quarta-feira, 9 de junho de 2021

Kathlen e seu bebê, mais duas vidas negras interrompidas no Brasil

 


O segundo depoimento de Marcelo Queiroga na CPI da Pandemia mostrou que sua tarefa de lidar com a crise sanitária é impossível no Ministério da Saúde do Governo Bolsonaro. Obstinado em permanecer em seu cargo, Queiroga tentou blindar o presidente ao mesmo tempo em que deixou claro que a cloroquina é ineficaz contra a covid-19 e que o uso de máscaras e o distanciamento social são medida necessárias. “Eu sou ministro da Saúde, não sou censor dele. O presidente da República não é julgado pelo ministro da Saúde”, declarou. Afonso Benites analisa as mais de setes horas de sabatina, na qual o ministro deixou pontas soltas sobre o fornecimento constante de vacinas.

Mais duas vidas negras foram ceifadas em um tiroteio durante ação policial no Rio de Janeiro. Kathlen Romeu, grávida de pouco mais de três meses, foi baleada em meio a uma operação policial em Lins de Vasconcelos, zona norte do Rio, nesta terça-feira. Não se trata de uma exceção. Nos últimos cinco anos, 15 grávidas foram baleadas no Grande Rio, escreve Cecília Olliveira. "Moradores foram às ruas protestar contra a morte da jovem designer de interiores. E na capa de um dos maiores portais de notícias do país era possível ler a manchete 'Protesto fecha autoestrada Grajaú-Jacarepaguá'. A morte vinha em detalhe, abaixo."

Também nesta edição, reportagem de Marina Rossi conta a rota de agrotóxicos desde as plantações brasileiras até às mesas europeias. Seis em cada dez frutas locais chegam aos alemães com substâncias proibidas na Europa, mostra estudo do Greenpeace, que detectou ao menos 35 agrotóxicos nas frutas exportadas pelo Brasil à Alemanha. A análise chega em um momento crucial para a ratificação do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul.

No Congresso brasileiro, é o debate sobre plantio de cannabis medicinal que ganha a atenção. Nesta terça-feira, comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou, em votação apertadíssima, o projeto que legaliza o cultivo da planta para fins medicinais e industriais e pode beneficiar cerca de 13 milhões de brasileiros, que dependem do produto para tratamentos médicos. O tema, que conta com a oposição do bolsonarismo, vai plenário e, se passar, ao Senado. Enquanto a legalização não vem, Joana Oliveira conta que iniciativas como uma clínica popular em Salvador tentam baratear o acesso aos tratamentos.

De Pequim, a correspondente Macarena Vidal Liy conta como o Partido Comunista da China comemora o seu primeiro centenário. Do "turismo vermelho", com a peregrinação a lugares emblemáticos da Revolução, à campanha lançada pelo Governo de Xi Jiping para que os chineses estudem a história do partido, o país se volta para o aniversário de sua instituição mais importante e espera movimentar cifras milionárias.


Obstinado, Queiroga expõe barreiras impostas por Bolsonaro
Obstinado, Queiroga expõe barreiras impostas por Bolsonaro
Pela primeira vez, titular da Saúde diz que cloroquina não funciona no tratamento de covid-19, mas que não é “censor” do presidente

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