Um batalha épica e uma fratura familiar e na esquerda com reverberação nos arranjos de 2022. Os termos grandiloquentes não são à toa quando se trata de descrever a disputa eleitoral no Recife, que chega às vésperas do segundo turno sem saber qual dos primos candidatos ligados ao clã político mais importante do Estado, o de Miguel Arraes, têm mais chances de levar a prefeitura da capital pernambucana. No Recife, Afonso Benites mergulhou na disputa de tons shakespearianos, ou, numa chave mais pop, com rasgos de Game of Thrones. João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT) estão rigorosamente empatados, mostra o levantamento do Atlas Político sobre a disputa. O tom da campanha eleitoral, que começou cordial, degringolou com ataques pessoais e trocas de farpas onde o limite do familiar e do público se confundem. Ao EL PAÍS, o candidato do PSB se defende de acusações de que sua campanha usou de machismo contra Marília, e diz ter sido discriminado por ser jovem. Haverá muita ferida para lamber? "Tenho compromisso de, no meu governo, não aceitar indicação política do PT", disse ele. Em São Paulo, a reta final deu um giro inesperado nesta sexta quando o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, anunciou ter contraído o coronavírus, o que levou ao cancelamento do último debate antes da votação. Os números mostram o atual prefeito Bruno Covas em vantagem, mas há também um desgaste na campanha tucana nas últimas horas. “É extremamente difícil, mas não impossível uma virada de Boulos”, diz Andrei Roman, do Atlas Político, consultoria que também fez levantamentos sobre a disputa em Porto Alegre e em Fortaleza. Confira também as análises de especialistas sobre os caminhos propostos por Covas e Boulos para encarar os efeitos econômicos e sociais gerados pela covid-19 na maior cidade do país. É a pandemia, por sua vez, que rouba a cena em Goiânia. O favorito à prefeitura não sabe que disputa o segundo turno. Maguito Vilela (MDB) está sedado na UTI devido a complicações pulmonares causadas pela covid-19. Maguito, cuja campanha está sendo liderada pelo filho, tem 23 pontos de vantagem nos votos válidos em comparação a seu rival, Vanderlan Cardoso (PSD), que acusa os adversários de "estelionato eleitoral". Ainda tem dúvidas sobre o que pode ou não pode na eleição em meio à pandemia? Leia nosso guia para uma votação segura neste domingo e acompanhe nossa cobertura em tempo real. No plano internacional, a sexta-feira foi também marcada pelo assassinato do "pai" do programa nuclear iraniano. O correspondente Ángeles Espinoza conta que a operação que tirou a vida de Mohsen Fakhrizadeh, cujas suspeitas recaem sobre os israelenses, ocorre em um momento de especial tensão devido à troca de comando em Washington, já que Israel e Arábia Saudita, os principais rivais da República Islâmica na região, temem que Joe Biden retome o acordo nuclear e abandone a política de pressão máxima de Donald Trump. Na semana do adeus a Diego Maradona, texto do escritor Juan Villoro desenha a trajetória do craque, intangível no auge e na espetacular na queda, o que fez dele um expoente do melodrama latino-americano. "Talvez seu destino estivesse previsto em um conto de Borges. O protagonista de O imortal bebe água de um rio arenoso que concede a vida eterna. Esta graça lhe proporciona uma existência onde tudo se reitera sem sobressalto. Ao cabo de algum tempo, entende que a autêntica sorte depende da fugacidade. Convencido de que só o precário pode ser entesourado, busca outro rio que conceda a morte." | ||||||||||
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