quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Bolsonaro politiza vacina e coloca imagem técnica da Anvisa em xeque

 

Brasil


Enquanto o presidente Jair Bolsonaro diz que o Brasil tem de deixar de ser um “país de maricas” no combate à pandemia de coronavírus e intensifica a politização sobre as vacinas em teste, a agência responsável por avaliar os imunizantes luta para manter a imagem de um quadro técnico. Nesta terça-feira, o mandatário colocou na mira mais uma vez a Coronavac, de fabricação chinesa. Naiara Galarraga Gortázar conta que o presidente celebrou como uma vitória pessoal a suspensão dos testes pela Anvisa, em meio a confronto com seu adversário político João Doria. O repórter Afonso Benites explica que a postura de Bolsonaro e a consequente guerra de narrativas entre a Anvisa e o Instituto Butantan acabam por gerar repercussões no Legislativo e no Judiciário, que exigem do Governo explicações sobre o fato. “O que o cidadão brasileiro não precisa agora é de uma Anvisa contaminada por uma questão política. Ela existe? Existe, mas daqui para fora”, disse Antônio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa.

As eleições norte-americanas continuam gerando repercussões pelo mundo. Donald Trump insiste em negar a derrota para o democrata Joe Biden, gerando forte tensão no Partido Republicano, que ainda necessita da imagem do atual presidente para manter sua base eleitoral, pelo menos em médio prazo. A insistência do mandatário em negar o resultado das eleições agrava a polarização do país, cujo pleito foi decidido por alguns poucos eleitores. O EL PAÍS preparou um guia para explicar as bases da vitória democrata nas eleições de 2020.

No Brasil, diante de possíveis sanções econômicas a serem impostas pelo governo recém-eleito nos Estados Unidos, Bolsonaro se valeu de um tom bélico para dirigir-se a Biden, relata Gil Alessi. O clima tenso também se estende ao cenário nacional. A menos de cinco dias para as eleições municipaisa violência política continua gerando um retrato desolador no Brasil. Breiller Pires conta que, somente neste ano, 82 militantes e candidatos foram assassinados, além do registro de 170 agressões nos 10 primeiros meses deste ano. “Atualmente, estamos mimetizando o que acontece nos Estados Unidos. Uma polarização tão grande da sociedade que faz as pessoas se sentirem liberadas para eliminar o inimigo”, afirma Renato Sérgio de Lima, diretor presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Já em São Paulo, Aiuri Rebello expõe um contrato suspeito celebrado entre a prefeitura e uma produtora, no valor de 10 milhões de reais, em meio ao período eleitoral, quando os vídeos não podem ser divulgados, e durante a pandemia de covid-19, período em que própria administração municipal desaconselha aglomerações, o que reforça as suspeitas sobre sua legalidade

Ainda nesta edição a história por trás da aprovação da lei de vacinação obrigatória, que culminou na Revolta da Vacina. Ricardo Westin, da Agência Senado, conta que o mal-estar social foi o ponto culminante de uma sucessão de arbitrariedades dos governantes. "A imunização só aumentou o mal-estar generalizado. Muitas pessoas ainda acreditavam na lenda de que a vacina, em vez de evitar, provocava a varíola. Além disso, a necessidade de deixar o braço nu para o vacinador fazer a aplicação mexia com a moral do início do século 20”, relata.


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