quinta-feira, 24 de junho de 2021

Deu na Imprensa - 24/06/2021

 

As manchetes dos jornais se dividem nesta quinta-feira 24 de junho entre a queda do ministro Ricardo Salles e a revelação de que deputado aliado do DEM avisou ao presidente Jair Bolsonaro sobre compra suspeita da vacina Covaxin pelo Ministério da Saúde. Estadão e Globo apostam forte na denúncia de corrupção no governo, enquanto Folha e Valor posicionam na manchete principal a saída do ministro do Meio Ambiente – tema também que tem grande repercussão no exterior (leia mais em Brasil na Gringa). Nenhum jornal relaciona que os dois casos tratam de um tema quente: a corrupção no governo

FolhaCai Salles, que conduziu agenda antiambiental no Meio AmbienteValorSalles deixa Meio Ambiente e temor é de continuidadeEstadãoAliado diz que avisou Bolsonaro de compra suspeita de vacinaO GloboServidor diz ter levado suspeita na compra da Covaxin a Bolsonaro. E a edição brasileira do El PaísCompra de vacina Covaxin arrasta Bolsonaro para sombra da corrupção.

O outro tema relevante do dia recebe chamadas nas primeiras páginas dos jornais e chegou a receber impressionantes 11' na edição de ontem do Jornal NacionalSTF mantém decisão da 2ª Turma que declarou Sérgio Moro parcial ao condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O plenário da corte concluiu ontem o julgamento iniciado em abril. Foram sete votos a quatro pela validação da decisão da 2ª Turma, que considerou Moro parcial na condenação de Lula no caso do triplex do Guarujá. 

A nova crise política por conta da denúncia de superfaturamento de compra da vacina Covaxin, um negócio cabuloso com cheiro forte de corrupção, ameaça engolfar o governo num novo turbilhão, comprometendo ainda mais a imagem do presidente da República. Os fios começaram a ser puxados agora e o governo cometeu uma tolice ao tentar desqualificar os denunciantes – um servidor do Ministério da Saúde e o irmão, o deputado federal Luiz Miranda (DEM-DF), aliado do governo. Bolsonaro mandou a PF e a CGU investigarem servidor que diz o ter alertado sobre Covaxin.

Um resumo geral do quadro que se apresenta: As suspeitas atingem Planalto após citação a Bolsonaro, e a compra da Covaxin virou agora o principal alvo de CPI, que avalia prevaricação e vê a responsabilização direta de Bolsonaro mais próxima. Omar Aziz vê gravidade no caso, cita Bolsonaro e aciona a PF para saber se o presidente mandou abrir uma investigação – como disse a Miranda e ao irmão que faria em 20 de março, quando encontrou-se com ambos no Palácio da Alvorada. Ex-diretor da PF diz não se lembrar se Bolsonaro pediu investigação sobre Covaxin; PF diz não comentar casos

O Globo traz o entrevista do servidor da Saúde relatando que avisou Bolsonaro sobre suspeitas na importação da vacina Covaxin. A CPI da Covid aprovou os depoimentos do deputado e do irmão – marcado para ocorrer nesta sexta-feira, 25, para avançar em suspeita sobre compra da vacina, negócio tocado na gestão de Eduardo Pazuello na Saúde. 

O atual titular da pasta, Marcelo Queiroga, se irritou ontem com pergunta sobre Covaxin, passando recibo e imitando Bolsonaro ao abandonar a entrevista concedida no Planalto. Onix Lorenzoni anunciou no Planalto a ofensiva do presidente para tentar intimidar os denunciantes. E o deputado retruca: "É fala de desesperado", diz Miranda. "Não aceitamos coação do secretário da Presidência", reforça Renan.

O caso nebuloso está sendo esmiuçado principalmente pelo Globo e o Estadão. A empresa Precisa, responsável por trazer a Covaxin para o Brasil, tentou por duas vezes garantir pagamentos antecipados de US$ 45 milhões – e isso só não foi feito porque o servidor do Ministério da Saúde se recusou a assinar a papelada. Folha lembra que o deputado, ex-youtuber, se elegeu na esteira da defesa de Bolsonaro, mas tem vidraça eleitoral, suspeito de estelionato. Coluna do Estadão destaca que Miranda teria dito que derrubará a República nesta sexta-feira, em seu depoimento.

Pior. Estadão revela que o Ministério da Saúde informou ao Congresso a compra de Covaxin. Em resposta a requerimento de deputado, pasta citou aquisição há um mês. Queiroga afirma que órgão não comprou imunizante. Segundo o jornal, o número 2 da pasta – um coronel do Exército que agora atua na Casa Civil, Hélcio Franco, centralizou compra de vacinas antes de ministério fechar acordo por Covaxin. 

