sábado, 14 de novembro de 2020

Análise de Mídia 14/11

 


 

CAPA – Manchete principal: *”Militares do Planalto pedem discrição a vice após rusgas”*

EDITORIAL DA FOLHA - *”Os centros se movem”*: Definir o centro político é tarefa ingrata e sujeita a subjetivismos, ainda mais no Brasil de fragmentação partidária e lideranças voláteis, onde o presidente Jair Bolsonaro ocupou a direita e abocanhou também franjas extremistas. Se o campo da esquerda parece hoje mais ou menos definido, o centro pode abarcar atores que, a depender do ponto de vista, seriam classificados como centro-direita ou mesmo direita. Nomenclatura à parte, nomes desse estrato estão em pleno movimento, cientes do risco de serem engolidos de novo por uma polarização entre o presidente e algum representante à esquerda em 2022. Como a Folha noticiou, ao menos três expoentes do grupo conversam sobre como chegar a 2021 com algum tipo de coesão antes da disputa presidencial. O mais denso desses postulantes, do ponto de vista político tradicional, é o governador paulista João Doria (PSDB), comandante da maior máquina estadual e à frente de uma cruzada contra a pandemia. Ele já vinha conversando com o apresentador de televisão Luciano Huck e, em setembro, recebeu em casa Sergio Moro. No mês seguinte, foi a vez do ex-ministro da Justiça ser anfitrião de Huck.
Os encontros causaram óbvia reação, em especial pela presença como pivô de Moro, um personagem polêmico por sua associação passada ao governo Bolsonaro. Não só isso. Um partido central para qualquer costura do gênero, o DEM, se viu alijado e nutre especial ojeriza a Moro por sua agenda anticorrupção quando se destacava na Operação Lava Jato como juiz. Assim, não deixa de ser pitoresco vê-lo acusado de ser um representante da extrema direita por Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente da Câmara que não é exatamente um esquerdista empedernido. Maia, por sua vez, disse que o DEM prefere Huck a Doria, uma provocação que reflete parte do que sua sigla defende, mas que também visa aumentar o preço em negociações vindouras com o tucano. O tiroteio veio também da esquerda, que pelo desempenho pouco empolgante no pleito deste ano até aqui tem motivos para se preocupar. Já o chamado centrão fisiológico, o PSD e o MDB, fiéis usuais de balanças nesses arranjos, por ora só observam o jogo. Ainda que as conversas remontem ao começo do ano, a eleição de Joe Biden à Casa Branca despertou um senso de urgência acerca da necessidade de algum tipo de união contra Bolsonaro e a esquerda. O democrata, afinal, só chegou lá ao galvanizar seu partido. A missão é bem mais difícil por aqui.

FERNANDO HADDAD - *”Terra de Trumps”*: "Quem seria o Macron brasileiro?" Essa era a pergunta mais ouvida depois da eleição do atual presidente da França, em 2017. Vários políticos desfilaram em busca da chancela dos porta-vozes do establishment. Um deles resolveu gravar um vídeo em francês para saudar a boa nova. Em 2018, como se sabe, o establishment elegeu Bolsonaro como seu representante. Agora, procura-se um Biden. Alguns políticos brasileiros até fizeram chegar às suas mãos uma espécie de carta de apresentação à guisa de cumprimentos. Vamos ver o que os headhunters da direita nos reservam para 2022. Donald Trump perdeu as eleições para a Covid-19. Todas as pesquisas de opinião lhe davam a vitória no começo do ano. Entretanto, sua gestão da pandemia foi catastrófica, para dizer o mínimo, e seu discurso, durante a crise, tem sido muito parecido com o discurso de Bolsonaro, que, mesmo após sua derrota, toma-o por modelo. Os números também os aproximam: morreram, até hoje, 740 norte-americanos por milhão de habitante, contra 773 brasileiros. Isso pode passar a falsa impressão de que quem se opõe ao discurso negacionista de ambos esteja fazendo um bom trabalho, o que não é verdade. Os dados do estado e da cidade de São Paulo são incontroversos. Os mortos nessas localidades atingiram 909 por milhão e 1.131 por milhão, respectivamente. E, como bem demonstraram nesta sexta (13) três professores da USP de Ribeirão Preto ("Plano São Paulo deve ser revisto", Tendências / Debates), o problema é de gestão.
São Paulo, cidade e estado, não adotaram as medidas que permitiram a países como China, Vietnã, Austrália e Nova Zelândia obter resultados sanitários e, consequentemente, econômicos satisfatórios: o protocolo Tris (testagem, rastreamento e isolamento com suporte). Para quem considera a solução utópica, basta conferir os resultados da cidade que a adotou. Araraquara, governada pelo PT, tem em torno de 250 mortes por milhão. Segundo reportagem de Ana Letícia Leão (O Globo, 13.nov.2020), a Info Tracker --plataforma da USP e da Unesp desenvolvida para monitorar a pandemia-- indica um salto de 50% nas suspeitas da doença entre agosto e novembro na cidade de São Paulo. Não se sabe se o recente apagão nos dados, que durou uma semana, tem a ver ou não com o calendário eleitoral, mas estamos em meio a um cenário provável de subnotificação. Torcer pela vacina é racional, mas não exime o gestor público de responsabilidade. Vidas e empregos se perdem nesse caldo macabro de obscurantismo federal e incompetência local nessa terra de Trumps.

PAINEL - *”Brasil perde vice-presidência no BID e fica fora do alto escalão do banco, mesmo após apoiar manobra dos EUA”*: O Brasil é o principal cliente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e um de seus principais acionistas. A posição de destaque fez com que o país sonhasse em eleger o presidente da instituição, criada no pós-guerra para desenvolver os países latinoamericanos. Para atender a um pedido de Donald Trump, no entanto, o Brasil cedeu vaga, criando um problema diplomático com os vizinhos da região. Nesta sexta (13), o Brasil sofreu mais um revés. O novo presidente, o americano Mauricio Claver-Carone, aliado de Trump e que recebeu o voto favorável do Brasil, retirou o país das vice-presidências do banco. Em vez de indicar um brasileiro, Claver-Carone optou pela hondurenha Reina Mejia para a vice-presidência-executiva, que, dizia-se, estava prometida ao Brasil. Ele queria o nome de Alexandre Tombini, que foi presidente do Banco Central no governo Dilma Rousseff, mas a ideia foi rejeitada pelo ministro Paulo Guedes (Economia) pelo passado petista do indicado. A opção alternativa do executivo, então, foi pela hondurenha.
As demais vagas ficaram com o Equador, o Paraguai e com a Argentina. Ironicamente, o presidente argentino Alberto Fernández foi um dos principais organizadores da oposição a Trump na eleição do BID e foi derrotado. Até então o Brasil tinha a vaga de vice-presidente de países, com Alexandre Rosa, destituído também nesta sexta. O governo brasileiro ainda sonha com a possibilidade de que o trumpista apoie o Brasil na indicação de um nome para o BID Invest, braço de investimentos do BID. Mas com a vitória de Joe Biden o cenário é considerado mais difícil para integrantes da diplomacia brasileira e se torna ainda pior dada a resistência de Jair Bolsonaro em reconhecer a vitória do democrata. EUA e Brasil somam cerca de 20% dos votos no BID Invest, posição menor do que no BID (41%). Soma-se a isso o desgaste com os vizinhos por ter apoiado uma ruptura na eleição da instituição, que pela primeira vez tem um americano no comando, quebrando uma tradição construída ao longo de 60 anos.

PAINEL - *”Rivais no movimento sindical, CUT e Força se juntam em nova associação trabalhista da indústria”*: Rivais no movimento sindical, a CUT e a Força vão se unir em uma nova associação dedicada ao trabalhismo no setor industrial que será lançada na terça (17). Chama-se Industriall-Brasil, inspirada na entidade global criada em 2012 e que representa 50 milhões de trabalhadores no mundo. O primeiro presidente da Industriall-Brasil será Aroaldo Oliveira, metalúrgico do ABC ligado à CUT. As diretorias, secretarias e os departamentos (24 cargos) serão divididos entre as duas centrais. A associação será financiada pelas confederações que representam os trabalhadores de diferentes ramos industriais, como têxteis, químicos e metalúrgicos. A ideia das centrais é agregar sindicatos e ramos industriais também de outras centrais, criando uma unidade focada no setor industrial para discutir temas como a desindustrialização, fechamento de linhas de montagem e mudanças em âmbito global na produção.

