segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Análise de Mídia 16/11

 



 

CAPA – Manchete principal: *”Covas vai enfrentar Boulos; apuração tem atraso inédito”*

EDITORIAL DA FOLHA - *”O novo e o velho”*: Há dois anos, as eleições nacionais e estaduais se caracterizaram por uma onda de direita, não raro com tons populistas e autoritários, e rejeição a políticos e partidos tradicionais. Esse cenário mudou. Eleições municipais são tocadas em outro diapasão, decerto. Mas os primeiros resultados, nas grandes cidades, indicam que houve enorme abstenção em razão da pandemia, preferência por conservadores moderados, alguma recuperação das forças de esquerda e resultados importantes de DEM e PSDB. Jair Bolsonaro, que não tem partido além de si mesmo, interveio na disputa com seu personalismo aviltado e péssimos resultados. Guilherme Boulos, candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, é, pelos dados disponíveis até a conclusão desta edição, uma grande novidade do pleito. Integrante de legenda nanica e em versão esquerdista mais branda, vai ao segundo turno contra o prefeito Bruno Covas (PSDB) —na cidade que sempre foi grande base do PT. Cidades relevantes como Porto Alegre, Belém e Recife deram votação expressiva à esquerda, que ao menos neste momento se torna mais plural e se diversifica em siglas como PSOL, PSB e PC do B. O eleitorado parece procurar alternativas nesse campo político. O DEM obteve vitórias significativas, algumas já confirmadas, como em Salvador, Curitiba e Florianópolis, além de conquistar bons números em municípios populosos. Terá um favorito Eduardo Paes no segundo turno do Rio de Janeiro.
O PSDB ganhou em Palmas e Natal, além de disputar a maior metrópole do país. Os dois partidos formaram o núcleo da coalizão de governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Nos maiores municípios, os 95 nos quais, por lei, pode haver segundo turno, observa-se grande dispersão —mais de 20 partidos disputavam com chances, com destaque para MDB e PSD, que reelegeu em primeiro turno Alexandre Kalil em Belo Horizonte. Em todo caso, não houve sinais de reviravolta político-ideológica de monta nessas cidades, que na maioria dos casos visíveis optaram por continuísmos, nomes estabelecidos ou legendas mais anódinas. Digna de nota foi a derrota de Bolsonaro em palcos nacionais. Celso Russomanno (Republicanos) terminou com votação frustrante em São Paulo. Marcelo Crivella, do mesmo partido, vai ao segundo turno em situação francamente minoritária no Rio de Janeiro. Não restou candidatura importante que se propusesse a defender o presidente e suas ideias exóticas. Prefeitos que tiveram atuação decente no combate à pandemia, ou foram apoiados por governadores preocupados com a doença, tiveram em geral desempenho forte. É uma pena que problemas técnicos no TSE tenham prejudicado a divulgação tempestiva da apuração e dado margem a teorias conspiratórias de grupos que não têm compromisso com a democracia.

PAINEL - *”Aliados de Bolsonaro tentam emplacar versão de que Bolsonaro não perdeu eleição”*: Apesar da derrota neste domingo (15) da maioria dos candidatos apoiados ou que se associaram a Jair Bolsonaro, aliados do presidente tentam emplacar a versão de ele não sai mais fraco. Segundo esse discurso, que veio à tona à medida em que as más notícias brotavam das urnas, o objetivo do presidente —que incluiu “lives eleitorais gratuitas” agora alvo do Ministério Público— nunca foi eleger alguém, mas manter coesa a base conservadora e evangélica. “O resultado das eleições no Rio e em São Paulo é a maior prova de que o problema não foi Bolsonaro. [Marcelo] Crivella foi explícito em se declarar bolsonarista e teve um desempenho melhor [do que Russomanno]”, diz Sérgio Lima, marqueteiro de políticos de direita e do Aliança pelo Brasil, partido que Bolsonaro tentou criar. Para ele, a disputa no Rio ganhará relevância para a base bolsonarista no segundo turno, uma vez que ficará sem vitrine na eleição de São Paulo. Mas aliados do presidente projetam derrota de Crivella e, também por isso, acreditam que Bolsonaro manterá distância da capital fluminense. O marqueteiro de Russomanno, no entanto, discorda. Elsinho Mouco vai na linha da oposição, que colocou o presidente como âncora. Ele disse ao Painel que a lealdade do candidato a Bolsonaro contribuiu para a derrota. Para ele, três fatores levaram à derrocada do candidato que ele batizou de CR10: “assumir o CRmito, a pouquíssima estrutura financeira e o mínimo de tempo de TV tiraram o brilho e a chance”. “Assumir o CRmito”, explica, significa associar sua imagem à de Bolsonaro e não abandoná-lo ao perceber que a rejeição do presidente estava prejudicando sua candidatura.

PAINEL - *”Orlando Silva ataca Lula no Twitter, e Tatto curte publicação”*: Jilmar Tatto, candidato do PT à Prefeitura de SP, curtiu uma publicação em que o concorrente Orlando Silva (PC do B) insinua que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foi correto com o companheiro de partido. Neste domingo (15), Lula confirmou que Gleisi Hoffmann, presidente do partido, procurou Tatto na terça (10) para discutir a possibilidade de indicar voto em Guilherme Boulos (PSOL), o segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto. O ex-presidente completou, então, que a decisão de Tatto de continuar com a candidatura foi soberana e, por isso, o PT não abriu mão de sua chapa em São Paulo para apoiar o PSOL. "Até a guerra tem regra. Não se atira num inimigo caído, nem se abandona companheiro ferido. Para se afastar da derrota, se oferece a cabeça do companheiro?", escreveu Orlando Silva neste domingo, em publicação que recebeu curtida de Tatto.

*”Boulos enfrentará Covas no segundo turno em São Paulo”* - O prefeito Bruno Covas (PSDB) enfrentará Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo, no próximo dia 29, após uma disputa marcada pelo derretimento de Celso Russomanno (Republicanos), candidato do presidente Jair Bolsonaro. O tucano confirmou seu favoritismo apontado pelas pesquisas e, após 99,9% dos votos apurados​, tinha 32,9% dos votos válidos. Boulos atingiu 20,2%, seguido por Márcio França (PSB), com 13,6%, Russomanno, com 10,4%, e Arthur do Val (Patriota), com 9,7%. Com protocolos inéditos devido à pandemia da Covid-19, a votação foi marcada pelo país por alta abstenção e problemas técnicos. O índice de abstenções, de 23,1%, foi o maior para pleitos municipais dos últimos 20 anos ---contra 17,6% no primeiro turno de 2016. Em São Paulo, chegou a 29,3%. Na manhã deste domingo, Covas esteve cercado de apoiadores. Acompanhou a votação da ex-prefeita Marta Suplicy, do governador João Doria (PSDB) e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "Time que ganha Copa do Mundo não escolhe adversário", limitou-se a dizer.
Pela manhã, em meio a aglomeração de militantes e jornalistas, Boulos votou acompanhado da mulher e das filhas e disse ter confiança de que iria ao segundo turno e, nesse caso, de que ganharia a eleição contra o hoje favorito Covas. "Está sendo o resgate de um jeito de fazer política com esperança, com sonho, com princípios”, disse. Boulos, que exalta o fato ter feito campanha sem o uso da máquina pública, busca agora formar sua coalizão progressista, com apoio dos candidatos derrotados, como Jilmar Tatto (PT). Ao votar, neste domingo, Tatto indicou a disposição de se aliar ao candidato do PSOL caso ele fosse para o segundo turno. O ex-presidente Lula (PT), também em seu local de votação, responsabilizou diretamente o candidato do partido pela decisão de manter sua candidatura, após os apelos para desistir ou declarar apoio a Boulos ainda no primeiro turno. O ex-presidente disse que a posição de Tatto, informada à presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, foi "uma atitude soberana" do ex-deputado federal. Petistas chegaram a demonstrar irritação com os pedidos e a movimentação de Boulos pelo voto útil da esquerda ainda no primeiro turno, mas tudo indica que o PSOL receberá o endosso do PT afinal.
Em uma reunião na terça (10), Gleisi pressionou Tatto a desistir, mas ele não cedeu. A campanha do petista agora cobra explicações a respeito do vazamento desse encontro, que criou um fato político negativo na reta final e foi visto como um movimento da direção do PT pelo voto útil de esquerda. “Gleisi vai ter que dar uma explicação. Passamos dois dias desmentindo a possibilidade de desistência”, afirma o deputado estadual José Américo (PT), coordenador de comunicação da campanha de Tatto. Para ele, o PT errou também em insistir em candidatos próprios e não buscar alianças na pré-campanha, inclusive em São Paulo. Enquanto parte do PT viu na fala de Lula apenas uma defesa de Gleisi, outros petistas entenderam que o ex-presidente se eximiu da responsabilidade e jogou em Tatto o peso da falta de acerto com o PSOL e de levar adiante uma candidatura derrotada. Também candidato em São Paulo, Orlando Silva (PC do B) criticou Lula. “Não se atira num inimigo caído, nem se abandona companheiro ferido. Para se afastar da derrota, se oferece a cabeça do companheiro?”, tuitou. O post foi curtido por Tatto, que depois desfez a ação. Segundo a campanha do petista, a curtida foi feita por um assessor sem aval do candidato. Mesmo que perca a eleição, Boulos já conseguiu o feito de superar o desempenho do PT na capital, que, desde 1988, venceu as eleições, foi para o segundo turno ou ao menos terminou em segundo lugar. O segundo turno de 2020 é uma nova versão da tradicional polarização entre esquerda e direita na cidade. Mais viável que Tatto, Boulos acumulou durante a campanha o apoio de petistas históricos.
A segunda fase da disputa eleitoral será mais curta –apenas duas semanas. O calendário eleitoral foi modificado por causa da pandemia do coronavírus. A coordenação da campanha de Covas promete manter o mesmo tom do primeiro turno, exaltando a trajetória do prefeito e sua gestão. A ideia é seguir fugindo da nacionalização, mas neste domingo Covas comentou que o apoio de Jair Bolsonaro apenas prejudicou seu aliado, Russomanno. O prefeito vai explorar a estratégia, no segundo turno, de colar em Boulos a pecha de radical e se contrapor como moderado. Na véspera da eleição, o coordenador da campanha de Covas, Wilson Pedroso, afirmou à Folha que a equipe já trabalhava com Boulos como favorito para o segundo turno. Covas tem em torno de si uma coligação com 11 partidos. Foi o candidato em São Paulo que mais gastou verba pública do fundo eleitoral (R$ 12 milhões, ante R$ 2,7 milhões de Boulos) e que mais recebeu doações de pessoas físicas (R$ 3,2 milhões ante R$ 400 mil).
Boulos pretende se viabilizar como uma alternativa ao governo do PSDB, tentando manter o eleitorado de esquerda cativo e atraindo outros insatisfeitos com a gestão de Covas. Para isso, aposta em seu plano de governo voltado para a periferia e os mais pobres, com o combate às desigualdades. O candidato do PSOL espera que, com um tempo de exposição na TV igual ao do adversário, amplie o alcance de seu discurso para além das bolhas que aglutinou no primeiro turno –jovens, mais ricos e mais escolarizados. A forte identificação com a esquerda e a proximidade com Lula podem ser obstáculos a ele. Para que a eleição presidencial de 2022 não contaminasse o pleito municipal, Covas escondeu Doria, seu padrinho político –que busca a Presidência e antagoniza o presidente Bolsonaro. Pesquisa Datafolha de setembro mostrou que 59% os paulistanos disseram não votar de jeito nenhum em um candidato apoiado pelo governador No primeiro turno, Covas evitou entrar em embates com Bolsonaro ou sua base eleitoral e tampouco atacou a esquerda. Boulos, por sua vez, caminhou no sentido oposto –usou sua campanha no primeiro turno para criticar os postulantes “BolsoDoria”, mirando ao mesmo tempo os tucanos, pela agenda liberal e de enxugamento do estado, e o presidente, principalmente pela condução da crise da pandemia.
Nas próximas duas semanas, Boulos e Covas enfrentarão uma agenda intensa de entrevistas, atos de campanha na rua, conversas sobre apoios políticos, encontros com apoiadores e uma maratona de debates –que foram cancelados pelas principais emissoras no primeiro turno por conta da quantidade de candidatos e das regras sanitárias da pandemia. Outro desafio para as campanhas será a propaganda eleitoral no rádio e na TV, que passa a ter cinco minutos para cada. Com cerca de três minutos e meio antes, Covas acabou repetindo suas peças e agora precisa preencher de maneira atrativa e eficiente um tempo ainda maior. Em sua propaganda, Covas se apresentou como um prefeito presente e resolvedor de problemas. Baseou a comunicação da sua campanha na superação de desafios, como o câncer descoberto no trato digestivo e a pandemia do coronavírus.
Com um discurso de respeito à ciência e de restrições para promover o distanciamento social, seu trabalho relacionado à Covid-19 foi aprovado por 46% dos paulistanos. Ele é considerado o mais preparado para ser prefeito por 34% dos moradores da capital. Numa campanha propositiva e sem ataques a outros adversários, exibiu uma prestação de contas da gestão e, ao apresentar o exemplo do avô Mário Covas, fez um resgate da política, demonizada nas eleições de 2016 e 2018. A questão do tempo de TV é ainda mais aguda para Boulos, que tinha 17 segundos. O candidato do PSOL comemora a maior exposição no segundo turno, mas tem a missão de prender o eleitor por cinco minutos. Na TV, Boulos fez uso de artistas, como Wagner Moura, em sua propaganda. Mas sua campanha acabou se voltando para a internet, e Boulos se tornou o candidato com maior popularidade digital. Sua equipe acertou ao investir em memes, lives, TikTok e jingles populares. Para sair da bolha da juventude e da classe média alta, Boulos mira a periferia –38% das suas agendas divulgadas de campanha foram nos extremos da cidade, o maior índice entre os quatro principais candidatos. Covas, que é favorito entre os mais velhos, mais pobres e menos escolarizados, foi o que mais se dedicou a compromissos religiosos –12% da agenda. O tucano tem grande vantagem sobre Boulos entre católicos e evangélicos.
Entre as fragilidades de Covas exploradas no primeiro turno e que voltam à tona agora, estão sua viagem de férias à Europa durante uma enchente em São Paulo e a reforma do Anhangabaú ao custo de R$ 94 milhões. Boulos foi alvo de críticas pela ligação com o movimento sem-teto (carrega a pecha de invasor e radical) e por ser réu em processo de vandalismo. Também foi questionado sobre sua falta de experiência em gestão pública e por apresentar um plano de governo que carece de fontes de arrecadação para se sustentar. Numa vacina contra isso e dentro do processo de tornar sua imagem mais moderada, Boulos escolheu a ex-prefeita e deputada Luiza Erundina (PSOL), 85, como sua vice. Fazendo campanha em uma espécie de papamóvel para se proteger da Covid-19, Erundina é a ponte de Boulos com a experiência, com os mais velhos e com a periferia. O vice de Covas, vereador Ricardo Nunes (MDB), é ligado à Igreja Católica, é um dos alvos de inquérito sobre relação de políticos com com entidades que gerenciam creches e foi escolhido numa costura de Doria com o MDB e o DEM.
​​Aos 38 anos, Boulos participa da segunda eleição como candidato. Em 2018, o líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) concorreu à Presidência da República e acabou em 10º lugar, com 617 mil votos (0,58%). Ele nunca exerceu cargo público. Boulos é professor, formado em filosofia e mestre em psiquiatria pela USP. Ele milita desde o começo dos anos 2000 no MTST e se notabilizou ao conduzir protestos, como atos contrários à Copa do Mundo, em 2014, e ao impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016. Covas tem 40 anos e foi eleito vice-prefeito em 2016. Chegou ao cargo depois que Doria deixou a prefeitura para concorrer ao governo do estado em 2018. A presença de Covas na chapa tinha o objetivo de pacificar um PSDB rachado pela candidatura de Doria, um outsider que se coloca à direita da social-democracia defendida por líderes históricos do partido. O atual prefeito, que tem a simpatia da velha ala do PSDB, sempre marcou suas diferenças em relação a Doria: fez acenos à esquerda em sua gestão, não embarcou na onda Bolsonaro e tampouco bateu de frente com o presidente.
Adotando tom moderado, apresentou-se como político, enquanto o governador se vendia como gestor. Nascido em Santos, Covas se mudou para São Paulo na adolescência e passou a morar com o avô. Desde jovem filiado ao PSDB, foi candidato a vice-prefeito da cidade do litoral em 2004, mas perdeu. Foi eleito deputado estadual em 2006 e reeleito em 2010. Ocupou a Secretaria do Meio Ambiente de 2011 a 2014, durante o governo Geraldo Alckmin (PSDB). Em 2014, foi eleito deputado federal. Um segundo turno entre Covas e Boulos aponta para o enfraquecimento da onda bolsonarista na cidade. A rejeição ao presidente atinge 50% entre os moradores da capital, e o candidato apoiado por ele, Russomanno, acabou derretendo ao longo da campanha. De maneira discreta, Covas mantém suas diferenças em relação ao presidente e, ao contrário dele, apostou na racionalidade e na moderação. Boulos é crítico contundente de Bolsonaro e, para ampliar sua base eleitoral, não buscou refúgio no extremismo de esquerda na eleição. Uma frase muito repetida pelo candidato do PSOL aponta para a superação da política radical de Bolsonaro: “A esperança vai vencer o ódio”. Seu slogan, porém, é “pra virar o jogo”. Já o slogan de Covas, “força, foco e fé”, acena ao eleitorado religioso e reforça a mensagem, pensada por seus estrategistas, de superação e de eficiência na administração pública.

