Era para ser uma festa democrática, mas as prévias do PSDB ontem acabaram suspensas, o que agravou as tensões entre o governador gaúcho Eduardo Leite e seus adversários, o governador de São Paulo, João Doria, e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio. A votação deveria ter acontecido entre 7h e 15h, mas a instabilidade do aplicativo pelo qual votariam mais de 44 mil filiados fez com que o prazo fosse estendido até as 18h e, depois, que o processo todo fosse suspenso. Aí instalou-se a confusão. Doria e Virgílio defendem que a votação seja retomada no próximo domingo, enquanto Leite quer uma definição em 48 horas, embora nos bastidores seu grupo fale em adiamento das prévias para 2022. A direção do partido vai se reunir hoje para decidir o que fazer. Enquanto a fundação responsável pelo aplicativo nega que o problema tenha sido causado por um sistema de reconhecimento facial introduzido na última hora, Doria e Virgílio insistem que o partido não tem um plano B caso a ferramenta de votação não possa ser usada. (Poder360)
O malfadado aplicativo teve o mérito de não discriminar. A lista de tucanos que não conseguiram votar nas prévias tinha desde medalhões como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-governador Geraldo Alckmin e o senador licenciado José Serra (SP) até filiados da base, que chegaram a pedir celulares emprestados para ver se o programa funcionava. (Globo)
A possibilidade de adiamento das prévias para o ano que vem, negada oficialmente por Leite, fez com que, como conta o Painel, Arthur Virgílio classificasse o governador gaúcho como “uma pessoa mimada” e o acusasse de querer “melar” o processo de escolha. (Folha)
Sobre um dos principais apoiadores de Leite, o deputado mineiro Aécio Neves, Virgílio foi menos diplomático ainda: “Considero o PSDB um caminhão carregado de maçãs boas, mas tem uma que está estragando as outras. E dou nome e sobrenome: Aécio Neves.” (Poder360)
Enquanto isso... O fiasco das prévias tucanas preocupa outros partidos que investem na dita terceira via para as eleições presidenciais do ano que vem. Potenciais aliados, eles avaliam que o episódio mostrou desorganização, falta de preparo e divisão do PSDB. (Estadão)
Igor Gielow: “Pior melhor ideia dos últimos tempos na política, as prévias do PSDB fracassaram em sua primeira tentativa devido a uma crise anunciada que ameaça implodir o partido. Ao vexame público, adiciona-se a responsabilidade política. Ao apoiar o aplicativo de forma incisiva, o governador Leite queria ver ampliada a base contra Doria. O fez estimulado por seu grande eleitor, Aécio Neves, visto no PSDB e fora dele como alguém que quer tomar o controle do partido e transformá-lo numa sigla do centrão, por assim dizer, parlamentar e dada a fisiologismos.” (Folha)
Em Madri, onde se reuniu com o presidente do governo da Espanha, Pedro Sanchéz, o ex-presidente Lula (PT) deu uma entrevista na qual atacou tanto o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quanto o ex-ministro Sérgio Moro (Podemos). Sem assumir ainda publicamente a própria candidatura, Lula disse que as eleições de Bolsonaro e de Donald Trump nos EUA foram um “desajuste emocional” de uma parte da Humanidade. Sobre Moro, afirmou que, “sem a proteção da toga”, ele é um candidato comum. Lula foi menos incisivo ao comentar a repressão em Cuba, onde o governo impediu a realização de protestos no dia 15. “Essas coisas não acontecem só em Cuba, mas no mundo inteiro”, disse. (El País Brasil)
Moro aproveitou esse mote para reagir: “Antes, o PT elogiou as eleições na Nicarágua, onde os opositores foram presos. Agora, é o Lula quem minimiza a repressão contra protestos na ditadura cubana e critica os Estados Unidos, uma democracia. Não dá para flertar com o autoritarismo.” (Twitter)
Cada um dos 302 deputados que votaram para eleger Arthur Lira (PP-AL) presidente da Câmara recebeu a promessa de R$ 10 milhões em emendas do chamado “orçamento secreto”. A denúncia não é de um oposicionista, mas do deputado bolsonarista Delegado Waldir (PSL-GO), ex-líder do partido. O orçamento secreto, apelido das emendas do relator, é uma fatia de R$ 18 bilhões do Orçamento da União distribuído a critério dos presidentes do Legislativo, sem que se saiba quais parlamentares foram agraciados. (Intercept Brasil)
Por conta da revelação de Waldir, o PSOL anunciou que vai apresentar uma representação na Procuradoria-Geral da República contra Lira e o ministro da Secretaria Geral da Presidência, general Luiz Eduardo Ramos. (Poder360)
Lira não parece incomodado. Em entrevista, além de criticar a decisão do STF suspendendo o orçamento secreto, ele garante que sua reeleição para o comando da Câmara não depende da permanência de Jair Bolsonaro no poder, dá como consumada a filiação deste ao PL e diz que seu PP pode fornecer o vice na chapa presidencial. (Folha)
Lauro Jardim: “O vice-presidente Hamilton Mourão decidiu andar uma casa à frente nas suas pretensões eleitorais. Numa conversa quinta-feira passada com o presidente do PRTB fluminense, Antonio Carlos Santos, topou assumir que será candidato no Rio de Janeiro. A que cargo? Preferencialmente a governador. Mas tendo o Senado como opção.” (Globo)
Os chilenos vão voltar às urnas no próximo dia 19 para escolher o próximo presidente entre o advogado de extrema-direita José Antonio Kast e o deputado de esquerda Gabriel Boric, dois primeiros colocados no primeiro turno realizado ontem. Com 99,98% dos votos apurados, Kast tem 27,91%, contra 25,82% de Boric. (UOL)
Pouco menos de um mês após darem um golpe de estado e diante de crescentes manifestações de protesto, os militares do Sudão libertaram ontem o primeiro-ministro Abdallah Hamdok, que estava em prisão militar. Ele e o general Abdel Fattah al-Burhan, líder dos golpistas, assinaram um acordo que prevê a volta de Hamdok ao poder, a libertação dos presos desde a quartelada e uma transição para um governo democrático civil. (g1)
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