*”Militares do Planalto pedem discrição a Mourão após embates com Bolsonaro”* - A instável relação entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seu vice, Hamilton Mourão, entrou nos últimos dias em uma nova fase de divergências e críticas abertas, levando militares do Planalto a pedirem para o general submergir. Um dia após o auge da crise, no entanto, depois que auxiliares de Bolsonaro entraram em ação, o general se recusou a baixar o tom e manteve a rotina de declarações à imprensa, muitas delas sobre temas que já haviam desagradado o presidente. Mourão voltou a falar de eleições americanas na manhã desta sexta-feira (13), indicando a vitória do candidato democrata Joe Biden —fato que o governo brasileiro reluta em reconhecer. "Como indivíduo, julgo que a vitória do Joe Biden está cada vez mais sendo irreversível”, afirmou Mourão, em entrevista à Rádio Gaúcha. Embora ressalte que se tratava da posição do indivíduo "Antônio Hamilton" e que o assunto oficialmente é de responsabilidade do presidente da República, a fala ganhou repercussão, pois foi o primeiro integrante do atual governo a se manifestar em favor de Biden. Pouco depois, Mourão também apoiou fala do comandante do Exército, Edson Leal Pujol, na linha de que militares devem ficar fora da política. Mais do que isso, foi direto ao afirmar que oficiais da ativa "esses realmente não podem estar participando disso".
A gestão Bolsonaro tem dois comandantes da ativa no primeiro escalão: o general Eduardo Pazuello (ministro da Saúde) e o almirante Flávio Rocha (chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos). À noite, Bolsonaro comentou nas redes sociais a declaração de Pujol e disse que ela vai exatamente "ao encontro" do que ele pensa "sobre o papel das Forças Armadas no cenário nacional". O presidente afirmou que elas são o maior "sustentáculo da democracia e da liberdade". "Devem, por isso, se manter apartidárias, 'baseadas na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República'", concluiu o presidente. ​As novas falas de Mourão, um dia após o auge da crise entre os dois, sinaliza que o general pretende não aceitar calado as críticas públicas e a pressão para que mantenha um comportamento mais discreto. ​O auge e episódio mais recente das rusgas foi a proposta que consta de uma apresentação do Conselho Nacional da Amazônia Legal, presidido por Mourão, na qual está prevista a expropriação de propriedades nos casos de crimes ambientais. ​ O documento prevê o encaminhamento de uma PEC (proposta de emenda Constitucional) em maio do próximo ano para autorizar expropriação de propriedades rurais e urbanas acometidas de crimes ambientais ou decorrentes de grilagem ou de exploração de terra pública sem autorização. Além disso, a ideia é reduzir verbas de municípios que desmatam.
Sem citar o nome do vice-presidente, Bolsonaro falou que poderia demitir o integrante do seu governo que apresentasse essa proposta, a não ser que se tratasse de alguém "indemissível". "Ou é mais uma mentira ou alguém deslumbrado do governo resolveu plantar esta notícia. A propriedade privada é sagrada, não existe nenhuma hipótese neste sentido", afirmou o presidente ao deixar o Palácio da Alvorada na manhã desta quinta-feira (12). "Se alguém levantar isso aí eu simplesmente demito do governo. A não ser que esta pessoa seja indemissível", disse.O assunto voltou a ser comentado durante transmissão ao vivo em suas redes sociais no mesmo dia, quando o presidente disse que era caso de "cartão vermelho", se fosse uma pessoa demissível —Mourão foi eleito, portanto não pode ser demitido por Bolsonaro. Após as manifestações de Bolsonaro, Mourão disse que se "penitencia" por não ter colocado os documentos que mencionam a proposta em sigilo. Afirmou também que eram apenas de "ideias" discutidas pelos ministérios, que não devem avançar. Terminou falando que, se fosse presidente, também estaria "extremamente irritado" com a situação. A sequência de estocadas do presidente em Mourão fez com que militares bombeiros do Planalto entrassem novamente em ação para baixar a temperatura. O pedido foi, mais uma vez, para o vice-presidente evitar falar de temas que digam respeito ao presidente e reduzir suas falas à imprensa.
No ano passado, em outro momento no qual Mourão e Bolsonaro trocavam rusgas públicas, assessores presidenciais também tiveram que interferir para evitar a escalada da crise. Para assessores presidenciais, a fase atual de atrito não ocorre porque houve aumento na insatisfação de Bolsonaro com o parceiro de chapa, mas porque o presidente estava havia muito tempo calado. Desde o meio do ano, o mandatário, diante de brigas com o Congresso e Judiciário, passou a adotar tom menos bélico de um modo geral. Nesta semana, ele retomou seu perfil agressivo em diversas declarações. As críticas a Mourão, avaliam integrantes do Planalto, se relacionam com este momento do presidente, que, segundo eles, não é possível afirmar se passará cedo ou tarde. ​A questão da proposta de expropriar terras foi apenas o mais recente foco de atrito entre os dois militares. Recentemente, Bolsonaro já havia desautorizado seu vice por declarações referentes às eleições americanas, à vacina de origem chinesa, ao leilão do 5G, entre outros assuntos. A irritação do presidente com seu vice vem sendo manifestada mesmo quando Mourão atua para contornar a pressão em cima de Bolsonaro. O atual governo tem sido duramente criticado por não ter se manifestado sobre as eleições presidenciais americanas, vencidas pelo democrata Joe Biden. Ao ser questionado sobre o silêncio de Bolsonaro, Mourão afirmou que o presidente aguardava terminar o "imbróglio" em relação ao resultado para em seguida se posicionar.
"Eu julgo que o presidente está aguardando terminar esse imbróglio aí, de discussão se tem voto falso, se não tem voto falso, para dar o posicionamento dele", disse o vice-presidente. "É óbvio que o presidente na hora certa vai transmitir os cumprimentos do Brasil a quem for eleito." Bolsonaro disse que as declarações de Mourão representavam apenas a "opinião" dele e que não havia conversado com Mourão sobre assuntos dos Estados Unidos, como "não tenho falado sobre qualquer outro assunto com ele", afirmou à CNN. Em outras duas situações, Mourão afirmou que o Brasil iria adquirir a vacina contra a Covid-19 Coronavac —parceria do Instituto Butantan com o laboratório chinês Sinovac— e também falou que o leilão para o 5G levaria em conta critérios técnicos, sem restrições à origem da tecnologia oferecida. Em ambos os casos, Bolsonaro afirmou em seguida que a decisão era dele. Além de críticas públicas, Bolsonaro demonstra frequentemente insatisfação com o comportamento de Mourão a seus interlocutores. Como a Folha mostrou, o presidente inclusive já manifestou a aliados próximos que não pretende concorrer à reeleição tendo seu atual vice como companheiro de chapa. Uma saída "honrosa" para Mourão seria lançá-lo candidato a governador do Rio Grande do Sul.

*”Bolsonaro defende Forças Armadas apartidárias sob 'autoridade suprema do presidente da República'”* - Em meio à discussão sobre a participação de militares em assuntos políticos, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se posicionou em concordância com o comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, e disse que as Forças Armadas devem se manter apartidárias. Bolsonaro ainda exaltou as Forças Armadas como as maiores garantidoras da democracia e da liberdade. Mencionou trecho da Constituição que menciona que elas se destinam à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de quaisquer destes, da lei e da ordem. “Devem, por isso, se manter apartidárias, ‘baseadas na hierarquia e na disciplina’ sob a autoridade suprema do presidente da República”, completou. A manifestação do presidente, em suas redes sociais, no fim da tarde desta sexta-feira (13), acontece após o comandante do Exército e o vice-presidente Hamilton Mourão declararem que militares devem ficar fora da política. O presidente, no entanto, não mencionou o vice-presidente em seu post. “A afirmação do General Edson Leal Pujol (escolhido por mim para Comandante do Exército), que ‘militares não querem fazer parte da política’, vem exatamente ao encontro do que penso sobre o papel das Forças Armadas no cenário nacional”, escreveu o presidente. As forças armadas estiveram no centro das discussões nesta semana. O presidente Jair Bolsonaro, ao rebater pressão do candidato eleito à presidência dos Estados Unidos a respeito do desmatamento da Amazônia, disse que “quando acabar a saliva, tem que ter pólvora”. Desde então, muitos questionaram o papel das Forças Armadas e suas condições para enfrentar uma potência bélica.
Dois dias depois, o comandante do Exército foi questionado durante transmissão ao vivo na Internet sobre a participação de militares na política. “Não queremos fazer parte da política governamental ou política do Congresso Nacional e muito menos queremos que a política entre no nosso quartel, dentro dos nossos quartéis. O fato de, eventualmente, militares serem chamados a assumir cargos no governo, é decisão exclusiva da administração do Executivo”, disse na ocasião Pujol. Nesta sexta-feira, o vice-presidente Hamilton Mourão também seguiu a linha do comandante do Exército e afirmou que a atuação política de militares é danosa para a manutenção da ordem. “Política não pode estar dentro do quartel. Se entra política pela porta da frente, a disciplina e a hierarquia saem pela porta dos fundos”, disse o vice-presidente. Mourão foi além e declarou que a separação entre assuntos políticos e militares deve ser ainda mais rígida em relação aos militares da ativa. O governo bolsonaro tem atuamente dois militares no primeiro escalão: o ministro Eduardo Pazuello (Saúde) e o almirante Flávio Rocha, chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos. "Nós que somos da reserva é uma outra situação. Os militares da ativa, esses realmente não podem estar participando disso [política]", disse Mourão no fim da manhã, ao sair de seu gabinete. "A nossa legislação foi mudada no período de 64 porque exatamente o camarada era eleito, participava do processo eleitoral e depois voltava para dentro do quartel. Isso não era salutar", completou.