*”No 2º turno, Covas aposta em moderação e tenta fixar imagem de Boulos como radical”*
*”Russomanno derrete pela 3ª vez e Arthur do Val cresce; veja quem ganha e quem perde”*
*”Ida de Boulos ao 2º turno anima esquerda em SP e esquenta polarização com Covas”*

*”TSE enfrenta lentidão em apuração e problemas na emissão do e-título”* - O primeiro turno das eleições municipais de 2020 foi marcado por problemas registrados na ferramenta do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) lançada com o objetivo de facilitar a vida do eleitor, lentidão da divulgação da apuração dos resultados e tentativas de ataques hackers a servidores da corte. Segundo o presidente do tribunal, ministro Luís Roberto Barroso, houve uma falha em um dos núcleos no supercomputador que processa a totalização dos votos. Barroso garantiu que o episódio não afeta o resultado da votação. "Não há nenhum risco de o resultado não expressar o que foi votado", afirmou por volta das 21h deste domingo (15), em entrevista coletiva à imprensa que começou com uma hora de atraso por causa dos problemas. "Pequeno acidente de percurso sem nenhuma vítima", completou Barroso. Ele afirmou que o atraso na totalização dos resultados se deu por um problema técnico. "Um dos núcleos de processadores do supercomputador que processa a totalização falhou e foi preciso repará-lo."
"Espero amanhã [nesta segunda, 16] dar a explicação técnica possível", afirmou Barroso. "O sistema é complexo, não deveria ter acontecido, eu lamento que tenha acontecido, mas também não teve nenhuma consequência grave." É a primeira eleição municipal em que os dados saem direto das seções eleitorais para serem totalizados no TSE. Isso pode ter contribuído para a demora da apuração. Segundo Barroso, essa mudança no modelo de apuração foi realizada antes de ele assumir o comando do TSE, em maio. "De fato houve uma alteração e a totalização passou a ser centralizada no TSE. Essa não foi uma decisão minha. Eu tomei posse em maio e o sistema já havia sido alterado dessa forma", afirmou. "Eu preciso dizer que desde o primeiro momento eu não tive simpatia por essa opção, mas era a opção estabelecida e foi ela que eu segui. E muito possivelmente, por ser uma novidade, pode estar na origem da instabilidade que nós sofremos." De acordo com o tribunal, os dados foram remetidos normalmente pelos TREs (Tribunais Regionais Eleitorais) e recepcionados pelo banco de totalização, que estaria somando o conteúdo de forma mais lenta que o previsto. Além do problema na totalização dos votos, o e-título, aplicativo que substitui o título de eleitor, localiza as seções e permite justificar a ausência, apresentou instabilidade durante o domingo, e eleitores não conseguiram acesso.
O tribunal também sofreu uma tentativa de ataque em sua rede que, segundo o presidente do TSE, foi totalmente neutralizada, com a ajuda de empresas de telefonia. Segundo o tribunal, esse episódio não tem relação com a atraso na divulgação dos resultados. Barroso disse que os ataques partiram do Brasil e de outros dois países, mas foram "totalmente inócuos". "O ataque de hoje [domingo] foi totalmente inócuo. Sofrer ataques não é privilégio do site do TSE, isso vale para o Supremo [Tribunal Federal], Pentágono, Nasa. Ele veio de sucessivas tentativas do Brasil, Estados Unidos e Nova Zelândia. Foi um ataque distribuído." "O fato de receber ataques não coloque em xeque credibilidade de coisa alguma", acrescentou Barroso ao ser questionado sobre se os problemas de atraso e as notícias de ataque poderiam interferir na opinião dos brasileiros sobre o sistema brasileiro de votação. Ao longo do dia, também houve um vazamentos de dados de servidores do TSE. O ministro afirmou que a divulgação das informações foi resultado de um outro ataque, que partiu de Portugal e foi realizado em 23 de outubro. A Polícia Federal informou que está investigando o caso. "Foram vazadas informações antigas e irrelevantes sobre ministros aposentados e antigos funcionários do TSE. Foi um vazamento sem nenhuma relevância ou consequência para o processo eleitoral", afirmou. "As urnas não estão em rede, portanto não são vulneráveis a esse tipo de ataque. Não há nada sobre isso que possa interferir no processo eleitoral."
Barroso passou o dia dando explicações sobre os problemas enfrentados. Pela manhã, chegou a atribuir o problema do acesso do aplicativo a eleitores "que deixaram para baixar em cima da hora". "O brasileiro deixou para baixar o aplicativo hoje, então foram milhões de acessos ao mesmo tempo. Pedimos que todos fizessem o download antes, mas peço que insistam", afirmou em visita ao projeto Eleições do Futuro, em Valparaíso (GO). Já durante a tarde, Barroso disse que as medidas tomadas pelo órgão para prevenir a invasão da rede contribuíram para as dificuldades registradas. Barroso justificou que, por conta da invasão da rede do STJ (Superior Tribunal de Justiça) na semana passada, o TSE resolveu desligar um de seus dois servidores da rede. A medida, que era para reforçar a segurança do sistema do tribunal, acabou sobrecarregando o segundo servidor do órgão. Segundo o ministro, a origem da investida teria sido provavelmente de fora do país e "com um grande volume de tentativas", mas não entrou em maiores detalhes. "Obviamente, houve um subdimensionamento ou problema técnico, sobretudo causado pelo desligamento de um dos servidores, uma coisa que não queria que tivesse acontecido, mas ocorreu. Tivemos uma dificuldade e vamos consertar já para o segundo turno", disse.
Barroso também acrescentou não ter atribuído a responsabilidade pela instabilidade do sistema aos eleitores e que estava em contato com a empresa que produziu o aplicativo e com o Google para resolver o problema. “Responsabilidade minha eu assumo. Portanto, o sistema tinha que estar preparado para receber todos ao mesmo tempo. Mas mencionamos que nas últimas 24 horas houve 3 milhões de downloads do aplicativo." A entrevista coletiva concedida na noite de domingo (15), uma forma de balanço do dia de eleições, foi um evento repleto de autoridades. Participaram, além do presidente do TSE, o vice, ministro Edson Fachin, os ministros André Mendonça (Justiça e Segurança Pública) e Fernando Azevedo (Defesa), o advogado-geral da União, José Levi, o procurador-geral da República, Augusto Aras, o diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Alexandre de Souza, e a presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, Renata Gil. Os problemas registrados durante o dia alimentaram boatos sobre a segurança do processo eleitoral nas redes sociais. A diretora-adjunta da Rede Internacional de Checadores de Fato, Cristina Tardáguila, que contribuiu como observadora do sistema de checagem do TSE, mostrou preocupação com a falha do aplicativo da corte eleitoral na luta contra a desinformação. "O fato de o app não ter performado de forma adequada possivelmente alimentará as teorias da conspiração que pregam a insegurança do processo eleitoral como um todo. É fundamental que o e-título esteja redondo no segundo turno."

*”Investigação aponta operação coordenada em ataque a TSE e postagens alegando fraude”* - Investigação da SaferNet, que trabalha em parceria com o Ministério Público Federal no monitoramento de fraudes eleitorais cometidas pela internet, aponta que ataques hacker sofridos pela TSE neste domingo (15) foram uma “operação coordenada” para “desacreditar a Justiça Eleitoral”. O Tribunal foi alvo de negação de serviço (DDoS) contra os seus servidores e o vazamento de dados de funcionários. Thiago Tavares, presidente da SaferNet, que vem fazendo o monitoramento desde o fim de outubro, forneceu ao MPF e ao TSE os dados levantados em tempo real. "Trata-se de uma operação coordenada e planejada para ser executada no dia das eleições com o objetivo de desacreditar a Justiça Eleitoral e eventualmente alegar fraude no resultado desfavorável a certos candidatos”, diz Tavares. Às 09h25 deste domingo, houve vazamento de dados antigos obtidos de um banco de dados com informações desatualizadas sobre o sistema de recursos humanos da justiça eleitoral. O ataque que deu acesso aos dados, no entanto, foi feito antes de 23 de outubro, segundo a PF. “Apesar de o ataque ter sido feito antes de 23 de outubro, deixaram para publicar o vazamento dos dados na manhã de hoje, para causar mais impacto”, diz Tavares. “Em paralelo, deflagraram um ataque de negação de serviço (às 10h41) para tirar do ar o site e alguns serviços da Justiça Eleitoral.”
Ele explica que os IPs usados em ataques de negação de serviço (DDoS) geralmente integram as chamadas “redes zumbis”, formadas por computadores infectados, que podem estar localizados no exterior e serem coordenados daqui. O TSE afirmou que os IPs dos hackers que invadiram os sistemas do tribunal seriam de Portugal ou coordenados por um cidadão português. Os ataques, a princípio, não têm relação com o atraso da apuração dos votos pelo TSE neste domingo, diz Tavares. Segundo o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, o atraso na apuração foi causado por um problema técnico em um dos processadores do computador responsável pela totalização dos resultados. O atraso na apuração, além das informações sobre os dois ataques contra o TSE, deram combustível para uma campanha nas redes sociais com questionamentos à integridade do sistema eleitoral e dos resultados da eleição. Perfis bolsonaristas e de outros políticos passaram o dia divulgando mensagens apontando para supostas fraudes eleitorais e falta de credibilidade do TSE. O Twitter chegou a rotular um tuíte da deputada Joice Hasselman, que afirmou “Fraude? Será? Tem todo o cheiro” – a postagem recebeu o alerta “Essa reivindicação de fraude eleitoral é contestada.” “Vários grupos políticos já estavam havia dias questionando a segurança dos servidores do TSE e das urnas, como que antevendo o anúncio do suposto hacking”, diz Tavares.
Ele cita uma transmissão ao vivo do cientista político Paulo Moura, reproduzida no perfil do canal conservador "Avança Brasil" no Periscope há 9 dias. Intitulado “Se o STJ foi hackeado, como confiar no TSE”, o vídeo afirma: “Se a segunda maior instância da Justiça brasileira (STJ) é vulnerável a um ataque hacker dessa magnitude, e natureza, como confiar no TSE e seu sistema de controle da apuração dos votos das eleições brasileiras?”. Moura se referia ao ataque hacker ao STJ ocorrido em 3 de outubro. À Folha, Moura afirmou que “o TSE tem um problema real de credibilidade; apesar de dizer que os sistemas de contabilização de votos não foram atacados porque não estão na rede, sabemos que qualquer sistema plugado na tomada pode ser hackeado. Os ataques contra o TSE provam que o sistema é vulnerável”. O TSE esclareceu que os ataques hacker não atingem a contabilização ou apuração dos votos. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que foi delegado especializado em crimes cibernéticos, afirmou que o Senado irá cobrar uma investigação sobre os ataques contra o TSE. “Ataques como esse que atingiu o TSE exigem estrutura e financiamento; o objetivo é desacreditar a democracia. É preciso garantir investigação rápida e punição pesada para os criminosos”.

*”Twitter rotula posts de bolsonaristas e de Joice Hasselmann como contestáveis”* - O Twitter rotulou na noite deste domingo (17) um post da deputada Joice Hasselmann (PSL), candidata à prefeitura de São Paulo, como contestável. "Esta reivindicação de fraude é contestada" diz o aviso relacionado a um tuíte em que ela diz "Fraude? Será? Tem todo cheiro", referindo-se ao seu desempenho eleitoral. "Tristemente. Como que alguém pode votar em Boulos?! @joicehasselmann merecia mais votos q ele e outros no ranking! Isso se não teve fraude afinal a apuração de SP está CONGELADA nos 0,39% de urnas apuradas às 17hs e pouco!", diz o tuíte que ela comenta. Dados de boca de urna do Ibope sobre votos válidos apontam para apenas 2% à candidata. O Twitter colocou o mesmo aviso em publicações de Oswaldo Eustáquio, blogueiro bolsonarista, e do deputado federal Felipe Barros. O tuíte de Eustáquio -cujo canal de YouTube é alvo de ação da Justiça pela divulgação de fake news- diz que a invasão hacker do TSE revela a fraude nas urnas eletrônicas, "com a chancela da justiça eleitoral". "A @crisbrasilreal descobriu que os votos válidos e os de quem justifica estão em banco de dados diferentes. Eles podem descarregar os votos de quem vai justificar na esquerda. ASCOM OE", diz a publicação. Já a publicação de Felipe Barros questiona a segurança das urnas eletrônicas.
As políticas de redes sociais preveem a marcação de conteúdos que questionam a integridade das eleições. Durante as eleições americanas, uma série de tuítes de Donald Trump foi destacada como questionável. Sem provas, bolsonaristas têm usado o atraso da divulgação de resultados das eleições municipais e a tentativa de invasão hacker ao TSE como argumentos para questionar a votação na urna eletrônica.

*”Eleição mostra tendência de leve deslocamento à esquerda em capitais”* - Se as últimas eleições foram marcadas por um movimento à direita do eleitorado, a deste ano tendem a um leve deslocamento à esquerda. A reportagem analisou as 23 capitais que tinham resultado definido até a 0h30 desta segunda-feira (16). Em 4 cidades houve deslocamento significativo no posicionamento ideológico para a esquerda, apenas 1 para a direita e em 18 a situação ficou estável. A análise foi feita com base no GPS Ideológico, ferramenta da Folha que coloca pessoas e instituições numa reta, do ponto mais à direita ao mais à esquerda do espectro político, segundo o perfil dos seguidores de seus membros no Twitter (veja aqui a reta completa). A reportagem comparou as posições dos atuais prefeitos com as dos eleitos neste primeiro turno ou a dos que passaram em primeiro lugar para a próxima rodada (em geral, 70% dos líderes no primeiro turno também vencem o segundo). Foram para esquerda Belém, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre. Apenas Cuiabá se deslocou para a direita. O maior deslocamento ocorreu na capital paraense, em que Edmilson Rodrigues (Psol) é 34 pontos mais à esquerda que o atual prefeito, Zenaldo Coutinho (PSDB), numa escala de 0 a 100.
Rodrigues disputará o segundo turno com delegado Eguchi (Patriotas). Nessas capitais do Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, o já eleito ou o favorito para o segundo turno é ao menos 10 pontos mais à esquerda que o atual mandatário. Se considerado deslocamento de qualquer pontuação, 10 cidades foram para a esquerda, 8 permanecem no mesmo lugar e 5 foram para a direita. O deslocamento para a esquerda não necessariamente significa que o novo prefeito seja de esquerda, mas que ele foi para essa direção em relação ao atual prefeito. No caso do Rio, por exemplo, Eduardo Paes (DEM) está na parte central da reta ideológica, mas à esquerda do atual prefeito, Marcelo Crivella (Republicanos), com quem disputará o segundo turno. O deslocamento para a esquerda no país seria ainda maior se o critérios fosse diferente para São Paulo, maior cidade brasileira. Bruno Covas (PSDB) é o atual prefeito e passou em primeiro lugar para o segundo turno, por isso, na metodologia da Folha a capital aparece como sem deslocamento. Mas se comparado com o resultado de 2016, a cidade teria se deslocado para a esquerda, pois o eleito naquele ano foi João Doria, que, apesar de também ser do PSDB, está à direita de Covas na reta ideológica (ele deixou a prefeitura para ser eleito governador em 2018). A cidade também migraria para a esquerda caso o segundo colocado no primeiro turno, Guilherme Boulos (Psol), vença a segunda rodada. Cientistas políticos consultados pela reportagem afirmaram que o resultado desta eleição pode ter impactos para o pleito de 2022, ainda que limitados.
Guilherme Russo, da FGV-SP, e Felipe Nunes, da UFMG e da consultoria Quaest, destacaram que o resultados das eleições municipais tendem a ter impacto na disputada para a Câmara Federal, daqui a dois anos. Isso porque candidatos a deputado federal, em geral, dependem dos apoios municipais (de prefeitos e de vereadores) para a eleição. Cesar Zucco, da FGV-RJ, afirma que o presidente Jair Bolsonaro pode ter perdido nestas eleições uma grande chance de criar uma boa estrutura para a tentativa de reeleição. Zucco lembra que o PSL, partido pelo qual o presidente concorreu em 2018, possuía amplos recursos para esta eleição municipal. Bolsonaro deixou o partido e não aproveitou essa estrutura. “O fato de não ter precisado disso [estrutura partidária] em 2018 diz pouco sobre 2022 dado à diferença das duas eleições”, disse Zucco. “Considerando que o presidente não semeou as bases de uma estrutura partidária e que a população parece estar escolhendo prefeitos mais distanciados das posições de Bolsonaro, é de supor que o quadro de alianças e apoios disponíveis para ele será restrito. Diferentemente de 2018, eu acredito que isso afeta negativamente as chances de Bolsonaro em 2022”, afirmou o cientista político. Os analistas foram consultados pela reportagem antes dos resultados deste domingo. (...)

