quinta-feira, 9 de julho de 2020

Cruzada antigênero do Brasil na ONU

Brasil

cruzada ultraconservadora que a diplomacia do Brasil abraçou na ONU afeta até a negociação de uma resolução contra mutilação genital feminina. Ainda que o Governo Bolsonaro defenda lutar contra esse flagelo que atinge cerca de 3 milhões de meninas por ano, a prioridade da delegação brasileira em Genebra é tirar do texto proposto pelos países africanos qualquer referência ao acesso das mulheres à “saúde sexual e reprodutiva” sob o argumento de que podem embutir alusão ao aborto. A reportagem de Jamil Chade mostra que a conduta chocou diplomatas estrangeiros e isolou o Brasil na América Latina, mas está longe de ser inédita. Há poucos dias, o país se uniu à Arábia Saudita e a outros países de corte extremista para vetar o termo "educação sexual" em uma resolução proposta pelo México contra a discriminação de mulheres. .
Também nesta edição, uma conversa James Steyer, um dos homens por trás da campanha de boicote de empresas que tem obrigado Mark Zuckerberg a retificar sua política de permissividade com o conteúdo tóxico no Facebook. “Estamos batendo nele onde dói, na carteira”, diz Steyer a Pablo Ximénez de Sandoval, correspondente em Los Angeles. A nova política do Facebook já faz estragos ruidosos no Brasil. Sob pressão para limitar a desinformação, a plataforma anunciou a suspensão de uma rede contas falsas ligadas aos Bolsonaro e seus filhos, uma das ações do tipo no mundo. “O que podemos provar é que os funcionários desses gabinetes estão envolvidos em nossas plataformas nesse tipo de comportamento”, disse o chefe da política de segurança cibernética do Facebook.
No front contra a pandemia, o Brasil se aproxima de 68.000 vítimas pela doença, que também afeta os povos indígenas em proporção ainda mais alta do que no resto da população. Ainda assim, o presidente Jair Bolsonaro sancionou projeto de lei que reconhece os povos indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais como “grupos de extrema vulnerabilidade” na crise sanitária, mas alegou restrições orçamentárias para não se comprometer a garantir água potável ou leitos a esse público. Já nos EUA, as universidades são obrigadas a escolher entre retomar as aulas presenciais em meio à pandemia ou perder os alunos com visto temporário. O motivo é uma circular publicada de surpresa na segunda-feira pelo Departamento de Imigração que pode obrigar centenas de milhares de estudantes estrangeiros nas universidades a ir embora do país se as aulas forem apenas on-line. Reportagem explica que em uma nação com mais de 5.000 centros de ensino superior e mais de um milhão de alunos internacionais, a quantidade de casos abrangidos é infinita, e a incerteza é total.

Cruzada ultraconservadora do Brasil na ONU afeta combate à mutilação genital
Cruzada ultraconservadora do Brasil na ONU afeta combate à mutilação genital
Após se aliar à Arábia Saudita contra inclusão de educação sexual em texto, brasileiros vetam expressão "saúde reprodutiva" em texto contra ablação

Nenhum comentário:

Postar um comentário