*”Mourão diz que militares da ativa e Forças Armadas devem ficar fora da política”*
ANÁLISE - *”Fala de chefe do Exército é marco na relação de militares com Bolsonaro”*

*”Registrado em nome de empresa do DF, site pessoal de Bolsonaro é usado para divulgar ações de governo”* - Usado atualmente para amplificar a divulgação de ações do governo federal, o site pessoal do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está registrado em nome de uma empresa do Distrito Federal. O endereço eletrônico é www.bolsonaro.com.br. De acordo com o Registro.br, responsável pelo cadastro e manutenção dos nomes de domínios que usam o “.br”, a página de Bolsonaro tem como titular o Supermercado da Construção, empresa hoje na condição de inapta, segundo a Receita Federal. Atualizado com certa regularidade, o site lista realizações do governo em diversas áreas, da infraestrutura (conclusão de obras públicas) à saúde (medidas de combate ao coronavírus). O chefe do Executivo mantém link para o site em suas redes sociais. A Folha consultou a Comissão de Ética Pública da Presidência sobre a página pessoal do presidente, questionando-a sobre a divulgação que o mandatário faz no espaço virtual. A comissão informou que “não detém competência para analisar atos do presidente da República”. Localizado pela reportagem, o empresário Liberato de Almeida Felix, 52, disse que “há muitos anos” cedeu informações de sua empresa ao gabinete de Bolsonaro quando ele era deputado federal para que o domínio fosse registrado, mas que desconhecia o fato de continuar vinculado a ele. Felix negou qualquer relação operacional com o site desde sua criação, seja no abastecimento de informações ou com eventuais despesas de manutenção. Disse que já esteve no gabinete de Bolsonaro na Câmara, mas que só o conhece pela televisão. Além de informações do Supermercado da Construção, o cadastro do Registro.br traz referências que levam a Leandro Dias da Silva, um designer de Petrópolis (RJ) ligado ao gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente e candidato à reeleição.
“Foi o Jorginho. Na realidade, eu tinha uma empresa, e o Jorginho me perguntou se eu podia fazer em nome dela. Eu disse que não teria problema”, afirmou Felix. “Usaram [as informações] para fazer alguma divulgação lá, mas achei que nem estavam usando mais.” O empresário se referiu ao ex-capitão do Exército e advogado Jorge Francisco, morto em abril de 2018. Pai do ministro Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Francisco foi um dos principais auxiliares de Bolsonaro ao longo de vários anos em sua trajetória política. Felix se apresentou como alguém que foi bem próximo ao ex-assessor de Bolsonaro. “Jorge era amigo meu, a gente morava na mesma rua. Jogava bola junto." A reportagem questionou o Palácio do Planalto sobre o caso, incluindo questões sobre os atuais responsáveis pela manutenção do site, custos operacionais e processo decisório sobre o que é publicado. Não houve resposta até a publicação deste texto. O empresário disse não se lembrar com exatidão quando Jorge Francisco lhe pediu ajuda, mas que teria sido no início dos anos 2000. Afirmou também não se recordar de ter assinado papéis para permitir o uso do domínio por Bolsonaro. No Registro.br, a criação do domínio data de abril de 2002. Já o designer Leandro divulga nas redes sociais que é autor da programação visual dos sites da família Bolsonaro. A Folha tentou contatá-lo por email e telefone, mas não obteve resposta.
A página reúne um número significativo de publicações do chefe do Executivo sobre as ações do governo federal nas redes sociais nos útimos 22 meses, material aproveitado pelos filhos e seguidores do presidente. Ao elencar no site os feitos de sua administração, Bolsonaro não deixa de alfinetar adversários, a exemplo do que faz frequentemente nas redes sociais. Um exemplo foi o anúncio por parte do Ministério do Desenvolvimento Regional, em outubro de 2019, de investimentos na transposição do rio São Francisco para que a água chegue à região metropolitana de Fortaleza, o que beneficiaria 4,5 milhões de pessoas. O texto no site incluiu um comentário que o presidente fez no Twitter sobre o tema: “Dinheiro retornado da corrupção histórica do PT aplicado onde deveria”. É possível também encontrar textos produzidos por ocasião da campanha de 2018, como um material comparativo entre as propostas de governo de Bolsonaro e do candidato derrotado no segundo turno, Fernando Haddad (PT). A Comissão de Ética afirma que tem prerrogativa para agir em relação a ministros e secretários de Estado, secretários-executivos, ocupantes de cargos de natureza especial, presidentes e diretores de agências nacionais, entre outros. É a chamada Alta Administração Pública Federal.
Sobre o uso de sites pessoais e redes sociais, a comissão de ética disse que “não há, nos normativos afetos à ética pública, vedação à divulgação de ações e realizações por autoridades integrantes da Alta Administração Federal em suas contas pessoais nas redes sociais”. “É permitida a divulgação de ações e realizações por autoridades integrantes da Alta Administração Federal em suas redes sociais privadas, desde que a divulgação tenha caráter meramente informativo, de matérias vinculadas à sua função pública, abstendo-se de realizar divulgação crítica que comprometa a sua própria reputação e do órgão ao qual está vinculado”, disse a comissão. Por meio da assessoria de imprensa, a Registro.br informou que, por uma questão de proteção das informações depositadas em sua base de dados e pela política de zelarem pela privacidade dos usuários, não são disponibilizadas informações além das já mencionadas nesta reportagem. Questionado sobre o que pretende fazer sobre o nome de sua empresa constar nos registros oficiais como titular do site do presidente, Felix disse que tentará entrar em contato com alguém próximo a Bolsonaro, talvez o ministro Jorge Oliveira, filho de seu ex-parceiro de futebol. "Vou pedir para retirar o nome dela de lá", disse o empresário.​

*”Ministro do STF diz que Bolsonaro não pode ser 'censor' e defende desbloqueio de seguidor nas redes”* - O ministro Marco Aurélio, do STF (Supremo Tribunal Federal), votou nesta sexta-feira (13) para que o presidente Jair Bolsonaro desbloqueie da rede social Instagram um eleitor que havia o criticado. O ministro afirmou que “não cabe ao presidente avocar o papel de censor de declarações” na internet. O magistrado se posicionou a favor de mandado de segurança apresentado pelo advogado Leonardo Magalhães, que foi bloqueado pelo chefe do Executivo após fazer comentário em defesa do ex-ministro Sergio Moro em uma publicação de Bolsonaro. Marco Aurélio é relator da ação e afirmou que a atuação do presidente nas redes tem natureza administrativa e divergiu da tese da AGU (Advocacia-Geral da União) e da PGR (Procuradoria-Geral da República) de que a conta de Bolsonaro tem caráter pessoal e não configura ato do Poder Público sujeito à intervenção judicial.
O julgamento teve início no plenário virtual nesta sexta-feira (13) e os ministros têm até o próximo dia 20 para incluírem seus votos no sistema. O relator sustentou que a conta de Bolsonaro no Instagram é classificada como “figura pública”, além de ter a identificação dele como presidente da República. “A atuação em rede social de acesso público, na qual veiculado conteúdo de interesse geral por meio de perfil identificado com o cargo ocupado – Presidente da República –, revela ato administrativo praticado no exercício do Poder Público”, disse. A posição de Marco Aurélio é a mesma da Justiça dos Estados Unidos, que proibiu o presidente Donald Trump de bloquear seguidores críticos nas redes sociais. No entendimento do Judiciário americano, como o presidente usa as redes para tratar de assuntos do governo, ele não pode impedir ninguém de ler suas publicaç​ões nem de participar de discussões em suas postagens. (...)