ANÁLISE - *”Boulos encarna o velho normal da disputa entre PSDB e esquerda em SP”*

*”Velha guarda se mantém no topo na Câmara de SP, mas perde espaço para trans e influencers”* - A próxima legislatura da Câmara Municipal de São Paulo deve começar com dois vereadores transgênero, fato inédito na capital paulista. Erika Hilton (PSOL) e Thammy Miranda (PL) (clique e veja a lista dos mais votados), em espectros políticos diferentes, ficaram entre os dez nomes mais votados na cidade. Além de ter chegado ao segundo turno na eleição para prefeito, com Guilherme Boulos, o PSOL deve mais que dobrar a bancada no Legislativo. Em 2016, a legenda elegeu dois nomes. Neste ano, deve fazer ao menos cinco vereadores, alguns deles entre os maiores agregadores de votos. O candidato mais votado foi novamente Eduardo Suplicy (PT), com, 167 mil votos, mas muito abaixo dos 301 mil que recebeu em 2016, recorde histórico da Câmara. Mesmo assim, a votação expressiva deve fazer com que o PT puxe outros candidatos. Esta foi a primeira eleição com a nova regra que acaba com as coligações partidárias para vereadores, embora elas continuem valendo para prefeito.
Até a última eleição, as legendas podiam se juntar para conseguir eleger um maior número de representantes pelo sistema proporcional. Agora, não existem mais essas uniões partidárias que possibilitavam a ascensão de eleger parlamentares de partidos pequenos —o que deve reduzir as legendas no Legislativo. O segundo nome mais votado também é um velho conhecido do eleitorado paulistano: ex-presidente da Câmara, Milton Leite (DEM) recebeu 132 mil votos. Leite é uma espécie de cacique da zona sul da cidade, mais conhecido que o próprio prefeito em algumas regiões. Figura importante da gestão Covas, ele indica cargos no Executivo e influencia políticas, principalmente as relacionadas a empresas de ônibus, das quais é próximo. Na campanha, foi um dos que participaram da escolha do vereador Ricardo Nunes (MDB) para vice na chapa do prefeito. Foram eleitos também personalidades da internet. É o caso do Delegado Palumbo (MDB), com 118 mil votos. Delegado da Polícia Civil, ele comandava o Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) e é conhecido nas redes sociais. Só no Instagram, tem 478 mil seguidores.
Na eleição, se vendeu com discurso forte na área da segurança pública, a favor dos “direitos das vítimas”, em suas palavras, e pedindo punição maior a criminosos —ainda que alterações no Código Penal não possam ser feitas por vereadores, mas pelo Congresso em Brasília. Outro policial civil e influenciador, neófito na política, eleito com quantidade expressiva de votos (98 mil) foi Felipe Becari (PSD), que tem 1 milhão de seguidores na rede social e é ativista pela causa animal. Entre os nomes de peso entrou também Fernando Holiday, vereador que fez barulho na última legislatura com propostas como o “escola sem partido” (da qual se arrependeu depois). Havia temor do próprio vereador de não ser reconduzido ao cargo. Seus eleitores, no entanto, o levaram ao quinto lugar. A Câmara também elegeu os primeiros mandatos coletivos, como ficaram conhecidas as candidaturas não de um vereador, mas um grupo de pessoas que toma decisões em conjunto. Essa tendência começou na última eleição à Alesp, quando Monica Seixas (PSOL) foi eleita “codeputada” com mais sete pessoas. Neste ano, o PSOL elegeu a Bancada Feminista. O formato , no entanto, não é reconhecido pela Justiça Eleitoral nempelo regimento da Câmara. Por isso, a urna mostra a foto e nome de uma das “covereadoras”, Silvia Ferraro. As outras “covereadoras” devem ser nomeadas assessoras do gabinete.
As bancadas coletivas têm ajudado a eleger legisladores que poderiam ter menos votos (uma vez que multiplica o número de cabos eleitorais) e projetar nomes que depois podem disputar uma vaga sozinhos. Foi o caso de Erika Hilton, que era uma das “codeputadas” do mandato coletivo encabeçado por Monica Seixas na Alesp, e agora a sexta mais bem votadas para a Câmara Municipal. Já Thammy, o nono mais bem votado neste ano, tentara a vaga em 2016 e ficara como suplente. Em 2019, quase assumiu após o vereador Camilo Cristófaro ser cassado, mas o parlamentar retomou o cargo por decisão da Justiça. Nomes apoiados por caciques, por outro lado, tiveram desempenho abaixo do esperado. Sonaira Fernandes (Republicanos) era a aposta do presidente Jair Bolsonaro, que a mencionou em transmissões ao vivo e fez aparições ao seu lado. Fernandes teve 18 mil votos e não ficou entre os 55 nomes mais votados, mas ainda pode entrar na Câmara se for puxada pelo quociente eleitoral. Também pela esquerda, não foi eleito William De Lucca (PT), uma das apostas do partido que ganhou o número 13000, de fácil memorização. Ele chegou a fazer um ensaio de fotos com o ex-presidente Lula e o ex-prefeito Fernando Haddad durante a campanha. Nas urnas, no entanto, teve pouco mais de 6 mil votos. Outro nome conhecido, Soninha Francine (Cidadania), que havia sido eleita em 2016 e amargou uma passagem humilhante no governo João Doria, sendo demitida em vídeo da secretaria da Assistência Social poucos meses após assumir o cargo, teve apenas 13 mil votos e, a princípio, não obteve a vaga.

CELSO ROCHA DE BARROS - *”São Paulo deixou Bolsonaro sem teto”*
*”Velhos caciques, animais, armas e gênero: o que o paulistano elegeu para a Câmara”*
*”Eleições nas capitais indicam freio em onda antipolítica e voto em nomes tradicionais”*

*”Bolsonaro vê aliados naufragarem, filho com menos votos e Wal do Açaí não eleita”* - Colocado em teste nas eleições deste domingo (15), o capital político do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sofreu um abalo com o resultado das urnas. Além de nenhum de seus apoiados ou aqueles que buscaram se associar a ele ter conseguido vencer em cidades importantes, o presidente assistiu a alguns reveses simbólicos. Seu filho Carlos Bolsonaro (Republicanos), candidato à reeleição para vereador no Rio de Janeiro, foi reeleito, mas encolheu cerca de 35 mil votos em relação a 2016, quando foi o campeão na capital do estado. Ele ficou em segundo, com cerca 71 mil votos, perdendo o posto para o oposicionista Tarcisio Motta (PSOL), que teve cerca de 86 mil votos. Wal do Açai, funcionária fantasma de seu gabinete da Câmara dos Deputados, conforme revelado em reportagens da Folha, recebeu o apoio em peso da família Bolsonaro, incluindo o do próprio presidente, mas não conseguiu se eleger vereadora em Angra dos Reis (RJ). Teve apenas 266 votos. A aposta mais importante do presidente era Celso Russomanno (Republicanos-SP), que passou boa parte da campanha liderando a disputa à Prefeitura de São Paulo, mas acabou ficando em quarto.
Bruno Engler (PRTB) até conseguiu subir na reta final, em Belo Horizonte, mas não conseguiu evitar a reeleição de Alexandre Kalil (PSD). No Rio, Marcelo Crivella (Republicanos) enfrentará um difícil segundo turno contra o favoritismo de Eduardo Paes (DEM). Bolsonaro chegou a apagar neste domingo um post com apoia a candidatos. À noite, divulgou mensagem minimizando os apoios dados e afirmou que a esquerda sofreu uma "histórica derrota", o que indicaria, em sua visão, que a onda conservadora de 2018 chegou para ficar. "Para 2022, a certeza de que, nas urnas, consolidaremos nossa democracia com um sistema eleitoral aperfeiçoado", afirmou. Bolsonaro declarou adesão abertamente a 59 candidatos. Foram 14 a prefeito, 1 a senador (Mato Grosso terá eleição suplementar) e 44 a vereador. A maioria deles obteve o apoio durante o que o presidente batizou de "lives eleitorais gratuitas". Além desses, vários outros candidatos pelo país tentaram associar o seu nome ao do presidente, mas a maioria dos bolsonaristas acabou embolada nas últimas posições. Rogéria Bolsonaro (Republicanos), mãe dos três filhos mais velhos do presidente, se candidatou a vereadora no Rio e teve pouco mais de 2.000 votos, uma votação baixa. Até as 23h30 o Tribunal Superior Eleitoral não informava se ela havia sido eleita ou não. Uma das exceções dentro do fracasso dos simpáticos ao presidente era Belém, onde o Delegado Eguchi (Patriota) foi para o segundo turno contra Edmilson Rodrigues (PSOL).
Entre os apoiados por Bolsonaro que tiveram mais sorte neste domingo estava o ex-governador cassado Mão Santa (DEM), que deveria conseguir se eleger prefeito em Parnaíba, no Piauí. Entre os apoiados por Bolsonaro que foram para o segundo turno, Capitão Wagner (PROS) também deve enfrentar uma dura disputa em Fortaleza contra Sarto (PDT), candidato da família Gomes. No Recife, o apoio de Bolsonaro não conseguiu alavancar a candidatura da delegada Patrícia Domingos (Podemos). Bolsonaro foi o principal beneficiado com a onda conservadora e antipolítica que marcou as eleições de 2018. Além de ter sido eleito mesmo tendo promovido uma campanha caótica, sem quase nenhum amparo partidário e contrariando praticamente todas as previsões do mundo político, ele viu triunfar nas urnas uma legião de políticos que buscaram se associar ao seu nome. Entre eles estavam os governadores eleitos dos três principais estados do país —João Doria (PSDB-SP), Wilson Witzel (PSC-RJ) e Romeu Zema (Novo-MG). Os dois primeiros acabaram rompendo e virando adversários de Bolsonaro. Doria é visto como um dos principais nomes que devem concorrer contra o presidente nas eleições de 2022. O abalo no status quo político há dois anos animou candidatos do entorno bolsonarista que mantêm o foco no discurso antipolítica a tentar a sorte.
Após um início em que titubeou em entrar na campanha de aliados, Bolsonaro acabou anunciando apoios a determinados candidatos, entre eles Russomanno e Crivella. As pesquisas do Datafolha e Ibope mostraram em todo o percurso da campanha, porém, que nomes apoiados pelo presidente nas principais disputas ou que, mesmo sem a menção direta, procuraram se associar à imagem de Bolsonaro, não figuraram em boa posição na maioria dos casos. Conforme a Folha mostrou no final de outubro, em apenas 3 das 26 capitais candidatos a prefeito alinhados ao presidente apareciam à frente nas pesquisas. A maioria estava embolada com outros candidatos nas últimas colocações. Outros expoentes da onda conservadora de 2018 também sofreram derrotas acachapantes neste domingo. Uma dos principais fiascos está na conta do governador de Minas Gerais. O candidato de Zema, Rodrigo Paiva (Novo), ficou com menos de 5% dos votos válidos em Belo Horizonte, a capital do estado, que reelegeu com folga o prefeito Alexandre Kalil (PSD). Alguns vitoriosos de 2018 nem tiveram como influenciar o atual pleito por terem sido abatidos politicamente no meio do caminho. Esse foi o caso de Witzel e do governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), que estão afastados dos cargos.

ANÁLISE - *”Eleição expõe fragilidade do capital político de Bolsonaro em grandes centros”*
*”Professor Emerson vence eleição para prefeito em Jaboticabal”*
DEPOIMENTO - *”Inusitada, cobertura da campanha em Jaboticabal repercutiu na cidade”*

*”Prefeitos da Grande SP conseguem reeleição no primeiro turno”* - Dos 22 prefeitos da Grande São Paulo que buscavam a reeleição em 2020, 13 tiveram sucesso nas urnas neste domingo (15) e garantiram vitória no primeiro turno. Em São Bernardo do Campo, Orlando Morando, se reelegeu com 67,28% dos votos válidos. A disputa na cidade foi marcada pela polarização entre o tucano e o ex-prefeito Luiz Marinho (PT), que ficou em segundo lugar com 23% dos votos. Na campanha, Morando entrou com duas ações judiciais contra o petista por danos morais e dois pedidos de explicação por difamação e calúnia. Na terça-feira (10) a Justiça eleitoral determinou apreensão de material da campanha petista ofensivo ao tucano. Outro político do PSDB reeleito na região do Grande ABC foi Paulo Serra, em Santo André, que obteve 76,85% dos votos com 98% das urnas apuradas. Em comum, os dois prefeitos conseguiram aglutinar grandes arcos de aliança, com partidos de centro, centro-direita e direita. Morando foi o prefeito em reeleição que conseguiu formar a maior coligação na região metropolitana, com 18 partidos. Serra era apoiado por 11 siglas, incluso aí o PSDB. O amplo apoio também se refletiu em recursos para a campanha. Em São Bernardo, o prefeito recebeu mais de R$ 4,538 milhões, ante pouco mais de R$1 milhão da campanha do segundo colocado na disputa, o ex-prefeito petista Luiz Marinho. Em Santo André, Serra teve uma campanha com cerca de R$ 3,8 milhões, enquanto o segundo lugar na disputa, Bete Siraque (PT), recebeu R$ 586 mil.
Em termos de feitos no primeiro mandato, os dois destacaram investimentos na área da saúde. Entre as promessas para o segundo mandato está a recuperação econômica no pós-pandemia. A reeleição dos dois tucanos confirma os números obtidos em pesquisas do Instituto Ibope, com margem de erro de 4 pontos percentuais para mais ou para menos. Em São Bernardo do Campo, em levantamento feito com 602 eleitores, nos dias 7 e 9 de novembro, Morando aparecia com 53% das intenções de voto. Em Santo André, Serra aparecia com 57% das intenções de voto na pesquisa feita entre os dias 1 e 3 de novembro com 602 votantes. Na região metropolitana, outros prefeitos conseguiram mais quatro anos no cargo. Entre eles estão o prefeito de Osasco, cidade com segundo maior PIB , Rogério Lins (Podemos), com 60,94% dos votos válidos, com 99,86% das urnas apuradas. Ex-vereador da cidade, ele consolidou uma coligação com 15 partidos e conseguiu mais de R$2,7 milhões para a campanha. Uma conquista destacada por ele no primeiro mandato foi o avanço da cidade na nota do Ideb (Índice de Desenvolvimento na Educação Básica). Entre os desafios estão as enchentes, problema que Lins promete resolver concluindo as obras deixadas por gestões passadas. Em Francisco Morato, a prefeita Renata Sene (Republicanos) também conseguiu a reeleição, com 86,99% dos votos válidos. Moradores destacam que ela concluiu obras paradas na cidade. Para o segundo mandato, Sene promete buscar recursos para um programa habitacional.
Entre as cidades da região que terão segundo turno está Guarulhos, município com segunda maior população do estado de São Paulo, atrás apenas da capital. A disputa será entre o atual prefeito e candidato à reeleição Gustavo Henric Costa (PSD), o Guti, e o ex-prefeito Elói Pietá (PT). No primeiro turno, Guti obteve 45,66% dos votos válidos contra 32,24% de Pietá, com 99,55% das urnas apuradas. Em Mogi das Cruzes, mesmo com uma coligação de 15 partidos e mais de R$ 1 milhão na campanha, o atual prefeito Marcus Melo (PSDB) não conseguiu evitar o segundo turno, que não acontecia na cidade desde o ano 2000. O tucano obteve 42,29% dos votos válidos, e enfrentará o vereador Caio Cunha (Podemos), que recebeu 28,31%. Em Taboão da Serra, haverá segundo turno entre o tucano Daniel Bogalho que obteve 33,42% dos votos válidos e o deputado estadual Aprígio da Silva (Podemos), que obteve 32,01%. Em 2016, o PSDB conquistou 10 prefeituras na região, oito delas já no primeiro turno, além da capital. O segundo melhor resultado foi obtido pelo PL, antigo PL, com 5 prefeituras já no primeiro turno e mais uma no segundo, e pelo PSB, que elegeu três prefeitos em primeiro turno e outros dois no segundo. Dentre os prefeitos eleitos, quatro eram mulheres e 2 se declaram como pardos. ​

*”Guarulhos terá segundo turno entre ex e atual prefeito”* - Segunda cidade mais populosa do estado de São Paulo, atrás apenas da capital, Guarulhos terá segundo turno entre o atual prefeito e candidato à reeleição Gustavo Henric Costa (PSD), o Guti, e o ex-prefeito Elói Pietá (PT). Neste primeiro turno, confirmando as pesquisas de intenção de voto, Guti obteve 45,66% dos votos válidos contra 32,24% de Pietá, com 99,55% das urnas apuradas. Um dos fundadores do PT, Pietá governou a cidade por dois mandatos, de 2001 a 2008, com obras lembradas por moradores. Em 2016, a onda antipetista que tomou o país após o impeachment da presidente Dilma Rousseff interrompeu um ciclo de 16 anos do partido no comando da prefeitura de Guarulhos. Guti derrotou o deputado federal Eli Corrêa (DEM) no segundo turno e assumiu o cargo aos 32 anos, prefeito mais jovem que a cidade já teve. Ele afirma ter dedicado sua gestão ao equilíbrio das contas públicas, o que afirma deve garantir fôlego para obras caso reeleito, entre elas a ampliação do número de UBSs (Unidades Básicas de Saúde). Pietá diz que Guti fez um governo sem inovações, enquanto o atual prefeito acusa o partido de ter deixado uma cidade endividade. Na Justiça, a gestão de Guti enfrenta questionamentos por contratos durante a pandemia. Já contra Pietá pesam processos por improbidade administrativa referentes aos dois mandatos em que esteve a frente da cidade, de 2001 a 2008, um deles movido pelo atual prefeito.

*”DEM vai se cacifar para liderar frente de centro, diz Maia”*
*”Justiça manda YouTube bloquear vídeo usado por Russomanno contra Boulos”*
*”Centenas de mulheres assinam manifesto em defesa de jornalista atacada”*
*”Candidato a prefeito Sérgio Leocádio (PSL) agride repórter em Natal”*

*”Paes e Crivella disputam 2º turno após serem alvos de operação às vésperas da campanha”* - O ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) vai enfrentar seu sucessor no cargo, Marcelo Crivella (Republicanos), no segundo turno da eleição para a capital do Rio de Janeiro. Com 100% das urnas apuradas no início da madrugada desta segunda (16), Paes teve 37% dos votos válidos, e Crivella, 21,9%. O atual prefeito superou a concorrência das deputadas Martha Rocha (PDT), com 11,3%, e Benedita da Silva (PT), com 11,27%. Os dois candidatos que permanecem na disputa superam, assim, as operações policiais de que foram alvos às vésperas do início da campanha. Ambos também disputam graças a liminares concedidas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que suspenderam os efeitos de condenações do TRE-RJ que os tornavam inelegíveis. O candidato do DEM larga com ampla vantagem sobre o atual prefeito no segundo turno, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada no sábado (24). Na simulação de segundo turno que se confirmou nas urnas, Paes tinha 57% da preferência do eleitorado, contra 22% de Crivella. Pesa contra o candidato do Republicanos uma altíssima taxa de rejeição, que chegava a 62% no sábado. Crivella deve reforçar a aposta na vinculação de sua imagem à de Jair Bolsonaro, como fez ao longo do primeiro turno, a fim de garantir os eleitores que apoiam o governo do presidente (28% na capital, segundo pesquisa divulgada na quinta-feira). A tendência é que Paes obtenha o apoio dos principais adversários, incluindo PT e PDT. A oposição a Bolsonaro vê um eventual fracasso de Crivella como uma forma de impor derrota ao presidente em seu colégio eleitoral.
O ex-prefeito deve centrar sua campanha na comparação entre a sua administração e a do atual prefeito, mal avaliada. Deve apostar na imagem de bom gestor. "A cidade precisa de gestão, de alguém que dê solução para os problemas. O carioca sabe a tragédia que representa a gestão Crivella. Sua rejeição tem a ver com sua péssima administração", disse Paes na noite deste domingo, em entrevista à imprensa. Crivella, por sua vez, apontará um suposto caos financeiro deixado por Paes como a causa de problemas em sua gestão, bem como destacar casos de corrupção na administração do adversário. "Bom gestor é quem escolhe secretário que não rouba e não é preso", afirmou Crivella ao votar, em referência ao ex-secretário de Obras da gestão Paes, Alexandre Pinto, que confessou ter recebido propina e implicou o ex-prefeito no esquema de corrupção. Também concorreram na disputa o deputado Luiz Lima (PSL), a deputada Renata Souza (PSOL), o economista Eduardo Bandeira de Melo (Rede), o vereador Paulo Messina (MDB), a deputada Clarissa Garotinho (Pros), a ex-juíza Glória Heloiza (PSC), o economista Fred Luz (Novo), Cyro Garcia (PSTU), Suêd Haidar (PMB) e Henrique Sominard (PCO). A campanha eleitoral na cidade começou tendo como marco operações policiais que atingiram os dois que chegam ao segundo turno. Paes foi alvo de busca e apreensão em razão de uma acusação por corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral pela prática de caixa dois na eleição de 2012 com recursos da Odebrecht. Ele se tornou réu e responde pelos supostos crimes na Justiça Eleitoral. Crivella, por sua vez, também sofreu buscas em sua casa e gabinete numa investigação sobre um suposto esquema de cobrança de propina dentro da prefeitura. Ainda não há denúncia nesse caso. O atual prefeito também sofreu um revés no TRE-RJ no início da campanha ao ser condenado por conduta vedada a agentes públicos na campanha de 2018.
A Justiça entendeu que ele convocou funcionários da Comlurb (empresa pública de limpeza urbana) para ato de pré-campanha de seu filho Marcelo Hodge Crivella, candidato a deputado federal —ele não foi eleito. A Lei da Ficha Limpa impede a candidatura de pessoas condenadas por órgãos colegiados por conduta vedada. Condenação pela mesma infração recai sobre Paes em decisão do TRE-RJ de 2017. Os desembargadores viram irregularidade no fato do deputado Pedro Paulo (DEM) ter apresentado em 2016 como programa de governo para a Prefeitura do Rio de Janeiro o resultado de uma consultoria contratada pelo próprio município durante a gestão Paes. Paes obteve uma liminar no TSE para concorrer em 2018. O tribunal ainda não julgou o mérito do recurso. O relator do processo, ministro Luiz Felipe Salomão, disse que manifestará seu voto após a eleição. Crivella também obteve uma decisão provisória para concorrer. O relator do caso do atual prefeito, ministro Mauro Campbell, já manifestou seu voto a favor da manutenção da candidatura do atual prefeito. Neste cenário, Martha tentou se apresentar como uma terceira via. A mistura de nome de urna com a referência a delegada e as pautas de esquerda, porém, não foi suficiente para atrair votos de eleitores progressistas ou próximos do bolsonarismo. A pedetista tentou ameaçar a polarização entre Paes e Crivella, mas os ataques que sofreu dos dois ao longo da campanha frearam sua evolução.

