pessoas brancas. Essa lacuna teria explicado a derrota de Hillary em 2016, dado que ela era muito associada ao “neoliberalismo globalista” de Clinton e Obama, enquanto Trump fez campanha a favor da produção e empregos nacionais.
Ainda haverá muitos livros e análises sobre a eleição de Biden, sobretudo a partir do seu desempenho na Presidência. Enquanto não chegamos lá, vale apontar um fato: desde 1992, os democratas ganharam sete das últimas oito eleições presidenciais no voto popular. Em outras palavras, apesar dos defeitos do neoliberalismo com compaixão de Clinton e Obama, a maioria da população norte-americana preferiu a agenda democrata nas últimas décadas, e isso só não prevaleceu mais vezes devido ao sistema eleitoral dos EUA, que dá mais peso político a estados com menor população. Talvez, diante da ameaça de perder os votos da classe média norte-americana, os democratas finalmente resolvam adotar um programa que combine identidade e classe, respeito aos direitos das minorias e segurança econômica para todos. As duas agendas são compatíveis e reforçam uma a outra.
Do lado de cá, também já começaram os paralelos entre EUA e Brasil, com vários apoiadores do golpe de 2016 se candidatando a ser o “nosso Biden” (antes queriam ser o “nosso Macron”), aquele em nome de quem todos os opositores de Bolsonaro devem abrir mão de candidatura para criar uma “frente ampla sem PT” (sic) contra o terraplanismo que nos governa. Nunca é tarde para mudar de opinião, mas o fato de vários de nossos “neomoderados” continuarem a apoiar a agenda econômica de Guedes e a perseguição política ao PT não inspira muita confiança em suas intenções políticas. Assim, para que a guinada dos lava-jatistas seja sincera, faço uma sugestão: percam o medo de eleição! Restaurem os direitos políticos de Lula, apresentem suas propostas e deixem que a população decida o que é melhor para si mesma. Se é para se inspirar nos EUA, lembrem que Biden derrotou Bernie no voto, não nos tribunais. O primeiro passo para sair do buraco em que o lava-jatismo nos meteu desde 2016 é, portanto, restaurar eleições livres no Brasil. O resto é consequência. No mais, preparem-se para outro festival de viés de confirmação a partir de segunda-feira (16), desta vez sobre o resultado de nossas eleições municipais. Haverá opinião para todos os gostos.

*”China ataca ação dos EUA contra 5G da Huawei apoiada pelo Brasil”*
*”Apesar de atritos no governo, Bolsonaro diz que Itamaraty e Agricultura 'falam a mesma língua'”*
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*”Pandemia leva 60% dos eleitores a evitar o transporte público em SP, mostra Datafolha”*
*”47% estão insatisfeitos com mobilidade urbana, segundo Datafolha”*
*”Uso de armas pela Guarda Municipal é aprovado por 61% em Belo Horizonte, aponta Datafolha”*
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OPINIÃO - *”Da relativização das violências sexuais”*
TATI BERNARDI - *”O pai bolsominion”*
*”Temos o dever de envolver as crianças nas atualidades, diz fundadora de jornal infantil”*
*”PGR entra com ação no STF para impedir Doria de usar dinheiro da educação com aposentados”*

*”'Lockdown' é eleita a palavra do ano pelo dicionário Collins; veja que outras estão na lista”*
BOM PRA CACHORRO - *”Grécia aprova até 10 anos de prisão para maus-tratos a animais”*

*”Bolsonaro recua e diz que pode comprar Coronavac, mas preço não será o que 'um caboclo aí quer'”* - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta quinta (12) que pode autorizar a compra da vacina produzida plea armacêutica chinesa Sinovac com o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, mas não pelo preço que um “caboclo aí quer”. A Coronavac materializou, nas últimas semanas, a disputa política entre o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o presidente, prováveis adversários na eleição presidencial de 2022. Após assinatura de um protocolo de intenções para a compra de 46 milhões de doses da vacina, Bolsonaro desautorizou o ministro Eduardo Pazuello (Saúde) e disse que não efetuaria a compra.​ Em transmissão ao vivo em suas redes sociais, Bolsonaro disse que autorizaria a compra da Coronavac caso haja comprovação da sua eficácia pela Anvisa e se o preço for acessível. “Quem vai decidir sobre a vacina no Brasil: Ministério da Saúde, obviamente, e depois a certificação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Da minha parte, havendo a vacina, comprovada pela Anvisa e pelo Ministério da Saúde, a gente vai fazer uma compra”, afirmou o presidente. “Mas não é comprar no preço que um caboclo aí quer. Está muito preocupado um caboclo aí que essa vacina seja comprada a toque de caixa. Nós vamos querer uma planilha de custo”, completou.
Bolsonaro então acrescentou que vai querer saber se o país de origem da vacina, a china, “usou a vacina lá no seu país”. As constantes manifestações do presidente contra a vacina chinesa coincidem com uma queda da intenção do público em se vacinar e com uma maior hesitação diante da procedêcia do imunizante, conforme mostrou pesquisa do Datafolha neste mês. O presidente também afirmou que não comemorou a morte de um voluntário que participava do ensaio clínico com a Coronavac. Logo após a confirmação do óbito, a Anvisa determinou a suspensão dos estudos clínicos para atestar a eficácia e a segurança da vacina. No dia seguinte à suspensão, em resposta a um apoiador nas redes sociais, Bolsonaro escreveu insinuando que a imunização de origem chinesa poderia causar morte, invalidez e anomalia. Completou que era “mais uma que Jair Bolsonaro ganha”. Nesta quarta, quando estava claro que a morte não tinha relação com a vacina, a Anvisa recuou e autorizou a volta dos testes. “Covardemente falaram que eu comemorei a morte de uma pessoa. Onde é que tem um vídeo meu, um áudio meu ou uma publicação minha neste sentido?”, afirmou.
“Eu colei um link de uma matéria numa resposta de terceiros no facebook, que não estava comemorando nada também, e uma boa parte da imprensa foi no lado de que eu comemorei a morte de uma pessoa, que não esta definida ainda, parece que foi suicídio”, completou. O presidente em seguida disse que a morte deve ser investigada –o que já foi feito, com laudo que atesta suicídio. Mais uma vez sem apresentar provas, alegou que o fator vacina não deve ainda ser descartado. “Pode ser um efeito colateral da vacina? Pode ser. Tudo pode ser”, afirmou. Nesta sexta-feira, Comissão do Congresso Nacional que acompanha as ações de enfrentamento à Covid-19 vai realizar audiência remota, com a participação do diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, e do Instituto Butantan, Dimas Covas. O objetivo é discutir as questões técnicas e possível interferência política quando foi anunciada a suspensão dos estudos da Coronavac.

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*”Com queda de vacinação, mortes por sarampo dispararam no mundo”*
*”Em conferência, escritor faz alerta sobre saúde mental de jovens na pandemia”*

*”Bolsonaro indica tenente-coronel para diretoria da Anvisa”* - O presidente Jair Bolsonaro indicou nesta quinta-feira (12) o nome do tenente-coronel da reserva Jorge Luiz Kormann para ocupar uma vaga na diretoria da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Para que possa ocupar o posto, ele precisará passar por uma sabatina no Senado. A indicação foi divulgada no Diário Oficial da União. Atualmente, Kormann é secretário-executivo adjunto do Ministério da Saúde, onde atua desde maio, quando o governo passou a aumentar o número de militares em postos-chave da pasta e até mesmo em cargos especializados. Inicialmente, ele foi nomeado para o cargo de diretor de programa. Em junho, já na gestão do general Eduardo Pazuello, passou a secretário-executivo adjunto. A indicação do militar, porém, chamou a atenção de servidores da Anvisa por não ter formação em saúde ou ampla experiência na área. A escolha também ocorre em meio a uma guerra política estimulada por Bolsonaro em torno das vacinas contra a Covid-19. Formado em ciências militares pela Academia Militar de Agulhas Negras, Kormann tem mestrado em ciências militares e especialização na área de gestão e administração de empresas, segundo informações da plataforma Lattes. Na mesma plataforma, Kormann informou já ter sido assessor de gestão e planejamento estratégico no Hospital Militar de Área de Porto Alegre. Caso seja aprovado, Kormann pode ser o segundo militar na atual diretoria da Anvisa, hoje comandada pelo contra-almirante da Marinha Antonio Barra Torres, que é próximo a Bolsonaro.
Nos últimos dias, a decisão da agência por suspender temporariamente os testes da vacina Coronavac, em desenvolvimento pelo Butantan, instituto ligada ao governo paulista, foi comemorada por Bolsonaro. Barra, porém, nega interferência política e afirma que a decisão foi tomada pela área técnica e seguiu protocolos internacionais e normas da agência. Na quarta (11), a agência deu aval para que os testes sejam retomados. A indicação de Kormann foi feita para a vaga da diretora Alessandra Soares, cujo mandato termina em 19 de dezembro. Atualmente, Soares comanda a segunda diretoria, que abrange a gerência a cargo de medicamentos e vacinas. A agência, porém, diz que a análise desses produtos é feita por comitês técnicos. Aponta ainda que isso não indica que ele será responsável pela mesma área, já que é comum haver uma redistribuição após a posse de diretores. Recentemente, o Senado aprovou o nome de novos diretores à agência. Além de Barra, que foi confirmado como diretor-presidente, a lista reúne uma servidora de carreira da casa, um apadrinhado do bloco político centrão e uma médica que, nas redes sociais, tem se posicionado a favor do uso da hidroxicloroquina contra a Covid-19. Questionada pela Folha na ocasião, ela evitou comentar as publicações.​

*”Ao redor da BR-163, no PA, 62% das florestas públicas sem uso definido são registradas como privadas”*

MÔNICA BERGAMO - *”Internações por Covid-19 na Grande SP alcançam maior índice desde setembro”*: O número de internações por Covid-19 na região da Grande São Paulo chegou a 677 na quinta (11) —o maior desde 30 de setembro, quando 724 pessoas foram hospitalizadas. Na capital, a ocupação de leitos de hospitais municipais, que chegou a 1.930 no pico da epidemia, entre maio e junho, veio caindo de forma consistente e registrou um piso de 519 internações em outubro. Mas teve ligeira subida depois disso —e, em novembro, estacionou. As internações estão agora no patamar de 640, sem apresentar sinais de queda. “De fato houve um aumento muito discreto no setor público”, diz o infectologista Renato Tardelli Pereira, diretor do Hospital de Pirituba (José Soares Hungria). Na instituição que ele dirige, na zona norte da capital, o número de internados chegou a 110 no pico, em maio, caiu para 30 em outubro —e, no domingo passado (8), subiu para 67 doentes. “O ligeiro aumento mostra que devemos seguir em prontidão”, afirma ele. “Estamos também de olho no que acontece nos EUA e na Europa, que sempre antecipam o que vai ocorrer no Brasil com problemas respiratórios.” A Europa vem registrando aumento exponencial de casos de infecção pelo coronavírus, e adotando novas medidas de restrição. Hospitais privados de SP também registraram aumento no atendimento de pacientes e médicos têm feito reiterados alertas, em especial às classes A e B, que têm relaxado nos cuidados em encontros privados e festas.