*”Horário eleitoral mantém média de audiência das TVs na cidade de São Paulo”*
*”Após início morno, horário eleitoral em SP termina com ataques entre rivais”*
TONY GOES - *”Propaganda eleitoral na TV pode recuperar importância, mas merecíamos mais”*
AGÊNCIA LUPA - *”Veja erros, acertos e exageros dos candidatos a prefeito de SP no último debate antes da eleição”*

*”Saúde, mobilidade e obra antienchente se cruzam em teia de demandas nas 32 subprefeituras de SP”*
DEMÉTRIO MAGNOLI - *”Guia prático do voto”*
*”Livro resgata experiência de Augusto Boal como vereador no Rio que antecipou mandatos coletivos”*
*”Presidente do TSE, Barroso diz que eleição de 2020 teve menor incidência de fake news”*

*”Políticos ignoram regra e fazem campanha eleitoral em terras indígenas”* - Na reta final das eleições municipais, políticos de cidades do Pará e de Pernambuco desrespeitaram recomendação dos Ministérios Públicos Federal e Eleitoral e fizeram campanha em territórios indígenas. A recomendação para que partidos evitassem fazer atos em busca de votos em terras indígenas foi expedida com o objetivo de que os candidatos respeitassem as barreiras sanitárias estabelecidas pelos índios para manter suas populações protegidas da pandemia da Covid-19. Houve violação às recomendações em territórios indígenas em Pernambuco e no Pará. No primeiro estado, os problemas ocorreram em área dos Pankararus, grupo que vive numa reserva que se espalha pelos municípios de Tacaratu, Petrolândia e Jatobá. O cacique do povo Pankararu, Pedro Monteiro da Luz, e outros líderes afirmam que o prefeito de Tacaratu, José Gerson da Silva (PSB), descumpriu recomendação dos Ministérios Públicos e entrou sem autorização em território indígena para fazer campanha para sua candidata à prefeitura, Sandra Regina (PSB). Segundo os indígenas, que ajuizaram ação para tentar impedir a prática, a coligação Frente Popular de Tacaratu, formada por PSB, Solidariedade e PSD, "vem desrespeitando as barreiras estabelecidas, colocando em risco a população indígena". Os índios afirmam que, em 22 de setembro, os líderes "foram surpreendidos" pela notícia de que o prefeito estava na aldeia, na casa de um indígena. (...)

*”Guerra de jingles e acusações marcam campanha eleitoral em cidade do interior do RN”*
*”Novo 'não pode virar linha auxiliar da direita', diz ex-candidato do partido”*
*”Juíza do Maranhão derruba censura contra a Folha em caso envolvendo candidato em São Luís”*
VOTO A VOTO - *”Eleição na pandemia tem salto de prefeitos candidatos à reeleição e risco de abstenção recorde”*
*”Saiba tudo sobre a votação, de horários e cuidados com a Covid até como consultar o número de seu candidato”*

*”Após parabéns da China e falas de Mourão, Bolsonaro segue pelo 7º dia em silêncio sobre Biden”*
*”Pela 1ª vez, Trump diz que pode não estar na Presidência daqui a algum tempo”*
JAIME SPITZCOVSKY - *”Hong Kong faz Xi Jinping atacar o fantasma das fronteiras”*
*”Geórgia e Carolina do Norte definem placar final da eleição: 306 para Biden, 232 para Trump”*

*”Biden nomeia veterana transexual para equipe de transição”*
*”Escritórios de advocacia desistem de representar Trump em ações judiciais sobre fraudes nas eleições”*
*”Recordes diários de Covid nos EUA aceleram discussões sobre novos 'lockdowns'”*
*”França homenageia vítimas dos ataques terroristas de 5 anos atrás em Paris”*

*”Conflito entre etnia e governo de Nobel da Paz acende alerta de guerra civil na Etiópia”*
ANÁLISE - *”Conflito etíope aumenta lista de gols contra do Nobel da Paz”*

*”Empresa poderá recolher FGTS pelo Pix”*
PAINEL S.A. - *”Deixar peru para última hora pode dar problema no Natal, diz presidente da BRF”*
PAINEL S.A. - *”Volta da loja física do Mappin ficou para 2021 e Marabraz vai ter espaço maior”*
PAINEL S.A. - *”Nova lei sobre fios de postes da capital paulista pode levar tensão ao setor”*

PAINEL S.A. - *”Restaurantes vão ao Cade contra os bancos”*: A Abrasel (associação de bares e restaurantes) decidiu entrar com uma ação no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) contra os cinco maiores bancos do país alegando que a concentração no setor financeiro prejudica os estabelecimentos e seus consumidores. Segundo Paulo Solmucci, presidente da entidade, a concentração eleva as taxas das maquininhas para os restaurantes e limita as negociações de vale alimentação. Procurada pela coluna, a Febraban (federação dos bancos) afirma que o mercado brasileiro é competitivo e que desconhece a ação da Abrasel.

PAINEL S.A. - *”Empresa americana libera penteado afro para funcionários”*
CIFRAS & LETRAS - *”Em novo livro, Giannetti faz reflexão sobre a ética e seus extremos e nuances”*
*”Usinas de etanol querem substituir baterias em carros elétricos”*
OPINIÃO - *”Descarbonização é o novo desafio para a indústria sucroenergética”*

*”Brasil está saindo da crise, mas é difícil manter ritmo de criação de vagas, diz Guedes”*
*”Ações dos EUA batem novo recorde com esperança pela vacina contra Covid-19”*
*”Fornecimento seguro de energia no Amapá fica para dezembro, diz empresa investigada pela polícia”*
*”Peru e tender devem ficar mais caros neste Natal, dizem supermercados”*

RODRIGO ZEIDAN - *”RH medieval”*
*”Fraudes no IPVA para pessoas com deficiência levam estados a mudar regras”*
JAIRO MARQUES - *”Mudanças nas isenções transformam direito em prova de resistência”*