*”Rafael Greca é reeleito prefeito de Curitiba”*

*”Sarto e Capitão Wagner disputam 2º turno em Fortaleza”* - A capital do Ceará terá um segundo turno da eleição para a prefeitura entre o deputado estadual José Sarto (PDT), 61, e o deputado federal Capitão Wagner (Pros), 41. Com 100% das urnas apuradas, Sarto teve 35,7% dos votos válidos, e Wagner, 33,3%, garantindo a disputa entre os dois em 29 de novembro. Sarto, médico com sete mandatos seguidos como deputado estadual no Ceará, foi escolhido como candidato da situação pela liderança do PDT após uma série de debates com outros quatro pré-candidatos. Não havia, portanto, um nome de consenso, e a decisão por Sarto foi por ele ser mais conhecido da população.
Em terceiro lugar (17,8%) ficou a ex-prefeita de Fortaleza e deputada federal Luizianne Lins (PT), 51. Depois de aparecer bem colocada nas primeiras pesquisas divulgadas, ela perdeu espaço para Sarto, candidato do prefeito em segundo mandato Roberto Cláudio (PDT) e dos irmãos Ciro e Cid Gomes. A expectativa agora é se Luizianne anunciará apoio a Sarto no segundo turno, já que o governador petista Camilo Santana é aliado dos Ferreira Gomes e desafeto de Capitão Wagner no estado. "Eu vou conversar com todos os partidos e todas as pessoas. A minha luta não é contra ninguém, é a favor de Fortaleza. Vou convidar a todos. Eu sempre disse isso, até nos debates. Tenho maior respeito pela candidata. Luizianne é uma pessoa séria", disse Sarto. O candidato do Pros chega pela segunda vez seguida ao segundo turno da eleição municipal em Fortaleza. Em 2016 teve 46,4% dos votos, mas acabou derrotado por Roberto Cláudio que conseguiu 53,6%. "Estamos felizes com o resultado. A diferença é de cerca de 30 mil votos. Acredito que esses 14 dias vão ser de muito trabalho. A gente ligou para vários candidatos, pra desejar boa sorte. [A gente vai] Entrar em contato com os candidatos e, principalmente, com os eleitores desses candidatos", disse Wagner. ​
Ex-policial, Wagner ganhou notoriedade ao ser um dos líderes do motim de policiais militares no Ceará em 2011. Em 2012 foi eleito vereador da capital, em 2014 chegou à Assembleia Legislativa do Ceará e em 2018 a Brasília como deputado federal. No início da campanha, tentou ampliar o alcance de sua candidatura em temas distintos ao da segurança pública, sua especialidade, mas o assunto acabou sendo foco antes do primeiro turno por causa do mais recente motim de policiais, o de fevereiro de 2020. O governador Camilo Santana acusou Wagner de ter sido um dos líderes da paralisação deste ano, o que ele nega. Até o ex-ministro da Justiça Sergio Moro entrou na discussão ao gravar vídeo afirmando que Wagner não liderou o motim e, em reunião com Moro, pediu ajuda para uma solução rápida.
Esperava-se, o que se confirmou, uma campanha mais limitada nas ruas por causa da pandemia —faltando 11 dias para o primeiro turno, a Justiça Eleitoral do Ceará proibiu campanhas na rua, como carreata e bandeiraços. Sarto começou com 4% nas pesquisas, mas foi subindo, em um primeiro momento confrontando Luizianne Lins, com quem disputava votos de eleitores mais à esquerda. Por isso há a expectativa de saber se a deputada federal apoiará ou não publicamente Sarto —é certo que o governador Camilo Santana, aliado dos Ferreira Gomes, fará isso. Com apoio público de Jair Bolsonaro (sem partido), Capitão Wagner evitou na campanha citar o presidente, apesar de dizer em seu horário eleitoral que uma parceria com o governo federal seria tão importante quando com o estadual. Já Sarto, mesmo sem citar nominalmente Camilo porque é do partido da adversária, bateu na tecla da parceria com o estado para tentar atrair o público que aprova o governador —Camilo foi reeleito em 2018 com 79,9% dos votos. Também concorreram nestas eleições para prefeito da capital cearense o deputado estadual Heitor Férrer, 65 (Solidariedade), o deputado federal Célio Studart, 33 (PV), o deputado estadual Renato Roseno, 48 (Psol), o deputado federal Heitor Freire, 39 (PSL), o professor Anízio Melo, 60 (PC do B), a professora Paula Colares, 40 (UP), o professor Samuel Braga, 67 (Patriota) e o petroleiro José Loureto, 46 (PCO).

*”Em Manaus, Amazonino Mendes e David Almeida vão ao segundo turno”* - O ex-governador e ex-prefeito de Manaus Amazonino Mendes, 80 (Podemos), vai disputar o segundo turno das eleições na capital do Amazonas contra o também ex-governador David Almeida, 51 (Avante). Amazonino obteve 23,91% dos votos válidos, contra 22,36% de Almeida. ​Aos 80 anos, Amazonino foi eleito governador do estado quatro vezes –a última em 2017, após a cassação do ex-governador José Melo– e tenta a quarta gestão na prefeitura da capital amazonense. Em um ano em que a pandemia de Covid-19 colapsou o sistema de saúde de Manaus, com hospitais superlotados, pessoas morrendo em casa e enterros em valas coletivas, a campanha eleitoral de Amazonino foi marcada pela proteção ao candidato que, ao contrário dos adversários, pouco se expôs em eventos públicos, deixando de participar, inclusive, de debates - o que provocou críticas dos concorrentes. Do outro lado da disputa está o bacharel em direito e ex-governador do Amazonas David Almeida (Avante), 51, que se candidatou pela primeira vez ao cargo de prefeito. Almeida foi deputado estadual por três mandatos consecutivos (2007-2016) e, em 2017, assumiu o cargo de governador interino do Amazonas, após a cassação de José Melo (PROS). Almeida tem no palanque aliados e membros de partidos que compõem o grupo de apoio do atual governador, Wilson Lima (PSC), como o senador e também ex-governador Omar Aziz (PSD) e o deputado federal Pauderney Avelino (DEM).
Também concorreram a prefeito de Manaus o ex-senador, ex-deputado federal e ex-ministro dos governos Lula e Dilma Alfredo Nascimento (PL) 68, que buscava o quarto mandato com o apoio do atual prefeito, Arthur Virgílio Neto (PSDB); o deputado estadual Ricardo Nicolau (PSD), 45; o oficial da Polícia Militar do Amazonas e deputado federal capitão Alberto Neto (Republicanos), 38; o advogado e vereador Chico Preto (Democracia Cristã), 51; o professor Gilberto Vasconcelos (PSTU), 53; o economista e deputado federal José Ricardo Wendling (PT), 56; o advogado Marcelo Amil (PCdoB), 37; o engenheiro e empresário Romero Reis (Novo), 59; e o coronel da reserva do Exército e ex-superintendente da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) Alfredo Menezes (Patriotas), 57, candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). De acordo com o TRE-AM (Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas), Manaus tem 1.331.613 eleitores aptos a votar nestas eleições, número que corresponde a 53% dos eleitores do estado do Amazonas, que tem pouco mais de 2,5 milhões de pessoas aptas a votar. E, apesar de não ter nenhuma representante feminina entre os candidatos à prefeitura, as mulheres representam mais da metade dos eleitores manauaras: 52,9%, pouco mais de 704 mil eleitoras.

*”Kalil confirma favoritismo e é reeleito em Belo Horizonte”*

*”Porto Alegre terá Sebastião Melo e Manuela D'Ávila no 2º turno”* - A eleição da capital gaúcha será decidida no segundo turno. A candidata Manuela D’Ávila (PCdoB) e o ex-vice-prefeito Sebastião Melo (MDB) disputarão os votos dos eleitores porto-alegrenses. Melo teve 31,01% dos votos válidos e Manuela, 29%. Pesquisa Ibope de 14 de novembro mostrava ​ Manuela com 40% das intenções de votos válidos, Marchezan com 17% e Melo (MDB) com 25%. Ao longo da campanha, Marchezan enfrentou um pedido de impeachment, considerado por ele eleitoreiro. Além disso, seu vice na atual gestão, Gustavo Paim (PP), disputou a eleição com uma chapa própria. "Percebemos que o primeiro turno nos deixa vários recados. Em primeiríssimo lugar, que a cidade quer tomar um caminho diferente", disse Manuela D'Ávila, em transmissão de vídeo. "Me impressiona o recado das pessoas que decidiram não escolher nenhum de nós", disse a candidata sobre os 33,08% de abstenção, 5,06% de brancos e 5,81%. ​ Manuela foi candidata a vice-presidente em 2018, na chapa de Fernando Haddad (PT). Agora, o PT é a sigla de seu vice, o ex-ministro Miguel Rossetto. Manuela foi alvo de ataques virtuais ao longo da campanha. A Justiça Eleitoral determinou na última segunda-feira (9) que Facebook, Instagram, Twitter e YouTube retirassem do ar meio milhão de compartilhamentos de conteúdo falso contra ela. Além disso, a eleição foi marcada pela desistência da candidatura de José Fortunati (PTB), que estava tecnicamente empatado em segundo lugar no Ibope de 29 de outubro com Marchezan e Melo.
Fortunati declarou apoio a Melo em um vídeo compartilhado em redes sociais. Fortunati optou por desistir porque o vice de sua chapa teve a candidatura indeferida pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) na última segunda-feira (9). Em razão da proximidade do pleito, a impugnação afetou a chapa inteira. A decisão foi por unanimidade (seis votos). O recurso contra a chapa de Fortunati teve como autor o candidato a vereador Luiz Armando de Oliveira (PRTB), cujo partido compõe a chapa de Melo. Melo já foi vice-prefeito da capital gaúcha na gestão de Fortunati (2013-2016). Também disputaram a eleição a deputada federal Fernanda Melchionna, 36 (PSOL), o vice-prefeito, Gustavo Paim, 43 (pp), o ex-judoca João Derly, 39 (Republicanos), a deputada estadual Juliana Brizola, 45 (PDT), o professor Júlio Flores, 61 (PSTU), o médico Montserrat Martins, 61 (PV), o deputado estadual Rodrigo Maroni, 39 (Pros) e o dvogado Valter Nagelstein, 50 (PSD).

*”Prefeito disputa reeleição com vereador no segundo turno em Cuiabá”* - O vereador de primeiro mandato Abílio Júnior, 36 (Podemos), alcançou 33,72% dos votos para prefeito de Cuiabá. Ele vai disputar o segundo turno das eleições deste ano contra o prefeito Emanuel Pinheiro, 55 (MDB) que obteve 30,64 % dos votos válidos. Abílio Júnior é o principal opositor da gestão Emanuel Pinheiro na Câmara. Ligado à igreja evangélica Assembleia de Deus, o vereador é arquiteto e tem apoio de várias lideranças e da militância bolsonarista da capital de Mato Grosso, como o apoio do vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, deputado José Medeiros (Podemos) e da ex-senadora Selma Arruda. Já Emanuel Pinheiro conseguiu diminuir consideravelmente a sua rejeição e conseguiu polarizar a disputa contra o seu adversário, passando para o segundo turno. Emanuel ficou conhecido nacionalmente pelas imagens em que aparece recebendo maços de dinheiro e os colocando no paletó, entregues na delação do ex-governador Silval Barbosa. Ele se tornou réu nas véspera do início das eleições em ação penal que apura o suposto recebimento de "mensalinho" por deputados estaduais entre 2010 e 2014.
Também concorreu à prefeitura a advogada e ex-superintendente do Procon estadual Gisela Simona, 43 (Pros). Ela era a única mulher a disputar o comando de Cuiabá. O comunicador e ex-prefeito Roberto França, 72 (Patriota), buscou o apoio do presidente Bolsonaro até o último minuto, mas não conseguiu vencer. Ele tinha o apoio do governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM). Ainda disputaram o ex-juiz federal e advogado Julier, 51 (PT), o advogado Aécio Rodrigues, 29 (PSL), o administrador Paulo Henrique Grando, 45 (Novo) e o servidor público Gilberto Lopes Filho, 58 (Psol). Neste domingo também ocorreu a votação para uma cadeira ao Senado pelo estado, após cassação de Selma Arruda (Podemos-MT). Até as 22h50, apenas 29,64 das urnas para essa votação estavam concluídas. O atual senador interino Carlos Fávaro (PSDB) liderava, com 23,81% dos votos.

*”Em Florianópolis, prefeito Gean Loureiro (DEM) é reeleito”*
*”Bruno Reis, vice de ACM Neto, é eleito prefeito no 1º turno em Salvador”*

*”João Campos e Marília Arraes fazem 2º turno entre família no Recife”* - Os deputados federais João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT), respectivamente bisneto e neta do ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes (1916-2005), vão disputar o segundo turno no Recife. Com 100% das urnas apuradas, Campos, que é filho do ex-governador Eduardo Campos (1965-2014), registrou 29,17% dos votos, enquanto Marília teve 27,95%. O ex-ministro da Educação Mendonça Filho (DEM) ficou em terceiro, com 25,11%. Ele disputou parcela do voto bolsonarista no Recife com a delegada Patrícia Domingos, na quarta colocação, com 14,06%. Em lados opostos desde 2014, quando Marília decidiu romper com o PSB, os primos disputam pela primeira vez eleições majoritárias. Deputado federal mais votado da história de Pernambuco em 2018, João Campos procurou na propaganda política não vincular diretamente sua imagem ao prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), e ao governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB). Os dois aparecem com as gestões mal avaliadas em pesquisas.
Na reta final, João Campos usou o pai como principal cabo eleitoral. Eduardo Campos morreu no dia 13 de agosto de 2014, durante a campanha presidencial. Alvo preferencial dos adversários neste primeiro turno, Campos foi questionado durante a campanha sobre as recorrentes operações da Polícia Federal que investigam supostos desvios de recursos públicos destinados ao combate da pandemia. Com 26 anos, ele também foi muito criticado pelos oponentes por não ter experiência. Na vida pública, foi chefe de gabinete do governador Paulo Câmara e exerce, há quase dois anos, mandato de deputado federal. “Eu entendo se você acha que eu sou muito novo para ser prefeito da cidade do Recife, mas queria que você me conhecesse. Na minha vida, nunca dei um passo maior do que eu poderia dar”, disse na propaganda política veiculada nos últimos dias. Campos liderou, de acordo com o Datafolha, todos os levantamentos desde o dia 5 de outubro. A coligação Frente Popular, além do PSB, conta com MDB, Rede, PC do B, Solidariedade, Pros, PV, Avante, Republicanos, PP, PDT e PSD. Para chegar ao segundo turno, Marília Arraes enfrentou adversários dentro do próprio partido. Uma ala do PT, capitaneada pelo senador Humberto Costa (PT), defendia aliança com o PSB nestas eleições.
O PT integra o primeiro escalão do governo Paulo Câmara. Até outubro, comandava a Secretaria de Saneamento da Prefeitura do Recife. No início da campanha, temendo um efeito antipetista, Marília se distanciou dos principais símbolos do partido. Na propaganda, não usava o vermelho, a estrela do PT e nem a imagem de Lula. Também decidira não utilizar o sobrenome do avô Miguel Arraes. No meio do primeiro turno, mudou a estratégia. Acrescentou “Arraes” nas peças publicitárias e passou a dar destaque a Lula, que se tornou o seu principal cabo eleitoral. “É Lula. É Arraes. É Marília Arraes”, diz o slogan depois do redirecionamento. Em 2018, Marília foi a segunda deputada mais votada do estado. É a única mulher na bancada federal de Pernambuco. Antes, foi vereadora do Recife por três mandatos. Ela deixou o PSB após ser bloqueada nas suas pretensões políticas dentro do partido pelo primo Eduardo Campos. Em 2013, antes do rompimento, foi secretária de Juventude e Qualificação Profissional de Geraldo Julio. Também concorreram nestas eleições o coronel da PM Alberto Feitosa (PSC); o procurador do Recife Charbel Maroun (Novo); a pedagoga Cláudia Ribeiro (PSTU); o advogado Carlos de Andrade Lima (PSL); o advogado Thiago Santos (UP) e o músico e técnico em eletrônica Victor Assis (PCO).