MÔNICA BERGAMO - *”Dirigentes do PT acusam apoiadores de Boulos de errar no cálculo e enfraquecer vereadores da legenda”*: Os dirigentes do PT que repudiam a tentativa de fazer Jilmar Tatto desistir da candidatura a prefeito acusam apoiadores de Guilherme Boulos (PSOL-SP) de errar no cálculo ao enfraquecer o petista —e, por tabela, prejudicar a chapa de vereadores da legenda. Segundo eles, intelectuais que limitam sua militância a assinar abaixo-assinados não se importariam com o enfraquecimento da esquerda no legislativo, agindo de forma inconsequente.

MÔNICA BERGAMO - *”Alunos da Escola da Vila assinam petição contra demissão de 13 professoras”*
MÔNICA BERGAMO - *”Foto de advogado com arma acende debate pela presidência do IBCCRIM”*
MÔNICA BERGAMO - *”Dos 15,2 milhões de testes para Covid-19 feitos no país, ao menos 6 milhões foram realizados na rede privada”*
MÔNICA BERGAMO - *”Branca Vianna, de 'Praia dos Ossos', e Silvia Chakian debatem sobre machismo e sistema de Justiça”*

CAPA – Manchete principal: *”País tem alta de casos em Rio, SP e mais nove capitais”*

*”Aliança criminosa – Milícia, tráfico e grupos de extermínio são vinculados a 31 candidatos pelo país”* - Na noite de 17 de outubro, eleitores se reuniram no bairro de Itaipu, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, para uma caminhada em apoio ao vereador Márcio Cardoso Pagniez, o Marcinho Bombeiro (PSL), que tenta a reeleição. Seria mais um típico evento em ano eleitoral — com distribuição de panfletos e adesivos, cabos eleitorais balançando bandeiras e promessas feitas do alto do carro de som —, se não fosse por um detalhe: o candidato não compareceu. Pagniez está preso, acusado de chefiar uma milícia responsável por vários homicídios na região. O caso não é isolado. Levantamento do GLOBO contabilizou 31 candidatos a prefeituras e câmaras de vereadores em todas as regiões do país com algum tipo de suspeita de envolvimento com o crime organizado (veja ao fim da reportagem quem é cada um dos 31 candidatos). Do total, 23 são alvos de inquéritos, réus na Justiça ou condenados por integrarem facções do tráfico, milícias e grupos de extermínio. Em outros oito casos, filhos, irmãos, mulheres e amigos usam os nomes dos criminosos para se eleger. Ao todo, 12 candidatos têm laços com milícias e grupos de extermínio; outros 19, com o tráfico.
Segundo o Ministério Público, Pagniez, ex-presidente da Câmara de Belford Roxo, é o mandante da execução de dois usuários de drogas, em abril de 2017. O vereador respondia ao processo em liberdade até setembro do ano passado, quando a promotoria pediu sua prisão por tentar matar, a tiros, uma testemunha, após ser denunciado à Justiça. Pagniez é um dos dez candidatos a cargos eletivos em municípios da Baixada Fluminense contra quem pesam acusações de conexão com o crime organizado. Em Duque de Caxias, Danilo Francisco da Silva, o Danilo do Mercado (PR), é postulante a uma vaga na Câmara dos Vereadores. Em meio à pré-campanha, em agosto, o político foi alvo de uma operação da Polícia Civil sob suspeita de ser chefe de um grupo de extermínio e ter encomendado a morte de um homem que não topou vender um terreno a ele. Já o prefeito afastado de Japeri e candidato à reeleição, Carlos Moraes (PSDB), é réu na Justiça pelo crime de associação para o tráfico. Moraes foi flagrado em interceptações telefônicas passando informações sobre operações policiais a um chefe do tráfico da cidade. Segundo o MP, os “diálogos explícitos” demonstram seu “profundo comprometimento com a defesa dos interesses da organização criminosa”. Moraes chegou a ser preso, mas foi solto em outubro de 2019 —desde então, está afastado do cargo e proibido de frequentar a prefeitura.
Em Mato Grosso do Sul, um candidato a vereador acusado de integrar a maior facção do tráfico de São Paulo pede votos aos eleitores usando tornozeleira eletrônica. Rafael Santana de Souza, o Rafael Chupim (PMDB), preso em junho pela Polícia Federal, tenta uma vaga na Câmara de Aral Moreira — cidade na fronteira com o Paraguai. Ele foi detido em flagrante, com outros quatro homens, numa casa em que policiais federais apreenderam mais de 500 quilos de maconha. Um mês depois, Chupim foi solto, mas a Justiça determinou que ele fosse monitorado: o candidato só pode fazer campanha até as 22h; depois, tem que voltar para casa. Acusações de tráfico não são novidade para políticos de Aral Moreira. O atual prefeito, Alexandrino Arevalo Garcia (PSDB), que tenta a reeleição, foi condenado a quatro anos e oito meses em regime semiaberto por fazer parte de um esquema de tráfico internacional de drogas. Além de Garcia, outros dois condenados por integrarem organizações criminosas disputam o voto do eleitor pelo país: o sargento PM Wainer Teixeira Junior (PSD), condenado por chefiar a milícia de Maricá, na Região Metropolitana do Rio, tenta uma vaga na câmara do município; já Radson Alves de Souza (Cidadania), candidato a vice-prefeito de Tonantins, no Amazonas, recebeu uma pena de seis anos por lavar dinheiro de uma facção do tráfico. Entre os parentes que disputam a eleição no lugar de presos está Patrícia Pereira do Nascimento Andrade, cujo nome nas urnas será Patrícia de Rinaldo do Gavião (Cidadania), candidata à vereadora de Princesa Isabel, na Paraíba. Ao longo da campanha, ela não esconde que está disputando a eleição no lugar do marido, o vereador Rinaldo Eufrasino de Andrade, preso em janeiro acusado de chefiar um grupo de extermínio. Segundo as investigações, ele planejava matar um colega de Câmara.
Os candidatos ligados ao crime organizado:
- Alex de Almeida Brasil (PV): Candidato a vereador em Queimados (RJ). Usa o nome ligado a Davi Brasil, vereador que já foi preso acusado de integrar milícia.
- Alexandrino Arévalo Garcia (MDB): Prefeito e candidato à reeleição em Aral Moreira (MS). Condenado a quatro anos de prisão por integrar quadrilha internacional de tráfico de drogas.
- Altamir Santa Maria do Amaral (MDB): Candidato a vereador em Igarapé-Miri (PA). Irmão de Pé de Boto, prefeito preso por chefiar grupo de extermínio
- André Antonio Lopes do Nascimento (PSD): Candidato a vererador em Magé (RJ). Foi alvo de operação, suspeito de ter relação com a milícia.
- Antônio Carlos de Barros Vieira (Republicanos): Vereador, candidato à reeleição em Sapucaia do Sul (RS). Preso em operação contra lavagem de dinheiro do tráfico, é réu.
- Calistro Lemes do Nascimento (DEM): Vereador, candidato à reeleição em Várzea Grande (MT). Ex-PM, foi preso acusado de ter ligação com facção do tráfico. É réu.
- Carlos Moraes Costa (PSDB): Prefeito e candidato à reeleição em Japeri (RJ). Foi preso em operação contra o tráfico. É réu.
- Carminha Jerominho (PMB): Candidata à vereadora no Rio de Janeiro (RJ). Filha de Jerominho, condenado a 19 anos de prisão por chefiar maior milícia do Rio
- Cristiano Santos Hermógenes (PL): Candidato a prefeito de Belford Roxo (RJ). Irmão do Marcinho VP, um dos maiores chefes da facção.
- Daniel de Carvalho Marques (PTC): Candidata à vereador no Rio de Janeiro (RJ). Filho de Deco, condenado por integrar milícia.
- Danilo Francisco da Silva (MDB): Candidato a vereador em Duque de Caxias (RJ). Alvo de operação, suspeito de chefiar milícia.
- Diogo Michel Canata (SD): Vereador e candidato à reeleição em Alvorada do Sul (PR). Está preso, sob acusação de integrar o tráfico.
- Eliaquim Pinheiro da Costa (DC): Candidato a vereador em Salvador (BA). Soldado preso sob acusação de chefiar grupo de extermínio.
- Elisamar Miranda Joaquim (PDT): Candidato a vereador em Belford Roxo (RJ). Irmão de Criam, chefe do tráfico do Complexo do Roseiral, preso durante o período eleitoral. É réu.
- Flavio Rodrigues Nishyama Filho (PTB): vereador candidato à reeleição em Caraguá (SP). É réu e foi preso por ligação com o tráfico.
- Gerson Chrisostomo Ferreira (PDT): Ccandidato a vereador em Volta Redonda (RJ). É réu por ligação com o tráfico, foi preso em flagrante.
- Gisckard Ranniery Lacerda da Silva (PSDB): Candidato a vereador em Areia Branca (RN) – Preso durante a campanha, é réu por ligação com o tráfico
- José Carlos de Souza Nascimento (PTB): Vereador, candidato à reeleição em Suzano. Preso, é réu por ligação com o tráfico.
- Márcio Cardoso Pagniez (PSL): Vereador e candidato à reeleição em Belford Roxo (RJ). É réu acusado de integrar milícia e está preso.
- Ney Santos (Republicanos): Prefeito e candidato à reeleição em Embu das Artes (SP). Acusado de ligação com facção criminosa
- Patrícia de Rinaldo do Gavião (Cidadania): Candidata a vereadora em Princesa Isabel (PB). Usa o nome do marido, vereador preso por chefiar grupo de extermínio
- Radson Alves de Souza (Cidadania): Candidato a vice-prefeito em Tonantins (AM). Condenado por lavar dinheiro de facção criminosa.
- Rafael Santana de Souza (MDB): Candidato a vereador em Aral Moreira (MS). É réu por ligação com o tráfico, faz campanha com tornozeleira eletrônica.
- Romário Pereira da Silva (PSC): Candidato a vereador em Areia Branca (RN). É réu, foi preso durante a campanha por ligação com o tráfico.
- Valmir Santos Filho (PSL): Candidato a vereador em São Gonçalo – réu, foi Preso em flagrante por ter produtos roubados em oficina; polícia investiga lavagem de dinheiro do tráfico
- Victor Hugo Leonel da Silva (SD): Candidato a vereador em Duque de Caxias (RJ). É filho de Chiquinho Grandão, condenado por integrar milícia
- Wagner Feitosa (SD): Vereador candidato à reeleição em Boa Vista (RR). É réu e suspeito de se eleger com dinheiro de facção criminosa.
- Wainer Teixeira Junior (PSD): Candidato a vereador em Maricá (RJ). Condenado por integrar milícia
- Waldir Brazão (Avante): Candidato a vereador no Rio. Usa o nome de suspeito de ligação com a milícia
- Wesley George de Oliveira (DEM): Vereador candidato à reeleição em Japeri (RJ). Réu, foi preso em operação contra o tráfico.