*”Pandemia leva hospitais a afastarem mães e pais de bebês prematuros nas UTIs”* - Em meio à pandemia de Covid-19, hospitais estão restringindo visitas de mães e pais de bebês prematuros internados em UTIs neonatais para evitar o risco de contágio do coronavírus. Na falta de um protocolo único a ser seguido, cada instituição adota suas próprias regras. Há casos de hospitais que chegaram a separar totalmente mães de seus filhos durante quatro meses. O bebê precisa desse vínculo para um desenvolvimento saudável. Nas maternidades privadas, também foram adotadas restrições, como proibição de visitas de irmãos, avós e outros familiares, mas, no geral, há permissão para que mães e pais se revezem com o bebê. Há uma campanha em curso em países como Alemanha, Reino Unido, Austrália, Israel, México e Estados Unidos em defesa da separação zero entre pais e bebês prematuros durante a pandemia. A iniciativa envolve mais de 140 organizações e, no Brasil, foi encampada pela Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros, conhecida como Prematuridade.com. “Mesmo com o distanciamento social, é importante garantir o vínculo. Os prematuros precisam da presença dos pais. São mais vulneráveis, e podem ficar com sequelas físicas, motoras e cognitivas. Fechar as portas da UTI para mães e pais é uma situação totalmente absurda”, diz Denise Suguitani, diretora-executiva da entidade, que tem 4.000 famílias cadastradas. Segundo ela, as separações têm ocorrido mais em maternidades públicas, mas há relatos também de restrições em instituições privadas, especialmente nos períodos de alta de casos de coronavírus. Durante os quatro meses em que o filho Nicolas Levi ficou na UTI neonatal de um hospital público de Fortaleza (CE), Luana Oliveira, 22, de Itapajé (CE), só conseguiu visitá-lo uma única vez.
Nicolas nasceu em 10 de abril, na 30ª semana de gestação, pesando apenas 615 gramas –peso considerado baixo mesmo para a idade gestacional. Foi direto para a UTI neonatal. “Eu só vi ele do lado de fora da janela. Foi desesperador voltar para casa sem ao menos ter tocado no meu filho, eu só chorava.” Luana conta que a maternidade ofereceu suporte psicológico e que todos os dias funcionários ligavam para dar notícias do bebê. Duas vezes por semana, enviavam fotos. A mãe só foi autorizada a visitar Nicolas 110 dias depois do nascimento. Nessa altura, o bebê pesava 1,5 kg. “Tive medo que ele não me reconhecesse. Mas quando Nicolas me viu, a nossa conexão foi tão forte que eu percebi que ele nunca tinha me esquecido. Ele sorriu, tentou pegar no meu rosto. Foi o dia mais feliz da minha vida.” O bebê teve alta no dia 20 de agosto, pesando 2,2 kg. Só nessa data é que veio a conhecer o pai, José de Lima, 28. O caso de Nara, de Pinheiro (MA), é mais dramático. Ela só conseguiu ver a filha Cecília Vitória 52 dias após o nascimento, quando já havia sido declarada a morte cerebral da menina, em 10 de julho. O bebê nasceu pesando 1,22 kg, de parto normal, e foi levado para uma maternidade com UTI neonatal da capital maranhense, São Luís, por causa da prematuridade. “O único momento em que a vi foi quando estava sendo transferida de ambulância, dentro de uma incubadora fechada. Quando chegamos ao hospital, fui informada que não poderia acompanhá-la devido à Covid, era regra do hospital. Não cheguei nem a pegá-la no colo”, conta a mãe.
O médico de plantão telefonava para Nara às segundas, quartas e sextas com notícias. No período, Cecília teve anemia, fez transfusão de sangue, sofreu enterocolite (inflamação do trato digestivo), foi intubada, depois extubada. “Um dia fui chorando até a sala da assistência social e pedi para que pudesse ver a minha filha, ao menos levar um lacinho dentre os inúmeros que eu havia comprado. Mas não tive êxito, alegaram que era para o bem dela.” Nara conta que dois dias depois de a filha sair da UTI e ainda sem conseguir visitá-la, foi informada que Cecília havia regurgitado, se “afogado” e sofrido uma parada cardiorrespiratória de 15 minutos. “Foram longos e eternos 16 dias em coma. Um dia recebi a ligação para comparecer ao hospital. Fui avisada que ela estava sem atividade cerebral. Só então pude vê-la bem de pertinho, pegá-la no colo, beijá-la, acariciá-la, fazer o método canguru.” O método canguru consiste colocar o bebê prematuro em contato pele a pele com a mãe ou com o pai. Há uma série de benefícios associados a ele, como melhor desenvolvimento neurocomportamental e psicoafetivo do bebê, redução do estresse e da dor.
Segundo Jefferson Piva, professor titular de pediatria da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e chefe da UTI pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, a ausência de contato com a mãe é extremamente prejudicial ao bebê prematuro. “O desenvolvimento dos prematuros não depende só de tecnologia. Não adianta só ligar o respirador, os monitores, as bombas de infusão. Eles precisam da interação com a mãe.” Para o pediatra, é compreensível que, em um primeiro momento, hospitais tivessem tido que tomar medidas restritivas adequadas às condições estruturais de cada um. Mas dez meses depois do início da pandemia, avalia, não há justificativa para que bebês prematuros estejam afastados dos pais. "Não é possível que nessa altura não encontraram uma solução melhor do que proibir a visita”, diz ele, também é especialista em medicina intensiva. O médico se preocupa ainda com instituições que permitem a entrada das mães na UTI, mas proíbem que elas saiam do hospital e retornem ou até mesmo que se revezem com o pai ou alguém da família.
A chef Beatriz Karan, 24, de São José do Rio Preto (SP), enfrentou essa situação. O bebê nasceu em 6 de maio, com 620 gramas, na 26ª semana de gestação, e permaneceu pouco mais de cem dias na UTI. No início, a maternidade privada permitia uma visita por dia de meia hora, da mãe ou do pai. Com o agravamento da pandemia em julho, a instituição passou a autorizar a visita apenas da mãe. O bebê morreu em 17 de agosto. “Nas últimas três semanas de vida dele, meu marido não pode vê-lo. Nem fazendo o exame da Covid, eles não deixaram. Mesmo com o meu filho já bem ruim, eu tinha que receber as notícias e entrar na UTI sozinha”, conta. Segundo a psicóloga Heloisa Salgado, especialista em psicologia da infância, a separação de bebês prematuros das mães, em menor grau, já acontecia antes da Covid em muitas instituições, com impacto emocional grande para ambos. Com a pandemia, a situação foi agravada. “Todos os protocolos da Covid se pautam apenas na perspectiva da segurança física, evitar a contaminação. Claro que isso é fundamental. Mas as pessoas não podem se esquecer do risco emocional. Essa conta cedo ou tarde vai chegar.” A psicóloga diz que no caso das mães e pais que perderam seus bebês nesse período de afastamento, o luto será ainda mais devastador. “Não ter podido conhecer, conviver, criar memórias físicas, sensoriais, emocionais, é um buraco que pode levar a lutos bem complicados. Precisamos evitar isso.”

*”Bolsonaro diz que possibilidade de segunda onda da Covid é 'conversinha'”* - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) minimizou a possibilidade de uma segunda onda da Covid-19 no Brasil. “E agora tem essa conversinha de segunda onda”, disse na manhã desta sexta-feira (13), ao deixar o Palácio do Alvorada. Em seguida, Bolsonaro voltou a dizer que o cuidado com o novo coronavírus não deveria afetar o desempenho da economia. “Tem que enfrentar se tiver [segunda onda] porque, se quebrar de vez a economia, seremos um país de miseráveis”, completou. O Brasil registrou até o momento um total de 164.332 mortos em decorrência da Covid-19, segundo dados do consórcio de imprensa. Nesta semana, o presidente já havia falado que tratamento precoce seria suficiente para lidar com uma possível segunda onda de Covid-19. Não há evidências científicas de "Mesmo que houvesse uma segunda onda [de Covid-19], é só fazer tratamento precoce. Conversa com o médico, tem três medicamentos para outras coisas que servem também para combater a Covid, que a princípio se resolve o assunto", disse o presidente, durante live transmitida nas redes sociais. Em outra declaração sem amparo científico, Bolsonaro afirmou que a melhor prevenção para o vírus é "o preparo físico" e "estar bem de saúde". Em março, o presidente disse em pronunciamento em rede nacional que, por ter "histórico de atleta", "nada sentiria" se contraísse o novo coronavírus ou teria uma “gripezinha ou resfriadinho”.
Bolsonaro também afirmou que vai comprar vacinas contra a Covid-19 desde que elas sejam certificadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Sem citar nominalmente a China, o presidente disse que o país que quer vender vacina ao Brasil precisa antes aplicar em sua própria população. Mais uma vez, disse que a vacina nunca será obrigatória, apesar de ter sancionado lei no início da pandemia que autoriza a imunização compulsória. No dia anterior, o presidente já havia recuado e aberto a possibilidade de adquirir a vacina Coronavac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo. Bolsonaro também afirmou que reduziu impostos para medicamentos utilizados no combate à Covid-19 e que gostaria de reduzir a carga tributária de uma maneira geral, mas que está impedido. "O Brasil tem uma carga tributária enorme, não tenho como diminuir de uma hora para outra, alguns querem que eu diminua, mas tem uma Lei de Responsabilidade Fiscal que me impede disso aí. Algumas poucas coisas estamos diminuindo", disse.
DESMATAMENTO
O presidente também voltou a atacar nesta sexta (13) os países estrangeiros que o criticam pela alta em desmatamento e queimadas na região da Amazônia. “Querem nos tirar a autonomia, o mando da região, porque é uma região riquíssima. Ninguém está preocupado com terra pobre. É só o que interessa”, disse. Assim como já havia feito em transmissão ao vivo nas suas redes sociais no dia anterior, Bolsonaro acusou países de compra ilegal de madeira, sem citar quais adotariam essa prática. "Ontem eu mostrei pelo 'DNA' da madeira para onde ela está indo, comprovada pela Polícia Federal. Os países que mais nos criticam são os que mais importam madeira ilegal do Brasil", afirmou.

*”Crítico do distanciamento social, Osmar Terra anuncia que está com Covid-19”* - O deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), ex-ministro do governo Jair Bolsonaro, confirmou nesta sexta-feira (13) que foi infectado pelo novo coronavírus. Terra era umas das vozes mais contundentes contra o distanciamento social dentro do governo e minimizou a pandemia diversas vezes. Em publicação nas redes sociais, ele disse estar sem sintomas. "Comunico aos que me seguem que testei positivo para Covid-19. Estou bem e sem sintomas", escreveu em sua conta no Twitter. "Já iniciei tratamento precoce com hidroxicloroquina e ivermectina. Comecei o isolamento em casa e cumprirei minha agenda de forma remota nos próximos dias seguindo as instruções médicas." O uso da hidroxicloroquina e da ivermectina contra a Covid-19 não tem evidências científicas comprovadas. (...)

