Nos jornalões brasileiros nesta quinta-feira, 17 de junho, dois assuntos principais nas manchetes: lei de improbidade e jabutis na MP da Eletrobrás. Folha destaca que o Senado amplia privilégios e custos em MP da Eletrobrás, a ser votada hoje pelo plenário da Câmara Alta. O presidente Jair Bolsonaro surge, alertando: "Se não privatizar, acaba. Vamos ter um caos". Jornais ainda registram que o debate sobre a venda da Eletrobrás está emperrado, e o Amapá sofreu novo apagão ontem. Informa a Folha: Causas ainda não foram divulgadas; fornecimento já foi restabelecido. Já Estadão e Globo elevam como assunto mais importante do dia a aprovação pela Câmara do projeto que altera a Lei de Improbidade. No paulistano: Câmara afrouxa lei que pune políticos por irregularidades. E o carioca: Por 407 a 67, Câmara aprova alterações na Lei de Improbidade. Ambos apontam que PT se uniu a bolsonaristas para aprovar a proposta. Em editorial, O Globo diz que a Lei de Improbidade Administrativa tem mesmo de mudar. "Da forma como vem sendo aplicada, a Lei de Improbidade tem funcionado para inibir os bons profissionais de tomar parte na gestão pública, onde se veem sob constante ameaça de processos", opina. Já o Valor coloca no centro das atenções a decisão sobre a nova alta da taxa Selic: BC e Fed sinalizam ajuste mais duro contra inflação. De todos, a edição brasileira do El País é o único a colocar a dar amplo destaque à um novo fato: Brasil registra o maior número de mortes diárias por coronavírus desde o final de abril e volta a acelerar contágios. O jornal destaca ainda que o neurocientista Miguel Nicolélis alerta que o país está prestes a superar uma marca terrível e que a situação vai piorar. "Chegamos a 500.000 mortos e estamos permitindo que a terceira onda seja acelerada", adverte. Ele ressalta que, de acordo com os dados oficiais, o Brasil voltou à liderança no ranking dos países onde mais se morre por Covid-19 no planeta. "É como se Florianópolis sofresse um ataque nuclear e toda a população da cidade, por volta de 500.000 habitantes, desaparecesse num piscar de olhos", compara. Na política, Folha destaca – com chamada na primeira página – que Lula avalia ida a protesto contra Bolsonaro, mas aliados temem contaminação eleitoral. Ex-presidente ouve prós e contras de PT e movimentos para tomar decisão, após envolvimento discreto em atos de rua da oposição. Painel da Folha Todos os jornalões falam da reunião entre dirigentes de partidos de direita e centro para tentar a construção de um nome para as eleições presidenciais de 2022. Sem nome nem perspectiva, 7 partidos buscam terceira via para 2022 que atraia 'maioria silenciosa' – diz a Folha. Grupo almeja alavancar um nome para disputar contra Lula e Bolsonaro, mas encontro revela esvaziamento e rachas. Estadãodestaca a declaração de Luciano Huck, que fugiu da eleição presidencial, mas diz que não se furtará ao debate: "A fumaça não volta para dentro da garrafa". A foto do encontro ontem (acima), reunindo dirigentes do PSDB, DEM, Cidadania, Podemos, PV e Solidariedade – Baleia Rossi mandou um deputado do MDB – é de um velório sem corpo presente. O colunista Bruno Boghossian, na Folha, resume a situação: Saída de Huck obriga entusiastas da terceira via a cair na real. "O consórcio de centro parece negociar a propriedade de um espaço que não existe ou que não é grande o suficiente para abrir caminho para o segundo turno. Ao tratar Huck, Doria, Ciro, Luiz Henrique Mandetta, Sergio Moro e João Amoêdo como apostas intercambiáveis, esse grupo mostrou que a terceira via é só um objeto de especulação eleitoral", escreve. Merval Pereira parece desolado no Globo: Procura-se um candidato honesto e capaz de superar a polarização entre Bolsonaro e Lula. Sobre a CPI da Covid, jornais trazem o depoimento do ex-governador do Rio Wilson Witzel, com acusações pesadas contra Bolsonaro e o bate-boca com o filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro. Mas a notícia mais relevante é o anúncio do relator Renan Calheiros (MDB-AL), que deve apresentar lista de investigados na CPI da Covid com 10 nomes, incluindo o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Outro destaque é que ministros do Supremo autorizam o 'auditor paralelo' do TCU, responsável pelo relatório com dados falsos usados por Bolsonaro na semana passada para subestimar o número de mortes, e o empresário bilionário Carlos Wizard a ficarem em silêncio em CPI. Ambos tiveram seus sigilos quebrados. Ainda sobre o tema, jornais repercutem a declaração da ministra Rosa Weber, do STF, que considera gravíssimo combater a pandemia com gabinete paralelo. Bolsonaro nega existência do 'Gabinete das Sombras', mas diz não ver problema no combate à Covid. Folha ainda noticia que o inquérito dos atos antidemocráticos revelou que o acesso ao perfil do Instagram Bolsonaro News foi ampliado de dentro da Presidência à medida que as manifestações que pediam o