Terminada a apuração das eleições presidenciais do Peru, o candidato Pedro Castillo aparece como vencedor, mas isso nem de longe quer dizer que o suspense que envolve o país desde domingo chegou ao fim. Sua adversária Keiko Fujimori pede a revisão de 800 atas de votação e agita o fantasma da fraude, mesmo que sem provas. Caberá à Justiça dizer se aceita ou não um pedido de recontagem, um procedimento que, no mínimo, deve atrasar em duas semanas o resultado oficial. De Lima, os correspondentes Juan Diego Quesada e Jacqueline Fowks trazem detalhes da crise que enche o futuro do Peru de incógnitas, mais uma onda de instabilidade política que tem sido a tônica do país nos últimos cinco anos. Se no plano eleitoral Keiko Fujimori é quem acusa, no criminal ela é a acusada. Em meio à caótica apuração eleitoral, o promotor da Lava Jato peruana pediu a prisão de Fujimori sob a acusação de violação às normas da liberdade vigiada em um processo de lavagem de dinheiro. O pai da candidata —Alberto Fujimori — e seus irmãos — Kenji, Hiro e Sachi Fujimori — também são alvo de investigações pela justiça peruana. Em Brasília, a CPI da Pandemia, impedida por uma decisão judicial de ouvir o depoimento do governador do Amazonas, Wilson Lima, se dedicou nesta quinta-feira a aprovar requerimentos de quebra de sigilo de pessoas-chave na condução da política de combate à crise sanitária pelo Governo Bolsonaro. O ex-ministro Eduardo Pazuello, o ex-chanceler Ernesto Araújo e membros do chamado gabinete paralelo do Ministério da Saúde terão seus sigilos telemáticos e telefônicos quebrados para o prosseguimento das investigações da comissão. O repórter Afonso Benites explica que, com a medida, os senadores pretendem provar que Bolsonaro tomou decisões anticiência e que priorizou a campanha em prol da cloroquina ante à da vacinação contra o coronavírus. Também nesta edição, o jornalista Jamil Chade analisa os impactos da realização do Copa América no Brasil, chancelada pelo Supremo Tribunal Federal nesta quinta, num país que já contabiliza quase 500.000 vítimas pela covid-19 e que vê sua seleção silente com relação ao evento. ”Ao tomar essa decisão, o Governo manda uma mensagem de que há uma normalidade vigente e que a crise está sob controle, potencialmente desviando o foco para o acúmulo de corpos empilhados, denúncias de corrupção e uma CPI. Ao se comprometer em organizar o evento, manda também um sinal subliminar de que existem outras prioridades e que o vírus não pode determinar nossas vidas”, escreve. Para entrar no clima de sextou, Sergio del Molino escreve sobre a terceira temporada de O método Kominsky e analisa os desafios de apresentar a velhice sem eufemismos nem armadilhas nas telinhas. Segundo ele, a obra (disponível na Netflix) cumpre com excelência a meta, com episódios que apresentam a ferocidade do envelhecimento em oposição à inércia da juventude eterna projetada pelo mundo. | |||||||||
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