LULA

As eleições presidenciais do Brasil em 2022 é tema de artigo no jornal francês Le Monde, que aponta desfecho incerto à vista para o duelo entre Bolsonaro e Lula"Apesar das pesquisas lisonjeiras, o ex-presidente de esquerda não terá vida fácil contra o presidente de extrema direita que está saindo na eleição presidencial", escreve o correspondente Bruno Meyerfeld"Enfraquecido, Bolsonaro está longe de ser um 'pato manco'. O presidente não perdeu sua base popular (cerca de 30% do eleitorado) nem sua base parlamentar (60 a 70% dos deputados apóiam sua ação). Apesar das polêmicas, ainda conta com o apoio massivo das elites militares, evangélicas e do agronegócio: os três pilares sobre os quais assenta o seu poder"

"Outro ponto fundamental: o Brasil não se inclinou para a esquerda. Pelo contrário. Em uma sociedade cada vez mais conservadora e violenta, marcada pela ascensão dos evangélicos, o Bolsonaro continua brincando de veludo. O Partido dos Trabalhadores (PT) continua sendo um escudo para a maioria dos brasileiros, sinônimo de corrupção e má gestão do Estado. Há muito tempo que Lula não é unânime: segundo o Instituto Datafolha, 57% dos brasileiros em março consideraram 'justa' sua pena de prisão", pontua.

Escreve Meyerfeld: "Iriam os 'Lulistas', portanto, errar por excesso de confiança? Sempre popular, Lula não é imbatível e, segundo muitos observadores, será preciso muito mais do que uma vaga promessa de um retorno a uma 'era de ouro' mitificada, por mais brilhante que seja, para derrotar Bolsonaro. A opinião é do cientista político Miguel Lago, que escreveu um longo e fascinante artigo na revista Piauí em maio. Alerta a tentação de desprezar 'a inteligência e o mérito de Bolsonaro', verdadeiro guru da 'nova política', que está longe de ter proferido a sua última palavra".

"Em um Brasil eletrificado, é uma aposta arriscada. Além disso, derrotar Jair Bolsonaro nas eleições, por mais triunfante que seja, não pode ser suficiente. O Brasil, em meio a uma gravíssima crise econômica, social e moral, não precisa urgentemente apenas de outro presidente, mas também de um grande presidente. Figura considerável na história de seu país, Lula é o único, hoje, capaz de encarnar essa esperança. Mas um ano e meio antes da eleição presidencial, nada acabou ainda", conclui. 

BRASIL NA GRINGA

New York Times noticia que o Brasil atingiu a marca de 500 mil mortes na pandemia. "Uma tragédia sem nenhum sinal de que vai acabar" – destaca o jornal, em reportagem assinada por Ernesto Londoño e Flávia Milhorance, com fotos impactantes do premiado Maurício Lima"No Brasil, maior nação da América Latina, o vírus encontrou um terreno notavelmente fértil, turbinando o surto que transformou a América do Sul no continente mais afetado do mundo", diz o texto. "O Brasil ultrapassou recentemente 500.000 mortes oficiais de Covid-19 , o segundo maior total do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Cerca de 1 em cada 400 brasileiros morreu do vírus, mas muitos especialistas acreditam que o verdadeiro número de mortes pode ser maior . Lar de pouco mais de 2,7% da população mundial, o Brasil é responsável por quase 13% das fatalidades registradas, e a situação não está melhorando".

Em outra reportagem, o NYTimes informa que a Casa Branca planeja enviar 3 milhões de doses da vacina da Johnson & Johnson ao Brasil nesta quinta-feira. A remessa faz parte da promessa do presidente Biden de entregar 80 milhões de doses no exterior até o final de junho. 

O francês Le Monde noticia o agravamento da crise sanitária da Covid-19 no Brasil: Novo recorde de contaminações no diante de uma terceira onda. "O Brasil registrou mais de 115 mil novos casos em vinte e quatro horas, novo recorde que confirma a chegada de uma terceira onda, que já mata mais de 2 mil por dia", aponta o jornal. "Embora a pandemia Covid-19 – e seus 3,8 milhões de mortes em todo o mundo – pareça estar marcando passo em países onde a vacinação está progredindo rapidamente, ela continua a causar estragos no Brasil, atormentado por uma terceira onda de contaminações", informa. O argentino Página 12 é outro a noticiar o novo recorde de infectados pelo coronavírus no Brasil: 115.228 casos de coronavírus em 24 horas"Covid-19 continua a atingir o gigante sul-americano", informa. 

O americano Washington Post destaca que um projeto de lei foi aprovado pela Câmara em meio a protestos indígenas que temem o enfraquecimento de suas reivindicações por regularização de terras. "Centenas de indígenas se reuniram em frente ao Congresso brasileiro na quarta-feira para pressionar pela rejeição de um projeto de lei que poderia afrouxar a proteção de suas terras - uma proposta que já gerou confrontos com a polícia", informa o jornal, replicando despacho da Associated Press.

