A América Latina viu se desenhar, nestes últimos dias, movimentos políticos decisivos. No México, a população foi às urnas neste domingo para eleger deputados e governadores, mas, acima de tudo, para decidir se daria ao esquerdista Andrés Manuel López Obrador a maioria parlamentar necessária para que ele pudesse reformar a Constituição e tirar da frente os últimos obstáculos a seus planos de Governo. Os mexicanos se pronunciaram por meio de uma participação eleitoral histórica e dificultaram os planos: Morena, o partido de López Obrador, conseguiu aumentar sua participação nos Estados e manteve uma folga no Parlamento, mas só conseguirá manter a maioria absoluta com a ajuda de outros dois partidos aliados. Já no Peru, a população foi às urnas decidir se o país se alinhará ao conservadorismo de Keiko Fujimori, filha mais velha do autocrata Alberto Fujimori, ou ao professor rural esquerdista Pedro Castillo. A campanha dividiu o país em duas vertentes. Fujimori, que fez da camisa da seleção peruana seu uniforme, conseguiu angariar apoio na reta final estimulando o medo do que considera uma aventura rumo ao comunismo e ao estatismo econômico representada pela chegada ao poder de Castillo, vencedor no primeiro turno. Na manhã desta segunda, ainda não era possível saber se a estratégia deu certo: enquanto pesquisas de boca de urna davam uma pequena vantagem a ela, uma contagem rápida (feita em urnas representativas) apontavam uma margem minúscula favorável a ele. E com 92% dos votos apurados, Fujimori vencia por pouco (50,5%), mas a contagem nas áreas rurais, rincões de Castillo (com 49,5% até então), ainda não estava completa. Acompanhe o resultado final no EL PAÍS. Já o Brasil deu um novo passo rumo ao enfraquecimento das instituições. Na última quinta-feira, o Exército, pressionado pelo presidente Jair Bolsonaro, decidiu contrariar seu próprio regramento e não punir o general Eduardo Pazuello por participar de um ato ao lado do mandatário brasileiro. A interferência de Bolsonaro e a decisão do comandante da Força causaram indignação e o temor de que a democracia do país está em risco. Analistas e políticos ouvidos por Felipe Betim e Regiane Oliveira avaliam que ficou a imagem de que o Exército está submisso a Bolsonaro, algo particularmente grave se analisado no contexto do cenário que se desenha para as eleições de 2022. As Forças Armadas são a instituição a que todos os poderes podem recorrer para garantir a lei e a ordem, e que poderia ser acionada caso o presidente, que insufla seus seguidores com o fantasma das eleições fraudadas, conteste o resultado e infle seus apoiadores, como ocorreu nos EUA, com a invasão do Capitólio. "A quem se poderá apelar para manter a disciplina? Essa força, em última instância, está deixando de existir", aponta o ex-ministro Celso Amorim. "Considerados inicialmente como o colchão que evitaria os fundamentalistas da ala mais radical do bolsonarismo de contaminar o Estado, os militares brasileiros hoje vivem uma situação de constrangimento", escreve o colunista Jamil Chade. Algo especialmente complicado em um país que deve chegar às urnas dividido entre dois extremos, com Bolsonaro, de um lado, e Lula, de outro. O centro, enquanto isso, tenta se organizar. Em entrevista a Beatriz Jucá e Afonso Benites, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta explica a estratégia que está sendo desenhada para apresentar uma terceira via, que seja unificada, nas próximas eleições. "É pra entrar para vencer a eleição. E é possível de vencer", afirma ele. Para espairecer, a correspondente Naiara Galarraga Gortázar apresenta o manual de instruções de Vinícius de Moraes. O pai da Bossa Nova ganhou um arquivo digital no qual é possível navegar por toda a sua obra de qualquer lugar do mundo e gratuitamente. Uma coleção enorme e variada: sambas, sonetos, roteiros de filmes, peças de teatro, críticas de cinema... que são um hino à felicidade, à beleza, ao prazer da vida. Algo bastante necessário nos tempos atuais. | ||||||||||
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