fechamento de instituições como o STF se intensificaram no ano passado. Então administrada pelo assessor especial da Presidência Tércio Arnaud Tomaz, apontado como um dos integrantes do chamado "gabinete do ódio", a conta é suspeita de publicar conteúdo contra autoridades críticas ao chefe do Executivo e é investigada pela Polícia Federal. No Globo, o destaque da edição de hoje é a entrevista do vice-presidente Hamilton Mourão, que surge como um bolsonarista iludido e tentando se redimir. Ele diz a Malu Gaspar que não há espaço para levante bolsonarista nas PMs. Riscos da polarização nas eleições, pandemia, desmatamento da Amazônia, punição a Pazuello, passaporte da imunidade são os temas da entrevista. BOLSA FAMÍLIA No UOL, a manchete principal é que Bolsonaro pensa em extinguir o pagamento anual do abono salarial do PIS/Pasep para poder aumentar o Bolsa Família de R$ 190 para R$ 300. Hoje o abono salarial é de até um salário-mínimo (atualmente, em R$ 1.100) pago uma vez por ano a 25 milhões de trabalhadores com carteira assinada e renda mensal de até dois salários mínimos. "A perda de popularidade e a necessidade de criar uma marca social contribuíram para que o presidente passasse a considerar a eliminação de um benefício para engordar outro", informa. No Estadão, a colunista Adriana Fernandes diz que Bolsonaro encomendou a Paulo Guedes reajuste para servidores em 2022. "De olho em reeleição", resume. "Correção de 5% teria custo de R$ 15 bi no Orçamento do ano que vem, o forçando a ter de escolher entre dar o reajuste, reformular o Bolsa Família ou investir em obras", observa. Sobre o Bolsa Família de R$ 300 anunciado por Bolsonaro, o jornal relata que o governo ainda precisa apontar de onde virá a verba. A propósito, o presidente Jair Bolsonaro sinalizou que deve se filiar ao Patriota para disputar a reeleição no ano que vem. Segundo o Valor, deputados fiéis ao bolsonarismo contam com possível janela no mês que vem para fazer a migração. BRASIL NA GRINGA New York Times relata que a OMS exorta as nações ricas a dar prioridade à América Latina para doações de vacinas. "Nove dos dez países com as mortes mais recentes em proporção às suas populações estão na América do Sul ou no Caribe, onde as campanhas de vacinação estão, em sua maioria, iniciando de forma lenta e caótica", escreve o correspondente Ernesto Londoño. "Funcionários da OMS disseram que focar nos países onde a crise é pior - incluindo Colômbia, Brasil, Argentina e Chile - faz sentido tanto do ponto de vista moral quanto pragmático". A edição impressa do francês Le Monde traz hoje dois artigos que denunciam o governo Bolsonaro e o estado geral do país no exterior. No primeiro, Sonia Guajajara, as deputadas federal Joenia Wapichana (Rede-PA) e estadual Vivi Reis (PSOL-PA) denunciam a "tragédia na Amazônia". "O projeto do Ferrogrão corre o risco de levar a destruição da floresta a um nível irreversível" – apontam. "Imposto pelo agronegócio, esse novo eixo ferroviário, destruindo a floresta ao longo de 900 quilômetros, ameaça sua sobrevivência e a dos povos indígenas". O outro artigo é assinado por Chico Buarque, Noam Chomsky e outros intelectuais e parlamentares brasileiros, franceses e catalães exigindo justiça para o massacre da favela do Jacarezinho. A morte de 28 moradores de uma favela no Rio de Janeiro em 6 de maio mais uma vez ilustra o uso extremo da força pela polícia. O alemão Sueddeutsche Zeitung fala sobre o desastre anunciado no país com a realização da competição de futebol. "O Brasil, entre todos os lugares, está sediando a Copa América, em quase nenhuma outra região do mundo a Covid-19 está furiosa como aqui. Mesmo os meios legais não puderam impedir o torneio – no início havia 50 casos positivos de coronavírus", escreve o correspondente Christoph Gurk, a partir de Buenos Aires. "A Copa América é uma espécie de catástrofe anunciada: deveria ter acontecido no ano passado, mas foi adiada para este ano por causa da pandemia, na esperança de um pouco de normalidade. Embora isso tenha retornado até certo ponto na Europa e nos EUA, a América do Sul está sendo atingida pela Covid-19 como quase nenhuma outra região do mundo. Em nenhum lugar há mais pessoas morrendo por causa do patógeno do que aqui. As campanhas de vacinação param e o inverno está chegando". INTERNACIONAL Na imprensa internacional, o grande assunto do dia é o encontro entre os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia – manchete principal do New York Times, Washington Post, Wall Street Journal e Financial Times. No NYT: Biden e Putin expressam desejo por melhores relações na cúpula moldada por disputas. "Depois de sua primeira reunião de cúpula, os dois líderes se descreveram com respeito, mas não resolveram nenhuma das divergências que levaram os laços EUA-Rússia ao seu nível mais baixo desde a Guerra Fria", destaca o jornal americano. "Parece que a associação deles é tensa e frustrante, onde