segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Bolsonarismo, o grande derrotado das eleições 2020

 

Brasil


Apurados os votos do segundo turno das eleições municipais, uma coisa ficou clara: o grande vencedor foi a pauta social. O repórter Aiuri Rebello explica que em meio a uma crise econômica que já dura seis anos com poucos refrescos e a maior pandemia em mais de um século com a covid-19, o eleitor brasileiro depositou seu voto naqueles que conseguiram sinalizar saídas ou mostrar realizações em áreas como saúde, educação e emprego. "O discurso dos vencedores anuncia já um clima de opinião muito diferente do clima de 2018. A eleição municipal é importante não para dizer quem vai ganhar a eleição presidencial, mas para vermos o humor, os assuntos, o clima de opinião”, analisa. O grande tema para 2022 é a questão social no país. E isso é o contrário do bolsonarismo”, afirma o cientista político Fernando Abrucio.

Em São Paulo, Bruno Covas (PSDB) conseguiu superar o desgaste provocado por seu vice, Ricardo Nunes (MDB) e foi reeleito à prefeitura, se firmando como uma das novas lideranças da base tucana no país. Apesar de não ter vencido nas urnas, Guilheme Boulos (PSOL) saiu maior do que entrou nestas eleições,  ao conseguir aglutinar, no segundo turno, todos os partidos do campo progressista e conquistar 2 milhões de votos. Um ensaio paulistano da chamada “frente única conta Bolsonaro”, que não se concretizou em 2018 e que é discutida para 2022, conforme mostram as matérias de Gil Alessi. O mesmo aconteceu em Porto Alegre, onde a candidata derrotada, Manuela D’Ávila (PCdoB) conseguiu formar uma frente ampla, em uma candidatura que transcendeu o debate local. Manuela deu mais uma mostra de popularidade e liderança entre a esquerda e termina a campanha como porta-voz da rejeição ao bolsonarismo, escreve de Porto Alegre Naira Hofmeister.

A tônica “todos contra Bolsonaro” também se fez presente na disputa pela prefeitura de Fortaleza, com a unificação de 16 partidos em torno de José Sarto (PDT), que venceu o bolsonarista Capitão Wagner Sousa (PROS) em uma vitória apertada. Em Recife, João Campos (PSB) derrotou Marília Arraes (PT) em uma batalha política com contornos familiares. Com a vitória de Campos, foram enterradas as pretensões do Partido dos Trabalhadores de crescer em cidades relevantes e de ser liderança entre legendas consideradas progressistas, aponta Afonso Benites, que acompanhou a última semana da corrida eleitoral no Ceará e em Pernambuco.

E ainda nesta edição, a correspondente na França, Silvia Ayuso, conta que em Paris o fim de semana foi marcado por protestos e pela escalada da violência, que resultou em pessoas presas e feridas. No sábado, os manifestantes tomaram as ruas para protestar contra a Lei de Segurança Global do Governo Macron, apontada como “liberticida" e uma forma de favorecer a impunidade policial na capital francesa. “Na democracia não há nada mais antidemocrático do que impedir de filmar. Com George Floyd vimos a importância de gravar a polícia", afirmou uma das manifestantes.

E para começar a semana bem, recomendamos a leitura de uma entrevista exclusiva do EL PAÍS com a artista Patti Smith, símbolo da independência e sabedoria de saber viver com pouco. Inclassificável como artista, Smith, que se considera uma sobrevivente, saiu as ruas em plena pandemia para cantar e incentivar as pessoas a votar nas eleições que levaram Joe Biden à Casa Branca. "Quando me irrito com Trump ou com ditadores de outros países, saio às ruas e protesto."


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