*”Live eleitoral de Bolsonaro já promoveu 58 candidatos”*
*”Apagão atinge capital político de Alcolumbre”*
*”Na reta final, Crivella dobra aposta no eleitor evangélico”*

*”TRE nega registros a Lindbergh e prefeito de Duque de Caxias”* - A três dias das eleições, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) negou, na tarde desta quinta-feira, recursos do ex-senador Lindbergh Farias (PT), candidato a vereador na cidade do Rio, e do prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (MDB), que disputa a reeleição, e os manteve inelegíveis. Em ambos os casos, os candidatos, que tiveram os registros de candidatura indeferidos com base na Lei da Ficha Limpa, podem tentar reverter a decisão com recursos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), até mesmo no dia da eleição.
– O prazo para apresentação de recurso especial ao TSE para obter o registro é de três dias, contados a partir do dia seguinte do julgamento, já que em períodos eleitorais o acórdão é publicado online no mesmo dia. Nos casos de Washington e Lindbergh esse prazo vence só no domingo. Os advogados definirão qual a melhor estratégia a adotar nas duas situações – diz o advogado especializado em direito eleitoral, Alberto Rollo Filho.
Por conta das decisões do TRE terem sido tomadas a poucos dias das eleição, não há tempo hábil para a retirada dos nomes dos candidatos da urna eletrônica. Se uma eventual decisão no TSE for desfavorável, os votos não serão contabilizados até que todos os recursos sejam apreciados. Lindbergh foi condenado em 2016 por improbidade administrativa por atos cometidos quando foi prefeito de Nova Iguaçu. Entre dezembro de 2007 e o primeiro semestre de 2008, quando era candidato à reeleição, ele distribuiu caixas de leite e cadernetas de controle com o logotipo de sua gestão e com a escrita "Prefeito Lindbergh Farias". A sentença foi mantida pela 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, em 2019. Na sentença, ele teve também os direitos políticos suspensos por quatro anos, além de receber uma multa de R$ 480 mil. Lindbergh disse que foi pego de surpresa e que se considera vítima de perseguição política, assim como o ex-presidente Lula. Afirmou ainda que o desembargador Vítor Marcelo, participante da sessão, seria ligado ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos). Este, segundo Lindbergh, não teria interesse que ele disputasse uma vaga na Câmara do Rio com o irmão dele, Carlos Bolsonaro (Republicanos).
— Eu quero deixar claro que continuo candidato. Meu número continuará na urna. E o TSE vai julgar o recurso. Eles querem tirar das urnas um candidato do PT. Para ser inelegível, a jurisprudência prevê que deveria haver enriquecimento ilícito. Isso não aconteceu — disse o candidato.
Ex-professor de Flávio em um curso preparatório de Direito, Vítor Marcelo foi escolhido para uma vaga na corte por Bolsonaro após um dos nomes que compunham a lista tríplice ter sido impugnado pelo TSE. Em decisão recente, ele pediu vistas em um processo que adiou decisão da corte de tornar o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) inelegível. Na sessão desta quinta-feira, porém, Vítor Marcelo apenas seguiu um voto divergente do desembargador Paulo César Vieira de Carvalho Filho, para quem, caberia o indeferimento da candidatura porque foi configurado que Lindbergh cometeu crime de improbidade administrativa e enriquecimento ilícito. O relator vencido entendia que o enriquecimento ilícito não teria sido configurado. A tese de Paulo Cesar Vieira, porém, prevaleceu por cinco a um. Procurado, Vítor não se manifestou. Vitor Marcelo acatou a tese do Ministério Público Eleitoral (MPE) de que, ao imprimir símbolos nas embalagens de leite, Lindbergh usou verba pública para angariar votos em seu favor e portanto, o enriquecimento ilícito ficou comprovado.
danos ambientais
Já Washington Reis foi condenado, em dezembro de 2016, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a sete anos, dois meses e 15 dias de reclusão por danos ambientais na zona de amortecimento da Reserva Biológica do Tinguá. Segundo a sentença, em 2005, quando exercia seu primeiro mandato como prefeito, Reis autorizou a retomada da construção de um loteamento que havia sido embargado pelo Ibama dois anos antes. A obra, tocada sem licença, tinha uma série de irregularidades O Ibama constatou que parte da vegetação de preservação permanente, nas margens de um rio, foi removida, causando assoreamento. Além disso, houve extração de minérios nas encostas de um morro, sem autorização. A área havia sido adquirida anos antes pelo deputado estadual Rosenberg Reis (MDB), irmão de Washington, que a revendeu para uma empreiteira interessada em lotear a área. A procuradora regional Eleitoral Silvana Batini ressaltou que, com base na decisão do STF, o TRE chegou a cassar o diploma de Washington Reis, quando ele foi eleito novamente prefeito em 2016. Mas o candidato conseguiu assumir o cargo com um recurso ao TSE.
– Os embargos (recursos ao TRE) possuem nítido caráter protelatório. A defesa tem a finalidade de rediscutir as provas da materialidade e a autoria (dos fatos) que autorizaram a condenação no STF – disse a procuradora.
Nesta quinta-feira, o prefeito de Duque de Caxias teve seu recurso negado pelo TRE por quatro votos a dois. Em nota, a Prefeitura de Duque de Caxias afirmou que Washington Reis recebeu "com respeito e serenidade" a decisão do TRE-RJ, mas que vai recorrer. "O prefeito Washington Reis é inocente e acredita na justiça", diz a nota.

*”Na reta final, bolsonaristas radicais aderem a Russomano nas redes”*

*”MP diz que ‘mesada’ a assessoras de Flávio chegava a R$ 1,9 mil”* - No depoimento que Luiza Sousa Paes, ex-assessora do senador Flávio Bolsonaro, prestou ao Ministério Público do Rio ela admitiu que devolvia mais de 90% de seu salário e ficava com apenas R$ 700 todos os meses do esquema ilegal no gabinete do "01" na Assembleia Legislativa do Rio. A denúncia contra Flávio e Fabrício Queiroz, obtida pelo GLOBO, expõe outras funcionárias em situações similares, constatadas através de quebras de sigilo bancário e outras diligências. A própria Luiza afirmou aos investigadores que assessoras lotadas com ela também eram “fantasmas”. A partir do cruzamento de dados bancários, a promotoria identificou variações do que foi considerado como uma "mesada" retida por elas antes da devolução dos salários, com valores entre R$ 300 e R$ 1,9 mil. Uma das mulheres denunciadas chegou a fazer uma anotação, encontrada em um extrato apreendido, em comemoração à ampliação da parcela não repassada a Queiroz. As defesas de Flávio e Queiroz negam as práticas irregulares apontadas pelo MP. De acordo com a denúncia, o dinheiro pago pela Alerj a essas assessoras, todas indicadas como “fantasmas”, era devolvido a Queiroz através de operações em espécie que, em geral, seguiam a mesma lógica: salários e benefícios depositados eram sacados das contas bancárias e repassados ao assessor de Flávio através de depósitos em dinheiro vivo, sem origem identificada. Em menor escala, Queiroz também recebeu transferências bancárias identificadas de integrantes do gabinete. O MP classificou como “mesada” o valor que essas funcionárias mantinham para si depois do repasse dos salários a Queiroz. Luiza, por exemplo, relatou ter retido inicialmente do esquema ilegal R$ 700. Os promotores identificaram em sua quebra de sigilo e, depois, com documentos apreendidos em sua casa que a partir de 2013 esse valor chegou a R$ 800. Ela própria anotou em uma planilha o valor que permanecia na conta bancária que utilizou para receber os salários da Alerj.
No depoimento ao MP, Luiza também disse ter conhecido outras pessoas nomeadas no gabinete de Flávio que viviam situação semelhante à dela: nomeadas sem trabalhar. Ela citou a personal trainer Nathália Queiroz, filha do operador financeiro, e Sheila Coelho de Vasconcellos, outra ex-assessora. Os extratos bancários de Nathália mostram que ela retinha todos os meses R$ 1,1 mil. Essa era a diferença entre o que recebia mensalmente e o que devolvia a Queiroz, ainda que os valores pagos pela Alerj tenham variado a partir de trocas de cargos dentro do próprio gabinete. Nathália esteve nomeada entre setembro de 2007 e dezembro de 2016, mas, como apontou a denúncia, era uma "funcionária fantasma”. Em nove anos e três meses de Alerj, o MP estima que ela tenha desviado R$ 703,5 mil para o esquema da “rachadinha”. A jovem era aluna de Educação Física em uma faculdade de Realengo, na Zona Oeste do Rio, a cerca de 40km da Alerj, e teve vínculo empregatício com pelo menos três academias de ginástica. De acordo com o MP, Sheila é mulher de um agente penitenciário com quem Queiroz jogava futebol em um time de Oswaldo Cruz, na Zona Norte. Sheila foi vizinha do assessor parlamentar e, devido à proximidade com o funcionário de Flávio, acabou nomeada no gabinete entre novembro de 2009 e abril de 2016. No período, reteve uma mesada que variou entre R$ 1,6 mil e R$ 1,9 mil, tendo disponibilizado R$ 450,2 mil para o esquema de “rachadinha”.
Comemoração em extrato bancário
Outra assessora indicada como “fantasma” e acusada de reter uma mesada antes de devolver a remuneração paga pelo gabinete de Flávio na Alerj é Flávia Regina Thompson da Silva, nomeada entre abril de 2007 e dezembro de 2017. Com ela, o MP apreendeu, por meio de mandado de busca e apreensão, anotações que podem comprovar a participação no esquema da “rachadinha”. Entre elas, está um papel com os dados da conta bancária de Queiroz e um extrato bancário em que Flávia escreveu uma comemoração sobre o aumento da parcela que poderia manter para si, sem repassar ao esquema. Inicialmente, ela retinha R$ 1,1 mil, mesmo valor da mesada de Nathália Queiroz. Em agosto de 2018, Flávia escreveu à mão: “Comecei a tirar R$ 1.400 (um mil e quatrocentos reais)”. A anotação incluía ainda um emoticon: “\o/”, referência a uma pessoa que vibra com os braços levantados. Os promotores estimam que Flávia tenha repassado R$ 235 mil ao esquema criminoso.
Mãe do miliciano Adriano da Nóbrega, morto em janeiro desde ano em uma operação policial na Bahia, Raimunda Veras Magalhães também reteve uma mesada enquanto esteve lotada no gabinete de Flávio, conforme identificou no MP. Os extratos bancários obtidos pela investigação mostram que ela deixou de repassar a Queiroz parcelas pequenas de sua remuneração. A quantia destinada a ela variou de R$ 300 a R$ 600, entre abril de 2015 e dezembro de 2018. Os promotores também afirmam que Raimunda era “fantasma” e não trabalha realmente na Alerj. Para verificar se essas mulheres, e outros funcionários, exerciam funções no gabinete de Flávio, o MP consultou os registros de geolocalização dos celulares utilizados por elas. Em um intervalo de cinco anos de registros armazenados por companhias telefônicas, elas realizaram e receberam raras chamadas de voz no entorno da Alerj. Os dados de Nathália Queiroz, por exemplo, mostram que ela “não passava sequer próximo da Assembleia Legislativa”, tendo realizado somente uma chamada telefônica nos arredores da Casa entre as 3,5 mil que fez no período analisado pelos promotores. Informações sobre a atuação profissional de cada uma delas também foram utilizadas para demonstrar que seus ofícios não estavam atrelados à Alerj, onde parte delas sequer tinha crachás para entrar e sair das instalações. Flávio, Queiroz e outras 15 pessoas foram denunciados por organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro. Entre os alvos, estão Nathália de Melo Queiroz e Evelyn Melo de Queiroz, filhas mais velhas de Queiroz, e Márcia de Oliveira Aguiar, mulher dele. Ambas operavam da mesma maneira que Luiza Sousa Paes, conforme indica o MP, e teriam sido responsáveis por desviar cerca de R$ 1,7 milhão para o esquema operado por Queiroz.
Procurada, a defesa do senador Flávio Bolsonaro, exercida pelos advogados Rodrigo Roca, Luciana Pires e Juliana Bierrenbach, afirmou em nota que "em função do segredo de Justiça, a defesa está impedida de comentar detalhes, mas garante que a denúncia contra Flávio Bolsonaro é insustentável". E completou: "Dentre vícios processuais e erros de narrativa e matemáticos, a tese acusatória forjada contra o senador se mostra inviável e não passa de uma crônica macabra e mal engendrada, influenciada por grupos que têm claros interesses políticos e que, agora, tentam voltar ao poder. A denúncia, com tantos erros e vícios, não deve ser sequer recebida pelo Órgão Especial. Todos os defeitos de forma e de fundo da denúncia serão pontuados e rebatidos em documento próprios e no momento adequado". O advogado de Fabrício e Nathália Queiroz, Paulo Emílio Catta Preta, declarou que o esquema de “rachadinha” seria inexistente e que considera “inverídica a afirmação de que as assessoras recebessem uma espécie de mesada, como será demonstrado no curso da instrução processual”. A defesa de Luiza Sousa Paes afirmou que não foi notificada judicialmente e não comentaria o procedimento em função do segredo de Justiça. Procurada, Vera Raimunda Magalhães desligou o telefone após a identificação da equipe de reportagem. O GLOBO ainda tenta contato com Sheila Coelho de Vasconcellos e Flávia Regina Thompson.