*”Delegado e candidato do PSOL irão para o segundo turno em Belém”* - Em Belém, a disputa pelo segundo turno das eleições municipais será entre a direita e a esquerda. O delegado federal Everaldo Eguchi (Patriota) irá enfrentar Edmilson Rodrigues (PSOL). Com uma reviravolta nas urnas, Eguchi ultrapassou José Priante (MDB) e Thiago Araujo (Cidadania), que nas pesquisas do Ibope disputavam uma vaga para o segundo turno na capital paraense. Eguchi teve 23,06% dos votos, contra 34,22% de Edimilson Rodrigues. O candidato do Patriota de 57 anos é delegado da Polícia Federal. Paraense de Tomé Açu, é formado em Direito e Economia. Em 2018 disputou o primeiro cargo público, como candidato a deputado federal, mas perdeu a eleição. O arquiteto e atual deputado federal Edmilson Rodrigues, 63, já foi prefeito da capital paraense por duas vezes (1996-2000) e liderou a preferência dos eleitores no primeiro turno, como o Ibope já havia antecipado. Belém é uma das 11 capitais do país que pode voltar a ser governada pela esquerda. O deputado estadual Thiago Araújo (Cidadania), um dos mais jovens candidatos no país a disputar uma prefeitura, acabou em quarto lugar, com 8,09% dos votos.
Também deputado federal, José Priante (MDB) concorria à prefeitura de Belém pela terceira vez e é investigado no Supremo Tribunal Federal por suposta compra de votos na Câmara dos Deputados, na eleição de Eduardo Cunha à presidência da Casa. Ele nega as acusações. Ele ficou em terceiro, com 17,03% dos votos. Também concorreram nestas eleições para prefeito de Belém o deputado federal Cássio Andrade (PSB), o ex-vereador e operário Cléber Rabelo (PSTU), o pastor Guilherme Lessa (PTC), o ex-senador Mário Couto (PRTB), o deputado estadual Gustavo Sefer (PSD), o desenhista Jair Lopes (PCO), o médico Dr. José Jerônimo (PMB) e o pastor e deputado federal Vavá Martins (Republicanos).

*”Marquinhos Trad é reeleito prefeito de Campo Grande”*

*”Eduardo Braide enfrenta Duarte Júnior no 2º turno em São Luís”* - Principal nome da oposição em São Luís, o deputado federal Eduardo Braide (Podemos)​ vai enfrentar o deputado estadual Duarte Júnior (Republicanos) no segundo turno da eleição na capital do Maranhão​. Braide registra 37,8% dos votos válidos com 100% das urnas apuradas, e Duarte Júnior, 22,2%. O candidato e deputado estadual Neto Evangelista (DEM) ficou em terceiro, seguido do deputado federal Rubens Júnior (PCdoB). Também concorreram Bira do Pindaré (PSB), Franklin (PSOL), Yglésio Moyses (PROS), Silvio Antonio (PRTB), Jeisael (Rede)e Hertz Dias (PSTU). Com cinco candidatos de partidos da base de Flávio Dino (PC do B), a eleição em São Luís é marcada por uma espécie de teste de unidade para a coalizão que dá sustentação ao governador do Maranhão. Os aliados do governador dividiram-se em cinco candidaturas –Duarte Júnior (Republicanos), Rubens Júnior (PCdoB), Neto Evangelista (DEM), Bira do Pindaré (PSB) e Yglésio Moyses (Pros). O campo da oposição, por outro lado, saiu praticamente unificado em torno da candidatura de Eduardo Braide.
Surpresa da eleição municipal de 2016, Braide consolidou-se como principal nome da oposição ao prefeito Edivaldo Holanda (PDT) e ao governador Flávio Dino (PCdoB) na capital maranhense. Há quatro anos, ele candidatou-se pelo nanico PMN e, sem nenhum aliado poderoso, chegou ao segundo turno. Neste ano, terá como principal desafio não repetir a trajetória de 2016, quando acabou sendo derrotado por Holanda. Na campanha, Braide adotou um perfil ameno, evitando enfrentamentos com os adversários e com o governador. Em entrevistas e debates, buscou elencar emendas que se reverteram em obras e equipamentos na capital maranhense. Oponente de Braide no segundo turno, Duarte Júnior é advogado, foi aluno de Flávio Dino na universidade e entrou na política pelas mãos do governador. Nos últimos anos, ocupou a superintendência do Procon e a gestão do Viva Cidadão no governo estadual.
Filiado ao PCdoB entre 2015 e 2020, Duarte deixou o partido este ano após perder a disputa interna para o candidato Rubens Júnior. Filiou ao Republicanos, legenda do vice-governador Carlos Brandão. Na campanha, Duarte foi atacado por outros candidatos da base por estar em um partido que nacionalmente apoia o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Duarte, contudo, costuma afirmar que não tem nenhuma relação com o ideário defendido pelo presidente. Na campanha, Duarte Júnior buscou diferenciar-se de Rubens Júnior e Neto Evangelista, que são filhos de políticos tradicionais do estado, e adotou o slogan “Filho do povo, igual a você”. A tendência é que, neste segundo turno, todos os candidatos da base de Flávio Dino derrotados no primeiro turno se unam em torno de Duarte. O governador, que preferiu ficar de fora da campanha em São Luís no primeiro turno, deve mergulhar de cabeça no apoio ao seu aliado. Para unificar a base, contudo, o governador deverá atuar como uma espécie de bombeiro para curar as feridas de seus aliados, que trocaram farpas desde o período da pré-campanha. Esta foi marcada por uma série de disputas internas que resultou em uma fragmentação dos partidos da base.

*”Prefeito Álvaro Dias é reeleito em primeiro turno em Natal”*

*”Edvaldo e Delegada Danielle fazem segundo turno em Aracaju”* - O atual prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PDT), e a Delegada Danielle (Cidadania) disputarão o segundo turno das eleições da prefeitura da capital sergipana. Com 100% das urnas apuradas, Edvaldo teve 45,6% dos votos válidos. Sua adversária contabilizou 21,3%. O terceiro colocado foi Rodrigo Valadares (PTB), com 10,9%. Nascido em Pão de Açúcar, em Alagoas, Edvaldo Nogueira, 59, é médico e já esteve na prefeitura antes, como vice-prefeito do petista Marcelo Deda, morto em 2013. Em 2006, assumiu o cargo quando Deda se afastou para concorrer ao governo do Sergipe. Após dois anos como prefeito de Aracaju, Edvaldo concorreu à reeleição e venceu Mendonça Prado (DEM). Ele tem histórico atuante na política sergipana. Antes de chegar à prefeitura, foi vereador entre 1992 e 2000. Filiado ao PCdoB por mais de três décadas, Edvaldo participou do movimento estudantil e foi um dos fundadores do partido no estado. Transferiu-se para o PDT no começo de 2020. Concorrente do atual prefeito no segundo turno, a delegada Danielle Garcia foi chefe das delegacias de Nossa Senhora da Aparecida, Laranjeiras e São Miguel do Aleixo, todas no interior do Sergipe. Ela foi lançada na política pelo ex-delegado Alessandro Vieira, ex-comandante da Polícia Civil do estado e atual senador. Ambos ganharam fama por operações contra a corrupção que tiveram destaque. Os demais candidatos foram Marcio Macedo (PT), Georlize (DEM), Alexis Pedrão (Psol), Lúcio Flávio (Avante), Almeida Lima (PRTB), Juraci Nunes (PMB), Gilvani Santos (PSTU) e delegado Paulo Marcio (DC).

*”Abstenções crescem em eleição com pandemia e chegam a 23%, o maior índice em 20 anos”* - Com 99,89% das urnas apuradas, o país registrou 23,14% de abstenções no primeiro turno das eleições, o maior índice para pleitos municipais dos últimos 20 anos. Nas eleições anteriores, ocorreram sucessivos aumentos nas taxas de pessoas aptas a votar que não compareceram às urnas. No pleito municipal de 2016, a abstenção foi de 17,6% no primeiro turno e no anterior, em 2012, a taxa foi de 16,9%. “Os níveis de abstenções foram inferiores a 25%, portanto, em plena pandemia, nós tivemos um índice de abstenção pouca coisa superior a das eleições passadas", disse em entrevista coletiva o presidente do tribunal, Luís Roberto Barroso, neste domingo (15). "Eu gostaria de cumprimentar, de coração, o eleitorado brasileiro que compareceu em massa apesar das circunstâncias.” Em São Paulo, com 99,67% de urnas apuradas, a taxa de abstenções é de 29,29%. Em 2016, o índice foi de 21,8% e, em 2012, 18,5%. Com 99,99% dos votos contabilizados, a capital do Rio de Janeiro registrou 32,79% de abstenções, superior aos 24,3% registrados em 2016.​ O aumento de abstenções foi registrado também em outras capitais do país. Florianópolis, por exemplo, teve 28,65% de abstenções, mais que o dobro do registrado em 2016 (12,2%). Manaus também registrou acentuado aumento e passou de 8,6% no primeiro turno de 2016 para 18,23% neste ano. Já Vitória, que teve 10,8% de abstenções nas eleições municipais anteriores, registrou 25,45% em 2020.
Curitiba também apresentou índice elevado, com 30,18% —em 2016, a taxa foi de 16,4%, número já superior às eleições municipais de 2012 (9,1%). Em Macapá, capital do Amapá, que passa por um apagão, as eleições para prefeito e vereador foram adiadas na última quinta-feira (12). O primeiro turno deste ano foi marcado por problemas registrados no aplicativo e-título, tentativas de ataques cibernéticos a servidores da corte e lentidão da divulgação da apuração dos resultados, que, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), não teve relação com as investidas hacker. Segundo Barroso, houve uma falha no supercomputador que processa a totalização dos votos. O ministro garantiu que o episódio não afeta o resultado da votação. "Não há nenhum risco de o resultado não expressar o que foi votado", afirmou, em entrevista coletiva à imprensa, por volta de 21h de domingo (15), que começou com uma hora de atraso por causa dos problemas. No levantamento realizado nos dias 13 e 14 de novembro pelo Datafolha, 13% dos entrevistados indicaram que poderiam deixar de votar em função do coronavírus. O índice diminui em relação à pesquisa feita pelo instituto entre os dias 21 e 22 de setembro, que apontou 21%. O levantamento de novembro ouviu 2.987 eleitores e está registrado no Tribunal Regional Eleitoral com o número SP-01587/2020. Encomendado pela Folha em parceria com a Rede Globo, ele tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou menos. O pleito acontece em meio à pandemia do novo coronavírus, que já deixou mais de 165 mil mortos no Brasil até este domingo. Para evitar o contágio durante a votação, o TSE elaborou um plano de segurança sanitária com especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Hospital Israelita Albert Einstein e do Hospital Sírio-Libanês.
Entre as regras estão a obrigatoriedade do uso de máscaras, distanciamento mínimo de 1 metro entre as pessoas, com marcação de adesivos no chão, e disponibilização de álcool em gel antes e depois da votação. O horário de votação também foi ampliado em uma hora para evitar aglomerações e aconteceu das 7h às 17h. O TSE orientou que o horário das 7h às 10h fosse preferencial para pessoas acima de 60 anos, um dos grupos considerados de risco para a Covid-19. Além disso, identificação biométrica foi excluída para diminuir o risco de contágio em superfícies e evitar a formação de filas e aglomerações, já que o protocolo é um dos mais demorados nas etapas de votação. O protocolo sanitário também prevê a higienização constante de outras superfícies do espaço, como as mesas e cadeiras usadas pelos mesários, e o uso do aplicativo e-título para justificar ausência, com verificação por georreferenciamento. No entanto, a medida, que foi tomada para reduzir o fluxo de pessoas nos locais de votação, apresentou problemas neste primeiro turno das eleições. Eleitores relataram dificuldade para acessar o aplicativo tanto para concluir o cadastro quanto para justificar a ausência. Todos os eleitores e mesários que receberam diagnóstico de Covid-19 ou tiveram febre nos 14 dias anteriores ao dia de votação também não deveriam comparecer aos locais de votação e podem justificar a ausência.

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*”Após alta de internações por Covid em hospitais privados, rede municipal de SP mostra mesma tendência”* - A tendência de aumento de internações por Covid 19 já registrada em alguns hospitais privados de São Paulo começou a ser observada também na rede pública municipal nesta última semana. Segundo a Info Tracker, uma ferramenta desenvolvida por pesquisadores da Unesp e da USP que monitora o avanço da pandemia no estado, entre 7 e 13 de novembro, hospitais municipais de São Paulo tiveram alta de 9% nas internações (de 556 para 604). Na Baixada Santista, o aumento foi de 23% (de 180 para 222), e na região norte da Grande SP, de 37% (19 para 26). Segundo os pesquisadores, além do aumento das internações, observa-se também uma alta de 50% de casos suspeitos e da taxa de aceleração do contágio do coronavírus. Os dados vêm dos boletins epidemiológicos municipais e são processados por meio de modelagem matemática e inteligência artificial. “Não é uma pequena oscilação. É uma alta consolidada, que envolve uma análise desde agosto. Pode ser um indício de que vamos acabar emendando [uma onda da Covid com a outra]”, diz Wallace Casaca, professor da Unesp e pesquisador do CeMEAI-USP (Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria). Em relação às internações na capital, ele afirma que entre setembro e o meio de outubro havia uma tendência de queda, depois ocorreu estagnação, mas nos últimos dias foi observada uma pequena alta. “Não está aumentando muito ainda, mas os gráficos já mostram essa tendência [de alta]”, explica. Cidades do interior como Presidente Prudente e Piracicaba também registraram aumento de internações: de 35 para 45 internados (29%) e de 41 para 51 pessoas (24%), respectivamente.Já Campinas e São José do Rio Preto tiveram queda de 6% (396 para 372) e 12% (241 para 211), respectivamente. Para o epidemiologista Paulo Menezes, professor da USP e que integra o centro de contingência do governo paulista, olhando o conjunto de hospitais públicos municipais e estaduais ainda não é possível afirmar que haja aumento consistente de internações na capital—ou apenas uma oscilação sazonal.
Nas últimas três semanas, porém, ele diz que os dados mostram aumento discreto no número de casos leves e redução na velocidade com que vinham caindo as internações no estado. “É possível um aumento sim e talvez seja consequência da mudança de comportamento da classe média e média alta.” Mas, para ele, ainda não dá para inferir que o aumento de casos verificado nos hospitais privados seja prenúncio do que pode vir a acontecer nos públicos. “Os hospitais privados recebem muitos pacientes de outras regiões.” O também epidemiologista da USP Paulo Lotufo considera que essa alta na rede pública ainda não seja tão nítida pela falta de acesso e demora do diagnóstico, mas diz que nas UTIs municipais aumentou a ocupação. A Secretaria Municipal de Saúde informou que não é verídica a informação de que haja alta de internações e de ocupação de UTI na rede municipal paulistana, e que a pandemia está sob controle na cidade. Na rede privada de São Paulo, ao menos seis hospitais (Sírio-Libanês, Albert Einstein, Vila Nova Star, Oswaldo Cruz, HCor e São Camilo), também registraram aumento de internações nas primeiras semanas de novembro, em diferentes proporções. Na rede de hospitais São Camilo, por exemplo, a média diária de internação de pacientes Covid em setembro e outubro foi de 6,83 e 6,58, respectivamente. Em novembro, está em 8,92. No Einstein, pacientes confirmados e internados por Covid passaram de 54 na primeira semana de novembro para 72 no último sábado (14), sendo que 26 estão na unidade semi-intensiva e na UTI. Atualmente, o hospital tem um total de 73 leitos para Covid, ou seja, está quase com lotação máxima. O Einstein abriu mais 16 leitos de reserva caso a demanda de outros estados aumente. Hoje ela oscila entre 20% e 25% do total.
Esses leitos que já tinham sido destinados a outras especialidades e voltaram a fazer parte do fluxo Covid na última semana. “Teve um aumento, mas não dá para falar ainda que se trata de uma curva crescente exponencial como foi na primeira fase da pandemia”, diz o cirurgião Sidney Klajner, presidente do Albert Einstein. Ele afirma que o hospital trabalha hoje com quase 100% de ocupação de leitos destinados a outras doenças que não a Covid, mas diz que, se necessário, conseguirá remanejá-los de acordo com a demanda Covid ou, em último caso, até mesmo postergar procedimentos eletivos. Esse aumento de internações de pacientes Covid preocupa os hospitais privados porque ocorre em um momento de retomada das cirurgias eletivas que ficaram represadas no auge da pandemia. Segundo Fernando Torelly, superintendente executivo do HCor (Hospital do Coração), em abril e maio, a instituição chegou ter 140 dos seus 260 leitos destinados à Covid, sendo 98 ocupados de fato por pacientes infectados. Com o passar dos meses, esse número começou a cair e chegou em 17 de outubro a 18 pacientes. Em novembro, houve um aumento gradativo e, na quinta (12), 38 dos 40 leitos para Covid estavam ocupados.
Na mesma semana, houve um dia em que os 13 leitos da UTI Covid estavam ocupados. No sábado (14), no entanto, o número caiu para 9. “Ele aumenta e desce. Não é um processo de aumento contínuo como acontecia no pico da pandemia.” Ao mesmo tempo, os leitos não Covid também estão hoje com 90% de ocupação. “Nós nunca enfrentamos um aumento de Covid com um grande aumento de pacientes de outras especialidades que passaram meio ano sem tratamento”, afirma. Torelly diz que o temor do setor é que haja novamente uma grande alta de pacientes Covid. “O fato é que se tiver 50 pacientes amanhã com Covid eu não tenho como fechar leitos dos não Covid porque estão todos ocupados por pacientes de outras especialidades.” Segundo ele, embora tenha aumentado o número de atendimentos e internações relacionadas à Covid, a taxa de mortalidade se mantém estável. “Estamos muito mais bem preparados do que estávamos em fevereiro.” Francisco Balestrin, presidente do SindHosp (sindicato paulista dos hospitais, laboratórios e clínicas), diz que, embora haja um pico de aumento em alguns hospitais privados da capital, no setor como um todo ainda se observa um equilíbrio. “Precisamos ver se isso vai se manter.” Além da competição por leitos Covid e não Covid, o setor também se preocupa com uma eventual nova busca desenfreada por materiais, com os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e medicamentos (como relaxantes musculares e anestésicos). No auge da pandemia, houve escassez e aumento abusivo de preços.