os dois líderes podem manter um verniz de discurso civil, mesmo quando lutam no cenário internacional". Washington Post destacou que os dois presidentes colocaram às diferenças na mesa. "O presidente Biden disse que pressionou o russo Vladimir Putin sobre supostas invasões, abusos dos direitos humanos e outras questões preocupantes em uma primeira cúpula histórica em Genebra na quarta-feira, uma sessão obscurecida pela deferência sem precedentes ao astuto líder russo que o presidente Donald Trump exibiu para quatro anos", detalha o jornal. No WSJ: Biden e Putin discutem questões espinhosas durante a primeira cúpula. E o Financial Times: Biden avisa Putin sobre repercussões "devastadoras" se Navalny morrer na prisão. Diário do Povo da China informa que Putin atacou os EUA após reunião com Biden. O presidente russo falou sobre controle de armas, direitos humanos, ciberataques, entre outras questões, após conversas "construtivas" com seu homólogo norte-americano Joe Biden. "Quanto à avaliação geral, acredito que não houve hostilidade", disse Putin durante sua coletiva de imprensa, acrescentando que a reunião, a primeira do tipo desde que Biden assumiu o cargo em janeiro, foi "aberta" e "não houve pressão das partes umas sobre as outras". Na imprensa britânica, o Guardian informa que o ex-assessor Dominic Cummings fez novas revelações em um ensaio de 7.000 palavras em que zombou do primeiro-ministro, alegando que Johnson pretendia deixar o cargo após a próxima eleição para "se divertir e ganhar dinheiro". O Times sugere que, apesar das novas revelações de Cummings, o secretário de saúde deve ser inocentado das acusações de que mentiu a Boris Johnson. O jornal também diz que Cummings deu a entender que as mensagens são o início de uma campanha prolongada para prejudicar o governo. |
AS MANCHETES DO DIA |
Folha: Senado amplia privilégios e custos em MP da Eletrobrás Estadão: Câmara afrouxa lei que pune políticos por irregularidades O Globo: Por 407 a 67, Câmara aprova alterações na Lei de Improbidade Valor: BC e Fed sinalizam ajuste mais duro contra inflação El País (Brasil): Brasil registra o maior número de mortes diárias por coronavírus desde o final de abril e volta a acelerar contágios BBC Brasil: CPI da Covid: 3 questões sobre a reunião fechada que senadores querem fazer com Witzel UOL: Bolsonaro avalia acabar com abono do PIS/Pasep para elevar Bolsa Família G1: CPI irá questionar auditor do TCU sobre relatório falso; servidor pode se calar R7: Membros do Bolsa Família começam a receber a 3ª parcela do auxílio emergencial Luis Nassif: Para entender o sobe-e-desce do dólar Tijolaço: Barroso libera Wizard de responder sobre "gabinete das sombras" Brasil 247: Mourão lamenta: "não sei por que o presidente me exclui das reuniões" DCM: 'Jamais vou maquinar contra o presidente', diz Mourão Rede Brasil Atual: PEC 32 'constitucionaliza a precarização' e é retrocesso democrático, afirma socióloga Brasil de Fato: Prefeitura de SP quer aprovar projeto que prevê abstinência sexual para estudantes Ópera Mundi: Peru: Chefes dos 3 poderes rechaçam 'ruptura' e pedem respeito a resultados da eleição Fórum: STF dá a "auditor paralelo" do TCU e Carlos Wizard o direito de ficarem calados na CPI Poder 360: Real foi a 15ª moeda que mais ganhou valor em relação ao dólar em 2021 Vi o Mundo: Só 2,22% das "motos inscritas" no encontro com Bolsonaro compareceram, mostra pedágio New York Times: Os presidentes duelam mesmo quando procuram facilitar os relacionamentos Washington Post: Biden e Putin colocam as diferenças na mesa WSJ: Biden e Putin discutem questões espinhosas durante a primeira cúpula Financial Times: Biden avisa Putin sobre repercussões "devastadoras" se Navalny morrer na prisão The Guardian: Textos de Cummings mostram primeiro-ministro chamando o secretário de saúde de 'totalmente desesperado' The Times: Desesperado, Hancock será eliminado na fila Le Monde: Indústria: Como reconciliar emprego e clima Libération: Nós respiramos El País: Bruxelas reclama consenso para aplicar o plano espanhol El Mundo: Boom de preços. A eletricidade e o combustível já dispararam 37 euros por família em apenas 15 dias Clarín: Para apoiar a Argentina no FMI, EUA reclamam um plano econômico "sólido" Página 12: Visitante Granma: Desenvolvimento humano, outra potencialidade do ponto de vista local Diário de Notícias: Governo avalia conselhos. Lisboa ainda se mantém Público: Portugal só recebe os cheques do PTT se cumprir as metas de Bruxelas Frankfurter Allgemeine Zeitung: O futuro da juventude Sueddeutsche Zeitung: As fantasias da batalha final dos esquerdistas radicais The Moscow Times: O impulso de vacinação obrigatória sem precedentes da Rússia divide a sociedade Global Times: Módulo central da estação espacial da China recebe o primeiro grupo de residentes Diário do Povo: Putin ataca os EUA após reunião com Biden |
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