*”Wassef é acusado de injúria racial a atendente de pizzaria”*
*”Nova fase da pandemia – Casos de infecção pelo coronavírus avançam em nove capitais do país”*
*”SP tem aumento de internações e alta de infecções”*
*”Bolsonaro indica coronel para diretoria da Anvisa”*

*”Números que preocupam – Ocupação de leitos nas UTIs municipais chega a 95%, e procura na rede privada sobe 40%”*
*”Auxílio emergencial – Guedes diz que, se houver segunda onda de Covid-19, benefício será prorrogado”*

 

CAPA – Manchete principal: *”Um ano após reforma, ganho na Previdência supera expectativas”*

EDITORIAL DO ESTADÃO - *”O voto e suas consequências”*: Éfrequente ouvir a reclamação de que “nenhum deputado no Congresso me representa”. Ainda que seja habitual, quase um lugar-comum, incapaz de surpreender quem quer que seja, essa crítica tem sérias implicações. Ela não significa, por exemplo, que o Legislativo está distante ou que as leis aprovadas refletem pouco as preferências políticas pessoais. A frase “nenhum parlamentar me representa” estabelece uma radical – e absolutamente irreal – separação entre eleito e eleitor. Como diz a Constituição, todo o poder emana do povo. No Congresso, nas Assembleias Estaduais e nas Câmaras Municipais, não há ninguém ocupando uma cadeira por sucessão hereditária, patrimonial, cultural ou intelectual. Todos estão lá pela mesma e única razão: receberam votos do eleitor. É verdade que, em muitos lugares, a posse de determinado sobrenome facilita a eleição, mas o critério decisivo e determinante continua sendo o voto, a vontade do eleitor.
E se foi o voto que colocou todos os membros do Poder Legislativo em seus respectivos cargos, é preciso reconhecer uma consequência insofismável – todos, sem exceção, são representantes dos eleitores. Todos, de fato e de direito, representam a população, que os escolheu. Num regime onde todos os cidadãos maiores de idade têm o direito de votar é falso dizer que “ninguém me representa”. Talvez isso seja verdade num país em que, por questão de sexo, raça, religião ou outro critério de discriminação, determinadas pessoas são excluídas do direito de votar. Nesse caso, quem foi privado do voto pode, com inteira razão, dizer que os eleitos não o representam. No entanto, onde o direito de voto, além de ser assegurado a todos, é obrigatório, essa afirmação não tem respaldo na realidade. Vale lembrar o que diz a Constituição no primeiro artigo do capítulo dedicado aos direitos políticos: “A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos”. Essa importantíssima garantia, decorrência direta do princípio da dignidade humana e da igualdade de todos perante a lei, poderá ser observada de forma muito especial no próximo domingo. Todos os cidadãos – sejam eles pobres ou ricos, desconhecidos ou famosos, iletrados ou portadores da mais alta erudição – terão direito a um voto. Diante da urna, todos são absolutamente iguais, sem nenhuma distinção. Pilar do regime democrático, essa radical igualdade de todos os cidadãos assegura que a escolha de um eleitor tenha a mesma importância que a escolha de cada um dos outros milhões de eleitores. E esses votos, contados um a um – todos com idêntico peso –, definirão o novo prefeito e os novos vereadores de cada município. Não haverá como dizer que os políticos eleitos não representam o eleitor.
“Ninguém me representa” não é apenas uma afirmação equivocada. Ela é cômoda. Ao estabelecer uma separação absoluta entre o eleitor e os representantes eleitos, a cidadania ganha ares de irresponsabilidade. O cidadão já não enxerga sua contribuição, exatamente igual à de todos os outros, para a composição do Congresso, da Assembleia Estadual e da Câmara Municipal. Nessa equivocada lógica, os outros é que seriam os responsáveis pela lista de eleitos. E, ao ignorar que os senadores, os deputados e os vereadores são seus representantes, o eleitor que se isenta de responsabilidade nada cobra a ninguém, nada exige dos eleitos – nem eficácia nem honestidade. Tem-se, assim, uma situação paradoxal. O cidadão que omite deveres cívicos fundamentais é o mesmo a alimentar um sentimento de superioridade moral. “Nenhum desses políticos me representa”, diz. O regime democrático oferece uma oportunidade incrível. São os cidadãos que escolhem, de tempos em tempos, seus representantes no Executivo e no Legislativo. Sendo um direito, o voto é também responsabilidade. Basta pensar que, ao longo dos próximos quatro anos, o prefeito e o Legislativo de cada cidade serão exatamente aquilo que os eleitores quiserem que sejam no próximo domingo. Não há forças ocultas. Não há geração espontânea. Há o voto e suas consequências.

*”Estudo indica ao menos 5 mil candidatas laranjas”* - Sem nunca ter disputado uma eleição na vida, a dona de casa Adriana Ferreira de Aguiar, de 38 anos, afirmou ao Estadão que foi chamada para concorrer a uma vaga na Câmara Municipal de Santo Antônio do Itambé (MG), uma cidade de pouco mais de 4 mil habitantes, pelo PT apenas para “preencher folha”. Segundo ela, não lhe prometeram nenhum benefício em troca. “Só me pediram para entrar para dar uma ajuda, porque tem que ter participação de algumas mulheres”, disse. Segundo Adriana, outras pessoas fizeram o mesmo na cidade, inclusive sua irmã.
A 63 km dali, em Presidente Kubitschek (MG), município de 3 mil habitantes, a dona de casa Oliene Aparecida da Silva, de 43 anos, disse que foi convidada a concorrer a uma vaga de vereador pelo Solidariedade. “Eles precisavam de duas mulheres para compor a chapa. Aceitei ajudar. Mas não estou trabalhando com a campanha, não é meu interesse ganhar”, admitiu ela ao Estadão. Oliene sabe que foi usada como “laranja” para o partido conseguir cumprir a cota de 30% de mulheres, mas disse que topou pela promessa de um emprego na prefeitura. Adriana e Oliene não têm nenhum rastro de campanha nas redes sociais. Elas não fizeram santinhos, “lives” ou participaram de comícios. A três dias das eleições, a prestação de contas das duas ainda estava no zero ontem: não gastaram nada e também não receberam doações ou transferências do partido. Das cerca de 170 mil mulheres que estão na disputa eleitoral deste ano, ao menos 5 mil (o equivalente a 3%) podem estar na mesma situação, ou seja, apenas servem de “laranjas” para seus partidos cumprirem a cota de gênero. O levantamento, feito pelas equipes dos deputados Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES) e do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) no Congresso, se baseou em características comuns a candidaturas lançadas para fraudar o processo eleitoral. Desde 2009, os partidos são obrigados a ter ao menos três mulheres para cada sete homens concorrendo às eleições. Além disso, a partir de 2018, as siglas precisam destinar, no mínimo, 30% do que recebem do fundo eleitoral – dinheiro público usado para bancar as campanhas – às candidatas. Quem não cumpre essa regra pode ficar sem os recursos e ainda ter toda a chapa de vereadores cassada pela Justiça Eleitoral.
Critérios. Para chegar ao número de 5 mil potenciais “laranjas” nestas eleições, a equipe do gabinete compartilhado dos parlamentares usou inteligência artificial para cruzar registros eleitorais de 2004 para cá e os comparou com as informações prestadas pelas candidatas neste ano, entre outros dados. Ao todo, o levantamento considerou 35 aspectos que indicam a possibilidade de uma candidata ser “laranja”, como ausência de declaração de renda, escolaridade baixa, nenhum gasto de campanha declarado e baixo número de mulheres filiadas ao partido na cidade em que ela disputa. A comprovação da fraude, no entanto, só deverá ser possível após as eleições, já que o número de votos que cada candidata recebe é um fator importante para se determinar se ela concorreu de fato ou não. Em geral, as “laranjas” não recebem mais do que um voto. “As candidaturas laranjas vão continuar existindo enquanto duas coisas não mudarem: fiscalização frouxa e falta de formação política”, afirmou o senador Alessandro Vieira. Regras para evitar fraudes são consideradas frágeis. O PSL, partido com a segunda maior bancada da Câmara, é investigado em Minas e em Pernambuco sob suspeita de ter usado “laranjas” na última eleição. “É uma norma que é um incentivo que não incentiva. Você não tem como, por meio da lei, exigir que uma candidatura seja efetiva, então, o único tipo de cota efetiva é cota de assento no Parlamento”, disse a professora de Ciência Política da FGV Graziella Testa. A bancada feminina na Câmara tenta avançar com uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para reservar um número certo de vagas nos legislativos municipal, estadual e federal para mulheres. “O que vemos com as candidaturas laranjas não tem nada a ver com uma percepção de que as mulheres não se interessam por política, pelo contrário. Temos mulheres que querem entrar para a política, mas a resistência estrutural faz com elas não tenham vez”, afirmou Tabata.