TABATA AMARAL - *”A um voto de mudar a educação”*
*”Estudo mostra que atraso de um mês no tratamento de câncer eleva risco de morte em 10%”*

MÔNICA BERGAMO - *”Dom Odilo Scherer convoca padres e diáconos para reunião e deixa religiosos tensos”*: O cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, está convocando todos os padres e diáconos da arquidiocese para uma reunião geral do clero. No total, se todos atenderem ao convite, serão mais de 300 pessoas reunidas no Colégio Santo Antônio de Lisboa, no Tatuapé. A convocação está deixando alguns religiosos tensos —ainda mais diante das notícias de aumento de casos de Covid-19 em hospitais privados e também de internação em instituições públicas. Os padres ainda têm celebrado missas com número reduzido de fiéis, preocupados com a contaminação pelo novo coronavírus. Eles obedecem às orientações da própria igreja.

MÔNICA BERGAMO - *”Prefeitura de SP deve analisar nesta semana se há crescimento de internações por Covid-19”*
MÔNICA BERGAMO - *”Maioria dos empresários acha que consumidor não dá preferência a produtos nacionais, diz pesquisa”*
MÔNICA BERGAMO - *”Polícia Rodoviária de SP bate recorde de apreensão de drogas em 2020”*
MÔNICA BERGAMO - *”Dançarinos de Paraisópolis farão coreografia para uma versão da música 'Andar com Fé'”*
MÔNICA BERGAMO - *”Associação de servidores da Ancine repudia revisão de lei da TV paga”*

CAPA – Manchete principal: *”Disputa terá 2º turno no Rio, em São Paulo e mais 16 capitais”*

*”Com atraso, apuração mostra freio na antipolítica – Fracasso de aliados de Bolsonaro, força do centro e renovação na esquerda sobressaem”* - Pano de fundo e ao mesmo tempo protagonista de uma eleição sob muitos aspectos atípica, a pandemia de coronavírus fez o país registrar em 2020 recorde de abstenção, que ultrapassou 30% em várias capitais. Com divulgação muito atrasada em relação a anos anteriores, o resultado das urnas foi marcado por algumas novidades políticas: a dominância da política tradicional, com muitas vitórias de candidatos conhecidos; o mau desempenho daqueles apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro; e uma certa renovação de quadros na esquerda.
A eleição no Rio é um bom exemplo de cidade onde a onda antipolítica de 2018 não se repetiu. O segundo turno será disputado entre os dois candidatos mais conhecidos: o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) e seu sucessor, Marcelo Crivella (Republicanos), que tenta a reeleição. A eleição paulistana, também segundo as pesquisas da boca de urna e o começo da totalização dos votos, concentra ao mesmo tempo as três principais resultantes políticas da eleição: o atual prefeito Bruno Covas, em primeiro lugar, é um nome tradicional da política; Guilherme Boulos, do PSOL, a maior surpresa do domingo, foi um dos candidatos jovens de esquerda que conseguiram bom resultado; e Celso Russomanno (Republicanos) caminhava para um grande fracasso mesmo com o apoio de Bolsonaro. O presidente, aliás, não foi um bom padrinho, embora seu apoio tenha sido relevante para que Crivella conseguisse chegar ao segundo turno no Rio. Além de Russomanno, fazer campanha apregoando proximidade com Bolsonaro não foi bom negócio para a Delegada Patrícia (Podemos) no Recife; para Bruno Engler (PRTB) em Belo Horizonte; ou para Coronel Menezes (Patriota) em Manaus.
Voto da “segurança"
O desempenho de Boulos em São Paulo não foi o único em que um quadro jovem da esquerda ganhou protagonismo. Em Porto Alegre, Manuela D’Ávila (PCdoB) chegou, em segundo lugar, ao segundo turno, que em Recife será disputado por Marília Arraes (PT) e João Campos (PSB), outros nomes de renovação. Além da abstenção maior já esperada por causa do medo de votar em meio a uma pandemia, outro reflexo da crise sanitária pevisto era a preferência por candidatos mais conhecidos, numa lógica de “voto da segurança”. Belo Horizonte, Curitiba, Palmas e Campo Grande foram algumas das cidades que reconduziram os atuais gestores. Nas últimas semanas, muitos brasileiros nas redes sociais fizeram piada com a demora na apuração e definição da eleição presidencial dos Estados Unidos. Frequentemente era citado que, no Brasil, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entregaria em poucas horas o resultado das disputas municipais, o que não ocorreu. O sistema dos computadores do tribunal falhou, e os resultados foram levados a público muito tempo depois do que em 2016.

*”Passos lentos – Falha no sistema do TSE atrasa totalização de votos”*
*”Nas redes, onda de desinformação – Após ação de hacker no TSE, bolsonaristas espalham boatos”*
*”Paes e Crivella se enfrentam – Ex-prefeito ganhou em 44 das 49 zonas”*
ANALÍTICO: *”Desunida, esquerda abre espaço para favoritismo de Paes”*

*”Em busca de novas alianças – PDT vai ficar neutro e PT deve apoiar Paes”*
*”Disputa inédita – Em São Paulo, PSDB enfrenta o PSOL no segundo turno”*
*”O xadrez do segundo turno – Covas e Boulos terão de calibrar suas estratégias em busca de novos apoios”*
*”Abstenção recorde – Cerca de 23,5% não foram às urnas”*

*”Fracasso bolsonarista – Maioria de aliados experimenta derrota nas urnas”*
Bernardo Mello Franco – *“Bolsonarismo: onda que virou marolinha”*
*”De volta ao velho normal – Nas capitais, ‘outsiders’ perderam espaço para políticos veteranos”*
*”Uma decisão no primeiro turno – Em BH, Salvador e Curitiba, as grandes apostas vingaram”*
*”Troca de guarda – A esquerda sub-40 faz história em São Paulo, Porto Alegre e Recife”*

*”PSOL e PCdoB avançam nas urnas, e PT perde espaço”*
*”Tarcísio bate Carlos Bolsonaro – Com 99,7% das urnas apuradas, PSOL sai na frente para a Câmara do Rio”*
ENTREVISTA: JAIRO NICOLAU, cientista político - *”O discurso da nova política perdeu a força”*

*”Abuso noite e dia – Luau no Arpoador reúne 2 mil pessoas em dia que ocupações de UTIs para covid bate recorde”*

*”Socorro aos Estados – MG, GO e RS farão ajuste de R$ 200 bi para aderir ao programa, que deve ser votado nesta semana”* - À espera da votação da nova versão do novo Regime de Recuperação Fiscal (RRF), estados interessados em ingressar no programa calculam fazer um ajuste nas contas públicas de cerca de R$ 200 bilhões nos próximos anos como parte do programa de reestruturação de finanças. O valor equivale ao impacto de medidas previstas ou já tomadas por Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul para equilibrar receitas e despesas e fazer jus ao auxílio federal, que volta à pauta do Congresso nesta semana. O RRF foi criado em 2017 e prevê que a União ofereça aos estados um alívio na cobrança das parcelas da dívida pública. Em compensação, a lei exige que ações estruturais sejam tomadas, como ajustes nos gastos com pessoal e reforma da Previdência. Até hoje, só o Rio ingressou no programa. A mudança nas regras previstas no projeto de lei apresentado pelo deputado Pedro Paulo (DEM-RJ) que deve ser votado nos próximos dias facilita o ingresso de outros governos locais no regime ao flexibilizar, por exemplo, a exigência de que estatais estaduais sejam privatizadas. Pela proposta, a obrigação seria apenas de vender parte das participações nas companhias públicas. O texto também muda a forma como o programa será executado. A principal delas é o prazo. Hoje, o RRF tem duração de três anos, prorrogáveis por mais três. No texto de Pedro Paulo, esse tempo aumenta para até dez anos. A forma de pagamento da dívida durante o programa também será diferente: em vez de um perdão de três anos e retorno da cobrança nos três anos seguintes, os débitos voltariam a ser pagos após o primeiro ano de regime, gradualmente.
Parte dessas regras serão alteradas pelo relator do texto, deputado Mauro Benevides (PDT-CE). O parlamentar defende reduzir o tempo máximo do programa para nove anos e aumentar a exigência de cortes de incentivos fiscais, de 10% para 20% em três anos — propostas criticadas por parte dos secretários de Fazenda ouvidos pelo GLOBO. Mesmo com divergências, a possibilidade de que novas regras saiam do papel sinalizada com o acordo entre parlamentares e governadores há duas semanas renovou as expectativas dos três estados candidatos e também é visto pelo governo do Rio como saída para o impasse sobre a prorrogação do plano fluminense. O acordo prevê votação ainda nesta semana na Câmara e análise pelo Senado dois dias depois. Em Minas Gerais, a estimativa de impacto fiscal das medidas de ajuste é de R$ 100 bilhões. Esse número pode mudar, porque leva em consideração o plano elaborado com as regras originais. O secretário de Fazenda do estado, Gustavo Barbosa, disse que um novo cálculo será feita com base no relatório que será apresentado. Segundo Barbosa, Minas tem interesse em aderir ao plano. Ele frisou, no entanto, que é importante que o prazo de dez anos seja mantido.
— O estado de Minas continua interessado em aderir ao RRF. O relator tem a liberdade. Nós preferimos o texto emanado pelo deputado Pedro Paulo, que atende mais a Minas. A gente entende que dez anos é um prazo mais adequado e já indicamos isso ao relator — afirmou Barbosa.
Já no Rio Grande do Sul, aderir ao RRF significaria permitir um ajuste próximo da casa dos R$ 70 bilhões. O estado havia calculado que, com as regras originais do programa, poderia implantar medidas que resultariam em um impacto de R$ 40 bilhões até 2026. O secretário de Fazenda do estado, Marco Aurélio Santos Cardoso, afirma que esse valor pode subir até 50% com as novas regras — ou seja, para R$ 60 bilhões. A esse montante, seriam somadas R$ 7,5 bilhões em receitas extraordinárias, que não seriam afetadas por mudanças no prazo do regime.
— O grande foco do plano é na área de despesas. Nem são mais planos, o estado aprovou uma reforma administrativa, uma reforma da Previdência bastante reconhecida nacionalmente. Isso faz parte do plano e gera esse efeito a longo prazo. O foco do ajuste nosso é equilibrar despesas e receitas correntes. Temos também receitas extraordinárias, com as privatizações aprovadas nas áreas de energia, gás e mineração, e também na abertura de capital da empresa de saneamento — afirma o secretário, que também defende que o plano seja de dez anos.
Dos três candidatos a entrar no programa, Goiás é o que tem a situação menos crítica. A secretária de Economia do estado, Cristiane Alkmin Junqueira Schmidt, afirma que o plano prevê o ajuste das contas em apenas cinco anos. Nesse período, ações de economia de despesas projetadas somam R$ 24 bilhões. O estado tem receita corrente líquida de cerca de R$ 20 bilhões anuais.
Rio quer aderir
Segundo a secretária, todas os requisitos para aderir ao RRF já estão contemplados, como a reforma da Previdência. Goiás é um dos estados beneficiados pela mudança de entendimento em relação à venda de estatais. Sem a exigência de privatizar completamente companhias, a oferta de 49% das ações da Saneago passa a ser suficiente para ingressar no programa.
— O estado de Goiás não quer passar muito tempo no RRF. Quer só se ajustar, porque se nós tivermos que voltar a pagar a dívida em janeiro, o estado quebra — afirma Cristiane.
O Rio, que já está no RRF, também acompanha de perto as mudanças no regime. O secretário de Fazenda do estado, Guilherme Mercês, informou que trabalha com duas possibilidades: prorrogar a permanência do estado por mais três anos, como prevê a lei atual, ou pleitear o ingresso no novo programa. Ele não informou, no entanto, a estimativa de impacto fiscal das medidas. Assim como Rio Grande do Sul e Minas Gerais, o Rio defende que o prazo de dez anos seja mantido.
— O prazo de dez anos foi amplamente discutido. É muito importante que isso seja mantido. Como você tem um plano com obrigatoriedade de ser executado, esticar nove ou dez anos ou mais diz respeito só ao espaço para fazer a política pública. Se você encurta o prazo, tira espaço para fazer investimento — afirma Mercês.
Para o secretário, o novo formato do programa também traz melhorias ao mudar a forma de execução. As novas regras diminuem a insegurança jurídica em relação às normas de exclusão do programa:
— Agora, as regras do jogo serão conhecidas antes do jogo começar.
Acompanhamento de perto
O relator da proposta, Mauro Benevides, afirma que a avaliação das medidas após a sua implementação foi o erro. Para ele, o novo projeto permitirá um acompanhamento mais de perto do programa de ajuste dos estados.
— Esse foi o primeiro erro: avaliar ao fim do período. Para o Rio de Janeiro, a União pagou R$ 52 bilhões em dívidas nesses três anos. Há um total descumprimento (das medidas) — critica.
O parlamentar defende a ideia de reduzir o prazo previsto no texto original.
— Estou reduzindo para nove anos. É menos dinheiro que a União vai ter que colocar para esses quatro estados. Nesse programa de dez anos, que eu vou diminuir para nove, a União vai ter que arcar em pagamento de dívidas para esses quatro estados com R$ 250 bilhões — aponta.
O economista André Luiz Marques, do Insper, vê como positiva a possibilidade de que novos estados ingressem no RRF, mas lembra que é importante que as medidas sejam cumpridas:
— Imprevistos acontecem. É preciso planejamento, acompanhamento, gestão. Para desandar, não custa nada. O programa obriga esses gestores a acompanharem com mais noção das consequências. É importante os governadores ficarem alertas para que não tenham surpresa negativa de forma bem rápida também.

*”Pix começa a funcionar hoje. Saiba como funciona o sistema”*

 

CAPA – Manchete principal: *”No 2º turno, Covas fala em derrotar o ‘radicalismo’; Boulos, a ‘mesmice’”*

EDITORIAL DO ESTADÃO - *”É hora de trabalhar presidente”*: Em agosto passado, o presidente Jair Bolsonaro anunciou, solenemente, que não participaria das eleições municipais como cabo eleitoral de ninguém, porque, segundo suas palavras, “tenho muito trabalho na Presidência e tal atividade (a campanha eleitoral) tomaria todo meu tempo num momento de pandemia e retomada da nossa economia”. Na mesma época, proibiu seus ministros de participarem da campanha, com argumento semelhante. Como se sabe, contudo, Bolsonaro foi um dos mais ativos cabos eleitorais nesta campanha, bem como alguns de seus ministros. Nem a pandemia acabou nem a economia engrenou, mas o presidente achou espaço na sua agenda para entregar-se a suas especialidades – participar de eleições e ignorar promessas. O presidente alegou que pedia votos para seus candidatos somente “depois do expediente” – como se a Presidência fosse um cargo ocupado por um barnabé que bate cartão. O problema é que Bolsonaro não trabalha. A prova disso é a absoluta incapacidade de seu governo de encaminhar as reformas e as medidas sem as quais o País não se recuperará tão cedo do desastre em curso. Há sempre uma desculpa para a procrastinação, e a mais recente era a realização das eleições municipais.
Pois bem: as eleições foram realizadas ontem e, portanto, não há mais razão para que o presidente e seus auxiliares não arregacem as mangas e façam o que deve ser feito. Para tentar mostrar serviço, o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), chegou a anunciar que logo depois do primeiro turno das eleições o governo colocaria para votar uma extensa pauta, que inclui um projeto de renegociação das dívidas dos Estados, a autonomia do Banco Central e a regulamentação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). De novo, contudo, faltou articulação: o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, responsável por pautar as votações, disse desconhecer o tal pacote do governo. “Não estou nem sabendo disso aí. Não sei de onde veio essa pauta”, declarou Maia. Esse é o padrão do governo Bolsonaro: a confusão, o mal-entendido e, principalmente, a falta de iniciativa do presidente da República, de quem todos esperam o norte da administração. Como Bolsonaro não sabe o que quer como presidente e já se queixou diversas vezes do fardo do cargo, esquiva-se de tomar decisões, esperando que ou as coisas se resolvam por si mesmas ou que o Congresso afinal se encarregue de tocar o País adiante. O Congresso, praticamente desde a posse de Bolsonaro, assumiu o protagonismo político que, no presidencialismo, deveria obviamente ser do presidente. O problema é que os compromissos obscuros de Bolsonaro com o Centrão, que lhe garantem sobrevida no cargo a despeito de seus inúmeros atentados à dignidade da Presidência da República, podem acabar transformando o Congresso numa extensão do desastroso governo bolsonarista.
No início do ano que vem haverá eleição para a presidência da Câmara e do Senado, pleito que Bolsonaro tenta influenciar em favor do Centrão, cujo modus operandi ficou claro na disputa pela presidência da Comissão Mista de Orçamento (CMO). A CMO, responsável por votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias, sem a qual o governo não tem respaldo para executar o Orçamento, nem sequer foi instalada, porque o Centrão quer a direção da comissão, desrespeitando um acordo parlamentar prévio. Como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, bateu o pé em relação ao acordo, o Centrão, como se fosse da oposição, passou a obstruir qualquer votação, inclusive de temas de interesse do governo, até que sua vontade seja feita. É esse o senso de urgência dos governistas. Em nome de seus interesses, não se importam em adiar a aprovação de medidas importantes para o País. Enquanto isso, o presidente Bolsonaro, que deveria liderar o processo político, passa todo o expediente a fazer o que sabe melhor: criar confusão e ultrajar os brasileiros. Com o fim do primeiro turno da eleição, acabou a última desculpa de Bolsonaro para não trabalhar. Qual será a próxima?