O jornal também noticia que o ministro do Meio Ambiente renunciou em meio a críticas e investigações policiais"O ministro do Meio Ambiente do Brasil, Ricardo Salles, anunciou sua renúncia na quarta-feira, desistindo do cargo em meio a duras críticas à sua posse e duas investigações sobre suas ações envolvendo exploração madeireira supostamente ilegal", diz o texto, uma reportagem da AP, distribuída ontem e reproduzida por jornais e sites noticiosos ao redor do mundo. 

A queda de Salles também é destaque no Wall Street Journal, em reportagem assinada por Samantha Pearson, lembrando que o ministro era amplamente criticado por ativistas ambientais pelo aumento do desmatamento da Amazônia sob sua supervisão. Ele será substituído por Joaquim Alvaro Pereira Leite. A renúncia do ministro também repercute no Financial Times, apontando que a renúncia de Salles foi aplaudida por ativistas"Aliado do presidente Jair Bolsonaro sob investigação por acusações de conluio com madeireiros ilegais na Amazônia", resume.

Os britânicos The Guardian The Times também colocam a queda de Salles em perspectiva. Ministro do Meio Ambiente do Brasil desiste em meio a inquérito sobre extração ilegal de madeira na Amazônia – é o título da matéria do jornal progressista. "Em negociações com os EUA para proteger a barraca da floresta tropical, Ricardo Salles enfrenta investigação criminal", sublinha o jornal. Ele é acusado de obstruir um inquérito policial sobre a extração ilegal de madeira na floresta amazônica. "Um juiz da Suprema Corte autorizou a investigação de Ricardo Salles depois que uma batida da polícia federal teve como alvo o ministro e outros funcionários que teriam permitido a exportação ilegal de madeira", lembra.

O ministro do Meio Ambiente do Brasil, Ricardo Salles, demite-se por causa de investigações madeireiras na Amazonia – destaca o Times"O ministro do meio ambiente do Brasil renunciou enquanto enfrenta duas investigações sobre suas ligações com a extração ilegal de madeira na floresta amazônica. Ricardo Salles é um amigo da família do presidente Bolsonaro", lembra. 

No El País, matéria diz que o ministro do Meio Ambiente do Brasil renuncia à medida que desmatamento acelera. O argentino Página 12 também trata da queda do ministro e ressalta que ele é alvo de duas investigações relacionadas à exportação ilegal de madeira. O português Público informa a demissão do ministro do Ambiente do Brasil, alvo de inquérito sobre desflorestação da Amazônia. "A saída de Ricardo Salles foi festejada pela oposição e por muitas organizações não-governamentais, mas todos sublinham que 'a destruição ambiental' promovida por Bolsonaro vai continuar", reporta. "Quantas árvores precisaram de ser derrubadas para que Ricardo Salles também fosse?", comentou o senador Humberto Costa, do PT.

INTERNACIONAL

A manchete do Financial Times nesta quinta-feira, 24, é sobre  a iniciativa de Alemanha e França para redefinir as relaçãos da União Europeia com a Rússia. Os dois países pedem nova estratégia da UE de envolvimento mais estreito com a Rússia para construir as discussões com Moscou na sequência da cúpula do presidente Joe Biden, em Genebra, com Vladimir Putin. Diplomatas disseram que Angela Merkel, a chanceler alemã, queria que a UE considerasse convidar o presidente russo para uma cúpula com líderes da UE. A iniciativa é apoiada pelo presidente francês Emmanuel Macron.

"A Alemanha considera que a cúpula Biden-Putin fornece um modelo para relançar as relações com a Rússia. Merkel se encontra com Putin regularmente e falou com ele no início desta semana por telefone, mas defende encontrar um formato que permita à UE falar a uma só voz sobre a Rússia", reporta o jornal inglês. "Por mais que discutamos, devemos manter os canais de comunicação abertos, para podermos expressar claramente nossas posições e interesses e, então, ver se alguma solução pode ser encontrada", diz Merkel. 

Apesar disso, a tensão é crescente. Jornais europeus – os ingleses em manchete e chamadas de capa – destacam o alerta de Putin sobre o início de um conflito armado no Mar Negro. "Podemos disparar", advertiu a Rússia, alertando Londres contra novas "provocações" na Crimeia. A Frota do Mar Negro da Marinha russa disparou na quarta-feira tiros de alerta contra o navio de guerra britânico HMS Defender, ao sul do cabo Fiolent, na costa da Crimeia, depois da tripulação não ter reagido aos apelos dos russos para que se afastassem.