*”Campanhas afirmam que mulheres estão na disputa”*

*”Investigados por fake news atuam para Russomano”* - Deputados e ativistas bolsonaristas investigados nos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos contra o Supremo Tribunal Federal (STF) passaram a atuar na campanha municipal de São Paulo em favor do candidato do Republicanos, Celso Russomanno. O reforço de apoiadores identificados com a ala ideológica dos bolsonaristas deixou a campanha de Russomanno mais radical nas redes sociais. Ontem à tarde, a menos de 100 horas da eleição, mais de 1.500 postagens vinham sendo feitas por hora no Twitter.
O movimento coincide com a queda do candidato do Republicanos nas pesquisas de intenção de voto. Conforme o mais recente levantamento Ibope/TV Globo/Estadão, Russomanno está em empate técnico dentro da margem de erro com Guilherme Boulos (PSOL) e Márcio França (PSB). De acordo com a pesquisa, os três disputam uma vaga num eventual segundo turno com o prefeito e candidato à reeleição Bruno Covas (PSDB). Boulos, que ultrapassou Russomanno no levantamento, se tornou alvo de publicação de acusações tidas como falsas pela Justiça Eleitoral. O candidato do PSOL obteve, no começo da noite de anteontem, uma liminar que obrigou a retirada do ar do vídeo que deu início à campanha. Boulos foi acusado de contratar duas produtoras “laranja” para atuarem em sua campanha, pro um montante superior a R$ 525 mil. A prova do delito seria o fato de que as produtoras não estão instaladas nos endereços que contam nos cadastros da Junta Comercial do Estado. A história foi veiculada pelo blogueiro Oswaldo Eustáquio – que chegou a ficar cinco dias preso em junho por causa das investigações sobre os ataques ao STF – e repercutida por diversos perfis com memes e a hashtag “#LaranjalDoBoulos”. Russomanno retransmitiu essas informações como também gravou um vídeo sobre o caso, que foi distribuído pelo WhatsApp. Entre os propagadores da notícia falsa sobre Boulos estão os deputados estaduais Douglas Garcia (PTB, ex-PSL), investigado pelo Ministério Público paulista por ligação com “gabinete do ódio” na Assembleia Legislativa de São Paulo, e Gil Diniz (PSL) – ambos tiveram os gabinetes alvo de busca e apreensão.
Russomanno cobrou esclarecimentos de Boulos no debate promovido pela Folha de S. Paulo, anteontem. Boulos reagiu dizendo que o adversário estava em “desespero”. Na saída do evento, Eustáquio gravou vídeo, abordando Boulos com os mesmos questionamentos. O candidato chamou de “vagabundo” o blogueiro, que respondeu com gritos. Esses dois vídeos passaram a ser retuitados. A campanha do PSOL afirmou à Justiça que as empresas existem e estão prestando serviços. Segundo a campanha, uma delas, a Filmes de Vagabundo, é da diretora Amina Jorge, que registrou a produtora em seu endereço residencial. A campanha afirmou também que, em dezembro de 2018, a diretora se mudou, mas não fez a atualização cadastral. A outra empresa, Kyrion, conforme as alegações do PSOL à Justiça Eleitoral, atua na pesquisa e análise de dados e está com os funcionários trabalhando em home office, “razão pela qual não há atividade de campanha na sede administrativa da empresa”. Em sua decisão, o juiz eleitoral Emílio Migliano Neto, acatou pedido do PSOL e afirmou que “o vídeo, como se verifica pelos trechos degravados, é integralmente dedicado à propagação de mentiras”. Ele escreveu ainda que “o cenário delineado pela matéria produzida pelo representado (Eustáquio) não encontra lastro nem sequer em indícios”. A retirada do vídeo, entretanto, não evitou que a história seguisse sendo divulgada. O Estadão procurou a campanha de Russomanno e o gabinete de Douglas Garcia, mas não obteve resposta. Oswaldo Eustáquio e Gil Diniz não foram localizados.

*”Amazônia gera novo desgaste a Mourão”* - A relação entre o presidente Jair Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão vive mais um desgaste. Após a divulgação de um documento do Conselho Nacional da Amazônia Legal, comandado por Mourão, para expropriar propriedades com registros de queimadas e desmatamentos ilegais, Bolsonaro deu ontem uma bronca pública no general e chegou a chamar de “delírio” a proposta, revelada pelo Estadão. “Eu me penitencio”, afirmou o vice, logo após o pito. Bolsonaro está incomodado com o comportamento de Mourão, que voltou a dar declarações diárias à imprensa. A avaliação no Palácio do Planalto é a de que o vice está usando o cargo e o conselho para se projetar na disputa eleitoral de 2022. Os relatos sobre as desconfianças foram feitos ao Estadão por quatro auxiliares do presidente. A aliados, Bolsonaro já deu sinais de que não pretende ter o general como vice na disputa pela reeleição. Para interlocutores da Presidência, Mourão passou a se posicionar quando percebeu que ficaria fora da chapa. O vice já admitiu que pode se candidatar a senador. O mal-estar aumentou após o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro citar o general como uma opção de candidatura de centro nas próximas eleições ao Planalto. A declaração, ao jornal O Globo”, foi vista por integrantes do governo como uma evidência de que o vice e o ex-ministro continuam se falando. Mourão disse, por meio de sua assessoria, que isso não tem sentido e que, portanto, não iria se manifestar. Moro também não quis falar sobre o assunto.
A medida classificada por Bolsonaro como “delírio” consta de documento do Conselho da Amazônia. “Mais uma mentira do Estadão ou delírio de alguém do governo. Para mim a propriedade privada é sagrada. O Brasil não é um país socialista/comunista”, escreveu o presidente nas redes sociais. Pouco depois, em conversa com apoiadores, Bolsonaro negou a proposta e disse que “ou é mais uma mentira ou alguém deslumbrado do governo resolveu plantar essa notícia aí”. “Não existe nenhuma hipótese nesse sentido. E, se alguém levantar isso aí, eu simplesmente demito do governo. A não ser que essa pessoa seja indemissível”, afirmou o presidente. No início da tarde de ontem, após a reprimenda, Mourão disse que o documento era apenas um estudo. “Se eu fosse o presidente, também estaria extremamente irritado, porque isso é um estudo, é um trabalho que tem que ser ainda finalizado e só depois poderia ser submetido à decisão dele”, disse o vice. “Eu me penitencio por não ter colocado grau de sigilo nesse documento porque, se eu tivesse colocado grau de sigilo, a pessoa que vazou o documento estaria incorrendo em crime previsto na nossa legislação.” Mourão afirmou que “alguém mal-intencionado pegou e entregou o documento completo para um órgão de imprensa”. O vice observou, ainda, que ali havia ideias para planejamento estratégico.
Divergências. Na segunda-feira, Bolsonaro já tinha dado sinais de seu incômodo e desautorizou Mourão, ao afirmar que não conversa com ele sobre Estados Unidos nem sobre qualquer outro assunto. O vice havia dito que, “na hora certa”, o presidente falaria sobre o resultado das eleições americanas. Embora encerre suas declarações dizendo que a palavra final é do presidente, Mourão costuma expor opiniões divergentes de Bolsonaro. O vice, por exemplo, se coloca a favor da tecnologia 5G da chinesa Huawei. O general também confrontou Bolsonaro ao dizer que o governo brasileiro vai comprar a vacina produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantã.

*”PGR vai apurar ida de agentes da Abin a evento do clima”*

*”Com Trump focado na eleição, covid se dissemina rapidamente pelos EUA”*
*”Casa Branca eleva pressão para tese de fraude ser aceita”*

*”Brasil pode receber vacina da Pfizer até março; gelo seco é saída para armazenar”*

*”Bolsonaro indica militar que critica Coronavac para cargo na Anvisa”* - Indicado ontem pelo presidente Jair Bolsonaro para a direção da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o tenente-coronel Jorge Luiz Kormann faz coro a teses reprovadas pelo próprio órgão que poderá comandar. No Twitter, o militar endossa mensagens contrárias à Organização Mundial da Saúde (OMS) e também críticas à Coronavac, vacina contra a covid-19 que está sendo desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantã. O órgão é vinculado ao governo de São Paulo, comandado por João Doria (PSDB), adversário político de Bolsonaro. A indicação de Kormann ocorre no momento em que a Anvisa está sob questionamento quanto à sua autonomia para analisar o registro de vacinas. As críticas se avolumaram após Bolsonaro comemorar e apontar como vitória pessoal sobre Doria a decisão da agência de suspender justamente os testes da Coronavac. Na segunda-feira, minutos após a Anvisa anunciar a suspensão dos estudos, Kormann curtiu no Twitter publicação do empresário Leandro Ruschel, que afirmava: “Todo mundo sabe que o Doria é o ‘China Boy’. Mas nessa história da vacina, tá ficando até constrangedor”. No entanto, após avaliar dados de um comitê internacional, a Anvisa autorizou o retorno do ensaio na quarta-feira.
Atual secretário executivo adjunto do Ministério da Saúde, o militar mostra ainda apoio a publicações do escritor Olavo de Carvalho, tido como guru do bolsonarismo. Segundo fontes que acompanham os trabalhos da Saúde, Kormann é fiel seguidor de ideias do presidente Bolsonaro, como o uso do “kit-covid”, tratamento que usa medicamentos sem eficácia comprovada contra a pandemia, como a hidroxicloroquina. A própria Anvisa não indica esse uso na bula do medicamento. Kormann fez poucas publicações em suas redes sociais. No Twitter, há duas interações com o vereador no Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente, sobre um conflito entre Irã e Israel, em maio de 2018. Em abril do mesmo ano ele considerou “ridícula, infame”, em publicação do Estadão no Twitter, uma denúncia apresentada pela ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge contra Bolsonaro por racismo. O indicado à Anvisa também curtiu publicação de 27 de setembro do escritor Guilherme Fiuza que fala em “parceria” da OMS com a “ditadura chinesa”. “Se você ainda não acredita na parceria saudável da OMS com a ditadura chinesa, fique em casa. Com mais seis meses de tranca você vai estar chamando urubu de meu louro e lockdown de ciência”, afirmava a publicação.
Kormann interagiu com mais de uma publicação de Bolsonaro em defesa da hidroxicloroquina. Em setembro, ele curtiu vídeo do presidente no Twitter que acompanhava a mensagem: “Milhares de vidas poderiam ter sido salvas caso a HQC não tivesse sido politizada”. Se for aprovado para comandar a Anvisa, Kormann terá de lidar com assuntos variados, além de aprovar o registro de medicamentos. A pauta inclui fiscalização sanitária de portos, aeroportos e fronteiras. Também define regras sobre agrotóxicos, cigarro, alimentos, cosméticos e produtos para saúde, como próteses. Em uma canetada, a agência tem pode interditar grandes fábricas ou aplicar multas. Diretores do órgão costumam dizer que têm mais de 25% do PIB nacional nas mãos. Ela tem ainda papel de liderança em discussões internacionais sobre vigilância sanitária, como as que ocorrem na OMS. Procurado pelo Estadão, o militar disse que não tinha “nada a declarar” e negou se posicionar sobre as redes sociais, sobre vacinação ou OMS. Para assumir uma das cinco diretorias da agência, o militar precisa ter o nome aprovado por comissão e plenário do Senado. E, de quebra, sobreviver à guerra política pelo cargo. Este ano, Bolsonaro já recuou de duas outras indicações.

