Nas manchetes dos principais impressos brasileiros, a notícia do dia é o afastamento do presidente da CBF por conta da acusação de assédio sexual – Fantástico ontem de noite trouxe os áudios da conversa entre Rogério Caboclo e a secretária. Com exceção do Valor, os outros quatro jornalões tratam do assunto na manchete principal e da incerteza da realização da Copa América. Folha: Presidente da CPF é afastado para tentar abafar crise. Estadão: CBF afasta presidente depois de denúncia de assédio sexual. O Globo: CBF afasta Caboclo e eleva incerteza da Copa América. E a edição brasileira do El País: CBF decide afastar seu presidente em meio à crise na seleção e suspense sobre participação na Copa América. Já o Valor destaca: Norma do BC amplia crédito a pequenas e médias empresas. O afastamento do cartola da CBF, substituído por um coronel Antônio Carlos Nunes de Lima, também ganha repercussão externa por conta dos despachos de agências de notícias, como AP e Reuters. As reportagens foram replicadas em jornais influentes na Europa e nos Estados Unidos, como Le Monde, El País, Washington Post e The Guardian. No cenário internacional, muitos temas importantes, valendo destacar o acordo fiscal firmado pelas maiores economias, que permitirá criar um imposto corporativo global, a imprevisibilidade das eleições presidenciais peruanas, com ligeira vantagem para a candidata Keiko Fujimori contra Pedro Castillo, e o triunfo eleitoral de Andre Lopes Obrador no México, assegurando maioria na Câmara. Na política, um noticiário pulverizado e ameno, mas a Folha traz reportagem importante apontando que Bolsonaro recusou vacina da Pfizer que ofereceu imunizantes com valor da dose 50% mais barato do que o que foi pago por EUA e Europa. Farmacêutica, ignorada pelo governo brasileiro, ofereceu doses a US$ 10 cada uma; valor chegava a US$ 20 em outros países. Em outra reportagem, o jornal informa que viagens de Bolsonaro com aglomeração na pandemia representam 90% de gasto em deslocamentos nacionais. Outro destaque é a entrevista do senador Tasso Jereissati ao Globo apontando que os caminhos da investigação da CPI convergem para Bolsonaro. "A responsabilização, com certeza, vai chegar ao presidente", diz. Ele avalia que erros do governo tiveram o presidente como 'ordenador', e que demora por vacinas foi 'deliberada'. "Há vários indícios em várias linhas de investigação, e todas têm uma coisa em comum, que é o Bolsonaro. O problema leva ao Bolsonaro. Se você for falar de vacina, onde parou o processo de compra, a lentidão, você vai no Pazuello, vai no outro, e acaba no Bolsonaro", aponta. Estadão reporta que governo Bolsonaro faz bloqueio ilegal de R$ 5 bilhões e trava pesquisa sobre covid no país. Segundo o jornal, ao sancionar Orçamento, Bolsonaro congelou recursos do Fundo de Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia (FNDCT), operação barrada pelo Congresso em março. Em outra reportagem importante o jornal diz que perfil falso para geração de fake news contra adversários do governo foi acessado da casa de Bolsonaro no Rio e de dentro do Palácio do Planalto. A PF identificou que, entre a rede de contas falsas derrubadas pelo Facebook em junho do ano passado, está um perfil operado de endereços ligados ao presidente. A conclusão consta em relatórios produzidos durante as investigações do chamado inquérito dos atos antidemocráticos – aberto em abril do ano passado para investigar a organização de manifestações defendendo a volta da ditadura militar, intervenção das FFAA e atacando instituições democráticas que marcaram as comemorações pelo Dia do Exército em diferentes cidades do País. O Estadão também noticia o fato de o governo distorcer matéria e insinuar que a revista britânica The Economist sugeriu matar Bolsonaro. Para desqualificar a publicação, uma das de maior prestígio internacional, o Palácio do Planalto atribuiu à revista uma suposta tentativa de "interferir em nossas questões domésticas" e de fazer apologia a um golpe das Forças Armadas contra Bolsonaro. A Secom fez uma série de 23 postagens no Twitter distorcendo o conteúdo da reportagem "É hora de ir embora", que consta do caderno especial que circula na edição do último final de semana. O governo não divulgou nota a respeito, apenas postou as mensagens na rede social. Valor relata que a divisão interna no MDB – entre lulistas, uma minoria bolsonarista, e uma maioria de centro – levou o presidente nacional da sigla, deputado Baleia Rossi (SP), a articular uma candidatura própria do partido à sucessão presidencial. Antes de apostar em nomes, a legenda quer atrair simpatizantes com um projeto de