quinta-feira, 26 de novembro de 2020

A cartada de Boulos para tentar virar em São Paulo

 

Brasil


Nesta quarta-feira, ao meio-dia, o coração de Diego Armando Maradona parou e a Argentina foi atingida por um tsunami de tristeza. Herói inconteste num país sem ídolos unânimes, o ex-jogador era a exceção. Foi um ídolo no campo —sempre com reverberações políticas— em especial porque em 22 de junho de 1986, no Estádio Azteca, na Cidade do México, marcou o gol que eliminou a Inglaterra da Copa daquele ano, apenas quatro anos depois da derrota argentina na Guerra das Malvinas, e selando o caminho da celeste à taça. De Buenos Aires, Enric González relata como a Argentina se prepara, apesar da pandemia do coronavírus, para uma épica despedida, inevitavelmente comparada com as outras grandes emoções fúnebres do passado argentino: Gardel, Evita, Perón. "Será uma procissão cheia de dor na Casa Rosada. Massiva e destroçada, como a vida de Maradona." Governo do país estima que um milhão de pessoas passarão pelo funeral.

No Brasil, o vazio deixado pelo algoz mais admirado se fez sentir. Breiller Pires escreve como Maradona foi o maior ídolo que sua geração conheceu e reivindica a brasilidade do argentino. "Só Maradona viveu, sentiu e sofreu como o povo que o endeusou. O craque, o personagem, o mito. Um patrimônio da América Latina, símbolo eterno do futebol-arte", escreve. O colunista Xico Sá pragueja contra 2020 e imagina a equipe dos sonhos de Sócrates no céu: o astro da democracia corintiana, Diego e Ernesto Che Guevara... De Genebra, Jamil Chade lembra que, junto com seus dribles, Maradona trazia sua rebeldia de exigir direitos trabalhistas e chocar o mundo do futebol com sua voz dissonante que desafiava os cartolas da Fifa.

Enquanto isso, em São Paulo, a reta final da campanha de Guilherme Boulos para a prefeitura coloca o vice de Bruno Covas sob os holofotes, para contragosto do tucano. A equipe do PSOL aposta em explorar as reportagens que apontam as ligações controversas de Ricardo Nunes com organizações ligadas a creches municipais para desestimular o voto lavajatista ou "anticorrupção" em Covas e tentar uma virada na cidade no domingo. Sob pressão, nesta quarta Nunes não foi a uma sabatina promovida pela Folha e pelo UOL.

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