*”Brumadinho: MG e Vale iniciam acordo sem ouvir vítimas”* - O governo de Minas e a Vale iniciaram a negociação de acordo sigiloso que exclui da discussão os atingidos pelo rompimento da barragem de Brumadinho. Os advogados dos representantes das famílias das vítimas e comunidades afetadas alegam que, se firmado, o acordo levará a mineradora a economizar cerca de R$ 24 bilhões ante o último cálculo de indenização. A empresa e o Estado confirmam a negociação, mas não dizem por que os atingidos não participam da discussão nem revelam o novo valor. A Vale e o governo dizem apenas que a quantia é uma contraproposta à indenização estipulada inicialmente. O rompimento da barragem de Brumadinho ocorreu em 25 de janeiro de 2019 e deixou 272 mortos. Onze corpos continuam desaparecidos.
No último dia 4, um despacho do desembargador Newton Carvalho, do Tribunal de Justiça mineiro, decretou sigilo sobre essa negociação em curso. Ontem, o tribunal derrubou a decisão, mas, mesmo assim, os dados continuam em segredo. Segundo o Instituto Guaicuy, que dá assessoria técnica independente às pessoas e comunidades atingidas, não houve acesso aos documentos até ontem à noite. As associações que representam as vítimas dizem que a Justiça manteve a confidencialidade do documento, o que permite a consulta dos materiais só pelas partes envolvidas – e as famílias estão excluídas do processo. Advogados que tiveram acesso a dados iniciais das negociações disseram que o governo de Minas e a Vale estariam fechando proposta de acordo de R$ 28 bilhões, dos quais R$ 21,5 bi seriam para obras na Bacia do Paraopeba e R$ 3 bilhões iriam para investimentos sociais no terceiro setor coordenados pelo Ministério Público de Minas (MP-MG). Outros R$ 3,5 bilhões seriam separados para o governo do Estado.
O Guaicuy afirma que o acordo, “feito a portas fechadas entre o governo e a Vale”, desconsidera a produção de relatórios que apontavam para a necessidade de indenização bem maior, de R$ 54 bilhões. “Na prática, o acordo será feito sem o conhecimento da dimensão completa dos prejuízos provocados pelo desastre”, destacou o Guaicuy, em nota enviada à reportagem. Para o advogado Pedro Andrade, especialista em Direito Popular do Guaicuy, “a Constituição não só diz que a população tem direito de participar dos acordos em desastres ambientais como afirma que os atos judiciais nesses casos devem ser públicos, salvo em casos muitos específicos”. Em 28 de agosto, o MP-MG, a Defensoria e o próprio governo de Minas pediram que a mineradora fosse condenada a indenizar o Estado por perdas econômicas de R$ 26,6 bilhões e a pagar indenização por danos morais coletivos e sociais calculados em R$ 28 bilhões. Caso a multinacional e o governo fechem este novo acordo, o valor inicialmente previsto seria, na prática, descartado.
Exclusão. O doutor em Direito Constitucional José Luiz Quadros de Magalhães, professor da Universidade Federal de Minas (UFMG) e da PUC Minas, classificou como “absurdo jurídico” a negociação sigilosa. “Isso é um acordo lamentável, pelo segredo e pela exclusão das pessoas interessadas. Absurdo jurídico, moral e humano”, criticou ele.

*”Ao contrário de Bolsonaro, agronegócio quer construir pontes com Joe Biden”* - O presidente Jair Bolsonaro pode até não ter reconhecido o democrata Joe Biden como o governante eleito dos Estados Unidos e ainda chamar o futuro mandatário de “candidato a chefe de Estado”, mas os representantes do agronegócio não pensam assim. Eles avaliam que o País precisa reverter a imagem negativa de desmatamentos em alta e baixa proteção ambiental. “Estamos no limiar de uma mudança de comando na maior economia do mundo, os Estados Unidos, com a eleição de Biden. O Brasil é eficiente e competitivo e não tem o que temer na nova gestão, mas um país não é amigo de pessoas, tem negócios com outros países”, afirma o ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e atual da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Cesario Ramalho. Ele lembra que o agro é responsável por quase um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e que os produtos nacionais são competitivos, também quando comparados aos dos EUA. “Biden deve colocar os Estados Unidos novamente no Acordo de Paris (de combate às mudanças climáticas), o que é importante para termos um debate equilibrado.” Os comentários foram feitos no Encontro Nacional do Comércio Exterior (Enaex), que começou ontem e termina hoje. No evento, da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), os líderes deixaram refletir o mal-estar causado pela fala de Bolsonaro na terça-feira, em que o presidente provocou Biden, após receber críticas sobre queimadas na Amazônia.
Virando o disco. Os porta-vozes do setor avaliam que é preciso ressaltar que o produtor brasileiro está enquadrado no que é estabelecido pelo Código Florestal. Para eles, a vitória de Biden significa, ainda, um retorno do multilateralismo e o fortalecimento de órgãos, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), que foi desprestigiada pelo governo do atual presidente, Donald Trump. “O Brasil precisa aproveitar para virar o disco, agora que Biden entrou. É uma agenda que deve ser atacada de frente, com muito diálogo. Não se pode confrontar o mundo nessa área (ambiental)”, diz Marcos Jank, professor sênior de agronegócio no Insper e coordenador do centro Insper Agro Global. “Biden traz os Estados Unidos de volta aos trilhos”, diz. Ele completa que as preocupações sanitárias mudaram de patamar com a crise provocada pelo novo coronavírus, mas que o Brasil tem um sistema integrado de produção superior ao de outros emergentes. O discurso de confronto do governo em relação à China, principal parceiro comercial do País, também é criticado. “É burrice, países não têm amigos. É preciso ter relação cordial tanto com a China quanto com os Estados Unidos e devemos estar juntos para enfrentarmos os desafios do protecionismo”, diz Francisco Turra, ex-presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e ex-ministro da Agricultura.

*”’No caso de 2ª onda, auxílio é certeza’”*

*”Ganho com Previdência fica acima do previsto”* - Um ano após sua aprovação, a reforma da Previdência começa a dar sinais de sua eficácia para as contas públicas do País. A economia nas despesas está maior do que o previsto inicialmente e a arrecadação com as alíquotas cobradas de servidores federais e de militares das Forças Armadas também cresce mais que o esperado. Apesar dos sinais positivos, especialistas afirmam que ainda é cedo para traçar uma nova tendência para os gastos previdenciários e que uma nova reforma segue sendo necessária na próxima década. A reforma passou a valer em 13 de novembro de 2019. Logo em seguida, os técnicos enviaram ao Congresso uma previsão de redução nas despesas do INSS de R$ 3,5 bilhões em 2020. Desde então, porém, a projeção de gastos caiu mais R$ 5 bilhões, acumulando R$ 8,5 bilhões poupados. No Regime de Previdência dos Servidores Públicos (RPPS), a alíquota antes única, de 11%, foi substituída por uma cobrança progressiva que vai de 7,5% (até um salário mínimo) até 22% (sobre a parcela da remuneração que fica acima de R$ 39 mil mensais). Até setembro deste ano, ingressaram R$ 12,4 bilhões a mais que em igual período de 2019. Na projeção original, a estimativa era ampliar a arrecadação em R$ 3,2 bilhões em todo o ano.
A mesma tendência foi observada no regime dos militares das Forças Armadas, que tiveram aumento de alíquotas e cobrança estendida a pensionistas (antes isentos). As receitas subiram R$ 11,27 bilhões até setembro, ante uma previsão de R$ 5,35 bilhões em todo o ano.Nas receitas do INSS, o efeito é incerto por causa do choque provocado pela pandemia do novo coronavírus. Empresas puderam adiar pagamentos, e o aumento nas demissões reduz o número de contribuintes da Previdência. Tudo isso levou a uma queda na arrecadação. O governo ainda não atualizou suas projeções para o futuro e mantém a expectativa de impacto de R$ 800,3 bilhões em uma década. Até 2030, o déficit se manterá na casa dos 3% do PIB. “Considerando vários fatores de incerteza, relacionados à pandemia e ao fluxo de análise dos benefícios pelo INSS, não iremos atualizar as projeções neste momento. É recomendável uma avaliação por prazo mais longo para se determinar exatamente quanto desse resultado decorre diretamente da aprovação das medidas”, explica o secretário de Previdência do Ministério da Economia, Narlon Gutierre.
No entanto, a avaliação dentro do governo é que os números obtidos até agora podem, sim, ser indicativo de que a economia será ainda maior. Ontem, o próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, verbalizou essa possibilidade, ao dizer que a reforma pode ter efeito de R$ 500 bilhões “nos próximos anos”. “Não dá ainda para prever, mas é possível. É um indicativo, mas não dá para cravar. Porque esse efeito não é só da PEC (emenda constitucional), engloba também a medida antifraudes e alguma coisa da lei que regulamentou a parte judicial”, afirma o presidente do INSS, Leonardo Rolim. A reforma deve gerar economias crescentes ao longo dos próximos anos porque retardou pedidos de aposentadoria como a do economista Mauricio Oliveira, de 60 anos, que se viu obrigado a adiar em um ano os planos de pedir o benefício. Além disso, quem entrou no mercado de trabalho após a promulgação da reforma já estará sob as regras definitivas, com idades mínimas de 62 anos (mulheres) e 65 anos (homens). É o caso do brasiliense João Alves e Silva, que conseguiu o primeiro emprego com carteira assinada aos 24 anos e só agora passou a contribuir para a Previdência (ler mais abaixo). O líder da minoria na Câmara, José Guimarães (PT-CE), diz que o governo está “poupando despesa e aumentando a miséria social” com as novas regras de aposentadoria. “Você faz uma reforma para ajudar a vida das pessoas, não para piorar como foi essa reforma.”
Capitalização. O assunto está longe de um ponto final. Dentro e fora do governo, a avaliação é que será preciso discutir uma nova reforma da Previdência na próxima década para elevar novamente as idades mínimas, unificar ainda mais as regras entre categorias e criar uma camada de capitalização – regime em que o trabalhador contribui para uma conta individual que bancará sua aposentadoria futura. “A demografia conspira contra o regime de repartição (em que os trabalhadores contribuem para pagar os benefícios de quem já está aposentado). Teremos uma população em idade ativa numericamente muito pequena para sustentar o volume total de benefícios”, afirma o economista Paulo Tafner. “O Brasil precisa uma parte (do regime previdenciário) de solidariedade, para combater a pobreza na velhice, até dois salários, três salários, não mais que isso. O resto, capitalização. Agora, já se mostrou claro que a capitalização pensada pelo ministro Paulo Guedes (sem contribuição do empregador) no Brasil é inviável.” O presidente do INSS também defende a criação de uma camada de capitalização para quem quiser contribuir para aposentadorias de valor mais elevado. Para ele, quanto mais cedo essa mudança for aprovada, menor será o custo da transição. Segundo Rolim, além da capitalização, uma das grandes perdas na reforma foi a decisão do Congresso de excluir o “gatilho”, que garantiria elevação automática da idade mínima à medida que a expectativa de vida aumenta. Com isso, cada mudança vai demandar nova alteração na Constituição. Porém, a reforma atual deu tempo ao governo. “Por pelo menos dez anos estamos num cenário seguro.”