*”Anvisa e Butantan trocam críticas sobre suspensão de estudo da Coronavac”*
*”Equipe turca de marido e mulher está por trás de vacina que lidera a corrida contra a Covid-19”*
*”Vacina da Pfizer deve ser vendida com preço reduzido ao Brasil”*
LUÍS FRANCISCO CARVALHO FILHO - *”Democracia cartorial”*

*”Mineira Cedro do Abaeté, 1.157 moradores, é a única cidade do Brasil sem Covid”*
*”Ministério da Saúde confirma que há indícios de ataque hacker em seu sistema”*
ENTREVISTA - *”Mecanismos de proteção adotados na pandemia já eram regra para travestis, diz pesquisadora travesti”*
*”Documentos sugerem fraude em reconhecimento de graduação de grupo educacional”*

*”Fuga de motorista do local do acidente triplica chance de morte da vítima”*
*”'A dor é imensa, nunca vai ser preenchida', diz mãe de ciclista morta em SP”*
HÁ 50 ANOS - *”1970: Via Transamazônica pode salvar o Nordeste, diz revista americana”*

MÔNICA BERGAMO - *”Pressão de apoiadores de Boulos gera mal-estar no PT”*: O estresse criado pelos apoiadores de Guilherme Boulos (PSOL-SP) com o PT, pressionando o partido a desistir da campanha de Jilmar Tatto para apoiá-lo, deixou arestas —mas elas não devem impedir declaração de apoio de petistas ao psolista caso ele chegue ao segundo turno contra Bruno Covas (PSDB-SP). O maior mal-estar depois das eleições deve ser mesmo no próprio PT: integrantes da bancada de deputados do partido já começam colocar a responsabilidade pelas dificuldades na reta final da campanha na presidente da legenda, Gleisi Hoffmann. Eles não se conformam com o vazamento de reunião que ela teve com Tatto, em que os dois conversaram sobre a possibilidade de ele declarar voto em Boulos —o que o candidato rechaçou. De acordo com parlamentares, os rumores de que algo assim poderia acontecer prejudicam não apenas Jilmar Tatto, mas os candidatos a vereador —em sua maioria, ligados a deputados federais e estaduais.

MÔNICA BERGAMO - *”Campanha de Covas ainda não descarta um segundo turno com Russomanno”*
MÔNICA BERGAMO - *”Petra Belas Artes fechará portas um mês após reabertura”*
MÔNICA BERGAMO - *”Desidratada após desistências, Bancada Evangélica Popular ainda tenta emplacar candidaturas”*
MÔNICA BERGAMO - *”Chico Buarque, Preta Ferreira e Pedro Serrano assinam manifesto de Boulos para a segurança pública”*
MÔNICA BERGAMO - *”AgroMais fará cobertura sobre desafios de prefeitos eleitos na agropecuária”*
MÔNICA BERGAMO - *”'Ainda sonho com um Brasil mais justo, confesso que sinto um cansaço', diz Zezé Motta”*

CAPA – Manchete principal: *”’As Forças Armadas não têm partido’, diz general Pujol”*

*”Eleição na Justiça – Mais de 15 mil candidatos vão às urnas com pendências no registro”*
*”TSE: ministro vota a favor de Crivella; caso de Paes fica para depois”*

*”Boulos, Martha e as diferenças na busca do voto útil à esquerda”* - Guilherme Boulos (PSOL), em São Paulo, e Martha Rocha (PDT), no Rio, amanhecerão amanhã com a expectativa de ter convencido eleitores a abandonarem as candidaturas de Jilmar Tatto (PT), Benedita da Silva (PT) e Renata Souza (PSOL) para garantir a esquerda no segundo turno nas duas capitais. A isso, dá-se o nome de voto útil, quando um nome não decola numa disputa e, estrategicamente, a escolha do eleitor migra para um nome mais competitivo querendo impedir o sucesso de um adversário de outro campo político. Há diferenças nos cenários das duas cidades para que o fenômeno ocorra. Desde o início da campanha, Boulos sempre foi tratado com muita simpatia por petistas históricos, como Tarso Genro e Celso Amorim. A classe artística, de Caetano Veloso a Chico Buarque, também se uniu e declarou apoio em massa ao candidato do PSOL. Parece mais fácil imaginar um efeito manada da esquerda em torno dele amanhã nas urnas.No Rio, contudo, divergências entre as principais figuras de esquerda da cidade e o próprio perfil de Martha Rocha — ou melhor, da delegada Martha Rocha — dificultam o voto útil. Pelo passado na polícia, reduto visto como bolsonarista pela esquerda, fica difícil vender a candidata do PDT como uma representante do campo, como Boulos em São Paulo. Os reflexos são sentidos na turma da cultura. Caetano, por exemplo, vai de Martha, e Chico Buarque, de Benedita.Há, além disso, uma clara picuinha entre Martha e Marcelo Freixo, principal liderança da esquerda carioca após expressivas votações para deputado estadual e federal e duas eleições competitivas para prefeito em 2012 e 2016. Na entrevista dada ao GLOBO em outubro, a deputada criticou o psolista por uma falta de diálogo antes da eleição na formação de uma frente ampla de esquerda. Freixo, por sua vez, foi às redes sociais rebater a versão e dizer que tentou, sim, articular o movimento.
Na semana passada, mais lenha nessa fogueira. Martha ficou incomodada com a versão que chegou aos seus ouvidos de que Freixo havia telefonado para Paula Lavigne, empresária de Caetano, reclamando do apoio do cantor dado à deputada. Freixo nega o episódio e diz apenas que alertou Paula a respeito da falta de necessidade de entrar na disputa do Rio com o discurso do voto útil tendo em vista que Benedita permanece com chances de ir ao segundo turno. Paula, procurada, não quis se manifestar.Freixo, aliás, é um capítulo à parte no enredo da esquerda carioca rachada. Além de ter irritado o PSOL na reta final das convenções ao deixar correr o rumor de que poderia voltar atrás e ser candidato no lugar de Renata Souza, mais um episódio implodiu de vez essa relação que aparenta estar prestes a chegar ao fim. Recentemente, ele gravou vídeo pedindo votos para um candidato do Cidadania e provocou revolta em setores do seu partido que há tempos desejam sua saída. Por fim, mais um obstáculo para a união da esquerda carioca. O PT local sempre participou dos governos de Sérgio Cabral e Eduardo Paes — tendo, inclusive, ocupado a vice-prefeitura entre 2012 e 2016 com Adilson Pires. Afinal, os petistas fluminenses querem mesmo ver o sucesso do PDT ou estão interessados na volta de Paes ao poder a partir do ano que vem? Martha Rocha e sua equipe vem conversando sobre o tema e têm muitas dúvidas sobre essa resposta.

*”Conheça as regras sanitárias para uma votação segura”*
*”Ministros mergulham na campanha nos últimos dias”*
*”Ministro vota pela proibição de Bolsonaro bloquear suas redes”*

*”Órgão da PGR afirma que presidente cometeu racismo”* - A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, órgão vinculado à Procuradoria-Geral da República (PGR), afirmou em despacho proferido nesta sexta-feira que o presidente Jair Bolsonaro cometeu crime de racismo em declarações feitas sobre maranhenses e sobre a população LGBT. Com isso, a PFDC pediu ao procurador-geral da República, Augusto Aras, que tome providências perante o Supremo Tribunal Federal (STF). A manifestação é assinada pelo subprocurador-geral da República Carlos Alberto Vilhena, procurador federal dos direitos do cidadão. Ele foi indicado ao cargo pelo próprio Aras. Caso o procurador-geral da República considere haver elementos do crime de racismo e apresente denúncia contra Bolsonaro, isso poderia resultar até mesmo no seu afastamento da Presidência da República, caso ele se tornasse réu. Entretanto, uma denúncia movida contra presidente por crime comum só pode ser aberta com autorização do Congresso Nacional. A decisão de Carlos Vilhena foi em resposta a uma manifestação movida por parlamentares do PSOL, após Bolsonaro zombar do guaraná cor-de-rosa, durante viagem ao Maranhão. Na ocasião, o presidente questionou se teria virado "boiola", devido à cor da bebida.
— Agora, eu virei boiola igual a maranhense, é isso? Olha o guaraná cor-de-rosa do Maranhão aí ó. Quem toma esse guaraná vira maranhense — disse Bolsonaro em outubro.
“Representantes narram que, em discursos proferidos no dia 29 de outubro, em visita oficial ao estado do Maranhão e em live transmitida por redes sociais, o representado 'manifestou-se de maneira ofensiva tanto à população LGBTI+ quanto ao povo maranhense', apresentando 'de maneira reiterada e persistente uma postura abertamente homofóbica'”, dizia a representação do partido. “Examinando a representação, tem-se que, de fato, as condutas ali narradas configuram, ao menos em tese, o crime de racismo – tipificação na qual se enquadram as condutas homofóbicas e transfóbicas, conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão no 26 e no Mandado de Injunção no 4.733 –, o que atrai e justifica a atuação do Ministério Público no caso”, escreveu Carlos Vilhena. Em seu despacho, o PFDC aponta que somente o procurador-geral da República tem atribuição para entrar com ação no STF contra Bolsonaro. Por isso, ele pede o “imediato encaminhamento” do caso para Aras tomar providências. “Nesse contexto, determino o imediato encaminhamento da presente representação ao Procurador-Geral da República, para conhecimento e providências que entender cabíveis”. Diz ainda que qualquer cidadão poderia provocar a Câmara dos Deputados sobre a eventual prática de responsabilidade, que resultaria em um processo de impeachment. Trata-se da mais dura manifestação contra Bolsonaro já feita pela equipe de Aras. Sua gestão tem mantido até agora relação pacífica com o presidente, sem nenhuma ação contundente protocolada contra a gestão de Bolsonaro. Aras inclusive também atuou para repreender procuradores de primeira instância que estavam tomando ações contrárias ao governo.