Washington Post destaca em manchete de primeira página que a rápida disseminação da variante delta do coronavírus está prestes a dividir os Estados Unidos novamente. Áreas altamente vacinadas continuam em direção à liberdade pós-pandemia e regiões mal vacinadas estão ameaçadas por um número maior de casos e hospitalizações. O alerta é das autoridades de saúde. "A variante altamente transmissível está cobrando alto dos hospitais em uma parte rural do Missouri, pouco vacinada, e o número de casos e hospitalizações estão aumentando em estados como Arkansas, Nevada e Utah, onde menos de 50% da população recebeu pelo menos uma dose da vacina", relata.

Wall Street Journal coloca como assunto principal na primeira página a decisão da Suprema Corte de suspender os planos do governo para um novo supervisor das empresas Freddie e Fannie"É um golpe para os investidores que apostam que os gigantes do mercado hipotecário voltariam para mãos privadas após mais de 12 anos de controle do governo", destaca o jornal americano. O governo Biden demitiu o chefe da Federal Housing Finance Agency depois que a Suprema Corte decidiu que ela estava estruturada de forma inconstitucional, desferindo o golpe mais recente para os investidores que apostavam que os gigantes hipotecários Fannie Mae e Freddie Mac voltariam às mãos privadas. As duas empresas estavam na origem da bolha imobiliária que explodiu em 2008 e resultou na maior crise financeira da história dos Estados Unidos, desde a Grande Depressão de 1929.

 

AS MANCHETES DO DIA

Folha: Cai Salles, que conduziu agenda antiambiental no Meio Ambiente

Estadão: Aliado diz que avisou Bolsonaro de compra suspeita de vacina    

O Globo: Servidor diz ter levado suspeita na compra da Covaxin a Bolsonaro 

Valor: Salles deixa Meio Ambiente e temor é de continuidade

El País (Brasil): Compra de vacina Covaxin arrasta Bolsonaro para sombra da corrupção

BBC Brasil: Famílias de vítimas da covid-19 processam Bolsonaro por conduta na pandemia

UOL: Bolsonaro é citado, e compra da Covaxin vira principal alvo de CPI

G1: SP registra mais casos de Covid em junho do que no mês mais letal da pandemia

R7: Brasil recebe hoje mais 3 milhões de doses da vacina da Johnson doadas pelos Estados Unidos

Luis Nassif: Xadrez do caso Paraguai e as jogadas ambientais de Ricardo Salles

Tijolaço: A "verdade corporativa' é argumento jurídico?

Brasil 247: "Eu levei toda a documentação ao presidente", diz servidor que denunciou corrupção no governo Bolsonaro

DCM: Luís Miranda a Bolsonaro: "Sempre te defendi e essa é a recompensa?"

Rede Brasil Atual: Investigado pela PF, Ricardo Salles pede demissão do Ministério do Meio Ambiente

Brasil de Fato: Exclusivo: prefeitura de SP deixa carros próprios parados e gasta R$ 14 mi em locação

Ópera Mundi: Pela 29ª vez, países condenam na ONU bloqueio dos Estados Unidos contra Cuba

Fórum: Bolsonaro teria exonerado Salles com medo de novas denúncias bombásticas

Poder 360: Para 50%, Bolsonaro é ruim ou péssimo; 28% dizem ser ótimo ou bom

Vi o Mundo: Renan promete prender Onyx se secretário de Bolsonaro continuar a intimidar testemunha

New York Times: Juízes controlam poder das escolas para limitar discurso

Washington Post: Variante delta é uma ameaça crescente para não vacinados

WSJ: Os juízes revogam o plano para Fannie e Freddie

Financial Times: Berlim e Paris propõem redefinição das relações da UE com Moscou

The Guardian: Policial condenado por homicídio culposo de jogador de futebol

The Times: Você não vai parar nossos navios, diz a desafiadora Grã-Bretanha a Putin

Le Monde: Regionais: a França dos abstencionistas

Libération: Euro: A UE se engaja contra a lei homofóbica de Orbán

El País: Os indultados saem da prisão clamando independência

El Mundo: Pandemia. Governo permite o retorno do público aos estádios de futebol e basquete

Clarín: Pela falta da segunda dose, analisam combinar Sputnik com outras vacinas

Página 12: Separadas por mudança

Granma: Estamos vivos

Diário de Notícias: País congela desconfinamento. Lisboa recua dois meses

Público: Medina pressiona governo a rever critérios de recuo no desconfinamento

Frankfurter Allgemeine Zeitung: Perguntar?

The Moscow Times: Moscovitas migram para os centros de vacinação em meio a dose obrigatória

Global Times: China publica carta branca sobre a prática do Partido Comunista na proteção dos direitos humanos

Diário do Povo: Presidente chinês pede construção de parceria mais estreita com Belt and Road

Nenhum comentário:

Postar um comentário