*”Reforma garantiu ‘colchão’ para elevar gastos na pandemia”* - Boa parte da economia prevista com a reforma da Previdência já foi praticamente consumida pelos gastos do governo para enfrentar a pandemia do novo coronavírus no Brasil. Mas isso não significa que o esforço foi pelo ralo, segundo especialistas. Para eles, a reforma acabou dando sustentação ao governo para gastar até agora R$ 322 bilhões com o pagamento do auxílio emergencial para a população mais pobre sobreviver aos efeitos da pandemia. Se não fosse a reforma, as incertezas futuras com a trajetória da dívida pública, que se acentuaram nos últimos meses, seriam maiores, impondo condições ainda mais adversas para o Tesouro Nacional emitir títulos e se financiar no mercado. O governo estima até agora um impacto de R$ 615 bilhões no Orçamento com as medidas adotadas na pandemia, entre mais gastos e renúncias de receitas, enquanto a previsão de economia da reforma é de R$ 800,3 bilhões em dez anos.
“Com certeza estaria pior (sem a reforma). É a questão de ver o copo meio cheio ou meio vazio. De fato a economia de dez anos da emenda foi praticamente consumida pela pandemia, mas ela ocorreria, embora não soubéssemos, de qualquer forma”, avalia o secretário de Previdência do Ministério da Economia, Narlon Gutierre. Segundo ele, o importante é que a segunda década de vigência da Nova Previdência trará efeitos ainda maiores. O economista Pedro Nery, especialista em Previdência e colunista do Estadão, considera que a capacidade de endividamento do País teria sido menor na pandemia sem a reforma. “Tem uma discussão importante acontecendo associando a reforma com a capacidade de pagamento do auxílio”, diz ele. O diretor executivo da Instituição Fiscal Independente do Senado, Felipe Salto, que teve papel importante durante a tramitação na previsão de economia com a proposta (enquanto o governo não abria seus números), diz que a emenda ainda não fez efeito para valer. Mas a expectativa é que auxiliará na manutenção do gasto previdenciário como proporção do PIB em trajetória mais controlada ao longo da próxima década. “Os desafios fiscais ainda são enormes e foram exacerbados pela pandemia”, diz.

 

CAPA – Manchete principal: *”Continuidade marca eleição em grandes cidades”* - Nas capitais, a maioria dos prefeitos que tentam a reeleição está em primeiro ou segundo lugar nas pesquisas

*”Internações por covid em SP têm sinais de alta, após período de estabilidade”* - Aumento nas internações em alguns hospitais privados ainda não é conclusivo, segundo sindicado do setor no Estado

*”Indicado à Anvisa tentou mudar contabilização da doença”* - Tenente-coronel da reserva já pressionou técnicos da Saúde por metodologia de divulgação dos dados da covid

*”Morte por coronavírus cresce com normalização de registro”* - Ministério afirma que ataque de hacker não prejudicou integridade das principais informações

*”Risco de apagão no AP era conhecido por órgãos do setor”* - Os principais órgãos do setor elétrico - responsáveis por planejar, dar os comandos de operação e fiscalizar o sistema de abastecimento do país - sabiam, ainda que parcialmente, dos riscos relacionados às condições de funcionamento dos equipamentos que entraram em colapso no momento do blecaute que atingiu o Amapá na última semana. Até agora, o fornecimento de energia não foi restabelecido plenamente. Documentos do Ministério de Minas e Energia, do Operador Nacional do Sistema (ONS) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) indicam que a subestação atingida, a SE Macapá, operava no limite da capacidade, há cerca de dois anos, e sem condições de religar imediatamente a rede se dependesse de um transformador sobressalente, de “backup”, com indisponibilidade reportada ao ONS há 11 meses. A demora para restabelecer o fornecimento aumentou o desafio do Estado de enfrentar a pandemia. A população é submetida a sistemas de rodízio para receber eletricidade por algumas horas. Ontem o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu adiar as eleições para prefeito e vereador na capital. Um dos documentos, ao qual o Valor teve acesso, mostra que um dos problemas com a segurança da linha pode ter ocorrido ainda na concepção do projeto. Em 2004, antes da contratação do grupo espanhol Isolux, quando arrematou o projeto em leilão, o Comitê Técnico de Expansão da Transmissão do MME já indicava a necessidade de a SE Macapá ter “três transformadores trifásicos de 230/69/13,8 kV-150 MVA e uma unidade reserva”.
Ou seja, estudos preliminares apontaram a necessidade de instalar quatro grandes transformadores na subestação. Três deles deveriam operar em conjunto para que não houvesse sobrecarga, e o quarto, de backup. O documento do ministério tratava de estudos da Interligação Tucuruí-Macapá-Manaus. O projeto foi contratado no leilão da Aneel, em 2008. O edital exigiu apenas que a subestação reservasse “espaço” para abrigar quatro transformadores, mas só três deveriam ser adquiridos para “instalação imediata”. Na época do leilão, a Isolux ainda tinha boa reputação no setor de transmissão. Depois, o grupo foi atingido em cheio pela crise na Espanha e a matriz entrou em recuperação judicial, o que afetou os negócios no Brasil. Em junho de 2018, o ONS, em apresentação relacionada ao Plano de Ação 2018-2020, apontou como "ação não concluída" a alteração do projeto licitado. O objetivo era abrir caminho para a instalação do quarto transformador. No documento, o órgão reconhece, portanto, que essa era de fato uma necessidade da rede local. Além da vulnerabilidade da rede de transmissão, o Amapá passaria a contar com outra limitação de backup. Neste caso, o suporte viria da geração suplementar de energia. Em 2019, a Aneel autorizou o desligamento de uma usina termelétrica da Eletronorte, UTE Santana, que atendia o Amapá.
A agência considerou que a usina já não era acionada há algum tempo e gerava muitos custos, tanto ao sistema elétrico como um todo quanto para a estatal. A diretoria decidiu, em março de 2019, recomendar a extinção da outorga da usina, que venceria em dezembro de 2024. Por fim, além de todo o risco assumido desde a idealização do projeto de transmissão que ligou o Amapá ao Sistema Interligado Nacional (SIN), relatórios mais recentes do ONS, relacionados ao acompanhamento mensal da “triagem de ocorrências e perturbações”, apontaram que o operador tomou conhecimento da indisponibilidade do terceiro transformador na SE Macapá no fim do ano passado. No blecaute da semana passada, houve uma explosão de um transformador que atingiu o segundo em funcionamento naquele momento. A recomposição do sistema de abastecimento não foi possível já que o único transformador de backup, o terceiro, estava em manutenção desde o fim de 2019. Sabendo da situação, o ONS autorizou que a concessionária Gemini Energy - novo nome da Isolux, após a restruturação societária ocorrida em 27 de dezembro de 2019 - realizasse a troca do equipamento até maio de 2021.
Questionado, o ONS informou que a SE Macapá, projetada com três não operava no limite da capacidade, pois a “carga do Amapá é completamente atendida com dois” deles. A entidade negou o risco de colapso com a falta do terceiro transformador e que “estava acompanhando a situação e reportando à Aneel” mensalmente. O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Thiago Barral, disse, em nota, que a estatal e os órgãos do setor estão “absolutamente focados no avanço dos estudos, entendendo não ser ainda momento de apresentar avaliações conclusivas sobre o caso”. O MME e Gemini Energy não quiseram comentar o teor dos documentos. A Aneel não respondeu até a conclusão desta edição.

*”Bolsonaro ataca ideia de expropriar terra desmatada”* - Proposta cria mal-estar com vice-presidente, que diz que questão é apenas um estudo por enquanto

*”BNDES só decidirá antecipação de recursos ao Tesouro em 2021”* - Presidente do banco disse que até dezembro o foco estará na atuação anticíclica para fazer frente à crise resultante da pandemia

*”Presidente só deve cumprimentar Biden em dezembro”* - Bolsonaro pretende aguardar votação do colégio eleitoral americano

*”Economia prepara ofensiva para retomar agenda no Congresso”* - Pasta investe em medidas que ajudem a economia navegar no curto prazo

*”Câmara promete avançar votações, mas pauta segue indefinida”* - Base governista diz que voltará a permitir as sessões, mas que só será votado o que for de interesse do governo

*”Ampliar microcrédito a R$ 25 bi em pouco tempo é improvável”* - Plano em discussão do governo exigiria quadruplicar carteira, que somava R$ 6,5 bilhões no fim de setembro

*”‘Atrasado’ na retomada, setor de serviços deve perder fôlego”* - Segmento deve repetir indústria e varejo e crescer em ritmo menor com fim do auxílio emergencial

*”Auxílio será prorrogado se houver 2ª onda da covid, afirma Guedes”* - Mas esse não é o “plano A” da equipe econômica, que trabalha com a remoção gradual do benefício criado para fazer frente à crise, segundo o ministro

*”Raça pesa mais que gênero na divisão de recursos”* - A raça passou a ser um marcador mais relevante que o gênero na repartição de recursos eleitorais, quando comparadas as disputas de 2014 e 2018. Pesquisadores da Fundação Getulio Vargas (FGV) avaliaram o financiamento de campanhas eleitorais e concluíram que as mulheres brancas passaram a receber mais recursos, proporcionalmente, do que homens negros. As candidatas negras continuam sendo as mais subfinanciadas, ainda que a distribuição de recursos para esse segmento também tenha apresentado evolução. Os dados da pesquisa constam em livro que será lançado virtualmente hoje, “Candidatas em jogo: Um estudo sobre os impactos das regras eleitorais na inserção de mulheres na política”. A coordenadora do estudo, Luciana Oliveira Ramos, professora de direito constitucional da FGV-SP, destaca que as mudanças nos marcos legais em 2018 beneficiaram as mulheres candidatas, mas alerta que as negras ainda são as que menos recebem recursos. Em 2014, essas candidatas ficaram com apenas 1,8% de todos os recursos distribuídos em campanhas. Quatro anos depois, houve elevação desse percentual para 5,7%, mas ainda há muita distorção quando se compara com os recursos destinados a homens brancos, por exemplo.
Os candidatos homens e brancos receberam, em 2014, 74,4% dos recursos, enquanto em 2018 esse valor caiu para 61,4%. Já os homens negros receberam 16% em 2014 e se mantiveram num patamar equivalente, de 16,7%, em 2018. A situação das mulheres brancas é a que apresentou a modificação mais evidente, saltando de 7,8% em 2014 para 16,2% quatro anos depois. “Apesar de algumas mudanças entre 2014 e 2018, em termos percentuais, os recursos foram distribuídos de acordo com a seguinte hierarquia, em ordem decrescente: homens brancos, homens negros, mulheres brancas, mulheres negras”, aponta o estudo. No entanto, quando considerada a proporção de candidatos no pleito, as mulheres brancas ficaram com fatia maior de recursos do que os homens negros, conclui a pesquisa. Esse salto do financiamento para mulheres ocorreu por conta das mudanças das regras em 2018. Em 2014, ainda eram permitidas as doações de pessoas jurídicas para campanhas. Em 2018, o financiamento privado de empresas foi vetado e instituiu-se o Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC).
Ainda naquele ano, o Supremo Tribunal Federal determinou que ao menos 30% dos recursos do fundo partidário deveriam ser destinados a candidatas mulheres, já que havia a cota mínima de candidaturas femininas estabelecida desde 1997. O fato é que apesar de haver a obrigatoriedade de cotas para candidaturas femininas, nunca havia se discutido, até então, o tema financiamento entre homens e mulheres. Para as eleições deste ano houve outra novidade que, segundo a professora Luciana Ramos, deve provocar consequências futuras: também por decisão do STF, as candidaturas de negros terá que receber o financiamento proporcional do fundo partidário, assim como já ocorre com a determinação de gênero. Se em 2014 quase 90% de todos os recursos destinados às campanhas eleitorais foram para homens (brancos e negros), em 2018 essa fatia global caiu para 78%, aumentando a parcela distribuída a mulheres “para um pouco mais de 20% dos recursos totais”, aponta a pesquisa da FGV. Esses estudos, lembra Ramos, serviram de embasamento para que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, defendesse a cota de candidatos negros, regra que passou a vigir em 2020.
Segundo a professora de direito, o que motiva a pesquisa, atualizada a cada pleito, é entender de que maneiras as regras moldam comportamentos e afetam na representação feminina na política. “Infelizmente, em direito, sabemos que a lei não necessariamente muda muito o comportamento, mas gera impactos positivos”, pontua Luciana Ramos. A pesquisadora enfatiza que a política de cotas para mulheres existe desde 1995, e houve a norma da cota de 30% introduzida em 1997. No entanto, por décadas, a inserção de mulheres na política não foi significativa devido aos óbices financeiros. “Ainda há alto grau de descumprimento dessa regra”, observa Luciana Ramos, lembrando que muitos partidos descumprem as determinações legais. “Quanto menos mulheres candidatas, menos mulheres eleitas. Se o partido não se sente na obrigação de cumprir a lei, são menos mulheres na política. São mais de duas décadas de legislação, ainda não cumprida.” Em relação a candidaturas fictícias ou laranjas de mulheres, outro dado preocupante, Luciana Ramos alerta que isso pode ocorrer neste pleito de 2020 em grande escala com as candidatas negras, exatamente a partir da nova decisão do STF.
As investigações sobre laranjas em 2018, diz ela, mostrou casos em que claramente os recursos de campanhas de candidatas fictícias voltavam para os partidos. “Isso é o laranja mais grave, fraude, crime eleitoral, desvio de recursos eleitorais. Imagino que isso possa acontecer muito agora com mulheres negras. Não tenho dúvida de que essas novas regras, com mudança de financiamento, podem ter levado a esse tipo de prática”, lamenta a professora. Luciana Ramos admite que as conclusões da pesquisa surpreenderam. O sub-financiamento para candidaturas negras, diz ela, já era esperado, por conta do racismo estrutural da sociedade brasileira. “Mas não achávamos que seria tão evidente assim essa mudança, de jogar as mulheres brancas numa posição melhor do que os homens negros”, concluiu.