*”Mourão e Pujol defendem ‘política fora do quartel’”*
*”Risco à vista – Especialistas temem que segunda onda encontre um país mais vulnerável”*
*”Check-in aberto para 2021 – Hotéis já tem 45% de reservas para o réveillon”*

*”Fiscalização no escuro – Órgãos de controle sabiam de problemas em subestação, mas Aneel nunca foi até lá”*
*”Prévia do PIB mostra alta de 9,5% no 3º trimestre”*
*”Após cogitar estender auxílio, Guedes descarta ‘aventuras’”*

 

CAPA – Manchete principal: *”Falta de insumos afeta 14 dos 19 setores da indústria no País”*

EDITORIAL DO ESTADÃO - *”O papel das Forças Armadas”*: Em duas ocasiões recentes, o comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, manifestou de forma inequívoca o compromisso das Forças Armadas, em especial o da Força Terrestre, com a missão inarredável que lhes é atribuída pela Constituição. Em evento online promovido pelo Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE) sobre defesa e segurança, no dia 12 passado, o general Pujol afirmou que não só as tropas não querem “fazer parte da política”, como “muito menos deixar que ela entre nos quartéis”. No dia seguinte, durante o Seminário de Defesa Nacional, realizado pelo Ministério da Defesa na Escola Superior de Guerra, o general Pujol voltou a tratar do assunto ao abrir a sua exposição sobre o plano estratégico do Exército enfatizando que a Força sob seu comando é e sempre será “uma instituição de Estado, permanente, e não de governo”, uma instituição cujo compromisso é “com a Constituição e com o País”. As mensagens de Pujol foram reforçadas pelo vice-presidente da República. Ao portal G1, Hamilton Mourão disse que “não se admite política nos quartéis porque isso acaba com os pilares básicos das Forças Armadas, a disciplina e a hierarquia”.
São raras as manifestações públicas do comandante do Exército, sobretudo para tratar de tema tão sensível nestes tempos estranhos de flerte desabrido com ideias autoritárias. Qual é, afinal, o papel das Forças Armadas num Estado Democrático de Direito, como é o Brasil? Como impedir que a política “entre nos quartéis”, se o próprio presidente da República, o comandante em chefe das Forças Armadas, insiste em se utilizar delas para intimidar adversários e demonstrar prestígio político? O estrito respeito à Lei Maior e às leis complementares que tratam da atuação dos militares é a resposta. Elas delimitam muito bem quando e como as Forças Armadas devem ser empregadas. Não há espaço para confusão que dê azo a interpretações mais extravagantes desses marcos legais. As Forças Armadas se destinam “à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”, como determina o art. 142 da Constituição. Portanto, um seminário sobre defesa nacional, como o organizado pelo Ministério da Defesa, tem fundamental importância, antes de tudo, por ampliar o debate sobre um tema que está longe de estar restrito aos quartéis. A defesa nacional é um assunto de interesse de toda a sociedade, e esta deve ter uma visão clara sobre as condições republicanas para o emprego de suas Forças Armadas. Dirimir as contendas próprias da seara política não está entre elas.
Não por outra razão, a lei determina que o Ministério da Defesa submeta à apreciação do Congresso a Política Nacional de Defesa (PND), a Estratégia Nacional de Defesa (END) e o Livro Branco de Defesa Nacional, o que ocorreu em julho deste ano. As Forças Armadas são os meios pelos quais se executam as altas diretrizes de defesa e soberania definidas pela sociedade por meio de seus representantes. A elas devem se ater os planejamentos estratégicos de cada uma das Forças singulares. O comandante da Marinha, almirante Ilques Barbosa, salientou muito bem a necessidade de preparação da Força Naval para o cumprimento de sua missão constitucional diante da “multiplicidade de ameaças” no século 21, que é absolutamente distinta do contexto que marcou grandes guerras do passado. O brigadeiro Antônio Carlos Bermudez, comandante da Aeronáutica, ressaltou a necessidade de inserir o Brasil no mercado global de defesa ao apresentar o planejamento estratégico da Força Aérea, em especial com a inauguração do Centro Espacial de Alcântara, no Maranhão. O diálogo permanente entre as Forças Armadas e a sociedade, por meio de fóruns como os realizados pelo IREE e pelo Ministério da Defesa, é vital, por um lado, para a compreensão do papel dos militares na democracia e, por outro, para que a sociedade também possa ter mais clareza sobre a importância da defesa nacional.

*”Na reta final, candidatos apelas para o ‘voto útil’”*
*”No 1º turno, isolamento de fora das campanhas”*
*”Candidatos em SP ignoram demandas de população de rua”*
*”Planos preveem só obras pontuais contra enchentes”*

*”DEM projeta maior vitória eleitoral em três décadas”*
*”Mourão mantém discurso divergente”*

*”Presidente reage a fala de Pujol e lembra que foi ele quem o nomeou”* - O presidente Jair Bolsonaro reagiu ontem às declarações do comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, que afirmou ter atuado contra a contaminação política dos quartéis. “Não temos partido”, disse Pujol. Bolsonaro sentiu-se obrigado a se manifestar pelo Twitter, lembrando que as Forças Armadas “devem, por isso, se manter apartidárias, baseadas na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do presidente da República”. A primeira vez que Pujol se manifestara desde as tentativas do bolsonarismo de envolver as Forças Armadas em suas disputas políticas ocorreu anteontem, quando o comandante do Exército disse: “Nosso assunto é militar, preparo e emprego. As questões políticas? Não nos metemos em áreas que não nos dizem respeito. Não queremos fazer parte da política governamental ou do Congresso Nacional e muito menos queremos que a política entre em nossos quartéis”.
Pujol estava em um evento do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa, do qual participaram os exministros da Defesa Raul Jungmann e do Gabinete de Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen. Ontem, voltou a se manifestar no seminário Defesa Nacional, na Escola Superior de Guerra. “Somos instituições de Estado, não somos instituição de governo, não temos partido. Nosso partido é o Brasil”, disse, usando expressão similar ao slogan “Meu partido é o Brasil”, adotado pela militância bolsonarista. “Independentemente de mudanças ou permanência de um determinado governo por um período longo, as Forças Armadas cuidam da Nação. São instituições permanentes, não mudamos a cada quatro anos a nossa maneira de pensar e como cumprir nossas missões.” Depois desse novo posicionamento, Bolsonaro viu a necessidade de lembrar que fora ele quem nomeara Pujol para o cargo, em uma espécie de “chamado de unidade” às fileiras. Escreveu então: “A afirmação do general Edson Leal Pujol (escolhido por mim para comandante do Exército), que ‘militares não querem fazer parte da política’, vem exatamente ao encontro do que penso sobre o papel das Forças Armadas no cenário nacional”. Para três oficiais generais ouvidos pelo Estadão – dois generais e um brigadeiro –, a reação de Bolsonaro demonstra um mal-estar. Um deles creditou o problema às pessoas próximas do presidente que apagam incêndio com gasolina. Seriam integrantes do Planalto que estariam intrigando Bolsonaro com Pujol, sugerindo que as falas do general – que só havia afirmado o óbvio – seriam um recado ao presidente ou que o general estaria querendo aparecer. Exploram o notório ciúme que Bolsonaro tem de ver seus auxiliares retratados na imprensa.
Um dia antes, Pujol havia dito ainda que o Exército brasileiro não tem recursos suficientes para garantir a soberania do País. E citou a defesa antiaérea como um dos pontos em que a capacidade do Exército tem de melhorar. Ele descartou existir alguma ameaça real ao Brasil. “O general Etchegoyen me perguntou se haveria algum país em nosso continente que seria uma ameaça ao Brasil. Eu digo. Hoje não, mas não sabemos daqui a três ou quatro anos. Por isso, fazemos nosso planejamento estratégico.” A declaração aconteceu dois dias depois de Bolsonaro dizer que quando “a saliva acaba tem de que ter pólvora”, ao abordar as relações entre o Brasil e a futura gestão de Joe Biden, nos EUA. Pujol defendeu ainda a criação de uma Guarda Nacional, que assumiria funções como o combate aos crimes ambientais na Amazônia, hoje repassadas ao Exército. E criticou a quantidade de vezes que o Exército é empregado para garantir a lei e a ordem ou para cumprir missões, como a distribuição de água no Nordeste – operação iniciada em 1999 –, fazendo da instituição um “posto Ipiranga”.