desenvolvimento para o país, o "Ponto de equilíbrio", documento que deve ser lançado em agosto. O jornal também traz uma reportagem com Francisco Teixeira, apresentado como especialista em questão militar, em que aponta que a decisão do comandante do Exército, General Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, de não punir Eduardo Pazuello é um "fato portador de futuro". Ou seja, é um marco que "terá consequências que irão se multiplicar" na relação entre Bolsonaro e os militares. Desta vez, apesar da aparente vitória, Teixeira vê problemas à frente para o ocupante do Planalto. "Não foi bom para a democracia, mas diria que não é para os bolsonaristas comemorarem", afirma. BRASIL NA GRINGA O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso concedeu entrevista ao jornal Clarín, na edição de domingo, em que alerta: há na América Latina uma negação da realidade por parte dos governos e defende aliança com Lula. FHC diz que espera que Bolsonaro não seja reeleito e rejeita que Lula seja um líder de esquerda e o elogia como um grande democrata. "Lula mostrou quando foi presidente que é mais democrático do que eu imaginava. Lula fez uma ponte. Ele nunca esqueceu sua origem e sempre governou respeitando as leis. Lula representa esse sentimento médio do brasileiro que quer algo para acabar com a pobreza", diz. "Conheço o Lula há muitos anos. Quando o conheci, ele era o líder de um sindicato em São Bernardo. Lula nunca foi um homem ligado a partidos de esquerda. Mas não acho que ele seja da direita ou da esquerda. Eles vão apresentá-lo como se fosse um vermelho, faz parte da luta política. Mas, não é verdade, nunca foi assim". O New York Times traz artigo de dois médicos – Peter J. Hotez e Albert I. Ko – tentando achar respostas para o fato de que muitas crianças morrem de Covid-19 no Brasil, em níveis nunca vistos em outras partes do mundo. "Uma pesquisa da Dra. Fátima Marinho da Vital Strategies, uma organização não governamental, descobriu que mais de 2.200 crianças com menos de 10 anos morreram de Covid-19. Embora esse número represente menos de 0,5 por cento das 467.000 mortes de Covid-19 no Brasil, mais de 900 das fatalidades ocorreram em crianças menores de 5 anos. Os Estados Unidos registraram quase 600.000 mortes de Covid-19, mas apenas 113 dessas mortes ocorreram sido de crianças com menos de 5 anos", diz o texto. "Uma possível explicação reside nas variantes emergentes de preocupação do Brasil". A enfermeira Monica Calazans, a primeira pessoa a tomar vacina no Brasil, surge no inglês The Guardian relatando ter se tornado alvo nas redes sociais, na reportagem sobre os ataques a profissionais de saúde do Brasil a Mianmar. "Eles começaram a me xingar, inventando notícias falsas sobre mim, insultando minha integridade pessoal. Eu havia participado de testes, mas recebi o placebo, não a vacina. As pessoas diziam que eu era um vigarista por aceitar a vacina de Covid", conta Monica. "Os insultos racistas foram os piores. Eles disseram que se continuassem vacinando macacos, não sobraria nenhuma vacina para os seres humanos. Eles disseram que eu fazia parte de uma seita. Houve tantas maldições. Foi tudo nas redes sociais porque não tiveram coragem de me dizer olhando nos olhos. Agradeço a Deus que isso não faz parte do meu dia a dia. Nunca tive problemas no hospital onde trabalho". Com chamada na primeira página, Washington Post traz reportagem do correspondente Terrence McCoy sobre a Ilha dos Gatos no Brasil. "Pessoas abandonaram centenas de gatos em uma ilha deserta do Brasil. As autoridades não têm certeza de como salvá-los", é a manchete de página. "O desafio é particularmente agudo no Brasil, onde o coronavírus matou mais de 465.000 pessoas, desencadeou uma crise habitacional e causou fome generalizada. Os gerentes de abrigos de animais de estimação no país dizem que estão sobrecarregados. Isso inclui o abrigo mais próximo da Ilha dos Gatos. Alguns dias, conta a diretora do abrigo Andrea Rizzi Cafasso, as pessoas chegam com um carro cheio de gatos. Tantos que ela não consegue aceitar todos". O francês Le Monde destaca a crise de energia no Brasil provocada pela falta de chuvas. Seca brasileira ameaça abastecimento de energia elétrica do país – é o título da reportagem. "A falta de chuvas, a pior em quase um século segundo o governo, levou à redução da produção de eletricidade. Também está prejudicando as safras e até a recuperação da economia brasileira", aponta o jornal a partir de despacho da France Presse. Na edição dominical, reportagem do correspondente Bruno Meyerfeld na revista Le Mag – suplemento do Monde – fala sobre como Bolsonaro conseguiu seduzir motociclistas. "O chefe de Estado brasileiro entendeu tudo o que pôde extrair de sua paixão por motocicletas em um país onde os grupos de motoqueiros são uma legião e onde 20% da população adulta possui um veículo de duas rodas", destaca. "Entre esses motociclistas, na maioria das vezes domina uma ideologia de extrema direita. 