*”Candidatos pró e contra Bolsonaro mobilizam redes”* - Levantamento Dapp-FGV avaliou 288,9 mil “posts” no Twitter, entre 4 e 10 de novembro

*”TSE pede que denúncias de disparos em massa de mensagens sejam investigadas”* - Ministros avaliam que o impacto da disseminação de notícias falsas no pleito deste ano tem sido menor do que em 2018

*”Confortável, Covas age para levar no 1º turno”* - Tucano chega ao primeiro turno confortável e quer liquidar fatura com apoio do voto evangélico

*”Apoio de Bolsonaro foi ‘tiro no pé’ da campanha de Russomanno”* - Candidato desidratou mais rápido nesta eleição do que em 2012 e 2016 e perdeu apoio dentro do próprio partido

*”França espera repetir 2018, com arrancada final para ir ao 2º turno”* - Candidato do PSB ficou estável nas pesquisas e tentou se equilibrar na polarização ideológica

*”Moderado, Boulos ainda busca voto da periferia”* - Candidato do Psol conta com base de eleitores que votaram em Fernando Haddad em 2018 para presidente

*”Aliados de Kalil já veem seu nome como opção para a Presidência em 2022”* - Medidas restritivas desagradaram empresários mas contribuíram para o aumento da popularidade do prefeito

*”Oposição tenta levar eleição ao 2º turno em Curitiba”* - Prefeito Rafael Greca lidera as pesquisas e pode se reeleger já no primeiro turno

*”Adversário ideal para Paes, Crivella duela com Martha por vaga no 2º turno”* - Prefeito tem 62% de rejeição e atravessou a campanha empatado com ex-delegada

*”Candidatos bolsonaristas patinam no Rio”* - Nos dez maiores municípios que reúnem 70% do eleitorado do Estado que é reduto do presidente, nomes apoiados ou ligados a Bolsonaro não decolam

*”Vitória é única capital em que o PT está à frente”* - João Coser lidera pesquisas, seguido por Fabricio Gandini (Cidadania) e Lorenzo Pazolini (Republicanos

*”Centro desponta como favorito no Nordeste”* - A eleição municipal testará a força política das principais lideranças nacionais no Nordeste, principal reduto da oposição, depois que o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se envolveram diretamente na campanha. Entretanto, o cenário não é de polarização na região: a dois dias da votação, a disputa nas capitais nordestinas está pulverizada entre a esquerda, o centro e representantes do bolsonarismo. No feudo da esquerda, o centro desponta como favorito: DEM, PSDB, MDB e PP são competitivos em cinco das nove capitais nordestinas. Uma sinalização de que a hegemonia conquistada com a eleição dos nove governadores de siglas da esquerda em 2018 não se reflete no plano municipal. O centro pode vencer em Salvador (DEM), Maceió (AL), João Pessoa (PB), Natal (RN) e Teresina (PI). Na Bahia, feudo petista, o atual prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM, ACM Neto, deve eleger com folga o seu sucessor no primeiro turno, o vice-prefeito Bruno Reis (DEM). Reis desponta com mais de 60% de intenções de voto nas últimas sondagens dos principais institutos. Escolha pessoal do governador Rui Costa (PT), a postulante petista, Major Denice, aparece mais de 40 pontos percentuais atrás de Reis. Um desempenho pífio inesperado, já que o governador ostenta mais de 80% de aprovação no Estado.
Em paralelo, o PSDB mostra que sua força política não está reduzida a São Paulo, e aparece com nomes competitivos em Natal (RN) e Teresina (PI), atualmente sob administração tucana. Na capital potiguar, o atual prefeito Álvaro Dias - apoiado pelo ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho -, pode se reeleger no primeiro turno. Em Teresina, o tucano Kleber Montezuma aparece consolidado em segundo lugar, atrás do postulante do MDB, Doutor Pessoa. O MDB também tem nomes competitivos em Maceió e João Pessoa. Na capital alagoana, o candidato do governador Renan Filho e do senador Renan Calheiros é o ex-procurador-geral de Justiça Alfredo Gaspar. Ele pode enfrentar no segundo turno o postulante do PSB, o deputado federal João Henrique Caldas (JHC), ou o deputado estadual do PP, Davi Davino - ambos da nova geração da política. Em João Pessoa, o emedebista Nilvan Ferreira aparece atrás do ex-prefeito Cícero Lucena, do PP. Expoente do Centrão, o PP pode vencer na capital paraibana, com Lucena, e em Maceió, com Davino - aposta do pré-candidato à presidência da Câmara, Arthur Lira, que é presidente regional da sigla. Na região, Bolsonaro declarou apoio aos candidatos em Recife, Delegada Patrícia Domingos (Podemos), Fortaleza, Capitão Wagner (Pros), e São Luís, Eduardo Braide (Podemos), mas eles desidrataram nas pesquisas após a manifestação presidencial.
O caso mais emblemático é o da Delegada Patrícia, em Recife, que no começo da campanha oscilava entre o segundo e o terceiro lugar, e nos últimos dias, tem se mantido em quarto, atrás de João Campos (PSB), Marília Arraes (PT) e Mendonça Filho (DEM). Em contrapartida, embora tenham perdido pontos, em Fortaleza e São Luís, os bolsonaristas têm vaga garantida no segundo turno. Capitão Wagner liderou a disputa desde o início, ameaçando o clã Ferreira Gomes, que controla a capital cearense há oito anos. Mas agora ele aparece em empate técnico com o candidato de Ciro Gomes, o deputado José Sarto (PDT). Apesar da presença ostensiva de Lula nas campanhas, quanto às capitais, o PT tem chances de ir para o segundo turno, exclusivamente, em Recife, com Marília Arraes, e Luizianne Lins, que aparece em terceiro lugar em Fortaleza. Se Luizianne ficar de fora da segunda fase, entretanto, a direção nacional do PT tende a declarar apoio a Sarto, e não revidar o gesto de Ciro em 2018, que se recusou a unir-se a Fernando Haddad (PT). Apesar do desempenho regular nas capitais, o PT pode eleger prefeitos em cidades médias estratégicas, como Lauro de Freitas, Camaçari e Feira de Santana, na Bahia; Itapipoca, Caucaia e Barbalha, no Ceará.
Em São Luís, o bolsonarista Eduardo Braide caiu oito pontos percentuais segundo os principais institutos de pesquisas, mas tinha gordura para queimar, e se mantém na liderança da corrida na capital maranhense. Ele deve enfrentar no segundo turno Duarte Júnior (Republicanos), que é da base do governador Flávio Dino (PCdoB), ou Neto Evangelista, do DEM. Uma vitória de Braide seria simbólica para Bolsonaro, por se tratar da base do governador do Maranhão, que é um de seus principais desafetos. A esquerda desponta competitiva no Nordeste apenas em três capitais: em Fortaleza, com Sarto (PDT) e Luizianne (PT); Recife (PE), com João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT); e Aracaju (SE), onde o prefeito Edvaldo Nogueira (PDT) deve se reeleger. O presidente do PSB, Carlos Siqueira, observa que as eleições municipais têm particularidades locais, sem apresentar qualquer elo com a disputa nacional. Por isso, ele não vê uma correlação direta entre o apoio de Bolsonaro e o desempenho de seus candidatos em Recife, São Luís e Fortaleza. Siqueira atribui o encolhimento da Delegada Patrícia em Recife à disputa acirrada da direita por uma vaga no segundo turno. Para ultrapassá-la, Mendonça Filho (DEM), que havia caído para o quarto lugar, intensificou a artilharia contra a adversária: resgatou postagens antigas da delegada em suas redes sociais em tom ofensivo aos recifenses. Mostrou que no passado ela se referiu à cidade como “recífilis”, em trocadilho com “sífilis”, e a comparou a um “parque de horrores”.
Braide e Capitão Wagner são os bolsonaristas mais autênticos no embate. Braide tem “recall” do pleito de 2016 e baixa rejeição. Capitão Wagner, um dos líderes do motim de uma ala da Polícia Militar em Fortaleza no começo do ano, caiu para o segundo lugar, mas aparece em empate técnico com Sarto. Siqueira classificou como produtiva a aliança preferencial da sigla com o PDT de Ciro Gomes. No Nordeste, a parceria pode eleger os prefeitos de Recife, com João Campos, de Maceió, com JHC, e de Fortaleza, onde o PSB indicou o candidato a vice.

*”Apagão em Macapá prejudica plano político da família Alcolumbre no AP”*
*”Decisão do TSE acirra disputa entre Renan e Arthur Lira”*
 - Senador teme ampliação de espaço politico do atual líder do governo em Alagoas

*”Huck reúne-se com empresários e executivos da Faria Lima”* - Apresentador debateu propostas para o Brasil na casa do empresário João Carlos Camargo em São Paulo

*”Trump quer impedir Estados de certificar vitória de Biden”* - Estratégia poderia abrir caminho para uma reeleição de Trump no tapetão. Especialistas, porém, consideram improvável que a ofensiva jurídica do presidente possa ter êxito, a menos que existam evidências de fraude generalizada na votação

*”EUA barram investimento em 31 empresas chinesas”* - A medida visa dissuadir firmas de investimentos, fundos de pensão e outros investidores americanos de negociar ações de 31 empresas chinesas que o Depatamento de Defesa considera que tem ligações com militares chineses

*”Pandemia reduz projeções de demanda de petróleo”* - A AIE, a Opep e a EIA reduziram suas perspectivas de demanda mundial por petróleo para o trimestre em curso e para o primeiro semestre de 2021

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