segunda-feira, 28 de junho de 2021

Saída de Salles altera apenas o trajeto da “boiada” do Governo

 


O momento é de celebração, mas sem otimismo com o futuro da agenda ambiental no Brasil. É assim que ativistas, especialistas, diplomatas e investidores ouvidos pela repórter Regiane Oliveira receberam a demissão de Ricardo Salles do Ministério do Meio Ambiente. A promoção de Joaquim Álvaro Pereira Leite, que já atuava no comando da secretaria da Amazônia da pasta, não foi capaz de aliviar o setor, apesar de ele ser descrito como uma pessoa com menor capacidade de resistência às pressões externas que o “truculento” Salles. A expectativa é que o novo titular do Governo de Jair Bolsonaro possa utilizar sua experiência de mais de 20 anos como conselheiro da Sociedade Rural Brasileira (SRB) para azeitar ainda mais a aliança do Executivo com o Centrão, ajudando na aprovação de leis que regulamentem a passagem da “boiada”.

Por outro lado, o Governo Bolsonaro se vê cada vez mais encurralado pelo caso da compra das vacinas indianas Covaxin. A semana começa ainda sob a reverberação da sessão de sexta-feira da CPI da Pandemia, na qual o nome do líder do Governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), foi envolvido no imbróglio. No sábado, o presidente Jair Bolsonaro reagiu a uma semana de desgastes com mais uma motociata, desta vez em Santa Cataria, mas as tentativas de demonstração de força política do mandatário não parecem surtir efeito em sua taxa de popularidade, como conta Rodolfo Borges, principalmente diante do fortalecimento do nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como seu adversário em 2022.

No Peru, é a finalizada —mas não consumada— a contagem de votos da eleição presidencial deste ano, que ainda mobiliza as atenções. Em meio à indefinição sobre a vitória do esquerdista Pedro Castillo, os peruanos viram ressurgir Vladimiro Montesinos, um ex-assessor de Alberto Fujimori conhecido como o grande conspirador do país. Aos 76 anos, Montesinos foi gravado falando de um telefone fixo na penitenciária de segurança máxima onde cumpre pena. Na linha, ele explica a um coronel reformado como ter acesso aos juízes do tribunal eleitoral que estudam as impugnações apresentadas por Keiko Fujimori para tentar evitar a proclamação da vitória de seu rival, como relatam os correspondentes Juan Diego Quesada e Jacqueline Fowks.

Na página cultural, Joana Oliveira fala sobre o retorno ao mercado de uma raridade da música brasileira. Persona, um híbrido de disco e jogo que nasceu na XII Bienal de São Paulo, em 1975, volta graças a um selo independente. “Todo colecionador de música brasileira conhece o disco, mas o jogo é pouco conhecido. Quando meu sócio apareceu um dia com a capa dele dizendo que tinha um amigo que conhecia a família do artista, resolvi ir atrás dessa história”, conta Mateus Mondini, dono do selo Nada Nada Discos, em referência ao álbum de experimentações psicodélicas composto por Luis Sérgio Carlini, que foi guitarrista da banda Tutti Frutti, e pelo artista plástico Roberto Campadello.


Troca no Meio Ambiente deve alterar apenas o trajeto da “boiada” de Salles
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