*”Em 15 anos, CNMP só demitiu 22 procuradores”* - Aberto há 15 anos para fiscalizar procuradores e promotores, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) puniu com demissão apenas 22 representantes da categoria nas esferas federal e estadual nesse período. O colegiado foi criado junto com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio da Emenda Constitucional da Reforma do Judiciário, promulgada em 2004. De lá para cá, no entanto, deu continuidade a apenas 10% dos processos instaurados, de natureza disciplinar. A Câmara dos Deputados pretende apresentar um projeto para mudar a composição do conselho, blindá-lo do corporativismo e impor novas exigências. Parlamentares questionam a efetividade do sistema de punir abusos e avaliar a conduta dos 13 mil integrantes do MP. As críticas foram reforçadas, nos últimos anos, por denúncias de excessos de procuradores nas investigações envolvendo políticos e empresários. Os procuradores e promotores afirmam, porém, que o índice de punições é alto se comparado ao do CNJ, também alvo de queixas por inoperância. Além disso, observam que, no momento, uma parte do Ministério Público está em guerra com o Congresso e o Palácio do Planalto para evitar o “desmonte” da operação Lava Jato.
O CNMP funciona num prédio espelhado e suntuoso da capital federal. No ano passado, o órgão custou R$ 180 milhões aos cofres públicos. Desse total, R$ 45 milhões foram usados no pagamento de pessoal e encargos sociais. Tudo em uma estrutura de 511 membros e servidores, incluindo 11 conselheiros. Até setembro deste ano, o conselho aplicou 282 sanções em uma lista que abrange 6.421 procedimentos de natureza disciplinar instaurados. Entre as sanções, houve 86 suspensões, 69 advertências e 65 censuras, além das demissões. O índice geral de punição (4,4%) é puxado para baixo pelo fato de a maioria dos casos ser formada por reclamações disciplinares – denúncias apresentadas por quaisquer cidadãos que, na maior parte das vezes, não preenchem os requisitos ou não trazem evidências de infração. Mas, se o recorte for o dos casos que ultrapassaram a análise preliminar da Corregedoria (636), a proporção de punições é dez vezes maior (44%). “Numericamente, o CNMP não pune pouco. Qualitativamente, talvez puna pouco”, admitiu Leonardo Accioly, conselheiro do CNMP entre 2017 e 2019, indicado pela OAB. Accioly afirmou que, muitas vezes, integrantes do MP conseguem liminares na Justiça para barrar os casos dos quais são alvo.
Abusos. No Congresso, críticos da atuação de procuradores dizem que a forma de composição do CNMP dificulta a punição de abusos. Desde a sua criação, oito das 14 vagas do colegiado são reservadas a membros do Ministério Público em suas diferentes carreiras. Das seis outras vagas, a Câmara, o Senado, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) têm direito a uma indicação cada e a OAB, a dois representantes. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) coleta assinaturas para uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que aumentaria de duas para três as vagas que o Congresso tem direito a indicar. Além disso, a proposta retira a exigência de o corregedor nacional do CNMP ser da carreira e permite que os integrantes do STF e do STJ sejam ministros – hoje, as Cortes não podem indicar seus integrantes. “Os outros órgãos estão subrepresentados. O corporativismo do CNMP impede a punição dos membros do Ministério Público. É um órgão de controle externo e precisa ter gente de fora”, argumentou Teixeira. O líder do governo Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-pr), elogiou a proposta. “O que Paulo Teixeira está tentando é diminuir o corporativismo. Então, é óbvio que é bom, é satisfatório. Estatisticamente, se pune pouco”, concordou o deputado. Em setembro, o escritório político de Barros em Maringá (PR) foi alvo de busca e apreensão em um inquérito do Ministério Público do Paraná que apura desvio de verbas públicas. Para o líder do governo, é preciso punir procuradores que fazem denúncias quando não há elementos para levar à condenação. “Alguma punição tem de ter, porque existe um prejuízo real à pessoa que sofre o linchamento moral. E aí, quem responde por esse dano? Isso que precisa ser resolvido”, disse Barros.

*”Casos que merecem são punidos, diz corregedor”*

*”Presidente do Peru renuncia 5 dias após assumir, em meio a protestos e 2 mortes”* - Menos de uma semana após assumir a presidência do Peru, Manuel Merino renunciou ao cargo ontem, pressionado politicamente depois que duas pessoas morreram e dezenas ficaram feridas no sábado na violenta repressão dos protestos contra o governo. O Congresso tentou eleger ontem seu sucessor em primeira votação, mas a indicada em lista única, Rocío Silva Santisteban (Frente Ampla), não teve os 60 votos necessários. Os manifestantes têm saído às ruas desde a destituição do presidente Martín Vizcarra, aprovada na segunda-feira passada pelo Congresso em votação contestada por juristas e políticos peruanos. Ontem, grande parte do gabinete de Merino renunciou e ele perdeu apoio do Congresso por causa das mortes de Jack Bryan Pintado Sánchez, de 22 anos, e Inti Sotelo Camargo, de 24 anos, atingidos por disparos de policiais. Segundo o Ministério da Saúde, pelo menos 94 pessoas ficaram feridas no uso desproporcional de força pelos agentes de segurança. De acordo com a Coordenação Nacional de Direitos Humanos, havia 41 manifestantes desaparecidos. Várias organizações de defesa dos direitos humanos apresentaram ontem denúncias de homicídio agravado, lesões graves e abuso de autoridade contra Merino, seu primeiro-ministro, Ántero Flores-aráoz Esparza, o ministro do Interior, Gastón Rodríguez, e as autoridades policiais de Lima. “A queda de Merino mostra a importância política da nova geração. Os protestos de rua estão sendo liderados por jovens sem filiação política. Isso marca uma linha para a classe política de que a juventude quer uma mudança”, avalia o constitucionalista peruano Luciano López sobre a balança das forças políticas após os atos de Merino.
O político do Ação Popular assumiu a presidência na terça-feira, um dia após a destituição de Vizcarra, acusado de “incapacidade moral” por denúncias de recebimento de propina quando era governador de Moquegua, em 2014. A destituição levou a questionamentos sobre o cumprimento da Constituição. Em entrevista ao jornal peruano El Comercio, o escritor e Prêmio Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa afirmou que o Congresso violou a Constituição. “Acho que a Constituição é muito clara, um presidente pode ser acusado, mas só pode ser investigado ao término de seu mandato. Claramente, o Congresso violou a Constituição”, afirmou Llosa, colunista do Estadão. Assim que Merino anunciou a renúncia, os peruanos saíram às ruas para comemorar. Vizcarra também celebrou e exortou o Tribunal Constitucional a se pronunciar o quanto antes sobre sua destituição. “Quero tornar pública a minha renúncia”, afirmou Merino, de 59 anos, cinco dias após ter sido empossado. A classe política começou então a se articular para eleger o sucessor. Congressistas informavam ao longo do dia que o ideal era apresentar um nome de consenso para ganhar apoio popular.
Futuro político. O novo presidente será o terceiro a comandar o país em menos de uma semana e terá de lidar com as consequências da pandemia do novo coronavírus, somadas à grave crise política, que não parece ter data para acabar. “Acredito que a crise política ainda não acabou. A lista para a recomposição da mesa diretora do Congresso é liderada pela esquerda, que não representa a totalidade do país. Assim como o erro de Merino foi arrebatar o governo e formar um novo grupo de direita muito conservador, ter um novo presidente de outro extremo não vai de acordo com a visão da maioria, de centro”, diz López. O impasse ficou claro ainda ontem, quando, em primeira votação, a nova mesa diretora – cujo presidente se torna o líder do país – foi rejeitada. Em sessão extraordinária para definir a sucessão presidencial, os congressistas rechaçaram o nome de Rocío Silva com 52 votos. Apenas 42 foram favoráveis ao seu nome, quando eram necessários ao menos 60. Outros 25 congressistas se abstiveram. Ao longo do dia, o Partido Morado – único que votou de forma unânime contra a destituição de Vizcarra –, havia proposto o nome do congressista Francisco Sagasti como presidente de transição, mas ele acabou aparecendo na lista como primeiro vice-presidente. Mais cedo, os congressistas haviam aprovado a renúncia de Merino por 120 votos a 1. “Todos que votaram a favor da destituição de Vizcarra saem perdendo. E para as próximas eleições devemos ter outsiders com chances de vitória”, disse Lopez.

*”Pela 1ª vez, Trump fala em vitória de Biden, ‘por fraude’”* - Oito dias após o anúncio dos resultados da eleição presidencial nos Estados Unidos, Donald Trump admitiu ontem no Twitter pela primeira vez a vitória do democrata Joe Biden, a quem atribuiu a fraudes. Mas menos de duas horas depois disse que não tinha admitido nada e havia um longo caminho para que isso acontecesse. “Ele venceu porque a eleição foi fraudada”, escreveu Trump na manhã ontem, sem se referir a Biden pelo nome. “Não foram permitidos observadores, o voto foi tabulado por uma empresa privada da esquerda radical, Dominion, que tem má reputação e equipamento ruim e não poderia nem mesmo se qualificar para apurar o Texas (onde ganhei por muito!), a Fake & Silenciosa Imprensa, & muito mais!”, tuitou o presidente. Pouco mais de uma hora depois, Trump escreveu: “Ele só venceu aos olhos da MÍDIA FAKE NEWS. Não admito NADA! Temos um longo caminho a percorrer. Esta foi uma ELEIÇÃO FRAUDADA!” Em entrevista ao programa Meet the Press, da NBC, o escolhido por Biden para ocupar o cargo de chefe de gabinete da Casa Branca, Ron Klain, disse: “O Twitter de Donald Trump não torna Joe Biden presidente ou não presidente. O povo americano fez isso”. Biden derrotou Trump ao vencer uma série de Estados cruciais que o republicano havia conquistado em 2016. Biden obteve 306 votos eleitorais, contra 232 do presidente republicano. O ex-vice-presidente democrata também conquistou o voto popular nacional por uma margem de mais de 5,5 milhões de votos, ou 3,6 pontos porcentuais.
A equipe eleitoral de Trump tem entrado com ações legais que buscam anular os resultados em vários Estados, embora sem sucesso, e especialistas jurídicos argumentam que a manobra legal tem poucas chances de alterar o resultado da eleição. Com a falta de provas que corroborem sua hipótese de que houve fraude, a maioria dessas acusações foi rejeitada pelos tribunais. Várias autoridades eleitorais locais e nacionais rejeitaram as acusações de irregularidades feitas pelo presidente. Na sexta-feira, Trump se referiu pela primeira vez à vitória de seu adversário democrata ao dar a entender, antes de se retratar, que ele não estaria mais à frente da gestão da pandemia do novo coronavírus a partir de 20 de janeiro, dia da cerimônia de posse presidencial. Ele afirmou que seu governo não decretará o lockdown, mas não sabia dizer se isso poderá ocorrer no futuro. O tuíte de ontem do presidente não indica que ele está disposto a aceitar a derrota em um futuro próximo, nem que buscará facilitar a transição de governo. A decisão de Trump em não reconhecer Biden como o vencedor tem impedido que o presidente eleito e sua equipe obtenham acesso a escritórios governamentais e ao financiamento normalmente concedido a um novo governo para garantir uma transição tranquila.

*”Para não perder matrículas, escolas tentam limitar reajuste e dão desconto”* - Em meio à pandemia, escolas particulares de São Paulo tentam limitar o reajuste de suas mensalidades à inflação e dão descontos para reter estudantes. As unidades dizem ter registrado alta nos custos de operação, para adequações sanitárias e tecnológicas, mas temem que aumentos elevados no preço das parcelas afastem os estudantes. Sindicatos que representam as escolas particulares têm orientado que as instituições aumentem o mínimo possível ou evitem reajustes se puderem. Levantamento do Grupo Rabbit, que faz consultoria de gestão escolar, indica média de reajuste de 5% em 328 colégios paulistas – a inflação para o ano que vem deve ficar em torno de 3%. Outro grupo, o Apoio Estratégico, que atende mais de mil escolas, diz que os aumentos têm ficado entre 3% e 5% e não cobrem gastos deste ano com ensino remoto, reformas e materiais. “Se fosse seguir só a planilha de custos, as escolas chegariam a até 9% de reajuste, mas não dá para repassar isso em um ano de covid”, diz Ivan da Cunha, diretor de Consultoria da Apoio Estratégico. Apesar de verificar aumento de custos, o Colégio Humboldt, na zona sul de São Paulo, decidiu não fazer reajustes. Segundo o diretor Fábio Martinez, essa é uma forma de reconhecer o momento de crise vivido pelas famílias e de atrair estudantes. O colégio de origem alemã sem fins lucrativos perdeu 51 alunos na pandemia, o que representa 4,7% dos estudantes – parte deles da educação infantil, a área mais afetada no ensino remoto.
“Conseguimos implementar uma série de medidas de economia que compensaram a perda de alunos”, explica Martinez. Ele espera que parte dos estudantes retorne em 2021. No Colégio Dante Alighieri, na região central, o aumento será de 2,92% e a escola não pretende manter descontos dados na pandemia. Segundo a escola, foram feitas readequações internas para reduzir o impacto dos descontos concedidos. Para balancear os gastos na pandemia, o Colégio Iapi, na zona norte, vai aumentar a anuidade em 4%, mas prevê desconto de 40% na primeira parcela. A escola, de médio porte, chegou a perder cerca de 50 dos 200 alunos da educação infantil e só agora as matrículas estão retornando. “Fizemos investimentos e melhorias. Aderimos a uma assessoria de saúde escolar, fizemos palestras e treinamento”, explica Francini Dias, vice-diretora da escola. O colégio ainda contratou enfermeira e instalou sistema, com câmeras e computadores, para aulas híbridas, em que só uma parte dos alunos vai à escola. Segundo o Grupo Rabbit, houve alta de cerca de 15% nas despesas dos colégios. A Escola Luminova, por exemplo, diz ter gasto R$ 500 mil a mais neste ano, para adequação sanitária e investimento com aulas remotas – na escola, haverá reajuste médio de 5% para o ensino regular.
No Colégio Santa Maria, na zona sul, que também vai reajustar a mensalidade pela inflação, houve déficit neste ano por causa dos descontos e nem mesmo a escola fechada aliviou as despesas. “A conta de luz não representa nem 0,5% dos gastos de uma escola. Usando ou não eletricidade e água, se paga porque temos um contrato de fornecimento”, diz a diretora Diane Clay Cundiff. Segundo Benjamin Ribeiro, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado (Sieeesp), parte das unidades só deve comunicar o reajuste na última hora, em dezembro. A recomendação é de que se aguarde definição sobre a reforma tributária que tramita na Câmara dos Deputados. Caso aprovada, a alíquota sobre as mensalidades pode subir de 3,65% para 12%. “Nesse caso, a escola vai ter de repassar.” Por lei, as escolas têm de comunicar o aumento no máximo 45 dias antes do prazo final para a matrícula. Se a proposta de reforma tributária não for votada no fim deste ano, a recomendação de Ribeiro que é as escolas não reajustem ou aumentem o mínimo. “É hora de manter os alunos e ajudar as famílias.” A mesma orientação tem sido dada pelo Semeei, que representa as escolas da educação infantil, as mais afetadas pela crise, com perda de receitas de até 80%. “Elas já perderam muito. Não faz sentido pensar em aumento real de mensalidade”, diz Eliomar Pereira, do Semeei. Segundo ele, as escolas de educação infantil devem reabrir com apenas 60% dos alunos que tinham antes da crise.
Troca. Analistas do setor dizem que há tendência maior de troca de escolas neste ano e que as unidades com mensalidade mais baixa já estão perdendo alunos para a rede pública. “Naturalmente, 10% a 15% de alunos mudam de escola. Na pandemia, esse número vai ser maior, com a busca de escolas mais baratas”, diz Christian Coelho, CEO do Grupo Rabbit. A empresária Rose Gonzalez, de 54 anos, optou por trocar a filha de escola depois de conseguir descontos mais vantajosos em outros colégios. A menina, que vai ingressar no ensino médio, estudava em uma escola de ponta na zona sul paulistana e se mudará para outra de porte semelhante na mesma região. “Muitas estão com descontos, vi escolas boas. Antigamente, quando você ia fazer (matrícula) ninguém tinha desconto no ensino médio”, afirma.

