A despeito do recrudescimento da Covid-19 e todas as críticas, o presidente Jair Bolsonaro confirmou oficialmente ontem que a Copa América vai acontecer no Brasil, entre os dias 13 de junho e 30 de julho. Além do Distrito Federal, primeira sede escolhida, Rio de Janeiro, Goiás e Mato Grosso, todos estados alinhados com o Planalto, se dispuseram a receber partidas. Confira a situação em cada estado. (Globo)
As críticas vêm de todos os lados. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), considera a Copa América inoportuna. “Ela podia ter sido postergada para o final do ano, para o começo do ano que vem, ou até para o ano que vem”, disse ele. Em ofício aos governadores, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) afirma que o evento é “absolutamente desaconselhável” e pode agravar a epidemia no país. E o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que cogitava aceitar jogos em público, voltou atrás e vetou partidas no estado. (Folha)
Enquanto isso... O ministro do STF Ricardo Lewandowski deu cinco dias para o Executivo explicar os detalhes sobre a realização do torneio no Brasil. Ele é relator de uma ação movida pelo PT no Supremo contra o evento. (Poder360)
O general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, virou secretário de Estudos Estratégicos da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, o que engordará em R$ 16.944,90 sua renda mensal. A nomeação acontece na semana em que o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, tem de decidir a punição de Pazuello por violar as leis das Forças Armadas ao participar de ato político com Jair Bolsonaro no Rio. (Estadão)
Malu Gaspar: “O Alto Comando do Exército realiza hoje uma reunião virtual que vai discutir a crise causada pela participação de Pazuello na manifestação de apoio a Bolsonaro. Os generais de quatro estrelas estão indignados com a nomeação de Pazuello para um cargo no Planalto. Foram pegos de surpresa, assim como o comandante Paulo Sérgio, e se consideram traídos por Bolsonaro e pelos também generais e ministros Luis Eduardo Ramos, da Casa Civil, e Walter Braga Netto, da Defesa.” (Globo)
Num dos depoimentos mais tensos e confusos à CPI da pandemia, a médica Nise Yamaguchi negou que o governo tivesse elaborado um decreto para incluir na bula da cloroquina a indicação para Covid-19 e que houvesse um “gabinete paralelo” que aconselhasse Jair Bolsonaro na condução da pandemia à revelia do ministério da Saúde. Ao tentar comprovar suas negativas, porém, ela fez o contrário. Apresentou uma troca de mensagens na qual ela recebia a minuta de um decreto sobre a prescrição de cloroquina e desaconselhava a publicação para “não expor o presidente” e confirmou ter feito parte das reuniões de um “conselho independente” e se encontrado com o empresário Carlos Wizard e com Arthur Weintraub, supostos integrantes do “gabinete paralelo”. (UOL)
A sessão foi tensa. Quando Yamaguchi comparou tratamentos precoces sem eficácia às vacinas, o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), a interrompeu. “Tem que vacinar todos os brasileiros, pelo amor de Deus! Todos os brasileiros precisam de duas vacinas. Duas! Não acreditem nela. A vacina salva!”, exclamou. Em outro momento, o médico e senador Otto Alencar (PSD-BA) questionou a oncologista sobre conceitos básicos de infectologia, e ela não respondeu. Em seguida, o parlamentar apontou a irresponsabilidade da prescrição de cloroquina a qualquer paciente, sem checagem de seu histórico cardíaco. (Globo)
E confira o placar entre o falso e o verdadeiro no depoimento da médica pela checagem da Agência Lupa. Alerta de spoiler: falso ganha de goleada. (Folha)
O comandante da PM de Pernambuco, Vanildo Maranhão, entregou o cargo ao governador Paulo Câmara (PSB) ontem, três dias depois de uma manifestação pacífica contra Bolsonaro no Recife ser dispersada com requintes de violência pela tropa de choque. (Jornal do Commercio)
Dois dias antes da exibição de violência da PM, o Ministério Público alertou três secretários do governo sobre o risco de truculência e a necessidade de orientar a ação dos policiais. A informação faz parte de um inquérito aberto pelo próprio MP para apurar a responsabilidade pela repressão. (Folha)
Igor Gielow: “Episódios em que policiais militares abusaram de suas funções para fazer valer posições favoráveis a Jair Bolsonaro acenderam o sinal de alerta entre líderes políticos acerca da tática do presidente para o ano eleitoral de 2022. Como é notório, Bolsonaro e seus filhos são apoiadores históricos dos estratos inferiores das corporações militares e policiais.” (Folha)
Octavio Guedes: “Em guerra com os governadores há mais de um ano, Bolsonaro encomendou uma pesquisa nacional sobre a qualidade de vida de todos os policiais brasileiros. O Ministério da Justiça colocará à disposição dos profissionais de segurança, entre eles policiais militares e policiais civis dos 26 estados e do Distrito Federal, um questionário que abordará questões salariais e de moradia, entre outros pontos. Governadores estão preocupados com uso político que o presidente Bolsonaro fará com os resultados. ‘Vem coisa por aí’, resumiu um deles. ‘Preocupante. Vamos monitorar’, anunciou outro.” (G1)
Meio em vídeo. Por mais que o governo negue, as manifestações do dia 29 contra a má gestão da pandemia e pedir por vacinas e pelo impeachment de Bolsonaro foram grandes, especialmente para um tempo de pandemia. No Conversas com o Meio desta semana, o editor Pedro Doria discutiu os efeitos desses atos com três especialistas: Marco Ruediger, diretor de Análises de Políticas Públicas da DAPP-FGV, Ricardo Rangel, analista político e colunista de Veja, e Orlando Thomé, estrategista eleitoral e idealizador do Foca na Estratégia. Confira no YouTube.
O relator do processo contra a deputada Flordelis (PSD-RJ) no Conselho de Ética da Câmara, Alexandre Leite (DEM-SP), recomendou que ela tenha o mandato cassado por quebra do decoro parlamentar. Ela é acusada de ser a mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, em junho de 2019. (Poder360)
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