segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Entrevista | Lula: "Tenho um temor, não posso voltar para fracassar"

 

Um PSDB rachado congela as prévias presidenciais por problemas na votação
Estavam aptos a votar 44.700 filiados, mas nem caciques como FHC e José Serra conseguiram apontar seus candidatos, por defeito em aplicativo. O fim da disputa entre João Doria e Eduardo Leite não tem data
Um PSDB rachado congela as prévias presidenciais por problemas na votação

EL PAÍS






O PSDB não conseguiu decidir neste domingo quem vai representar o partido na próxima eleição presidencial. A disputa entre os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, foi congelada por problemas no aplicativo de votação —e não há perspectiva de quando o processo interno será retomado. A incerteza estende por mais alguns dias o clima fratricida instalado no partido desde o início da corrida entre Doria e Leite, que lutam pela oportunidade de disputar o restrito espaço da terceira via, entre os favoritos Lula da Silva e Jair Bolsonaro. Neste fim de semana, o clima esquentou ainda mais, com denúncias de tentativa de compra de votos de ambos os lados, contam Afonso Benites e Rodolfo Borges.

Em entrevista exclusiva em Madri, o ex-presidente Lula voltou a defender sua candidatura, sem colocar-se, mais uma vez, como um candidato oficial. À diretora do EL PAÍS, Pepa Bueno, e à redatora-chefe de Internacional, Lucía Abellán, enfatizou desde a primeira pergunta a mensagem que deseja transmitir em sua visita à Europa: o Brasil não é Bolsonaro. "Vivemos um momento de anomalia na política mundial. O eleitor brasileiro votou em Bolsonaro pelas mesmas razões que o eleitor americano votou no Trump. Foi um momento de desajuste emocional de uma parte da humanidade", disse. Antes de Madri, o petista já havia passado por Berlim, Bruxelas e Paris. "Se eu voltar para a presidência, não posso fazer menos do que fiz. Por isso tenho um temor: não posso voltar para fracassar. Tenho que voltar para fazer o Brasil recuperar o seu prestígio internacional e para que o povo possa comer três vezes ao dia", afirmou.

A polarização política também domina as eleições do Chile. O candidato ultraconservador José Antonio Kast, simpático a Bolsonaro e Trump, e o esquerdista Gabriel Boric vão disputar o segundo turno que definirá quem substituirá o presidente Sebastián Piñera. Com quase 100% das urnas apuradas, Kast obteve 28% dos votos e Boric, 25,5%. Será o duelo entre dois modelos de país diametralmente opostos, explicam Federico Rivas Molina e Rocío Montes.

Neste domingo ocorreu também o primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Mas as expectativas de que o Governo Bolsonaro teria interferido na prova não se confirmaram —ou pelo menos a interferência não chegou a comprometer a integridade da avaliação, como detalha Elida Oliveira. O exame “com a cara do Governo” não teve questões polêmicas e abordou temas como passividade política, racismo, escravidão e indígenas, tabus para o atual Executivo. Nos últimos dias, servidores denunciaram tentativa de censura e interferência ideológica na prova, cuja segunda etapa será realizada no próximo fim de semana.

Na Europa, o anúncio da retomada de restrições para conter uma quarta onda da covid-19 levou milhares de pessoas a protestarem em países como Holanda, Bélgica, Croácia, Dinamarca e Áustria, relatam Manuel V. Gómez e Isabel Ferrer. Os manifestantes são contra a imposição de passaportes para a covid-19, que impedem a entrada de pessoas não vacinadas contra o coronavírus em estabelecimentos. Também protestam contra a imposição da obrigatoriedade de vacinação, algo que o Governo austríaco anunciou para 2022. Durante os distúrbios, o primeiro-ministro belga, Alexander de Croo, defendeu a eficácia da vacina contra a doença: “Se não tivéssemos 90% dos adultos vacinados, ficaríamos confinados por várias semanas.”

Por último, uma reflexão sobre as redes sociais. Elas se tornaram parte de nossa vida, estamos irremediavelmente presos ao YouTube, ao Twitter, ao Instagram. Acreditamos ter, nelas, amigos a quem contamos nossos segredos. Quando algo sai errado, nós as abandonamos. Mas a maioria volta, pois assim são os vícios. Precisamos dessa vida virtual para nos refugiar de nossa própria vida. Ou pelo menos é assim que nos comportamos quando usamos essas plataformas, escreve Celia Blanco.



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