*”Minicérebro auxilia a testar tipos de cannabis”*

*”Davos do Papa’ mobiliza católicos”* - Era para ser um grande evento público, com participação de mais de 3 mil inscritos de 100 países diferentes para debater, em Assis, na Itália, os rumos da economia atual. Mas veio a pandemia e o encontro, com palestras de prêmios Nobel, acadêmicos e líderes empresariais convocados pelo papa Francisco, contudo, foi prorrogado de março para novembro. E agora, com a covid-19 ainda em estágio preocupante, ocorrerá online, entre os dias 19 e 21. Apelidado de “a Davos do papa” – em alusão ao mais importante fórum econômico mundial –, o encontro mobiliza principalmente jovens católicos. No Brasil, eventos preparatórios começaram há um ano. “Mais importante do que o próprio evento, é a amplitude das discussões pelo mundo afora”, afirma o economista Ladislau Dowbor, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Para ele, o atual contexto mundial “é eticamente vergonhoso”. “Não foram os pobres que criaram esta desigualdade. O mundo produz o equivalente a 85 trilhões de dólares de bens serviços ao ano, o que dividido pela população mundial daria R$ 15 mil por mês por família de quatro pessoas”, afirma Dowbor. “Uma desigualdade um pouco mais moderada poderia assegurar a todos uma vida digna e confortável.” Integrante da Comissão Justiça, Paz e Integridade da Criação dos Frades Capuchinhos do Brasil, frei Marcelo Toyansk Guimarães destaca a importância dos vários encontros realizados no País como preparação para o evento, nos quais se discutiu o tema a partir da realidade brasileira. “Houve um grande encontro na PUC e isso tem se replicado em cidades como Campinas, Piracicaba, Belo Horizonte, Marília, Porto Alegre e muitas outras.” Para o sociólogo Eduardo Brasileiro, que atua no coletivo Igreja Povo de Deus em Movimento e trabalha com educação popular e mobilizou os jovens brasileiros, o evento não se encerra em Assis. “Aguardamos ansiosos o evento. Acreditamos que mais do que Assis nos pautar, nós pautaremos Assis com iniciativas reflexivas, de organização social e de mudança de paradigma.”
Nova economia. Mas o que é, afinal, essa “nova economia” proposta por Francisco? “É uma provocação para um mundo em ruínas”, diz Brasileiro. “O encontro convocado pelo papa deve olhar para o avançar da concentração de renda nas mãos de poucos e a miséria crescendo em vários países.” Já o vaticanista brasileiro Filipe Domingues, doutor pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, define a proposta como um contraponto ao pensamento dominante da economia mundial. “Não é uma ruptura à economia capitalista, mas a defesa de uma economia não tão focada no crescimento econômico e sim na melhor distribuição de renda, no social, no que é melhor para as pessoas.” Domingues lembra que criticar problemas mundanos não é uma novidade de Francisco. Leão XIII (1810-1903), em sua encíclica Rerum Novarum, discutiu as agruras do operariado pós-revolução Industrial, Paulo VI (1897-1978) demonstrou preocupação com o avanço da globalização, João Paulo II (1920-2005) defendeu o direito ao trabalho e Bento XVI criticou o fato de que a técnica está se sobrepondo ao ser humano. “Há uma doutrina social da Igreja. Mas Francisco chega com uma crítica mais forte e mais objetiva. Ele fala que a economia tal como está é uma economia que mata”, explica Domingues. “Antes, nenhum papa havia falado desta forma. Francisco aponta que a economia justa é aquela que dá terra, casa e trabalho para todo mundo. E isso não é uma crítica vazia. Ele diz que do jeito que está o mundo não vai mais funcionar. Para o papa, a gente pode e é capaz de ter um sistema mais justo.”
Personalidades. Entre os participantes do evento, há nomes de peso como o economista e banqueiro bengali Muhammad Yunus, Nobel em 2006, o economista norte-americano Jeffrey Sachs, a ativista e ambientalista indiana Vandana Shiva, o sociólogo, ativista e escritor italiano Carlo Petrini e Pauline Effa, que atua no Fórum Internacional Social e de Economia Solidária. “Nutro a esperança de que o evento seja o começo de uma jornada que, por mais trabalhosa e complexa que seja, valha a pena iniciar, que dela advenha um autêntico projeto de transformação – não apenas reformista – da ordem social atual”, afirmou ao Estado o economista italiano Stefano Zamagni, que está entre os palestrantes. “Progredimos com as raízes que desenvolvemos. E, para tal empreendimento, as raízes são profundas e muito vigorosas.”
Meio ambiente. Em sua carta de apresentação, Francisco lembrou que o encontro não deve ser simplesmente católico. “Ele convocou todas as pessoas, mesmo aquelas que não têm o dom da fé”, diz frei Guimarães. As discussões devem trazer à tona problemas ambientais, tema caro ao papado de Francisco. “Estamos em um cenário de colapso ambiental e humano. Os primeiros prejudicados são os mais pobres”, prossegue Guimarães. “O papa visa à sobrevivência da humanidade. Não há outro caminho, senão o cuidado com a casa comum, que hoje vem sendo atropelada.” Outro dos palestrantes confirmados, o economista Bruno Frey, professor da Universidade da Basileia, aponta as direções que seu pronunciamento deve tomar. “A crise climática é apenas um dos muitos desafios. Há ainda as questões de guerras, mobilidade, refugiados, pandemia”, diz. “O importante é que a geração mais jovem apareça com ideias criativas para lidar com esses problemas de maneira humana.” Mais: www.francescoeconomy.org

*”Em São Paulo, 2ºturno terá disputa entre Covas e Boulos”*
*”Novo embate confronta perfis e propostas distintas”*
*”’A esperança vai vencer os radicais’, diz Bruno Covas”*
*”Para Boulos, seu trunfo é derrota do bolsonarismo”*

*”Votação de Tatto simboliza revés do PT”* - O PT sofreu importante derrota no primeiro turno das eleições municipais e o tamanho do revés político pode ser medido pela derrocada em São Paulo, cidade que o partido governou três vezes. Na “joia da coroa”, o maior partido de esquerda virou nanico. O candidato do PT à Prefeitura, Jilmar Tatto, não apenas não conseguiu passar para a segunda rodada da disputa como ficou em sexto lugar, com votação muito distante da registrada por Guilherme Boulos, do PSOL, o novo desafiante do prefeito Bruno Covas (PSDB). Tatto anunciou o apoio a Boulos pelo Twitter. “Acabei de ligar para @Guilhermeboulos, a quem tenho como um irmão mais novo”, escreveu ele. “Desejei sorte e disse que ele pode contar comigo e com a nossa valente militância para virar o jogo em São Paulo”. O balanço do desempenho do PT será feito hoje, em reunião do Diretório Nacional, por videoconferência. O Estadão apurou que dirigentes pretendem cobrar responsabilidades pelo infortúnio de Tatto. Aos 40 anos, o PT vive uma crise sem precedentes. Após perder aproximadamente 400 prefeituras nas eleições de 2016, incluindo São Paulo – que naquele ano passou para o comando do PSDB –, o partido apostava na disputa deste ano para se reposicionar no jogo político, mas não conseguiu se recuperar.
A estratégia definida pela cúpula petista previa a nacionalização da disputa, o enfrentamento ao presidente Jair Bolsonaro e a defesa da retomada dos direitos políticos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A onda bolsonarista de 2018 não se repetiu nessa campanha, mas o PT também não tirou os dividendos esperados das fragilidades no campo da extremadireita. A conquista de prefeituras estratégicas sempre foi vista pelo comando da legenda como fundamental para a disputa presidencial de 2022. Com essa avaliação, o PT lançou 1.234 candidatos a prefeito – um crescimento de 27,09% em relação aos 971 nomes apresentados em 2016. Deste total, 20 encabeçavam chapas para capitais. Conseguiu passar para o segundo turno no Recife, com Marília Arraes, e em Vitória, com João Coser. Em Porto Alegre, o PT tem o vice de Manuela D’ávila (PC do B), que vai concorrer à nova etapa da disputa, no dia 29. O Nordeste, porém, não é mais um celeiro de votos do PT. Candidatos petistas em Salvador, Fortaleza, Natal e Teresina – capitais de Estados governados pela sigla – não tiveram bom desempenho nas urnas. Com mais votos agora do que aqueles obtidos na eleição presidencial de 2018, Guilherme Boulos, por sua vez, é visto por muitos políticos de esquerda como a imagem do que era o PT antes da Lava Jato, do impeachment da presidente Dilma Rousseff e da prisão de Lula. Além disso, a vice de Boulos é a deputada Luiza Erundina, uma ex-petista, que foi prefeita de 1989 a 1992.
Apelo. Embora recentemente a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, tenha apelado para Tatto desistir da disputa e apoiar Boulos, o candidato se recusou. O lançamento de Tatto para a sucessão de Covas, porém, foi defendido por Gleisi e pelo próprio Lula, apesar da enxurrada de críticas, depois que o ex-prefeito Fernando Haddad se recusou a entrar no páreo. A candidatura de Tatto causou um racha no partido. “Ninguém poderia dizer o que ele deveria fazer. Era uma coisa dele”, afirmou Lula, ontem, em São Bernardo do Campo, onde votou. “O candidato disse: “Eu vou continuar candidato. Isso era somente ele que poderia falar. Eu acho que foi uma atitude correta dela (Gleisi), de procurar o partido para discutir isso. E foi uma atitude soberana dele dizer que não iria retirar a candidatura”, completou. Lula observou que “figuras importantes do partido” fizeram documento de adesão a Boulos bem antes de a campanha começar. “Nós temos que respeitar porque as pessoas são livres para escolher candidatos”. Desde 1992, o PT só havia ficado fora do segundo turno na capital paulista na eleição de 2016, quando João Doria (PSDB) venceu Haddad. À época, o declínio do PT foi expressivo, mas vinha na esteira do impeachment de Dilma e de uma sucessão de escândalos. A derrota em São Paulo, agora, é sinal de que o PT não apenas não se reabilitou na maior cidade do País como está isolado. A chapa pura petista em São Paulo era chamada nos bastidores de “pão com pão” (Tatto com Carlos Zarattini de vice), sem aliados. Ao votar, ontem, Tatto preferiu falar sobre os problemas do presidente. “Temos um grande derrotado nessa campanha, que é o Bolsonaro e seu candidato”, afirmou, numa referência a Celso Russomanno.

*”Eduardo Suplicy é o vereador mais votado de SP”*
*”Rio Preto e Jundiaí decidem no 1º turno”*
*”Anabolizado em 2018, PSL não emplaca nas capitais”*
*”Centrão avança em grandes cidades e aumenta seu cacife”*

ENTREVISTA: FERNANDA NECHIO, diretora de assuntos internacionais e gestão de riscos corporativos do Banco Central - *”Vamos fomentar o crédito sustentável”*: O Banco Central vai criar um “gabinete verde” para fomentar o crédito rural sustentável. A agenda socioambiental da instituição prevê também uma linha para bancos com benefícios para iniciativas relacionadas a investimentos sustentáveis. O BC também estuda, com o Ministério da Economia, ampliar limites de financiamentos rurais com características verdes. Essas medidas fazem parte do pilar de sustentabilidade recentemente incluído na agenda estratégica BC# para os próximos anos. O lançamento da agenda acontece num momento em que o Brasil sofre pressão internacional por conta da preocupação com a destruição do meio ambiente. Na primeira entrevista desde que assumiu o cargo, em maio de 2019, a diretora de assuntos internacionais e gestão de riscos corporativos do BC, Fernanda Nechio, diz que a pandemia acelerou o debate da sustentabilidade. “É uma demanda da sociedade ter uma recuperação (econômica) mais sustentável.” A seguir, os principais trechos da entrevista:
• A pandemia da covid-19 tornou mais importante essa agenda sustentável que o BC defende?
- A covid acelerou esse debate de sustentabilidade. É uma demanda da sociedade ter uma recuperação (econômica) mais sustentável. É uma agenda nova.

• A inclusão do pilar de sustentabilidade na agenda BC# é uma mudança de postura do banco?
- O BC é bem pioneiro. É responsabilidade do sistema financeiro olhar para as questões socioambientais e as características legais dos empréstimos concedidos. Desde os anos 2000, o banco tem um histórico com várias iniciativas regulatórias relacionadas à mitigação de riscos socioambientais. Diversos BCS citam a regulação do BC brasileiro como exemplo. Em 2014, o BC lançou uma resolução sobre responsabilidade socioambiental, um marco regulatório com diretrizes para o sistema financeiro.

• E daqui para a frente?
- Essa agenda tem caminhado rapidamente. E a intenção do BC é estar na fronteira de atuação nessa área. Cada pilar da agenda BC# responde às mudanças estruturais da economia ou a demandas da sociedade, como foi a agenda tecnológica.

• Quais seriam as mudanças na economia para a sustentabilidade do sistema financeiro?
- O jeito mais fácil de mostrar é olhando as mudanças climáticas. Por muito tempo, nós olhávamos para eventos extremos e achávamos que aconteciam pouco frequentemente. Tem uma percepção generalizada agora de que os eventos extremos estão se tornando muito mais frequentes.

• E como o BC pode atuar?
- Essa agenda está no cerne do mandato do BC, que é garantir estabilidade de preço e um sistema financeiro sólido e eficiente. Choques climáticos afetam preços relativos e a estabilidade de preços. Esses choques climáticos estão se tornando mais frequentes. Passam a ser um novo risco e uma variável para levarmos em conta nas decisões de política monetária. Cabe ao regulador levar em conta esses novos riscos para garantir o ambiente estável.

• Qual é o foco dessas medidas?
- É importante garantir que o sistema atue nessa agenda, como também o BC liderar e dar o exemplo. Entre as medidas internas, queremos unificar uma cultura de sustentabilidade dentro do BC. Teremos uma semana verde no BC, no fim de fevereiro, convidando pesquisadores e especialistas para amplificar essa cultura socioambiental no banco.

• E as políticas para fora do BC?
- Uma regulação que será obrigatória para o sistema financeiro é implementar as recomendações do TCFD (sigla em inglês para a Força-tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas às Mudanças Climáticas), uma lista de recomendações do G20 para trazer mais transparência na atuação das instituições e como elas afetam os riscos climáticos e socioambientais no business delas. É um movimento muito importante e estamos bem pioneiros. A França começou recentemente, e a Inglaterra tem um plano de começar.

• Como o BC pode estimular ativos verdes?
- Temos uma medida para montar uma linha financeira de provisão de liquidez para o sistema financeiro com foco ambiental. Está ainda em estudo, não tem parâmetros definidos, mas seria, por exemplo, prover liquidez para o sistema com algum tipo de benefício para iniciativas que forem relacionadas a investimentos sustentáveis. Estamos estudando como fazer isso, mas poderiam ser benefícios via taxa, em termos de colateral (ativos que são dados como garantia) ou volume.

• Como a legislação do BC pode estimular modelos de financiamento verde?
- Temos duas medidas importantes. A primeira delas é que vamos criar o que chamamos de bureau (gabinete) verde do crédito. Quando as instituições financeiras fazem empréstimos, elas colocam as características desses financiamentos no Sicor (Sistema de Operações do Crédito Rural e do Proagro) do BC. O que estamos desenvolvendo é colocar dentro desse sistema opções para serem preenchidas de características sustentáveis do crédito rural.

• Como essa medida pode ajudar esse mercado?
- Um dos principais problemas que a agenda de sustentabilidade tem no mundo é o custo de informação. É muito caro ter informação, como um selo ESG (ambiental, social e governança, na sigla em inglês). Essa iniciativa melhora exatamente esse custo de informação, quando um produtor consegue um crédito rural. Num ambiente de open banking, se as instituições financeiras autorizarem, essa informação poderá ser pública. Barateia o custo de informação e tende a fomentar o crédito com característica sustentável.

• Quais são as outras medidas?
- Estamos estudando, junto com o Ministério da Economia, o aumento dos limites de contratação de crédito rural que tenham características verdes. Vamos amplificar o tipo de informação que o BC requer das instituições no âmbito de riscos socioambientais.

• O presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem sido enfático sobre o fator ambiental poder reduzir a entrada de investimentos internacionais no País. Como a sra. vê essa questão?
- Vemos, no mercado financeiro, as instituições refletindo as demandas dos investidores por um sistema financeiro mais sustentável. Quando falei sobre a motivação para os pilares da nossa agenda (mudanças estruturais e demandas da sociedade), a parte de demanda está relacionada com os comentários do Roberto. O Brasil definitivamente precisa de investimentos externos. Temos muitas oportunidades de investimentos dentro do Brasil.

 

CAPA – Manchete principal: *”Voto antipolítica fica para trás”*

*”Indústria pede reforço de medidas de defesa comercial em acordos”*- Fiesp constatou que setor privado colocou muita atenção sobre redução de tarifas e bem menos em medidas antidumping, antissubsídio e salvaguardas

*”Desconhecimento ainda mantém cidades longe das PPPs”* - Setor espera crescimento com novo marco regulatório do saneamento

*”Brasil pode ficar sem voto e ‘virar Venezuela’ na ONU”* - Novo calote dificultaria vaga no Conselho de Segurança da organização

*”Economia com reforma supera previsão, mas rombo será recorde”* - Queda nas despesas deve superar projeção de R$ 9,9 bi, mas será insuficiente para impedir déficit de superar R$ 274 bi

*”Estados têm déficit atuarial superior a 100% do PIB e mais alto que a dívida consolidada”* - Dado consta de levantamento feito por ex-secretário adjunto de Política Econômica

*”Governo cria novos mecanismos para avaliar desempenho”* - Medida agrada especialistas, mas há quem veja riscos de ingerência no trabalho do avaliador

*”DEM e esquerda se fortalecem em capitais”* - Apuração mostra pulverização e retorno de políticos tradicionais; seis prefeitos foram reeleitos

*”Buscas e redes revelam interesse tardio do eleitor este ano”* - Levantamento do Google mostra que pico das pesquisas ocorreu na primeira semana de novembro

*”Bolsonaristas perdem em disputa em que DEM e Psol surpreendem”* - Não bastasse os fracos resultados dos candidatos bolsonaristas, o desempenho do Psol em São Paulo, e o DEM, o partido da direita mais desalinhado, surpreende

*”Sem acordo”* - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou ontem uma eventual aliança com o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) para a eleição presidencial de 2022. Mesmo depois de uma reaproximação com Ciro, Lula afirmou que eles são adversários. O ex-presidente, porém, disse que ambos precisam adotar uma política de respeito mútuo. Ao ser questionado sobre um encontro com o ex-ministro no mês passado, para selarem a paz, Lula afirmou que a conversa não foi para costurar uma candidatura única para 2022. “Não poderíamos conversar sobre isso, porque se sentarmos para conversar sobre isso, nem teríamos sentado”, afirmou, depois de votar em São Bernardo do Campo (SP). “O que precisamos estabelecer entre nós é que nós temos o direito de sermos adversários”, disse. Lula afirmou que foi dele a iniciativa de chamar Ciro para conversar no mês passado, em seu instituto, na capital paulista. Os dois estavam rompidos desde 2018, quando Ciro disputou a Presidência e não quis apoiar Fernando Haddad (PT) no segundo turno.

*”Ausência cresce e amplia alienação eleitoral”* - Nas grandes capitais, o número de votos em branco, nulos e abstenções chega perto de 40%

*”Resultado aponta rumo do centro a Bolsonaro”* - Presidente foi aconselhado a não manifestar apoio a candidatos

*”Fim da eleição traz de volta ansiedade com reformas”* - Consultores políticos acreditam que a eleição travava as discussões

*”Pelo menos 57 cidades terão 2º turno”* - Os 94 municípios em que o segundo turno é possível representam 38% do eleitorado do país

*”Esquerda conquista cadeiras nas câmaras das capitais”* - Candidatos a vereador apoiados por Bolsonaro fracassaram na disputa eleitoral

*”‘Eleição marca fortalecimento da política tradicional’, diz Moura”* - Mauricio Moura, presidente do Ideia Big Data: pleito deste ano sugere que candidaturas da política tradicional poderão ser mais competitivas em 2022

*”Segunda onda ameaça recuperação dos EUA”* - Falta de estímulos fiscais e problemas na transição de poder tornam cenário incerto
*”Em novo livro, Obama aborda dilemas da Presidência”* - No livro, Obama relata o caminho que percorreu quando jovem e parte de seu primeiro mandato, com reflexões sobre temas como a Primavera Árabe e a decisão de enviar mais tropas ao Afeganistão

*”China e 14 países firmam maior pacto comercial do mundo”* - Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP) cria bloco regional que responde por 30% do PIB mundial
*”Presidente do Peru renuncia e acirra crise política e econômica”* - Merino havia tomado posse na terça-feira, após o Congresso votar a favor do impeachment do então presidente Martín Vizcarra, acusado de ter recebido propina

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