'Os primeiros clubes foram fundados por ex-militares na década de 1930. Uma cultura de hierarquia e regras ainda domina, envolta em conservadorismo religioso e uma certa nostalgia da ditadura. É completamente natural que o Bolsonaro se dirija a eles. É uma base de fiéis', decifra o jornalista Arthur Caldeira". Em artigo publicado no El País no domingo, Juan Arias escreve sobre a misteriosa relação de Bolsonaro com as Forças Armadas. "O presidente do Brasil começa a ser mais perigoso do que se pensava e lembra Nicolás Maduro, de quem seria sua melhor cópia, mas à direita", aponta. "Bolsonaro se sente tão seguro de sua relação com o Exército que ousa desafiá-lo em público. O que não está claro é como as Forças Armadas, que pareciam ter entrado no governo de extrema direita para 'controlar' o presidente em seus possíveis arrebatamentos golpistas, acabaram de joelhos diante dele". O jornal russo The Moscow Times noticia que o Brasil deu luz verde à vacina contra Sputnik V da Rússia em reviravolta. O Brasil aprovou a vacina russa Sputnik V para importação e uso emergencial em vários estados, revertendo sua decisão de abril de proibir as importações da vacina, disseram seus desenvolvedores. O país sul-americano de mais de 210 milhões de habitantes é agora o 67º no mundo a autorizar o Sputnik V, disse a conta oficial do jab no Twitter no sábado. |
AS MANCHETES DO DIA |
Folha: Presidente da CPF é afastado para tentar abafar crise Estadão: CBF afasta presidente depois de denúncia de assédio sexual O Globo: CBF afasta Caboclo e eleva incerteza da Copa América Valor: Norma do BC amplia crédito a pequenas e médias empresas El País (Brasil): CBF decide afastar seu presidente em meio à crise na seleção e suspense sobre participação na Copa América BBC Brasil: Pandemia criará tsunami de desmotivação e faltas ao trabalho, alerta psicóloga UOL: Bolsonaro recusou vacina a 50% do valor pago por EUA e União Europeia G1: Ouça os áudios da denúncia de assédio contra Rogério Caboclo, afastado da CBF R7: Jovens preenchem 7 de cada 10 vagas com carteira assinada abertas no Brasil em 2021 Luis Nassif: Xadrez do momento mais decisivo da história Tijolaço: 'Rachadinha' na seleção: '01' diz que Tite é 'puxa-saco' de Lula Brasil 247: "Todas as investigações levam ao Bolsonaro", diz Tasso Jereissati DCM: Presidente da CPF é afastado do cargo após relato de assédio sexual Rede Brasil Atual: Randolfe Rodrigues na TVT: 'negativa da vacina foi motivada por dinheiro, por corrupção' Brasil de Fato: Voto a voto: acompanhe a apuração da eleição presidencial no Peru Ópera Mundi: Peru: Veja a apuração oficial do 2º turno das eleições presidenciais Fórum: Sentiu: Governo Bolsonaro ataca The Economist e sugere que revista fez "apologia ao homicídio" do presidente Poder 360: MP da Eletrobras: gás natural e PCHs beneficiam sistema elétrico New York Times: Rompendo ranks, Manchin condena o voto chave Washington Post: Manchin se opõe a projeto de lei de direito a voto WSJ: Obstáculos do Senado colocam em risco as prioridades de Biden Financial Times: A escassez de chips deve durar mais um ano, pelo menos, diz fabricante principal The Guardian: Acordo global pode deixar a Amazon livre de impostos, dizem especialistas The Times: Caos da Covid nos aeroportos com pressa para fugir de Portugal Le Monde: Covid-19: o alto preço pago pelas mulheres Libération: Teletrabalho. Obrigado patrão? El País: A reforma da lei da mordaça para com retornos quentes El Mundo: Sánchez vai impor indultos contra 61% dos espanhóis Clarín: Lutam voto a voto Keiko Fujimori e a esquerda pela presidência do Peru Página 12: Luta voto a voto entre pedro Castillo e Keiko Fujimori Granma: No combate, a força do povo Diário de Notícias: Fisco só ganha 12% das queixas dos contribuintes Público: Número de jovens internados em centros educativos caiu a pique The Moscow Times: Putin sai do Tratado de Céus Abertos após a partida dos EUA Frankfurter Allgemeine Zeitung: CDU muito à frente da AfD na Saxônia-Anhalt Sueddeutsch Zeitung: Triunfo posterior para um democrata convicto Global Times: EUA e Taiwan conspiram enquanto Partido Progressista Democrático atola em fiasco epidêmico Diário do Povo: Xi pede esforços conjuntos sobre o clima |
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