*”Ministro da Defesa afirma que Brasil é um ‘país pacífico’”* - Após o presidente Jair Bolsonaro falar em “usar a pólvora” se a diplomacia fracassar, o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, disse ontem que o Brasil é um país pacífico. “Nós somos um país pacífico, em busca da paz sempre, mas não existe país pacífico sem ser forte, é uma condição que a história ensinou”, afirmou o ministro, destacando a estratégia de dissuasão. Azevedo também disse que o Brasil tem como princípio “a não intervenção”. O ministro afirmou ainda, durante abertura de um seminário com os comandos das Forças Armadas, que os militares devem, por obrigação legal, ser diretamente envolvidos nas relações internacionais, “o que pouca gente lembra”. Segundo Azevedo, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica estão inseridos na “democracia plena”.

*”China felicita Biden e reduz grupo de países fiéis a Trump; Brasil é um deles”*
*”Democrata vence no Arizona e na Geórgia”*
*”Polícia reprime manifestações no Peru”*

*”Laboratórios privados têm alta de testes positivos da covid em novembro”* - Grandes redes de laboratórios particulares detectaram nesta semana um aumento na procura por exames RT-PCR para diagnóstico do novo coronavírus. A porcentagem de resultados positivos para a doença também tem crescido, o que pode reforçar o cenário de novo recrudescimento da covid-19 após meses de estabilização e queda nos dados. Dados divulgados ontem pela Dasa, empresa que tem 40 redes de laboratórios, com cerca de 800 unidades no País, confirmam esse crescimento nos casos. Laboratórios como Delboni Auriemo, Salomão Zoppi e Lavoisier, em São Paulo, Sérgio Franco e CDPI, no Rio, e Exame, no Distrito Federal, são algumas das marcas da Dasa. O grupo disse ter notado aumento dos 8 mil exames RT-PCR diários do fim de outubro para 12 mil ao longo desta semana, alta de 50%.
No fim de outubro, a média de exames que retornavam positivos era de 20%. Em novembro, do dia 1º ao dia 12, a porcentagem passou para 26%, e foi de 29% se forem considerados somente os dados do último dia 12. “Notamos um aumento significativo na procura. Acompanhamos isso dia a dia e o crescimento tem sido bastante relevante”, disse o diretor médico da Dasa, Gustavo Campana. Campana relata que a maior taxa de positividade notada na rede foi de 40% nos meses de abril e maio, no auge da pandemia. Na ocasião, no entanto, havia uma limitação de insumos e a recomendação era de priorizar os pacientes que estavam em ambiente hospitalar. Os casos começaram a cair depois de junho e ele disse que os números de agosto, setembro e outubro formaram um “vale” na comparação da curva com os meses anteriores. O cenário mudou no início de novembro. A rede tem como característica atendimento aos planos de saúde e aos hospitais privados, além da demanda de outros laboratórios. Nas unidades do Grupo Fleury, o número de exames RT-PCR realizados nesta semana aumentou 30% em comparação com o volume de 15 dias atrás e o índice de testes com resultado positivo para covid-19 dobrou no mesmo período, passando de 8% para 15%. A empresa faz cerca de 4 mil exames do tipo por dia, 80% deles em unidades da capital paulista, e é responsável pela análise das amostras de pacientes de vários hospitais privados da capital, como Sírio-libanês, Oswaldo Cruz e as unidades da Rede D’OR São Luiz.
“No auge da pandemia na cidade, em junho, o índice de positividade dos exames feitos chegou a 30% e depois começou a cair, chegando ao seu nível mais baixo no final de outubro, quando estava em 8%. Depois, começou a subir novamente”, conta o infectologista Celso Granato, diretor médico do Fleury. “Isso só mostra que a gente não pode baixar a guarda porque o número de infecções parece estar subindo novamente. Veja o exemplo da Itália e de outros países europeus, que os casos estavam muito mais baixos e mesmo assim estão tendo segunda onda. No nosso caso, que sempre estivemos com patamares altos de casos, esse risco é maior ainda”, destacou. Países europeus, como a França, tiveram de adotar novamente restrição de circulação para frear o novo avanço do vírus. Marcelo Gomes, pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz e Coordenador do Sistema Infogripe, fala que ainda não é possível afirmar que o País está em uma segunda onda de covid-19, mas já se observa uma retomada do crescimento de casos em algumas capitais. “Olhamos para casos graves, em particular, o que permite fazer um acompanhamento ao longo do tempo mais preciso. Observamos que diversos locais estão já com uma retomada no crescimento de novos casos semanais. Se isso já é uma segunda onda ou não, é até secundário. Porque estar com uma retomada do crescimento por si só já é preocupante e necessita avaliação das atuações locais”, disse. Ele disse que até a última semana de outubro o boletim Infogripe mostrava sinais moderados ou fortes de retomada de crescimento de casos em nove capitais: Florianópolis (SC), João Pessoa (PB), Maceió (AL), Belém (PA), Fortaleza (CE), Macapá (AP), Natal (RN), Salvador (BA) e São Luís (MA). Em outros locais, como São Paulo e Porto Alegre, foi observada interrupção da queda de casos.
Nos hospitais. O Estadão mostrou nessa semana que hospitais particulares da capital viram o número de internações por covid-19 crescer neste mês. Ontem, o Hospital Israelita Albert Einstein informou que teve, nos últimos dias, alta de 36% no número de pacientes internados com covid-19. Entre a última semana de setembro e anteontem, a média de doentes hospitalizados manteve-se estável entre 50 a 55 casos. Em apenas dois dias, anteontem e ontem, foram 18 novas internações, elevando para 68 o total de pessoas hospitalizadas com infecção confirmada pelo coronavírus. O número médio de testes diários realizados também aumentou, passando de 869 na semana de 27 de outubro a 2 de novembro para 1.017 entre os dias 3 e 9 de novembro. O índice de positividade saltou de 9,4% para 15,2%. O hospital afirmou que “osnúmeros alertam para a necessidade da manutenção das medidas de prevenção: uso de máscaras em qualquer ambiente, fechado ou ao ar livre, respeitar o distanciamento social sempre, não participar de aglomerações e realizar a higienização das mãos com frequência”.

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*”Falta de matéria-prima é a maior em 19 anos e leva indústria a reduzir produção”* - A escassez de matéria-prima em vários segmentos e a alta de preços são atualmente os principais fatores que limitam a expansão da produção industrial no País. Pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV) indica que, em outubro, a falta de insumo atingiu os maiores níveis desde 2001 em 14 dos 19 segmentos da indústria. Segundo a sondagem, o setor de vestuário é o que mais sente os efeitos da falta de insumos e componentes, reportada por 74,7% das empresas. Empresas já reduziram o ritmo de atividade por falta de matéria-prima, e quem consegue produzir não pode distribuir o produto por falta de embalagens de papelão, plástico e vidros, hoje o maior problema relatado por empresas e entidades de classe. A escassez, somada ao câmbio desvalorizado, resulta em alta de preços. A interrupção da produção no pico da pandemia de coronavírus e a volta ao consumo mais forte do que o esperado pegou as empresas com baixos estoques e demanda crescente, em parte por causa do auxílio emergencial pago pelo governo. Com isso, há um descolamento entre fabricantes de matérias-primas – que não conseguem atender à demanda –, de produtos finais e varejo. O temor é que, com a crise sem precedentes, falte produto no mercado justamente num momento de alta demanda, com a Black Friday e o Natal. Além do vestuário, a falta de insumos também foi apontado por fabricantes de produtos de plástico (52,8%), limpeza e perfumaria (39,1%), farmacêutica (34,2%), informática e eletrônicos (33,1%), além de empresas dos ramos de produtos de metal (31%), couro e calçados (31,1%) e químico (27,9%), entre outros.
Além da escassez, as empresas projetam alta de preços das matérias-primas. No segmento de vestuário, 78,7% das consultadas preveem aumento dos custos de insumos comprados no mercado interno e 71,4% esperam encarecimento também dos importados. Mais aumentos. “Hoje, a grande dificuldade é com embalagens que, além de escassas, mais que dobraram de preço. O quilo do papelão passou de R$ 10 para R$ 18 e há casos de embalagens que custavam R$ 3 e subiram para R$ 7”, afirma Ronaldo Andrade Lacerda, dono da Lynd Calçados, fabricante de tênis esportivos de Nova Serrana (MG). “A justificativa é a falta de papel”, diz ele, que preside o Sindinova, sindicato que representa 830 indústrias de calçados do polo mineiro. Segundo ele, há até pouco tempo também faltava PVC (usado em tênis e sandálias), problema que foi resolvido, “mas os preços subiram de 60% a 80% de março para cá e só estamos conseguindo repassar de 15% a 20%”. Lacerda crê que novos reajustes virão até dezembro.

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